Our Peace, Their War escrita por somedayrobsten


Capítulo 8
Capítulo VIII


Notas iniciais do capítulo

Olá meninas! Muito contente por termos chegado aos 60 comentários, trago mais esse capítulo para vocês! Vocês são uns doces!
Vou tentar postar mais um capítulo amanhã de manhã, e se eu não conseguir, então será na verdade o meu adeus. Vocês já sabem a história de ficar sem internet e tudo mais.
Enfim, vamos ao que interessa.
A música do capítulo é "Love Is A Losing Game" da minha querida Amy Winehouse!!!
A cena entre Jake e Charlie é baseada no filme "A Vida É Bela". Um filme lindo e emocionante, que eu super indico para vocês. É de chorar!
Portanto, sem mais delongas, boa leitura ♥



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Capítulo VIII

“O amor é uma aposta perdida acima do que eu poderia cobrir. O amor é uma aposta perdida. Autodeclarado ‘profundo’ até as fichas se acabarem. Sei que você é um homem de apostas. O amor é uma aposta perdida.”
(Amy Winehouse)

– Jake! Jake! – Charlie cochichou, quando, após serem separados de Renée e Bella, haviam sido levados aos guetos. – Olha pro papai, Jacob. Nós vamos fazer uma brincadeira, tudo bem? – ele olhou os olhos chocolate do filho pequeno.

Era tão difícil cair em si em determinados momentos para perceber que seu filho não estava seguro. Tampouco sua filha, que estava cara à cara com os nazistas. Ele não tinha mais tanta certeza de que ela pudesse estar viva.

Nos guetos, bandeira vermelhas com a suástica nazista eram pendurados em todos os lugares. Jacob embora ainda muito garotinho, quando via pessoas recebendo tiros e uma série de toques de recolher, depois tiros e todos tinham que sair, ele ficava com medo. Ele sabia, no segundo em que via, que uma bala ao atingir uma pessoa causava uma morte certeira.

Charlie queria pensar que seu filho achava que as pessoas que eram atingidas apenas dormiam. No entanto, ele sabia que na manhã seguinte, quando saíssem atrás de outro esconderijo, Jacob veria o mesmo corpo ali, estirado no chão.

– Eu estou olhando você, papai. – Jacob respondeu. – Qual é a brincadeira?

– Assim que você ouvir os tiros, vai procurar um lugar seguro, ok? Toda vez. Vai se esconder para ninguém achar você. Cada esconderijo vai valer dez pontos. Quando você completar todos, um tanque bem grande vai vir buscar você e trazê-lo de volta para sua mãe, tudo bem?

– Sim, papai. Mas e se eu não conseguir encontrar a mamãe? – as palavras de Jacob trouxeram medo e pavor para ele.

– Procure por Bella. Ou vá para a cidade. Sei que ela estará esperando por você. – os tiros começaram. Era muito tarde. Charlie saiu e falou bem baixinho que era a hora de Jacob procurar um lugar para se esconder.

E ele foi. Escondidinho e como o garoto inteligente que sempre fora. Charlie de cabeça baixa para os soldados, seguiu no canto do olho o lugar para onde Jacob havia ido e concluiu que ele já havia ganhado seus dez pontos.

Naquela noite, não fora a vez de Charlie levar um tiro no meio da testa que apagaria para sempre sua existência. Ele passara, e agora, tinha como ir atrás de Jacob.

[...]

– Bella, fique calma! – Victoria cochichou para ela, enquanto estavam na cozinha.

– Ficar calma? – Isabella estava indignada. Nunca estivera tão rancorosa e amarga em toda sua vida. Se tivesse que olhar para a cara de Edward naquele segundo, seria para mata-lo. – Então ele dorme comigo todas as noites, me leva para ver minha mãe, me coloca na sua banheira grande e quentinha para depois dizer que sou um lixo?

– Olha só, Isabella, você não está pensando com calma. Já parou para pensar que talvez fosse uma maneira de proteger você de Irina? – Victoria deu de ombros, fitando os olhos chocolate de Isabella, sombreados e iluminados com uma raiva mal contida e uma tristeza interminável.

– Por que você sempre tem uma visão romântica da situação, Victoria? Não vê? É claro, limpo, cristalino. Somos de mundos diferentes, temos ideais diferentes, fazemos coisas diferentes. Não pertencemos um ao outro. Ele é o caçador e eu sou apenas a caça. Pare de pensar que ele quer me proteger. Você está sendo boba. – ela virou as costas e desceu as escadas, batendo com força a porta do quartinho.

Isabella quis, pela primeira vez, ser positiva como Victoria. No entanto não conseguia, por mais que tentasse. Estar naquela casa logo depois de ver o que viu e de ouvir o que ela havia escutado a fez se sentir tão amarga e tão destruída que quis estar no lugar de sua mãe.

Ela acreditava em Deus. Sabia que Deus era sua única fortaleza segura. Mas por que o todo poderoso encontrava-se tão ausente e distante?

Naquela noite, Victoria serviu o jantar sozinha; arrumou a louça sozinha; jantou sozinha. Viu Irina Denali ser deixada porta afora logo depois da sobremesa e foi espectadora de uma rápida conversa sobre uma visita que Edward teria que fazer ao campo de concentração na manhã, para avaliar os judeus com um médico especialista.

Edward voltou para a cozinha, e olhou Victoria sentada, descascando uma maçã.

– Onde ela está? – ele perguntou. Seus olhos continham um desespero tremendo. Ele sabia o que Isabella havia escutado e ele estava se odiando por causa daquilo. Mas fora necessário, pelo próprio bem dela.

Ele não havia dito nada de verdadeiro naquelas palavras, e esperava que Isabella compreendesse.

– Lá embaixo. – ele deu alguns passos em direção as escadas, mas Victoria segurou seus braços. – Edward, não. – ela sussurrou e balançou a cabeça negativamente. – Ela precisa de um tempo sozinha. Deixe-a. Tenho certeza que amanhã ela com certeza vai acordar entendendo tudo.

Ele suspirou frustrado e assentiu, dando as costas à Victoria. Passou na frente do quarto de Alice, ouvindo o seu berrar estridente.

– Volte aqui, Edward Cullen! – jogou um travesseiro em cima dele na passagem. Ele o devolveu a ela, jogando de volta.

– Me deixe... Alice. Só... me deixe. – ele fez uma careta de desgosto. Entrou no seu quarto batendo a porta com força, e deitou-se na cama com um moletom marrom e uma regata branca.

Após alguns minutos pensando em tudo que havia acontecido nas últimas semanas, decidiu que precisava de um banho frio.

Quando voltou a se deitar, a inquietude voltou a tomar conta de seu coração. Por que diabos tudo nele tremia como se ele tivesse perdido uma aposta bem gorda?

Ele sabia que Isabella não o perdoaria. Por que ele apenas não havia desconversado e dito à Irina que se tivesse ido apenas para falar de trabalho, era bom dar meia volta em seus calcanhares e voltar de onde veio?

Mas ele fizera tudo ao contrário.

Novamente, a conhecida sensação de que estava traindo tanto sua Alemanha quanto a mulher a quem amava tomou seu corpo. Ele girava de um lado para o outro na sua cama de casal, o lado oposto desocupado, mas que deveria ser ocupado por apenas uma mulher no mundo, e esta, ele sabia que era Isabella.

Ele sabia que tudo aquilo era porque estava acostumado a dormir com o calor do pequeno corpo de Isabella. Durante todas as noites passadas ele havia dormido com ela, aconchegado em sua cama um tanto desconfortável. Mas ele estava feliz por estar com ela.

Somente quando eram três horas da madrugada, Edward conseguiu pegar no sono. Um sono com muitos sonhos.

FLASHBACK

– O que você acha? – ele apontou dois tickets para um musical que estava tendo no centro da cidade. Tudo muito amador.

Isabella encarou os dois tickets.

– E então? É alguma coisa qualquer. Mas ganhei isso aqui – ele balançou os papeizinhos – e pensei que se fosse junto com você talvez não fosse me sentir estranho indo a um musical.

Ela fitou o rosto retorcido do melhor amigo, dando uma risadinha.

– Tudo bem. Deixe-me só pegar um casaco. – ela falou, voltando para dentro pelo caminho de pedras que levava à porta de madeira escura de sua casa.

Quando voltou, seu visual estava completamente alterado. Edward bem que ouvira algumas vezes aquela história de que as mulheres vivem trocando de roupas.

– Então é verdade? – ele perguntou, dando seu melhor sorriso.

– O que? – Isabella perguntou de volta, meio desentendida.

– Mulheres e roupas. – ele perguntou e fitou a camiseta verde musgo de Isabella, combinando com a saia rodada cor de café que ela usava nos joelhos.

– Ah, isso. – ela riu. – Nem todas. Na verdade eu só ia pegar o casaco mesmo, e resolvi mudar tudo. – deu de ombros, ainda sorrindo.

– Você está bonita, Bella. Sabe que é bonita. – foi a primeira coisa que ele disse desde que a menina tinha 10 anos que a fez corar. – Não precisa corar. Só estou dizendo a verdade. – esfregou os dedos no rosto dela, como se tentasse apagar a leve vermelhidão.

– Tudo bem, vamos lá. – caminharam até o centro da cidade juntos.

Assim que o musical começou, eles riam juntos nas melhores e nas mesmas partes.

[...]

– O que você achou? – Isabella perguntou, pegando o saquinho de pipoca que ele comprara para ela.

– Bem, eu gostei. É bom, mas creio que existam melhores. – ele deu de ombros.

– É. Sim, eu também. – ela falou. – É um pouco infantil aliás, apesar de fofo. Acho que lhe deram os tickets errados. – eles riram juntos, até que Isabella se engasgou.

– Morre agora não, Bella! – ela o fuzilou. – Eu ainda quero, quero... te levar ao parque.

Ele a puxou para dentro do parque, levando-a para os balanços. Sentaram-se um ao lado do outro. Ela fez impulso para balançar de leve, e ele se levantou para ir atrás dela, empurrar seu corpo no banquinho.

– Meu Deus, Edward, isso está muito alto! – ela gritou, rindo.

– Não posso parar, Bella. Não posso parar! – ele se desesperou, e quando o corpo de Isabella depositado sobre o banquinho voltou com toda a força e o derrubou eles riram, até que ele começou a fazer uma bela careta de dor.

– Edward! Ai meu Deus, você está bem? – perguntou, ajoelhando-se ao lado de seu corpo caído.

– Bem como nunca! – ele se levantou, e ficou rindo de Isabella ajoelhada na grama.

– Ah! Mas você é um belo de um idiota! – ela disse e correu atrás dele, desaparecendo por entre as árvores do parque.

FLASHBACK OFF

Edward acordou de um súbito, sentia uma quantidade significativa de água nos olhos. Ele não poderia fazer isso de novo, não mesmo. Carregava uma suástica em sua farda, e não era à toa.

Olhou o relógio em cima de sua mesa de cabeceira e viu que já eram oito horas. Levantou-se, tomou uma boa ducha e fez a barba. Vestiu sua camisa branca bem passada, e depois a calça e o cinto. Colocou o sobretudo onde carregava uma suástica bordada e broche com a suástica também. Olhou-se no espelho só por desencargo de consciência.

Por fora, parecia perfeito e alinhado. Por dentro estava uma completa bagunça sem fim.

Desceu as escadas e encontrou Isabella sozinha na cozinha, esquentando a água para um café. Ele foi para trás dela e colocou o rosto no pescoço suave e delicado de Bella. Ela ficou imóvel.

– Você... lembra daquele dia que estivemos no parque depois de ir ao cinema? – ele perguntou, não obtendo resposta. – Fomos ao balanço, e eu te empurrei com força e você achou engraçado, depois, quando o balanço voltou à posição, eu caí. – ele sorriu, distribuindo beijos desde a clavícula de Isabella até o ombro.

Ela também não respondeu nada, e ele se afastou. Nunca tivera medo de nada em sua vida, mas naquele dia, estava com medo de Isabella.

– Me diz... o que está acontecendo? – ele pediu. Os olhos dele encontraram os dela, e em ambos havia uma dor arrasadora.

– Eu acho que você sabe. Ou deveria saber. – ela deu de ombros. Fitando as esmeraldas profundas de Edward, Bella sentiu fraquejar. Mas ela não ia. Não na frente dele.

– Eu não sei, Bella. Não sei o que pode ter lhe deixado tão zangada quando você conhece meu amor por você e... – ela o interrompeu.

– Me amar? Você fez isso tudo muito bem, Edward. Você me ajudou a visitar minha mãe, dormiu comigo todas as noites, até banhou-me quando eu mesma me sentia incapaz para fazer isso ou qualquer outra coisa. Mas é uma pena que tudo seja uma fachada. Eu realmente sei do meu fim, e ele é igualzinho ao da minha mãe. – as lágrimas começaram a banhar seus olhos mas ela não ia deixar que elas escapassem.

– Bella, aquilo foi pra proteger você e despistar Irina. Por favor, não faça mal juízo disso. Eu amo você. – ele levantou-se para tocar o rosto dela, mas ela desviou.

– Pare de mentir, Edward. No fundo, tudo que eu sou é uma judia que não passa de sua empregada e a garota com quem um dia você teve uma boa amizade. Nada mais. Não me envolva na sua vida de mentiras só porque não tem outro meio para agir com os seus problemas. – ela disse, a amargura de seu coração tomando conta de suas palavras. Ele não respondeu.

– Sua vida parece uma série de apostas intermináveis, apostas na vida do seu povo, apostas na morte certa do meu povo. Se eu era uma aposta com aquele outro soldado de olhos azuis, bem, ótimo! Está aí, você ganhou pelo que apostou. Espero que esteja feliz.

– Então é isso? Você acabou? Assim é que termina? Se minha vida é de mentiras, creio que você também está mergulhada nelas. E Isabella, eu aposto pelo bem do meu povo. O seu amor, no entanto, nunca foi uma aposta. Mas é assim que você vê essa merda toda... – disse ríspido e saiu a passos duros de dentro da cozinha, deixando Isabella estarrecida em frente à mesa.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Minha amiga leu e disse que a parte do Jake e o 'rompimento' de Isabella e Edward foram de cortar o coração? Estão de acordo?
Quem compreende a Bella levanta a mão, quem tá com raiva também! Enfim, eles não vão voltar a estar juntos tão cedo, porque o que acontecerá nos próximos capítulos vai quebrar pernas :(
Espero que tenham gostado deste, e que estejam gostando da história em geral.
Comentem, recomendem, compartilhem, indiquem! Vamos comentar muito e fazer de OPTW um sucesso!!!!!!!!!!
Amo vocês, espero vocês aqui e no próximo também.