Are You Mine? escrita por Clove Flor


Capítulo 4
Capítulo 3 - Parte Um


Notas iniciais do capítulo

OLHA QUEM CHEGOOOOOOU
Bem vindos leitores novos!
O capítulo não é muito bom, pelo menos não essa parte. Dividi-o em duas partes, porque a) ficaria muito grande, b) estava sem postar faz tempo e, c) ficaria meio sem sentido tudo junto

Aventuram-se recomendar, favoritar, comentar? ^^



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Capítulo 3 – parte um.

Point of View – Katniss.

Os olhos claros, antes brilhantes, tornaram-se opacos ao ouvir minhas palavras. Tentei olhar para os lados, buscando algum modo de distração que não mostrasse meu rosto fervendo em ódio, frustração e... vergonha.

─Você o quê?! ─ Prim exclamou, sua testa franzida e os lábios apertados entre si mostrava sua raiva. Pigarreei, voltando a encará-la, dessa vez com mais confiança.

─Eu disse que não vou.

─Mas é claro que você vai. Hellooo? É a sua festa, mana.

Bufei, revirando os olhos. Qual era o problema, afinal?

─Deixa eu te contar uma novidade, Katniss. – a garota segurou sua trança comprida, jogando-a para trás de seu pescoço. ─Não tem nenhuma possibilidade de você não ir. Está entendendo? Nenhuma.

Respirei fundo dessa vez, meus dedos indo em direção as minhas têmporas para massagiá-las. Eu não queria ir em uma festa. Eu não queria ter que me arrumar. Eu não queria fazer aniversário.

─Porra, Katniss... – a garota fraquejou, fechando os olhos com força. ─ Tenta se divertir, caramba. Você... você tem uma chance de sair de casa e a recusa. Qual é o seu problema?

─Eu só não quero, uh... dançar? ─ tentei encontrar alguma desculpa descente. Por que eu não quero mesmo ir? ─Argh. Você tem razão. ─ declarei por fim. Minha vontade não havia subido, não, nem um pouco. Eu queria na verdade era que o tempo passasse mais depressa do que o normal.

─YEAH! – Primrose gritou de entusiasmo. Não pude evitar de sorrir diante seu ato. Seus olhos brilharam em um tom malicioso, direcionando-as para sua pequena bolsa de maquiagem.

Oh não.

Point of View – Annie

Eu estava cantarolando alguma música quando algumas batidas ecoaram em meu quarto. Senti meu corpo retesar, meu olhar se desviando para a porta de madeira que estava aberta. Não havia ninguém lá.

Mais batidas, e então percebi que o som vinha da janela. Uma mão chocava-se nela, vezes mais fortes.

Aqui, hur dur” ele teria dito cinco anos atrás.

─Ann, abre, por favor. ─ a voz sussurrou em um tom de calma, paciente. Como se falar comigo exigisse boa parte de sua sanidade mental.

Meus olhos já haviam começado a desfocar. Pisquei repetidas vezes, observando os olhos verdes brilhando por trás do vidro. Aproximei-me, destravando o trinco e erguendo o mesmo com um pouco de dificuldade. Seus cabelos estavam desalinhados, todos os fios cor de bronze bagunçados de um modo... especialmente charmoso. Eu sinto sua falta, pensei em dizer.

Mas eu não sabia se era verdade. Parte de mim o odeia. E a outra... está simplesmente indecisa. Como o meu resto.

Sua perna comprida passou pela batente da janela, e em um instante, o garoto já estava dentro de meu quarto. Com alguns passos lentos, fechei a porta em caso de meus pais – que eu sabia que deveriam estar trabalhando ou algo do tipo ─ entrarem.

Quando me virei, minhas mãos se fecharam em punhos ao lado de meu corpo ao olhá-lo sentado em minha cama. Tive de respirar fundo diversas vezes enquanto meus dedos se afrouxavam. Se controle, eu pensava. Não o deixe assistir isso mais uma vez.

Um apito agudo chamou minha atenção. Meu relógio estava piscando em números vermelhos: “16:00”.

Finnick, ao ouvir, olhou para meu criado-mudo do seu lado. A pequena caixa que estava posta em cima foi chacoalhada em sua mão, fazendo cair duas capsulas.

Ele a ergueu para mim e, evitando tocar-nos, joguei o remédio em minha garganta.

O garoto olhou em meus olhos.

Verde sobre verde, foi o que pensei. Somos iguais até nisso.

─Eu, uh... queria ver como você estava.

Forcei um sorriso.

─Legal, eu acho. ─ lhe respondi e pude ver um lampejo reluzir em seus olhos quando eu falei algo direcionado a sua pessoa. ─Você vai na festa da Kat?

Ele franziu os lábios, levemente desconfortável. Pude perceber, pela sua resposta demorada, que teve de formular algo coerente para me dizer.

─Na verdade, tenho outros planos.

Senti minha boca relaxar ao meu sorriso desaparecer.

─Me esqueci que sua agenda é lotada. ─ Ah, Finnick, o que você faz no seu tempo livre?

Observei-o se erguer de minha cama, andando pelo fino carpete até minha bancada onde havia fotos minhas com Johanna.

A parte em que ele aparecia fora rasgada.

Seus dedos passaram pela imagem, contornando o corpo da garota de cabelos curtos. Eu senti raiva nesse momento. Eu quis gritar, esmurrá-lo, porque afinal, era culpa dele.

─Estou tentando esvaziá-la. Não pense que minha vida é a das melhores.

Trinquei os dentes, respirando fundo. Não seja louca agora. Não se descontrole agora. Mantenha pensamentos puros.

Foquei meu olhar nele novamente, que estava em um ângulo que eu só via seu perfil. Parecia admirar a fotografia, mas ao tocar a parte da qual faltava, seus ombros caíram levemente.

Que se foda os pensamentos puros.

Ele não tem direito de ficar triste.

─Depois das pragas que te roguei, não deve ser mesmo.

Ouvi seu suspiro pesado. Suas mãos se fecharam nas quinas do móvel e pude ver as veias em seu pescoço quase saltando.

─Annie... – murmurou, quase inaudível.

Uma batida de meu coração falhou, e cruzei os braços para tentar parecer mais firme do que eu estava. Não que eu e o Odair nunca houvéssemos brigado, mas todas as vezes em que isso ocorria, eu pensava que poderia vomitar todos os meu órgãos em um minuto.

─Eu nunca vou te perdoar, Odair. ─ declarei, o ar começou a ser recusado ao entrar em meus pulmões. Ofeguei, mas consegui continuar em pé.

─Annie, por favor... – tentou outra vez, porém suas palavras perderam o sentido para mim.

─Eu... – comecei. Minha garganta parecia estar apertada, sufocando-me. Uma dor aguda atrás de meus olhos fez-me perceber o quanto eu estava segurando para não chorar. Johanna, eu sinto sua falta. Johanna, a culpa não foi sua.

─CALE A BOCA, ANNIE CRESTA!

Então senti as lágrimas quentes riscando meu rosto. Eu queria ter evitado, mas precisava disso, dessa liberdade. Meus punhos estavam cerrados e, merda!, eu não consegui parar de chorar. Os soluços vieram logo depois quando entreabri a boca para respirar.

Finnick virou a cabeça para trás, observando-me com seu olhar frio e vazio. Parecia sentir dor – aquela que machuca mais que a física ─ e cansaço.

O cenho franzido de raiva se suavizou ao ver minhas lágrimas. Não sinta pena de mim!, quis gritar.

─Você não pode me culpar pra sempre, Annie. ─ ele murmurou, suas mãos voltando a apertar o móvel com força. Sua cabeça pendeu pra frente, respirando com certa dificuldade.

Fitei suas costas largas coberta pela blusa cinza quase transparente. Nesse momento percebi o quão tenso seus músculos estavam – pareciam a ponto de se romper ─. Eu devia saber que isso não era fácil para ambos, mas o que pensar quando você acha que a sua dor sufoca a de todos? O que eu devia fazer? Esquecer dela? Eu não consigo. Porque, naquela época, éramos como gêmeas: inseparáveis. Segredos compartilhados, piadas que só nós duas – e infelizmente Finnick ─ entendíamos. Os lugares secretos, os pontos de encontro, as risadas, os choros... Era ela sempre lá. Comigo. Me ajudando em tudo o que eu fazia.

Eu até o perdoaria, acho. Se tudo fosse diferente. Se Johanna não tivesse me contado aquilo, eu poderia sorrir verdadeiramente para ele sem sentir uma grande culpa me revirar. Mas, não. Não! Eu sempre vou o culpar. E a mim mesma. E ao mundo, mesmo que ninguém precise saber. Clove entende meu distúrbio. Katniss finge entender. Finnick aceita.

Por que nada nunca é fácil para mim?

Não me contive, e puxei o garoto de cabelos cor de bronze para se virar para mim. Não me importava mais se eu estava com os olhos manchados de lágrimas, ou dos soluços que eu tentava conter.

─Eu te odeio! – gritei, com a raiva e arrependimento transbordando de mim. ─ Eu te odeio, Finnick Odair!

Dessa vez meus punhos fechados chocaram-se em seu peito com força. Eu não me continha mais, as paredes de meu quarto pareciam girar.

─Por que o seu coração não para de bater?! – clamei, minha mão voltando novamente com força em seu tórax. Ele soltou um gemido abafado e agarrou meus pulsos com firmeza sobre seu corpo.

Ofeguei, tentando manter o ar dentro de mim. Tentei me soltar me balançando, mas nada deu certo.

─Respire fundo. – disse, a voz calma como o mar.

Fiz isso uma vez e mais outra. Meus batimentos cardíacos estavam entrando em um ritmo adequado, e a respiração começou a se regularizar. Senti minhas bochechas corarem devido a vergonha depois de meus gritos e violência.

─Está tudo bem, ok?

Dessa vez, olhei em seus olhos. Estavam em um verde puro com pequenos pontinhos dourados reluzentes. Eles mostravam preocupação, nervosismo, e algo mais que não consegui identificar.

─O-ok... – funguei, um pouco infantilmente. Contenha essas lágrimas. ─ Me perdoa, Finn!

Ele sorriu com apenas um canto dos lábios, soltando minhas mãos lentamente. As deixei na mesma posição enquanto os dedos mornos migraram para minha bochecha, acariciando-a com leveza.

─Já está perdoada, Annie.

Céus, como não me apaixonar por um homem desses?

Pare, Annie Cresta!, briguei comigo mesma. Você não pode. Não pode!

Desviei meu olhar para o relógio. Já passavam das 16:30, e eu precisava me arrumar se eu quisesse ficar bonita para a Katniss.

Mas, ao mesmo tempo, não queria ter que me afastar tão logo dele. Eu já sabia, claro que já. É óbvio que eu estou mais que apaixonada pelo garoto dos olhos verdes. O problema é que eu simplesmente não posso. Por isso disfarço minha dor pela perda de minha melhor amiga com o amor que sinto por ele.

Eu sei que ele não a matou.

Eu sei que ela já se foi.

Então, mesmo assim, por que você ainda evita esse maldito sentimento, Annie?

Eu sempre repetia isso para mim mesma. Mas a resposta vinha como um relâmpago cortando o céu:

Não posso amá-lo porque outra pessoa já fazia isso.

Não posso amá-lo porque Johanna o amou mais que a si mesma.

Não posso amá-lo porque em cada beijo que eu o desse, lembraria dela, que sempre sonhou em fazer isso.

Não posso tomar o lugar dela.

Não.

Não.

Não.

Sempre tem um não.

─Finnick... – pigarreei. ─Preciso, uh, você sabe... Me arrumar. E acho que você também, não?

Ele assentiu brevemente, os dedos roçando até um pouco abaixo de minha mandíbula. Será que ele conseguiu sentir a forte onda de tremor que tomou meu corpo com esse simples ato?

O moreno resmungou algo como “claro” e logo se afastou, indo em direção à janela de meu quarto. Passou uma de suas pernas e, meio sentado na batente, chamou meu nome.

─O quê? – eu lhe perguntei, a voz saindo um pouco mais baixa do normal. Não o olhei uma última vez.

─Estou feliz que tenha dado esse pequeno passo de me responder.

Então, sem dizer mais nada, saiu e abaixou o vidro.

Fui até meu armário, retirando dele uma blusa branca de seda com botões frontais e uma saia azul marinho soltinha. Entrei em meu banheiro, ligando o chuveiro em água fria.

Permiti-me sorrir dessa vez. Eu estava distraída, deixando-me levar pelos pensamentos que sempre reprimo sobre ele. O sorriso, os cabelos levemente dourados como se tivessem sidos queimados pelo sol, os olhos, a pele macia, as costas largas, a risada, os lábios...

Não tinha problema. A culpa viria depois.


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Notas finais do capítulo

EAEEEEEEEEEEE PESSOAL, I'M BACK
Sei que demorei pacas, mas aqui as explicações:
a) eu fui pra pria uma semana e o carregador do meu pc quebrou
b) demorou pra concertar
c) fui de novo pra praia por uma semana e não tinha internet
d) criatividade ruim
e) pensar mais nos problemas da Annie

Vocês vão me odiar no próximo, mas me amar no próximo do próximo



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