Et in Arcadia ego escrita por themuggleriddle


Capítulo 3
Dulce periculum




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“O que é Godric’s Hollow?”

Harry revirou os olhos antes de encarar Hermione. Ele não estava nem um pouquinho feliz com o fato de terem Tom Riddle sentado a mesa com eles. Na verdade, ele não estava feliz com ter Tom Riddle dormindo debaixo do mesmo teto que eles, mas, na maior parte do tempo, ele achava um jeito de se esquivar do rapaz, coisa que não conseguia fazer durante as refeições.

“É uma vila. Uma vila de bruxos,” a garota explicou, observando enquanto Riddle comia a janta que ela havia preparado como se fosse a melhor coisa do mundo.

“E por que vamos até lá? Pensei que estivéssemos evitando ser vistos por qualquer pessoa, trouxa ou bruxo,” disse Tom. “Uma vila mágica é um bom lugar para aqueles comensais de vocês se esconderem, não?”

“E o que você sabe dos comensais da morte?” perguntou Harry, arqeuando uma sobrancelha.

“Eles seguem as ordens do tal Você-Sabe-Quem e estão tentando te achar. Mas, se eles são bruxos, é bem capaz de estarem em um local bruxo, não é?”

“Precisamos procurar por algo lá...”

“Por que está contando isso para ele, Hermione?”

“Harry.” A bruxa encarou o amigo com uma expressão séria no rosto, antes de olhar Riddle de novo. “E é por isso que devemos ir até Godric’s Hollow.”

Tom concordou com a cabeça, colocando seu garfo sobre a mesa de novo e olhando a garota, sorrindo.

“Estava bom. A comida, digo...” ele falou.

“Obrigada. Agora, Harry, ele está certo. É arriscado ir até Godric’s Hollow, mas acho que podemos achar algumas coisas por lá... Digo, é o lugar onde Godric Gryffindor nasceu, eu não me surpreenderia de saber que Dumbledore escondeu a espada lá...”

“Gryffindor nasceu lá?” perguntou Harry.

“Harry, você ao menos abriu Hogwarts, Uma História uma vez na vida?” a garota perguntou.

“Talvez.” Potter riu de leve. “Quando eu comprei.”

Riddle arqueou uma sobrancelha. Potter estava mesmo fazendo uma piada? Na sua presença? Algo bom deve ter acontecido. Talvez era a comida: um bom spaghetti a bolonhesa que Hermione havia conseguido pegar em um supermercado trouxa alguns dias atrás. Depois de dias comendo peixe queimado e vegetais, era bom uma mudança no cardápio.

“E também, Dumbledore talvez tenha pensado que você quisesse visitar a casa de seus pais.”

“Lembra do que Muriel disse?” ele perguntou.

“Quem?”

“Sabe.” Harry hesitou um pouco. “A tia de Ginny. No casamento. Aquela que disse que você tinha tornozelos muito finos.”

“Ah,” disse Hermione e Tom teve que conter o impulso de olhar por debaixo da mesa para constatar se a afirmativa sobre os tornozelos da garota era verdadeira.

“Tia Muriel disse algo sobre Bathilda conhecer Dumbledore,” disse Harry. “E que ela ainda vive em Godric’s Hollow.”

“Bathilda Bagshot,” Hermione murmurou e, de repente, pareceu engasgar um pouco. Harry virou-se para olhar a entrada da tenda, sua mão voando para o bolso onde guardava a varinha. Riddle encarou os dois, assustado. De tempos em tempos, os dois tinham essas reações esquisitas e ele ainda estava tentando se acostumar com isso.

“O que?” perguntou Potter. “Eu pensei que tinha um comensal...!”

“Harry, e se Bathilda estiver com a espada? E se Dumbledore deu pra ela?”

A única idéia de quem Bathilda era que Tom tinha foi porque ele lera um dos livros de Hermione, A História da Magia, em uma tarde na qual ela estava entretida com aquele livro escuro dela e Potter ficava de guarda. Mas ele ainda não sabia quem Dumbledore era; assim não sabia por que Bagshot talvez tivesse a tal espada da qual eles falavam.

“Certo. Então vamos lá e encontramos Bathilda, perguntamos se Dumbledore lhe deixou algo...?”

“O que vocês estão procurando naquela vila?”

“Nada da sua conta!” Potter o cortou, voltando ao seu eu irritado de sempre.

“Eu vou com vocês. Vão ter que me contar uma hora ou outra,” disse Tom, empinando o nariz e estufando o peito.

“Você não vem com a gente, Riddle.”

“Ele vem sim, Harry. Não podemos deixá-lo aqui.” Hermione olhou o garoto com uma expressão que claramente dizia ‘explico depois’. “Estamos procurando por pistas.”

“Pistas? O que? Vocês estão brincando de Sherlock Holmes ou coisa parecida?” Riddle riu e a garota pôde ver Harry ficar mais tenso.

“Isso é sério, Riddle.”

“Eu seria mais sério se vocês me explicassem as coisas direito.” Ele encolheu os ombros. “Eu disse: eu queria voltar para Londres, mas aparentemente não posso fazer isso e tenho que ficar aqui. Então seria legal se vocês me explicassem as coisas ao invés de me deixarem no escuro.”

Potter olhou a garota, que o encarava com as sobrancelhas franzidas, mordendo o lábio inferior. Já havia se passado quase três semanas desde que eles haviam trazido Riddle de dentro do medalhão e ele havia, até então, se mostrando bem obediente, nunca perguntando muitas coisas sobre a situação deles e, na maior parte do tempo, ficando sozinho para não os incomodar. De vez em quando perguntava algo sobre a guerra a Hermione, mas ela nunca lhe dava muitos detalhes. Ele não reclamava das viagens constantes deles, nem mesmo quando eles aparataram no meio de um pântano, com água até quase a cintura.

“Posso?” ela perguntou e o amigo apenas concordou, suspirando. “Esse homem, Você-Sabe-Quem, fez algo para conseguir sobreviver não importa o que acontecesse com o corpo dele. Ele separou a alma em vários pedaços e os escondeu em objetos, assim, se ele for morto, ele pode voltar por meio de um desses fragmentos de alma.”

“Como Koschei,” murmurou Tom e, por um momento, Hermione se assustou ao ver os olhos azuis dele brilharem com interesse.

“Quem?” perguntou Harry.

“Koschei, o Imortal, da história,” explicou Riddle com um sorriso repuxando o canto de seus lábios. “Ele era um imperador que separou a alma do corpo e a escondeu em uma agulha. A agulha foi escondida dentro de um ovo, que foi colocado dentro de um pato, que estava dentro de uma lebre, que estava dentro de um baú de ferro, que estava enterrado embaixo de um carvalho na ilha de Buyan, que era uma ilha que podia aparecer e desaparecer o tempo todo. Se alguém abria o baú, a lebre fugia para salvar a alma dele. Se alguém pegasse a lebre, o pato voava para longe... Mas se alguém pegasse o ovo, ela teria poder sobre Koschei. Ele começaria a ficar mais e mais doente, mas só iria morrer se o ovo ou a agulha fossem quebrados.”

“Nunca ouvi essa história. É do Beedle?” perguntou Potter, olhando para Hermione.

“Não, não há nenhuma menção a algo que lembre uma horcrux lá.”

“Quem é Beedle?” perguntou Tom.

“Um bruxo que escrevia contos de fada,” explicou Harry. “Da onde você ouviu essa história?”

“O médico do orfanato me contou. Ele é russo... Era russo.”

“Rússia é um dos lugares onde a magia era mais desenvolvida no passado, onde ela se misturou muito com o mundo trouxa,” disse Hermione. “Eu não me surpreenderia de saber que esse conto na verdade aconteceu e que esse cara foi quem inventou as horcruxes.”

“Então... É como o Koschei?”

“Sim. Mas ele dividiu a alma em sete pedaços.”

“Sete!?” Tom arregalou os olhos. “Existe alma pra tudo isso?”

“Aparentemente sim. Mas como eu estava dizendo... Estamos atrás desses fragmentos de alma e de algo para destruí-los, porque não é tão fácil quanto quebrar um ovo.” A bruxa suspirou. “Tem uma espada que consegue fazer isso, Harry já a usou uma vez, e achamos que ela pode estar em Godric’s Hollow.”

“Então vocês vão a Godric’s Hollow pra achar a espada que destrói a alma dele?”

“E pistas para outros pedaços da alma.”

“E como diabos vocês entraram nessa bagunça?” perguntou Riddle, sacudindo a cabeça. “Na verdade, melhor eu nem saber, caso contrario vou fugir para Londres mesmo que isso signifique morrer na primeira noite lá. Mas, como vamos chegar nessa tal vila?”

“Hermione e eu vamos.” Harry estreitou os olhos. “Ainda vamos decidir sobre você.”

“Pela cara de vocês, acho que querem ficar sozinhos. Vou estar na minha cama.” O rapaz se levantou, olhando para Hermione. “Posso dar uma olhada no livro de contos do tal Beedle? Não tenho nada pra fazer se não dormir.”

“Você não pode ler. Está escrito em runas,” ela falou.

“Só quero dar uma olhada, posso?”

“Não vai entender nada, mas está em cima do balcão.”

Riddle concorou com a cabeça antes de sair. Assim que o rapaz não estava mais por perto, Harry soltou um suspiro profundo e esfregou os olhos com as pontas dos dedos enquanto a bruxa colocava um feitiço silenciador ao redor deles.

“Não podemos levar Você-Sabe-Quem para ir atrás da espada que vai destruir as horcruxes dele,” murmurou Potter, escondendo o rosto nas mãos. “O que nós fizemos para merecer essa criatura aqui?”

“Brincamos com magia negra,” Hermione respondeu rapidamente. “Eu sei que não devia ter feito isso, Harry, mas ele está aqui agora e não podemos fazer mais nada a não ser evitar que Você-Sabe-Quem saiba que a versão mais nova dele está viva. Tom Riddle pode ser parte da alma dele, mas pelo menos ele não se lembra disso.”

“Então o levamos até Godric’s Hollow e esperamos que ele se comporte.”

“É melhor do que deixá-lo aqui para ser encontrado por comensais ou seqüestradores.” Ele encolheu os ombros.

“Muito bem, espero que ele não tente fazer nada. Hermione?”

“Sim?”

“E a magia dele?” perguntou Harry.

Hermione mordeu o próprio lábio. O primeiro sinal de magia de Riddle foi quando ele sem querer a machucara logo depois de acordar. Desde então, ela tentava o observar o máximo possível para ver se havia qualquer outra evidência de magia, mas não, nada relevante acontecera. Era como se ele fosse um trouxa. Mas ele ainda conseguia sentir o poder da magia ao redor de si, pelo menos era isso que ele lhe dissera outro dia, perguntando a Hermione o que era aquela sensação esquisita que sentia sempre que se aproximava dos feitiços protetores dela. Algo parecido com um formigar na ponta dos dedos, ele lhe dissera.

“Nenhum sinal dela ainda.”

“É melhor assim. Talvez ele saiu do medalhão sem energia suficiente para fazer qualquer coisa maior do que aquele truquezinho que fez com você?”

“Talvez. Ainda estou tentando descobrir como aquele feitiço funciona.”

“Certo.” Um sorriso leve apareceu nos lábios de Harry. “Então, Godric’s Hollow?”

“Sim, Godric’s Hollow.”

***

No final das contas, Godric’s Hollow não era uma vila exclusivamente bruxa. Esse pequeno detalhe que deixaram de lhe contar fora uma enorme decepção para Tom, que secretamente esperava para ver como seria uma vila inteiramente bruxa. Mas, o que viu depois da náusea da aparatação, fora algo completamente normal: uma vila trouxa com casinhas, uma praça, uma igreja e um cemitério como todas as outras vilas na Inglaterra. Não que ele tivesse visitado muitas vilas em sua vida, mas a atmosfera lhe era familiar.

Estava nevando e Tom não sabia se estava se sentindo desconfortável por causa do frio ou porque seu corpo não era exatamente o seu corpo. Quando Hermione lhe dera para beber um líquido esquisito, antes de aparatarem, ele não esperava se transformar em um jovem de cabelos vermelhos, rosto sardento e dentes da frente grande. Também não esperava ver Harry e Hermione se transformarem em um casal de meia idade. Aparentemente era uma poção para modificar a aparência das pessoas e aquilo era ótimo para eles passarem por uma família qualquer que estava visitando a vila. Riddle ainda se perguntava como diabos aquilo era possível.

“Vamos tirar a capa.” Harry puxou o tecido fino que os cobria. “Nem nos parecemos com nós mesmos.”

“Precisamos achar a casa de Bathilda,” sussurrou Hermione enquanto eles desciam pela rua principal da vila, parando na frente de uma pequena igreja e ouvindo a música que escapava pelas janelas. Tom ficou atrás deles, olhando em volta a espera de alguma figura encapuzada pular de algum canto para atacá-los. “Harry, acho que hoje é véspera de Natal...”

“Sim.” Potter virou-se para olhar a igreja e, então, o cemitério ao lado desta. “Hermione, meus pais estão ali. Você acha que podemos...?”

Riddle virou a cabeça rapidamente ao ouvir o garoto. ‘Meus pais estão ali.’ Os pais de Potter estavam no cemitério. Harry era um órfão, como ele.

“Claro.” Ele observou Hermione segurar a mão do outro enquanto eles entravam no cemitério. O rapaz esperou um minuto ou dois antes de os seguir.

As lápides emergiam da neve e era difícil ler as inscrições escritas nas pedras graças ao tempo, que já as havia apagado, e a neve, que as cobria. Tom tomou um tempo para observar os reflexos vermelhos, verdes e amarelos dos vitrais da igreja que coloriam a neve branca, dizendo que aquilo era algo bonito e que ele devia aproveitar para observá-lo, apesar de saber que a real razão para se deter ali era porque estava se sentindo desconfortável perto de Harry e Hermione no momento.

“Harry.” Ele ouviu a garota falar e os olhou. Ela estava apontando para uma lápide. Enquanto os dois amigos observavam a lápide que devia ser a dos Potter, Riddle se aproximou, devagar, ocupando-se em olhar as outras pedras. Pelo canto dos olhos, pôde ver Hermione sacudindo a varinha e fazendo uma coroa de flores aparecer em sua mão. Ela a entregou para Potter, que a colocou no túmulo dos pais.

‘Ora, o último inimigo que há de ser derrotado é a morte.’ Essa não é a idéia dos dementadores?” perguntou Harry. Tom não tinha idéia do que ‘dementadores’ eram, mas pelo tom de voz do rapaz, não devia ser coisa boa.

“Não significa derrotar a morte como os dementadores,” Hermione começou.

“Significa continuar a viver após a morte,” Riddle completou, recebendo olhares curiosos dos dois. “É da Bíblia. Coríntios.”

“Olhe!” Harry apontou para outra lápide perto da dos Potter. Riddle estreitou os olhos para ler os nomes: Kendra e Ariana Dumbledore.

’Onde está teu coração aí está teu tesouro,’” murmurou Hermione, lendo a inscrição.

“E isso é do livro de Mateus.”

“Realmente não queremos saber, Riddle,” disse Potter, sua voz soando mais triste do que irritada agora.

Tom concordou com a cabeça e virou-se para olhar em volta. Havia um túmulo extremamente antigo atrás de si, cuja lápide de pedra estava coberta de neve até o garoto se abaixar para limpá-la. Ele não tinha nada para fazer e olhar lápides sempre fora um passatempo meio mórbido seu quando tinha que ir a igreja com o pessoal do orfanato.

“Hermione?” ele chamou, franzindo o cenho e limpando mais o túmulo. “Olha isso aqui.”

Ele ouviu a garota soltar uma exclamação quando viu o que ele lhe mostrava. No topo do túmulo, acima do nome ‘Ignotus Peverell’, havia o desenho de um triangulo com um círculo e uma linha dentro deste. Ele havia visto esse símbolo no velho livro de contos que a bruxa lhe emprestara.

“Estava no livro de Beedle,” disse Riddle, olhando-a. “Na primeira página do Conto dos Três Irmãos. Não é uma runa, é?”

“Não é.” Ela se ajoelhou ao seu lado, traçando o símbolo com os dedos enluvados. “Espera um pouco. Como você sabe que era o Conto dos Três Irmãos? Você não entende runas!”

“Encontrei com dicionário de runas,” ele falou, como se fosse o óbvio. “Foi fácil traduzir os títulos.”

“É o símbolo de Grindelwald,” disse Harry, parando atrás deles. “O símbolo sobre o qual Krum me falou no casamento.”

“Grindelwald?” Tom murmurou, como se tentasse ver como o nome soava em sua língua.

“Outro bruxo das trevas,” a bruxa explicou. “Ele usava esse símbolo como o seu representante.”

“Isso significa que Ignotus era um seguidor de Grindelwald?”

“Claro que não. Ignotus morreu em 1291.” Ela apontou para a dada meio apagada na pedra. “Grindelwald subiu ao poder no início da década de 30 e começou a guerra em 1939.”

“Hitler subiu ao poder no início da década de 30 e começou a guerra em 1939.”

“Sim,” disse Hermione, levantando-se com a ajuda de Harry. “Mas vamos lá. Precisamos achar Bathilda e dar o fora daqui o mais rápido possível.”

O garoto concordou, seguindo o casal que agora era Potter e Granger. A vila estava silenciosa a não ser pela musica vinda da igreja e pelos assobios do vento pelas ruas. Assim que chegaram à praça vazia, o trio parou, olhando um obelisco que havia no meio desta. Hermione foi a primeira a se aproximar, parecendo surpresa e levando uma mão ao peito depois de um tempo. Tom já estava pronto para perguntar o que havia acontecido quando viu o obelisco lentamente mudando de forma até assumir a imagem de uma estátua de um casal. O homem tinha um sorriso brincalhão no rosto enquanto ele abraçava uma mulher, cujo rosto gentil estava abaixado para olhar o bebê que ela segurava no colo. Tom notou que a neve no topo da cabeça da família parecia quase como se eles estivessem usando pequenos chapéus branquinhos; assim como notou que o rosto do homem era exatamente igual ao de Harry.

“Estes são...?” Riddle começou a perguntar.

“Sim.” A resposta de Potter fora rápida e curta e ele continuo a andar na direção das casas na frente da praça.

Assim como acontecera com o obelisco, o terreno vazio entre duas casas começou a mudar quando eles se aproximaram. Uma casa começou a aparecer ali, ou pelo menos as ruínas desta. Novamente, Tom ficou atrás dos dois. Hermione apoiou uma mão no ombro de Harry quando uma placa de madeira surgiu no portão de entrada. De onde estava, Riddle conseguia ver que havia várias inscrições na placa com coisas como ‘Acreditamos em você, Harry!’, fazendo-se se perguntar quem diabos era Harry Potter na verdade para fazer com que ele recebesse um memorial como aquele.

Potter e Granger conversavam aos sussurros quando Tom percebeu que estavam sendo observados. Virando o rosto, o rapaz sentiu um arrepio descer pela sua espinha ao ver uma figura corcunda e escura parada a alguns metros deles.

“Hey, olhem ali.” Ele cutucou o ombro de Harry e apontou a figura. Rapidamente, Harry e Hermione ficaram tensos, procurando suas varinhas em seus bolsos.

“Olá?” Hermione chamou e a figura começou a se aproximar. “Quem é você?”

Riddle franziu o cenho ao ver o rosto do desconhecido. Era uma velha senhora, uma mulher muito velha mesmo. O rosto dela estava coberto de rugas; os lábios tinham um tom meio arroxeado e os olhos pareciam feitos de vidro.

“Srta. Bagshot?” Dessa vez fora Harry quem falou. A mulher acenou com a cabeça. “Olá, Srta. Bagshot, nós... Nós viemos falar com você. Achamos que Dumbledore...”

“Achamos que você talvez tenha algo para nós,” disse Hermione, segurando o braço de Harry. Bathilda os olhou por um momento, antes de virar-se e começar a andar na direção de uma pequena casa perto das ruínas. “Acho que ela quer que nós a sigamos. Vamos, Riddle.”

Harry se esquivou da mão da garota e seguiu a mulher. Tom e Hermione o seguiram. A casa, que parecia bonita por fora, cheirava a mofo e algum outro cheiro úmido que Riddle não conseguia classificar. Havia livros por todos os lados: empilhados nos chãos, em cima dos móveis, em prateleiras. Tom continuou andando pelo hall enquanto Hermione ficava para trás, murmurando um feitiço que fez surgir uma bolinha de luz branca na ponta de sua varinha, antes de pegar um livro que estava sobre uma mesinha.

“Quer que eu suba com você?” Riddle ouviu Potter murmurar para a mulher. “Hermione, ela quer que eu suba com ela.”

“Certo, eu vou junto...”

“Não,” disse Harry ao ver Bathilda sacudir a cabeça. “Ela quer que eu vá sozinho.”

“Harry...”

“Dumbledore deve ter pedido para ela entregar só para mim.” O garoto encolheu os ombros e então subiu as escadas atrás da velha.

“Como uma mulher dessas pode estar andando por ai?” murmurou Tom quando Hermione parou ao seu lado. Ele olhou para as mãos dela, vendo que ela segurava um livro. “O que é isso?”

“Um livro sobre Dumbledore.” A bruxa mostrou-lhe a capa. Havia a fotografia de um senhor com uma longa barba branca e oclinhos de meia-lua apoiados em seu nariz torto enquanto ele sorria para eles, seus olhos parecendo brilhar na fotografia. “Ainda não foi lançado.”

“Você vai roubar?”

“Não estou roubando! Estou dando uma olhada.” A garota soltou um muxoxo, olhando o aparador e vendo vários porta-retratos ali. Riddle a seguiu e seus olhos logo encontraram a foto de um jovem de cabelos loiros e cacheados. Ele sentiu-se estranho, como se já tivesse visto aquele sorriso e aquele rosto zombeteiro uma vez.

“Quem são?” ele perguntou.

“Como vou saber? Olha, vou dar uma olhada na casa e ver o que tem por aqui.” Hermione olhou o livro por um longo momento e o colocou sobre o aparador.

“Deixe disso. Com aquelas cataratas, Bathilda nem vai ver que você pegou.” Tom pegou o livro e o colocou nas mãos da bruxa. “Você vai aproveitar mais que ela.”

“Eu não...!”

“Por Deus.” Ele uspirou, segurando a bolsinha de Hermione e a abrindo, logo antes de pegar o livro das mãos dela e o jogando lá dentro. Um barulho abafado ecoou lá de dentro.

“Não!” Ela puxou a bolsa para perto de si e lançou um olhar frio na direção do rapaz antes de se afastar.

Girando nos calcanhares, Riddle olhou em volta. Ou tentou, já que não conseguia ver muito sem luz. Hermione e Harry tinham suas varinhas e suas luzinhas mágicas para iluminar o caminho, mas ele tinha que só se acostumar com a escuridão. Com cuidado, ele começou a andar pela sala bagunçada, mas não levou muito tempo para tropeçar em uma pilha de livros e cair de cara no chão. Por sorte, conseguiu se apoiar em suas mãos antes de bater o rosto no chão de madeira. Havia algo macio e úmido sob sua mão direita e, ao se ajoelhar, o rapaz tomou seu tempo apalpando aquilo, tentando descobrir o que era. Apenas depois de um ou dois minutos foi que Tom conseguiu perceber que se tratava de algo pequeno e peludo.

“Merda!” Ele se levantou em um pulo, limpando a mão no suéter que usava enquanto chutava para longe o rato morto.

“Riddle!” Era Hermione. A voz dela não estava muito alta, mas parecia assustada. Seguindo-a, e batendo-se nos móveis o tempo todo, Tom encontrou a garota dentro de um quarto que parecia ser uma dispensa. Ela estava parada ali, estática, com os braços ao lado do corpo e a varinha tremendo em sua mão enquanto olhava algo no teto.

“O que foi?” ele perguntou, entrando no quarto e percebendo como havia um barulho chato lá dentro. Logo a origem do som foi reconhecida quando Riddle viu inúmeras moscas voando ao redor deles. O cheiro ali era mais forte do que no resto da casa. Hermione ainda olhava o teto e quando ele a imitou, teve que conter a náusea que lhe revirou o estômago.

Havia uma enorme mancha escura no teto e um liquido preto pingando dali. Olhando para baixo, percebia que aquilo estava por todos os cantos: poças de sangue no chão, manchas de sangue nas paredes.

“Que merda aconteceu aqui...?” Mas Hermione não respondeu. Ela já havia deixado o quarto correndo, de certo indo falar com Harry. Riddle estava prestes a sair quando seu pé encostou em algo e o barulho baixo de algo rolando pelo chão ecoou no lugar. Estreitando os olhos, o garoto viu um objeto cilíndrico e fino no chão. Abaixou-se e o pegou, logo sentindo uma onda de calor subindo pelo seu braço. Uma varinha. Uma varinha como a de Harry e Hermione.

Antes que pudesse apreciar a sensação boa que o objeto lhe causava, um barulho alto ecoou no andar de cima, junto com um grito que ele reconhecia ser de Hermione. O rapaz desatou a correr, escorregando várias vezes graças às solas dos sapatos sujas de sangue ou esbarrando nos livros nos corredores. Os barulhos no segundo andar ficaram mais alto e parecia que havia algo batendo nas paredes e no chão repetidamente. Ele apertou mais a varinha suja de sangue e correu escada acima.

“Confringo!” Uma explosão foi ouvida em um quarto e, quando chegou lá, Tom não conseguia entender o que estava acontecendo.

O quarto estava destruído. Havia um corpo no chão, o corpo da velha, e o rosto dela estava horrível agora, completamente desfigurado. Seu peito doeu como se algo ali dentro estivesse sendo apertado com força. Harry estava no chão com uma cobra enorme enroscada ao redor de seu corpo, tentando dar-lhe o bote, e Hermione estava na porta, com a varinha apontada para a serpente. Os dois também já estavam com suas próprias aparências outra vez.

“Cuidado!” ele gritou e puxou Hermione pela mão, esticando o outro braço em uma tentativa boba de se defender. Surpreendentemente, a serpente foi empurrada para longe, atingindo a parede oposta e caindo no chão, chiando e mostrando-lhe as presas.

“Não!” Os olhos de Tom se arregalaram enquanto ele olhava a cobra. A voz estava vindo dela. A cobra estava falando!

“Fique longe!” ele gritou, apontando a varinha para o animal. A criatura parou por alguns segundos, olhando-o com curiosidade, antes de chiar outra vez. “Eu disssssse para ficar longe!”

“Bombarda!” O feitiço veio da varinha de Hermione e atingiu o chão abaixo da cobra, que cedeu e a fez cair para o andar debaixo. “Vamos!”

A bruxa o puxou na direção de Harry. Potter estava jogado no chão, gemendo e se contorcendo de dor. Havia algo debaixo do suéter do rapaz que parecia estar vibrando, mas Riddle não conseguia prestar atenção naquilo já que estava preocupado com os chiados altos no andar debaixo.

Ele não vai o que aconteceu depois. Ouviu a voz da cobra em sua cabeça, junto com outra vez desconhecida, logo antes de Hermione se jogar na direção do amigo, puxando-o junto. Então, todo o mundo desapareceu, girando e ficando completamente distorcido ao redor deles. Tom sentiu seu estômago embrulhar com a pressão ao redor de si, logo antes de cair contra o chão coberto de neve.


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Notas finais do capítulo

Depois de anos... Algumas coisas para falar sobre esse capítulo:
— eu adoro Muggle!Tom que fala bem menos elaborado que o Tommy de Hoggy e que não se contém em mostrar que entende de coisas trouxas como contos de fadas e a Bíblia
— Koschei, o Imortal, é um personagem de vários contos de fada russos. Ele realmente tem uma vibe horcruxes com o ovo dele, mas ele ainda é mas eficiente que o Voldemort no que se trata de esconder as coisas

Bom, espero que tenham gostado :33 por favor, digam o que acharam nos reviews.