Aimable Prisonnier escrita por Ismalia


Capítulo 2
Graecum Carcerem


Notas iniciais do capítulo

Bem, realmente esperava postar o capítulo só amanhã, mas como ele já estava prontíssimo e fresquinho nos meus arquivos decidi adiantar isso. Então está aí.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/451612/chapter/2

Jason estava claramente nervoso com tudo que vinha acontecendo, primeiro fora sequestrado no meio de uma missão de resgate, bela ironia olimpiana, então fora arrastado por horas e horas, até se encontrar no que parecia um porão velho, havia caixas de enfeites de natal, caixas que, pelo que estavam escritas, diziam ter o conteúdo albúns de fotografias, alguns móveis velhos, como um sofá com uma capa para protegê-lo do pó e um fogão quebrado sem a porta do forno e sem dois dos quatro acendedores, ótimo, estou preso na casa de uma avó louca. Pensara irônicamente, sua boca estava seca e a garganta incomodava-o como se a cada vez que tentasse engolir saliva, engolia pregos no lugar, já tinha perdido a noção do tempo que estava lá, mesmo sabendo que aquela garota, Piper, vinha todo dia depois do almoço e ia embora um pouco antes do jantar, ele podia dizer que estava lá há algo mais que cinco dias, já deveria ter completado uma semana naquele porão.

Nesse dia a garota parecia que não iria aparecer, já devia ter se passado horas, e, sinceramente, Jason estava faminto e com sede, até que o barulho da porta do porão se abrindo e fechando seguido de passos apressados descendo aquela escada fizeram o garoto mudar de ideia sobre se a McLean viria ou não. Ela segurava um prato de comida, e um copo, como fazia duas vezes ao dia. Mas dessa vez ela não estava como era normal, dessa vez seu cabelo estava inteiramente bagunçado, o Grace jurara que viu uma folha no cabelo dele, pela primeira vez ele viu a camiseta laranja que antes estava sempre escondida embaixo do casaco de snowboard que ela sempre usava. A garota parecia cansada, tinha um corte pequeno na bochecha e Jason pensava que ela continuava linda, por esse mesmo motivo a encarava enquanto a mesma se ocupava de o alimentar, com o mesmo desgosto que da primeira vez que fizera aquilo. Depois que ele comeu e bebeu ela voltou para o banco que se sentava normalmente e tirou algo do bolso, era algo que parecia comestível, guardado numa embalagem hermética, ela o abriu e colocou um pouco do alimento na boca e Jason pode notar o pequeno sorriso aparecer nos lábios dela.

— O que aconteceu? — Ele perguntou claramente se referindo ao estado da morena.

— Não é da sua conta.

— Uma árvore te atacou? — Ele perguntou sério, imaginando se realmente isso teria acontecido, porque se sim, a imagem de Piper sendo “atacada” por uma árvore não lhe era surpreendente, o loiro subestimava demais a grega.

— É sexta-feira. — Ela disse como se aquela fosse uma resposta muito esclarecedora sobre o assunto.

— O que? Sexta-feira é o dia de se ferir?

— Sexta-feira é o dia de Capture a Bandeira. — Ela disse obviamente querendo por um fim naquilo.

— Ainda não faz sentido.

— Não preciso me explicar.

— Seria agradável se você se explicasse, já que tenta a tanto custo tornar minha vida aqui menos detestável.

— A única coisa que eu tento agora é que você sobreviva, sua felicidade e conforto não são minhas prioridades. — Ela disse pousando o olhar sobre Jason, que entendia muito bem o significado de sobreviver na frase usada pela garota. — Não seria legal ter um cadáver romano no porão.

Ela se levantou, não tinha mais um motivo para ficar naquele porão, enquanto Jason a observava, era visíviel para ele que ela estava cansada demais para fazer suas perguntas habituais, todo dia ela insistia nas mesmas perguntas, as quais o loiro se recusava a responder diretamente, algumas vezes ele dava uma dica ou outra sobre a resposta certa, mas nunca a respondia de uma forma que ela pudesse obter qualquer resultado. Estava estampado no rosto da garota todo dia o quanto aquela tarefa lhe era cansativa, mas mesmo assim não teve um dia em que ela deixou de ir. Era impressionante toda aquela teimosia e vontade em chegar num resultado final. Mas uma coisa ele estranhara, ele era quem recebia mais respostas, pelo menos respostas relacionadas somente à Piper McLean, já qualquer coisa sobre o acampamento, exceto o nome, ela não respondia, virava o rosto para encarar a parede e o deixava sem saber nada daquilo. Sabia que tinha algo que ela escondia dele, algo sobre ela que se recusava a contar, várias vezes ela simplesmente abria a boca para dizer algo, ou fazer algum tipo de comentário, e em pouquíssimos instantes ela fechava a boca novamente entrando em absoluto silêncio.

Absoluto silêncio era uma habilidade que ele via a garota se aprimorar a cada dia, todo dia ela falava menos do que o dia anterior, ultimamente ela só fazia as perguntas que era designada a fazer e esperar a resposta, evitava conversar com o romano a todo custo. Não que Jason estivesse incomodado, tinha motivos melhores para se incomodar com sua situação atual é claro, mas era estranho ver a garota se silenciando cada vez mais; ele acreditava que um dia ela simplesmente o encararia até ele contar o que ela andava perguntando sempre. Quem, exatamente, era ele e o que os romanos queriam, era isso que ela insistia em perguntar mais ou menos três ou quatro vezes ao dia, pelo menos o tempo depois do almoço e antes do jantar, depois disso ela só voltava na tarde do dia seguinte para repetir as mesmas perguntas, as vezes acrescentando algo a mais para perguntar, as vezes não perguntando sobre quem era Jason Grace, mas todo dia ela parecia igualmente frustrada.

A porta se fechara ruidosamente, abandonando Jason com seus pensamentos e a escuridão, ela fazia questão de deixar a única lâmpada do lugar desligada quando saía todo dia, e assim ficava desligado até ela voltar, o que, de acordo com Piper, acontecia entre as duas e meia e três horas da tarde. A conclusão de que eram longas horas em completa escuridão, exceto pela luz fraca que passava por uma fresta da porta depois que o dia clareava.

As longas horas de silêncio e escuridão eram sua punição, não que tivesse medo do escuro, era indiferente ao mesmo, mas o silêncio em si o incomodava. Claramente o silêncio do porão em que ele atualmente habitava era muito diferente do silêncio da garota grega, com ela lá tinha algo para ocupar a mente, como tentar descobrir porque ela andava ficando cada vez mais irritadiça e o que ela ocultava dele, também tentava abordar jeitos de descobrir mais sobre o Acampamento Meio-Sangue que obtivessem sucesso, mas as três coisas tendiam a não ter resultado no final, mas tentar fazê-las era o que ocupava sua mente enquanto não respondia as perguntas da garota. Talvez tinha descoberto o motivo para ela estar irritada, ele não responder suas perguntas, mas não podia ser só isso, ela agia como se a culpa não fosse dele por ela estar naquele tipo de humor, então ele seria parte do motivo, talvez a parte primitiva do motivo, mas não a parte direta. E era essa parte que ele queria descobrir.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bem, o terceiro capítulo sai entre sexta e domingo. Obrigada pela leitura e até mais.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Aimable Prisonnier" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.