Percy andava de um lado para o outro no convés do Argo II enquanto Annabeth estudava o que se pareciam com mapas e Leo terminava de arrumar o painel de controle do barco, ajustando muito bem o controle de Nintendo Wii onde deveria ser o timão, estava tudo pronto para eles partirem, as poucas coisas que Percy carregava para aquela viagem que não deveria ser mais que um “bate e volta” estavam em uma mochila perdida em algum lugar no barco, onde quer que ele tivesse a largado durante sua excursão de estreia do barco, guiada por Leo, alguns dos outros filhos de Hefesto, dois filhos de Atena, um deles sendo Annabeth, que ajudara projetar parte do interior dos cômodos.

Em todo esse tempo que Leo e Piper estavam no acampamento ninguém percebera que a filha de Afrodite fazia sim diferença por lá, desde que Silena se fora e que Piper vinha sendo a voz do acampamento, assim como sua irmã fora. Ela fazia um bom trabalho como conselheira e nunca foi notada por isso, ao contrário, a colocaram num trabalho que ninguém queria e acabou sendo levada para outro acampamento. Bem, Percy se sentia um pouco culpado por aquilo, já que fora ele mesmo acompanhado de Clarisse de La Rue que a deram aquela tarefa, enquanto Annabeth dizia-o que a culpa não era dele, aquilo seria inevitável. Bem, dessa vez ele não achava que a namorada estivesse certa, mas não era tempo para discutir sobre aquilo, era tempo para terminar aquele barco e voar para o tal Acampamento Júpiter.

Seu sentimento sobre aquiloe era muito contraditório, estava ansioso para chegar lá e conhecer mais um acampamento de semideuses, mas ao mesmo tempo não via a hora de voltar para casa, levando em conta que eles nem mesmo havia partido. Estava ansioso para cruzar o país numa trirreme para encontrar inimigos mortais e transformá-los em amigos.

O anúncio de que eles estavam já partindo viera de Leo, logo depois de uma exclamação extremamente animada ao ver que todo seu painel de controle funcionava do modo que ele planejou sem nenhuma explosão. O que fizera Percy ter de sair de onde estava e descer do barco com um punhado de dracmas e entregá-lo aos gêmeos Stoll, sim apostara sobre a quantidade explosões nos ajustes finais da trirreme. Houve cerca de cinco explosões, número exato que os gêmeos disseram, enquanto Percy, em toda sua “fé”, disse nove — no mínimo.

Mas agora isso não importava tanto, o barco alçou voo assim que o último semideus chamado para aquilo subiu, que era Annabeth, que realmente parecia ocupada a todo instante, desde o fim da guerra contra os Titãs ela não passou um minuto parada que não fosse para dormir entre três e quatro horas por dia.

Era isso, estavam partindo para o Acampamento Júpiter, território inimigo, mas que agora deveria ser seu aliado para evitarem uma segunda guerra civil entre semideuses, divertido como correr sobre brasas quentes.

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Jason não gostava tanto assim de silêncio, e nunca percebeu isso. Desde que se lembrava por gente ele estava sempre cercado por barulho, no acampamento principalmente, tinha o barulho constante dos treinos, as conversas altas da Quinta Coorte, os tempos da guerra contra os Titãs, as comemorações após esta, e então a grande pressão de ser o pretor lhe enchia os ouvidos todos os dias. Mas agora tudo parecia tão quieto, os legionários não pareciam mais fazerem tanto barulho, a pressão da pretoria não parecia mais encher seus ouvidos, não estava mais na Quinta Coorte para ouvir suas conversas, e tudo isso porque Piper McLean vinha o ignorando há dias. Ele parecia que nunca iria entender o que se passava com ela, uma hora ela parecia gostar dele, e em outra nem mesmo o olhava na cara, talvez isso fosse alguma característica rara de filhas de Vênus — Afrodite, digo —, serem extremamentes volúveis e lerem sinais expressivos que não existiam, essa parecia ser a desculpa mais razoável aos pensamentos do filho de Júpiter. Parecia a coisa mais plausível, e se sentia um imbecil por só ter pensado nisso agora, e não há dias atrás quando aquela coisa de “evitar Jason Grace a todo custo” começou.

Por isso mesmo lá estava ele com uma cara de idiota na frente da porta do quarto da garota, se perguntando se deveria bater primeiro ou falar algo, ela estava lá, isso era certeza, podia a ouvir se movimentando pelo quarto, alguns minutos atrás — acreditem, ele estava parado lá por muito tempo — ele pôde ouvir o chuveiro ser desligado, então não tinha erro, Piper estava definitavamente naquele quarto. Ele disse a si mesmo que só estava dando tempo para ela se vestir, mas era apenas uma desculpa esfarrada para ele conseguir mais tempo para saber o que falar, mas não importava o quanto ele esperasse não tinha muito o que falar, então fez uma coisa que provavelmente a faria o perdoar por o que quer que ele tenha feito, ou não.

A adaga/espelho pousava levemente em suas mãos, ele nunca tinha visto aquele material antes, todas as armas que conhecia ou eram de metais comuns ou eram de ouro imperial, mas nada daquele metal, algum tipo de bronze que nunca perguntou para Piper o que realmente era, talvez fosse um tipo de metal que apenas os gregos usassem, assim como o outro imperial era para os romanos. E Jason não sabia o quão certo ele estava ao pensar assim.

Como se um raio percorresse seu corpo ele bateu na porta sem nem mesmo pensar. Era agora ou nunca, pensou depois de notar o que fez, em segundos notou a maçaneta girar e a porta de madeira se abriu, revelando Piper com a camiseta roxa do acampamento, o que ela vinha usando todo esse tempo pela falta de diversidade de roupas e acabou que ela não se importou em usar a camiseta dos romanos, um par de jeans azuis e tênis all star, o cabelo dela estava molhado ainda e dava para ver nos ombros da camisetas pequenos círculos molhados. Ele pensou que ela estava linda, mas quase agitou a cabeça para afastar esse pensamento, iria dizer algo, mas no momento que abriu a boca a voz de Piper cortou tudo que ele iria dizer.

— Meus deuses! Katoptris! — ela quase gritou ao ver sua adaga e fez menção de agarrá-la das mãos de Jason mas este foi mais rápido.

— Espere um pouco.

— O quê? Apenas me dê a adaga, Jason.

— Como se diz? — ele perguntou na sua melhor tentativa de ser bem humorado.

— Me dá logo isso, pelos cabelos de Afrodite. — ela murmurou se segurando para não dizer coisas piores para o loiro logo a sua frente.

— Por quê você a quer tanto? É só uma adaga, Piper.

— Não é só uma adaga. Ela me escolheu. É minha, e eu a quero de volta, por isso mesmo você vai a entregar para mim, porque eu preciso dela mais do que você imagina. — seu tom de voz não era apenas convincente como sedutor, e fazia Jason se perguntar por que ele mantinha a Katoptris com ele, não podia fazer isso, ela pertencia à Piper.

E foi exatamente isso que ele fez, segurou a adaga e a entregou para Piper, que tinha sua mão direita estendida e pegou com carinho, podia-se dizer, a sua arma que nunca lhe fora tão querida quanto agora. Foi quando ele viu o sorriso malicioso no rosto dela que percebeu que caiu no charme da garota.

— Achei que isso não funcionava mais em você. — ela constatou — Isso significa algo, sabe disso, não? — Ele tinha de admitir que se sentia de certa forma vitorioso por ter conseguido a atenção dela mais uma vez, então aquela era a hora para ele resolver o que quer que tinha de ser resolvido.

— O que eu fiz? — perguntou.

Piper apenas abaixou a cabeça e murmurou uma resposta negativa, dizendo que ele não havia feito nada, mas ela não parecia muito convincente sobre isso. Como assim ele não tinha feito nada? Então por que ela estava assim? Algo com certeza havia acontecido e ele queria saber agora muito mais do que antes, mas como se lesse sua mente, a filha de Afrodite foi mais rápida ao ver a perplexidade dele.

— Acho, apenas, que não se deve beijar outras garotas quando se já tem uma ao seu lado. — ela mantinha a cabeça baixa ao dizer essas coisas, e antes que Jason retrucasse um grito chamou a atenção de ambos.

Piper foi a primeira a sair correndo, deixando o prédio da pretoria com Jason em seu encalço, muitos semideuses saíam de onde estavam e encaravam o alto, e quando ele fez o mesmo viu uma trirreme grega pairando sobre nova roma como quem não queria nada.