Et in Arcadia ego escrita por themuggleriddle


Capítulo 1
et in arcadia ego




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Quando Hermione encontrou aquele feitiço escondido nas entrelinhas e ilustrações complicadas daquele livro, ela não podia acreditar no quão feliz ficara. Mais feliz do que ficara em dias – não, meses – e era como se ela pudesse ver uma faísca de esperança brilhando no meio daquela escuridão na qual ela parecia estar vivendo por anos já. Quando ela contou à Harry sobre aquilo, o rosto do amigo iluminou-se com um pequeno sorriso. Ele, também, estava desesperado para que tudo aquilo terminasse logo.

Não que eles não soubessem como destruir horcruxes. Ela havia feito pesquisas e descoberto algumas formas de destruí-las, as quais incluíam veneno de basilisco e o Fogo Maldito. Ela sabia muito bem que usar o Fogo Maldito era muito arriscado, então esta alternativa estava fora de cogitação, assim como sabia que nenhum basilisco no mundo iria, de bom grado, morder uma horcrux para destruí-la. Eles poderiam usar a espada de Gryffindor... Que estava dentro do cofre dos Lestrange, em Gringotts. Sim, eles tinham alguma maneiras de destruir aquelas coisas, mas todas pareciam fora do alcance, o que fez aquele pequeno encantamento que aparecera no meio do livro parecer ter caído do céu. Estava escondido na forma de runas e símbolos por entre as ilustrações contidas n’O Segredo das Artes Mais Obscuras, coisa comum de acontecer em livros sobre magia negra, uma forma de impedir que o leitor consiga a informação a não ser que este se esforce muito. Normalmente, essas informações escondidas eram sobre como acabar com maldições e feitiços, uma maneira fácil de esconder do mundo o jeito de acabar com magia negra. Independente de onde estava e como estava escrito, Hermione não podia acreditar que deixara passar uma informação tão preciosa por tanto tempo.

Não era um encantamento fácil, no entanto. Ele envolvia runas e símbolos que ela só havia visto em livros sobre alquimia e magia muito antiga, mas ela era Hermione Granger e, como Hagrid uma vez dissera, não havia nenhum feitiço que ela não conseguisse fazer. Pelo menos até agora. Mas, não, ele estava certo: ela era uma boa bruxa que tinha uma ótima capacidade para feitiços. Ela iria conseguir.

E, sim, Hermione conseguiu. Ela escreveu todas as runas e símbolos necessários na terra, colocou o medalhão onde ele deveria ficar, pediu para Harry ficar por perto no caso de ela precisar de ajuda e se concentrou da melhor maneira possível enquanto falava as palavras necessárias e fazia os movimentos de varinha que o livro indicara. Tudo fora perfeito. Tão perfeito que seria um ultraje se o ritual não funcionasse.

Mas funcionou.

Funcionou muito bem.

Talvez até bem demais... Mas talvez porque ela deve ter entendido mal o que o livro queria dizer com “acabar com uma horcrux”, porque, quando tudo acabou, depois de uma explosão de energia que irrompeu do medalhão, mandando ela e Harry voando para trás, e a poeira abaixou, ela esperava ver o medalhão destruído, com sua estrutura metálica retorcida e com algum tipo de tinta escura escorrendo dele, como Harry havia descrito a destruição do diário e Tom Riddle. Ela esperava uma casca vazia do que uma vez havia sido o recipiente de parte da alma de Lord Voldemort e não o corpo pálido de um rapaz que ela viu caído no chão quando finalmente conseguiu se aproximar do local onde havia feito o ritual.

***

A primeira golfada de ar foi o que o trouxe de volta à consciência. Aquilo doeu e fez com que seus pulmões parecessem estar se expandindo pela primeira vez, enchendo-se com o ar gelado que queimava enquanto descia por sua garganta e chegava ao seu peito. Ele podia ouvir a sua própria respiração entrecortada e o som dela parecia se misturar com o barulho de algo se mexendo perto dele. Ao abrir os olhos para tentar ver o que estava acontecendo tudo o que ganhou em resposta foi um gemido baixo vindo de sua própria garganta ao sentir as retinas queimando com a luminosidade.

Havia vozes vindo de algum lugar perto de si. Ele não conseguia entender o que elas diziam, mas conseguiu identificar uma voz masculina e, depois, uma feminina. Suas mãos tremiam com força – não, todo o seu corpo estava tremendo – e, quando tentou esticá-las para tatear a superfície aonde estava deitado, percebeu que estava sendo incrivelmente difícil se mexer, como se seus músculos tivessem desaprendido como deveriam se contrair e obedecer aos seus comandos. Foi quando o pânico começou a crescer dentro de si que uma mão pequena encostou em seu ombro, virando-o até que ele estivesse deitado com as costas no chão. Ele gritou – ou tentou, mas a única coisa que saiu de sua boca fora um gemido estrangulado – ao sentir a área de sua pele que fora tocada arder.

“Oh Deus,” disse a voz feminina e ele ficou levemente aliviado ao perceber que estava conseguindo distinguir e entender as palavras. “Oh meu Deus...”

“Hermione, o que houve?” Ele virou o rosto, seguindo a direção da outra voz. “Isso... Isso não está certo, Hermione...”

“Eu sei, eu sei!” As mãos tocaram o seu rosto, gentilmente, e viraram sua cabeça. Aquele ardor em sua pele voltou e ele tentou abaixar a cabeça para se livrar do toque.

“Cuidado, ele é...”

“Ele está desarmado, Harry. Olhe pra mim.”

Seus olhos se abriram novamente e ele os estreitou até que a dor devido à claridade fosse embora, apesar de que ele ainda não conseguia ver nada a não ser tons de preto e branco, borrados, acima de si.

“Minha bolsa, Harry, pegue! Procure por uma poção de sono!” A voz masculina sussurrou algo que ele não entendeu e ele pôde ver os movimentos dos estranhos. “Abra a boca.” Ele o fez, mas para perguntar a razão de ela pedir aquilo. A garota pareceu entender errado a sua ação quando sua voz falhou novamente, já que, antes que ele pudesse reagir, dois dedos dela estavam dentro de sua boca, segurando seus dentes debaixo e fazendo-o abrir a boca ainda mais. Um líquido frio caiu em sua boca e, instintivamente, ele o engoliu, logo antes de ter sua mandíbula solta novamente.

Piscando, ele sentiu o líquido descendo garganta abaixo e caindo em seu estômago. Os estranhos ficaram em silêncio e ele sabia que eles estavam o encarando. Alguns segundos depois, a sensação de ter alguma coisa voltando por sua garganta o fez tossir, sentindo o liquido que ele havia acabado de engolir escapar por sua boca.

“O que diabos..!?”

“Pelas barbas de Merlin.” Finalmente algo pareceu entrar em foco em sua visão. Era a ponta de o que parecia ser um graveto, apontada direto para o seu rosto. “Quiesco.”

E, com esse sussurro, ele não ouviu ou viu mais nada.


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Notas finais do capítulo

et in arcadia ego - 'até mesmo na Arcadia eu (Morte) estou'



Tem uma ilustração para esse capítulo que pode ser encontrada aqui ( http://themuggleriddle.tumblr.com/post/39930076045/maybe-even-too-well-but-that-might-have-been ). Não coloquei aqui porque sei lá né, Nyah diz 'sem nudez parcial ou completa' e sei lá o que consideram isso.



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