Are You Mine? escrita por Clove Flor


Capítulo 17
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoaaaaal! Como vocês tão? EU SENTI MUITAS SAUDADES! Juro, durante a viagem, quando chegava a noite eu não parava de criar cenas da fic na minha cabeça. Infelizmente, demorei mais que o previsto, pois minhas férias foram muito curtas e já voltei com matérias pesadas.
MUITO OBRIGADA a todos vocês que aguardam pacientemente pela estória e não desistem dela! Obrigada mesmo.
Fiz um capítulo grande para compensar a demora! Hahahah
Feliz dia do escritor! ~insira aqui um coraçãozinho, já que o nyah tirou~



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Point of View – Clove

Despertei com um movimento brusco. Meu corpo foi lançado para o lado, fazendo com que minha cabeça batesse com força em algo duro, como uma porta. Soltei um gemido, choramingando.

─ Clove? – ouvi me chamarem. Abro os olhos e penso que estou cega, mas apenas está de noite. Estou deitada no banco traseiro de um carro. Estou com um shorts de borracha que aperta minhas pernas e um sutiã que me deixa envergonhada. Não, corrigindo: estou com uma blusa larga que cobre até metade das minhas coxas.

Finco meu cotovelo no estofado, erguendo com dificuldade o meu corpo.

─ Clove?

Meu olhar se encontra por poucos segundos com o do motorista quando ele vira seu rosto rapidamente em minha direção.

Cato.

Seguro a respiração. Não sinto mais frio – ele ligou o aquecedor ─, mas estou arrepiada. Ouço a pulsação de meus ouvidos e acho que vou desmaiar novamente, se não fosse por Cato ter freado tão bruscamente que acabo “despertando”. Bato o rosto no banco da frente com o solavanco e começo a tossir, dolorida, cansada, nervosa. Tusso engasgada, meus pulmões em chamas, sem ar.

Não
consigo
respirar.

Clove?! – ele solta seu cinto de segurança e me alcança através do banco. Fecho os olhos com força, sem querer vê-lo. Sem querer que ele me veja.

Em algum momento Cato retira uma arma e atira em meu peito: eu sangro, gritando de dor, agonizada. Sangro sobre seu banco, sobre ele, sobre minha vida, meu corpo esburacado, vazado. Vazio. Manchando seu estofado com o líquido vermelho, derramando-o de mim...

─ Clove, você ‘tá bem?!

─ Não! – berro. Desesperada, berro. ─ Me mata, Cato! Me mata!

─ Para com isso, Clove! Que absurdo!

Encaro seus olhos azuis no escuro. Ele não segura uma arma – nunca segurou. Meus pulmões enchem. Inspiro, expiro. Inspiro, expiro.

Estou suando frio. Meus dedos tremem e eu sinto meu choro sendo segurado. Vou aguentar firme – só por mais poucos minutos. Só preciso ser forte por um tempo – assim irei me sentir melhor.

Cato volta a se sentar direito em seu banco e liga o carro novamente.

─ Vou te levar para minha casa.

Impulsivamente, solto um grito baixinho. O loiro me observa através do retrovisor com as sobrancelhas arqueadas.

Por favor, não. – arfo. ─ Eu quero o meu quarto, por favor Cato, por favor, me leva pra casa...

─ Ok, ok Clo, não tem problema. – ele sussurra. ─ Acho que minha mãe estaria lá, de qualquer modo. Tem alguém na sua casa?

─ Não. – respondo. Minha mãe normalmente só aparece em casa de terça à sexta.

─ Ok. – repete. Então vira com força o volante em suas mãos, fazendo o retorno para minha casa.

[...]

A porta ao meu lado se abre e as mãos de Cato puxam meu corpo para fora do veículo, como se eu fosse uma garotinha dorminhoca ou um alguém morto. Sou encaixada em seus braços e levada até a entrada em seu colo, balançando conforme seus passos.

Sua chave. – ele sussurra em meu cabelo.

Na caixa de c-correio. – sussurrei de volta, cansada. Ele teve que se abaixar para abrir a caixinha com o chaveiro, fazendo com que eu também ficasse inclinada.

─ Fala sério, Clo, isso não é nem um pouco seguro.

─ E-eu não ti-inha bolso, Cato.

─ Que seja.

Fecho os olhos enquanto sinto que estamos entrando na residência. Não preciso indicar o caminho – ele já sabe. Mesmo depois de 2 anos, ele ainda sabe.

Pensei que teria dificuldade em subir as escadas me carregando, mas Cato não pareceu se importar realmente (ou então, se conteve para não querer me jogar no chão ou coisa do tipo).

Quando a textura dos lençóis roçam na camisa que visto, finalmente, finalmente, relaxo por poucos segundos, deitada sobre o colchão macio e reconfortante. Penso até que poderia dormir, mas um puxão em meu braço faz com que eu erga minhas costas bruscamente da cama e sente em sua beirada.

─ Que PORRA aconteceu agora?!

Arregalei os olhos, assustada. O rosto de Cato estava em brasa, extremamente vermelho, e os olhos claros marejados. Ele estava quase chorando. Por minha causa. Eu o fiz chegar a esse ponto, de quase arrancar os fios loiros de cabelo, de ficar andando de um lado para o outro em meu quarto, indignado. Eu entendo.

─ Desde quando você não tem a porra de uma PORTA, Clove?! – gritou ao perceber o fato dito. Me encolhi.

Olha só o que eu fiz com ele.

Olha só o que eu fiz com a Katniss.

Olha só o que eu fiz com a Annie. Com o Finnick. Comigo mesma.

Como eu pude chegar a esse ponto, céus? Destruí a minha vida. Cato nunca mais olhará para mim como antes, nem Finnick. Nem ninguém! Eu realmente joguei uma bomba em cima de todos! Eu fui uma bomba.

Começo a chorar. Meus olhos ardem com a força das lágrimas e soluço, engasgada. Não aguento mais. Não me aguento mais. Choro de raiva, ódio e tristeza – choro por tudo de errado que eu fiz.

─ O que aconteceu com você? – ele indaga, levemente mais calmo. Desvio o olhar quando Cato se ajoelha em minha frente, ficando cara-a-cara comigo. ─ Não te entendo, Clove. Você sequer tem noção da roupa que estava usando? Sério, não quero parecer machista ou coisa do tipo, mas aquilo é ofensivo, Clove! Viu o seu estado? Não quero nem pensar no que poderia acontecer se saísse sozinha na rua, de noite...

─ Cato... – interrompi, minha voz esganiçada. Meu nariz escorria e eu chorei com mais intensidade. Ele não sabe o que eu estava fazendo.

─ Você poderia ser sequestrada, - - e, oh meu Deus Clo, você poderia ter sido... violentada...! – o loiro arfou, tampando a boca com incredulidade. ─ Já parou para pens...

─ Cato! – solucei, tampando os ouvidos com força. Pare!, quis berrar. Pare de se preocupar comigo! Eu não mereço nenhum tipo de preocupação, eu não mereço nada! ─ Céus Cato, eu estava... e-esta-ava me pro-prosti...-ti...tu...

Não termino a frase. Não consigo: minha voz trava, dolorida. Minha garganta arde.

Ele não diz nada por um momento e eu lanço meu corpo em minha cama, encolhendo-me em posição fetal.

Então grito. Tão alto que meus ouvidos imploram para que eu pare, mas é algo contínuo, natural e sem esforço: o som parece estourar dentro de mim.

aaaaaaaaaaaaaaaaaAAAAAAAAAAAHHHH!

PARE!, grito em minha cabeça – pelo menos acho. PARE DE BATER, MALDITO CORAÇÃO!

Ouço Cato chorando. Ele funga e sinto a cama afundar ao meu lado com o peso de seu corpo. Suas lágrimas molham meu pescoço e elas são quentes ao deslizarem por ele.

Pressiono ainda mais minhas pálpebras ao sentir o braço de Cato tocar minha cintura, trazendo-me contra seu corpo. Ele me aquece, me protege e fica do meu lado mesmo eu tendo contado a coisa horrível que eu fiz. Ele continua me segurando e tocando sabendo do nojo que é minha pele.

─ Você não pre-precisa disso, Clo. – beijou meu cabelo. Solucei.

Mesmo não querendo realmente isso, pedi:

─ Me deixa so-z-zinha, Cato.

─ Não posso. – sussurrou. Choro ainda mais. Eu tenho tanta raiva dele, do que me fez passar. De toda aquela traição, toda a nossa história... Mas sei o que ele está pensando. Sei que ele acha que, ao ir embora, eu irei me matar. Dei todos os sinais disso. Não sei se eu seria covarde – ou corajosa ─ a esse ponto, mas é uma opção. Iria aliviar tantos problemas...

─ Você sempre m-me deix-xou, Cato – murmurei, meus olhos ardendo.

─ Shh... – disse, e tentei me acalmar. Tentei relaxar. ─ isso não é verdade. Depois a g-gente conversa, Clove.

Não chore por mim, desejei, mesmo que ele já tivesse me feito chorar muito mais antes.

[...]

Point of View – Finnick

É difícil se concentrar nas aulas quando sinto como se meu crânio estivesse sendo massacrado, amassado, pisoteado, algo assim. Que final de semana intenso: ficar com Annie, encontrar Clove na porra do bordel, a papelada da casa... Socorro.

Eu devo contar para a Annie? Não é como se eu tivesse a pedido em namoro ou coisa do tipo, mas eu a beijei. E depois beijei outras (várias) garotas. Ela claramente merece saber, sem dúvidas, mas... Agora que começamos a nos entender, a dar certo. Eu estragaria tudo e não quero estragar tudo. Vamos voltar para a estaca zero, vou levá-la novamente para a época de Johanna Mason... Ela iria sofrer tanto.

Clove contaria para Annie? A garota percebeu a minha situação ─ e não sei como não havia caído a ficha antes.

Céus, é tudo culpa dela. Eu espero Clove contar ou corro atrás e falo antes? Vou ferrar com tudo. Quando ela descobrir eu estarei destruindo-a, e a última coisa que quero é feri-la...

Eu tenho que contar. Como poderia manter uma mentira dessas? Mesmo que ela nunca mais olhe para mim, pelo menos fui honesto. Annie verá isso. Afinal, faz dois anos (como sempre, dois anos atrás: o tempo da desgraça. Tudo desmoronou nesses doze meses – para todos nós).

Me sentia tão culpado pela morte da Mason. Fiz os pais dela mudarem de cidade, destruí vidas, afastei meu amor... Estava puto na maior parte do tempo, querendo ocupar minha mente com outras bobagens para distrair. Então comecei a jogar – e, surpresa!, eu era muito bom nisso. Apostava dinheiro, eletrônicos, coisas do tipo. Jogava com um pessoal mais velho, meio barra pesada, que frequentava o clube de cartas. Eles pareciam fazer jogo fácil, como se me deixassem ganhar.

E, um dia, enquanto eu estava na linha entre sóbrio e alterado, tinha uma boa jogada. Parecia perfeita – eu iria ganhar aquela partida e estava precisando desesperadamente, porque havia criado uma dívida de 10 mil com um sujeito chamado Pollux.

Você tem um rosto interessante, Odair. – murmurou Pollux, um dos homens da mesa. Podemos fazer um outro tipo de aposta: se você ganhar, perdoo os meus 10 mil. Mas, se perder, trabalhará na minha boate - você sabe, como prostituto, strip-tease, coisas desse tipo.

Entortei os lábios.

E por que raios você gostaria que eu trabalhasse nisso?

É bonito. Atrairia fácil a clientela. Aí você paga sua dívida com serviço.

Dez mil. Era muito dinheiro, mas com as cartas que eu tinha em mãos, dificilmente eu perderia.

Ok, Pollux. Que besteira. – revirei os olhos, mostrando o meu jogo para ele com um sorriso.

Que logo se desfez ao ver o dele.

Gelei.

A gente acerta os termos e condições semana que vem, ok? Nem pense em não comparecer.”

Caminho pelos corredores vazios do colégio. Estou com tanta raiva! Não quero perdê-la de novo, não quero que ela tenha nojo de mim. Eu estou pagando a dívida – não fugi porque sei que Pollux sabe onde moro e, por essa razão, estou convencendo meus pais a nos mudarmos. É difícil sem deixá-los saber do real motivo, mas inventei alguns e eles até estão aceitando a ideia!

Está terminando – a dívida, quero dizer. Talvez apenas mais um mês e consigo os 10 mil. Que ridículo, céus, isso tudo é tão ridículo: perdendo dois anos da adolescência vendendo o próprio corpo por causa de apostas e jogos e dívidas onde uma criança de 16 anos não deveria ter tido o contato.

Borbulho de raiva. Quero muito me livrar disso tudo, tomar um banho longo e lavar toda a sujeira que grudou em meu corpo nesses dois anos. Quero também amar Annie sem me sentir culpado. Engraçado como me esforcei tanto para fazê-la gostar de mim, perdoar o monstro que sou e, agora, tudo parece ter sido em vão.

Eu a vejo andando distraída no fim do corredor, fechando a porta do consultório de Cashmere. Estou com um passe para o banheiro, mas não pretendo usá-lo: só precisava sair da sala por alguns minutos. Annie normalmente não participa da primeira aula das segundas feiras devido à ida obrigatória na sala da nossa psicóloga escolar – e eu sou o motivo de ter criado todos os seus traumas.

Ela caminha despreocupadamente com um livro em uma das mãos. Parece mais feliz – tem um sorriso brincando no canto da boca enquanto seus olhos passam de palavra em palavra. Não estamos muito próximos ainda.

Aperto o passo.

Sou desespero puro. Não posso perdê-la. Não posso, céus, ela é a minha luz. Meu coração bate desenfreado, machucando as costelas, porque eu já estou quase em sua frente e é agora que ela finalmente ergue seus pares de esmeraldas e me nota. E Annie está sorrindo, e eu sei que esse sorriso não surgirá quando ela voltar a me olhar um dia. Um dia ela me olhará com raiva.

Não consigo me controlar. A empurro com força desnecessária na parede de armários atrás dela e aperto meus lábios contra os seus, fechando as pálpebras com força. Ouço um barulho de algo se chocando contra o chão, mas ignoro e procuro pelos pulsos de Annie, prendendo-os ao lado de seu rosto.

Ela está presa a mim. Ela não pode sair sem mim. Está comigo. Não vou deixá-la fugir.

Os lábios de Annie são um pouco tensos, mas percebo que aos poucos, tenta relaxá-los e me acompanhar. Eu a beijo com força para que, mesmo quando nós nos afastarmos, eu ainda sinta a pressão dele em minha boca.

─ F-Finn... – ela murmura baixinho, desviando um pouco o rosto. Lentamente, ondas de realidade batem contra meu corpo e começo aliviar o aperto de meus dedos em seus pulsos. Quando abro os olhos, Annie tem os seus meio arregalados e nós dois arfamos. ─ O meu... O meu livro.

No chão, vejo a obra caída, amassando algumas páginas abertas. Me agacho e o pego, entregando para ela. Annie está extremamente vermelha.

Céus, que ataque foi esse? Eu a assustei.

─ M-me desculpe, eu - - eu... – tentei procurar alguma desculpa. Deveria me acalmar mais. Não posso apenas me jogar sobre ela e derramar todos os meus problemas.

─ Finnick, aconteceu alguma coisa com você? – ela entorta a cabeça. Seus lábios estão um pouco inchadinhos e eu me sinto envergonhado.

─ Uh, Annie, eu... – começo. Vou contar, vou contar. ─ Só estava com saudades.

Ela ri. Relaxo os ombros com sua risada, aliviado e com peso na consciência.

─ Tudo bem... só não... – a morena tem os olhos no chão, rindo. ─ não... me assuste desse modo! Isso foi tão... embaraçoso. Inesperado!

Pondo uma mecha de cabelo atrás da orelha, seus olhos se encontram com o meu.

─ Ok. – digo e, com minhas mãos tremendo, beijo rapidamente sua bochecha. ─ Preciso voltar para a aula.

Preciso voltar para a amostra de inferno e remoer o quão idiota sou por esconder a verdade dela.

─ Está bem. Nos vemos no intervalo.

Começo a andar, voltando para minha sala quando me lembro de algo:

─ Ei, Ann! – a chamo. Ela olha para mim curiosa. ─ Clove veio hoje?

─ Uh-uh. Ela me mandou mensagem dizendo que faltaria durante alguns dias. Por quê?

─ Nada não. – sorrio. ─ Saudade dela também.

─ Até parece. – Annie ri e segue seu caminho.

Ainda tenho chance – enquanto as duas não se falarem, eu ainda posso tentar me explicar para ela. Mas será que Clove se abriria tanto para Annie a ponto de contar o que ela estava fazendo também? Porque não é justo apenas eu ter meu segredo revelado.

Eu suportaria a dor de perder Annie novamente? E ela? Já causei tantos problemas... Mas vou ter que aguentar. Eu sempre estarei ao lado dela - sempre estive. Nós, apesar da diferença de quase dois anos de idade, crescemos juntos. Eu a vi como ninguém mais a viu: em seus momentos mais simples, mais delicados, magníficos. Eu a amo como ninguém nunca a amou.

Então, não importa quanto tempo passe. Tenho que contar a verdade, e, se der tudo errado, arcarei com as consequências, como sempre fiz.


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Notas finais do capítulo

GENTE QUE TAL RECOMENDAR A FIC POR MIGOS PRAS MIGAS? E DEIXAR COMENTÁRIOS? EEEEE
(PSSSSSSSSSSS: não respondi todos os comentários, mas vou agora!)



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