Are You Mine? escrita por Clove Flor


Capítulo 1
Uma espécie de prólogo


Notas iniciais do capítulo

Hey ey ey ey dear, como vai?

Bem, se já clicou aqui, pelo menos leia até o final do capítulo com algum comentário,uh?

Espero que gostem. É a minha primeira fanfic de JV em universo alternativo.
Até lá embaixo.



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Point of View – Katniss.

O impacto de meu acordar fora tão grande que minhas mãos agarraram o lençol com força suficiente para rasgar o tecido. Minha respiração ofegou, curta e rápida, até as batidas de meu coração pararem de ecoar em meus ouvidos.

Meus olhos cinzentos se ajustaram com a pouca claridade do ambiente. Consegui sentir minha nuca umedecer pelo suor e até então não percebi que um grito agudo escapava de meus lábios.

Um par de mãos delicadas voaram para meus ombros, os olhos azuis da loira em minha frente estavam vermelhos, talvez pelo sono.

─Katniss! – Primrose tentava fazer com que eu a olhe, e então consegui, trêmula. ─Katniss... – foi dito com mais suavidade. ─Foi só um pesadelo. Nada é real, não mais. Está bem? Não é real...

Ela afagou meus cabelos castanhos, quase negros, sussurrando palavras doces enquanto eu sentia as lágrimas se derramando de mim.

Queria gritar ainda mais dizendo que, não!, não!, era real, eu havia visto tudo, tinha que ser real!;

Eu ouvi a explosão. Eu ouvi os gritos, eu ouvi tudo se estourando, e eu o ouvi. Ouvi meu pai. Meu pai, meu Deus, onde está meu pai agora? Por que ainda consigo sentir o pavoroso... cheiro de sangue? De fumaça?

De morte?

Até quando isso iria continuar?

─Rose, Rose... – chamei-a quando a pequena já estava voltando para se deitar na beliche no curto momento em que eu me acalmei, subindo a escada, mas minha voz apenas fraquejou. Fazia poucos anos que passei a dormir na cama debaixo devido aos meus surtos noturnos;

─Sim, KitKat? – ela riu, querendo de alguma forma descontrair-me com apelidos.

─V-você... Pod-de dormir comigo h-hoje?

A loira sorriu, seus dentes brancos brilhando no escuro. Eu sabia que, mesmo ela tendo catorze anos, era mais forte que eu. Desde a morte de nosso pai, todas as noites faço minha irmã sofrer com meus pesadelos de madrugada, os gritos que fazem o chão tremer e as remexidas em meus lençóis. Já havia pedido para que ela mudasse de quarto, mas Primrose queria... me proteger.

Sendo que eu é que deveria protegê-la.

Aconchegando-se em minha frente, seu corpo de costas para mim, envolvi-a pela cintura, em um abraço. Apoiei meu queixo em seu ombro, o aroma de amora em seu cabelo macio como um calmante.

─Pode cantar se quiser, Pr-Prim. – tentei soar inocente, como se minha irmã estivesse com vontade de fazer tal ato. A garota se remexeu em minha frente, tentando se acomodar um pouco melhor. Sua voz era tão suave como veludo, e nos dias mais tensos eu pedia para que ela cantasse enquanto eu tentava me estabilizar. Ela pigarreou e começou a breve melodia, quase sussurrando as palavras de tão baixas.

Bem no fundo da campina... embaixo do salgueiro;

Um leito de grama e um macio e verde travesseiro;

Deite a cabeça e feche esses olhos cansados;

E quando se abrirem o Sol já estará alto nos prados;

Aqui é seguro... Aqui é um abrigo;

Aqui as margaridas te protegem de todo o perigo...

Aqui seus sonhos são doces e amanhã eles serão leis
Aqui é o local que sempre te amarei...

Senti meu coração falhar algumas batidas, dolorosamente cruéis. Um aperto gigante tomou meu peito, e com as lágrimas brotando nos cantos dos olhos agarrei a mão de Primrose, que parou de cantar no mesmo momento.

Parecia que ela poderia se transformar em um pássaro e fugir de mim.

─E-eu te amo, Rose! – engasgando, consegui dizer ao apertar seus dedos nos meus.

Ouvi seu suspiro pesado, quase vendo o sorriso torto se formar em seu rosto.

─Eu também te amo, Katniss.

E então, finalmente dormi.

XxXx

Point of View – Clove.

A bebida escorreu de minha boca, passando por meu pescoço e se escondendo em algum lugar do decote de meu vestido vermelho. A fumaça rosa, azul e roxa dançavam por nossos pés enquanto as luzes coloridas piscavam pelo salão. Por que tudo está girando?

Minha roupa, que era soltinha no corpo e curta o suficiente para verem quase toda minha coxa, parecia estar flutuando no meio da dança.

A música era tão alta que o chão parecia tremer.

Balancei os quadris, erguendo meu copo com whisky como se estivesse salvando-o dos corpos que se esfregavam na pista. Fechei os olhos, absorvendo todos os sons e vibrações do local, minha mente vagando em coisas sem nexos.

Gimme that Mo-Moet

Gimme that Cry-Crystal

Ladies love my style, at my table gettin wild

Get them bottles poppin

We get that drip and that drop

Now give me 2 more bottles

Cuz you know it don't stop;

Mãos fortes passaram por meu corpo, desenhando-o. Dei um passo para trás propositalmente, encostando minhas costas no abdômen do ser atrás de mim e tomei mais um gole da bebida que queimava minha garganta. Por que tão bom?

Os dedos compridos desse alguém se apertaram em meu quadril e, para mostrar meu divertimento, o balancei conforme a música.

Virei-me, encarando os olhos mais verdes que já havia encontrado em minha vida. Eram brilhantes e ao mesmo tempo apagados, como se estivesse triste ou algo assim. Ou algo assim. Já parou para pensar que algo assim pode significar algo assim, ou sei lá, assim e algo são palavras meio estranhas, não?

Preciso controlar minha bebida.

Seus cabelos tinham uma tonalidade cor de bronze e em suas pontas, como se o Sol tivesse queimado, eram levemente dourados. Estavam um pouco arrumados demais para quem estava em uma boate, dançando com pessoas estranhas.

Seu corpo, alto e esguio, parecia ter relaxado ao olhar em meu rosto.

Não parecia ser um completo estranho para mim. Talvez eu já tenha visto esses olhos claros vagando por aí... Quem é ele, quem é ele, quem é ele?

Tive que ficar na ponta dos pés e um pouco mais para poder pelo menos olhar diretamente para sua boca, perfeitamente desenhada. Olhei-a, contornando com as pontas dos dedos, concentrada naqueles lábios macios. E então, como se eu tivesse terminado o que quer que seja que eu estava fazendo, soltei uma risada longa e voltei meus saltos para a superfície dura da qual era o chão.

Mais um gole. Que se foda meu fígado. Ri, dancei, cantei, e murmurei coisas em vão, descontraindo minha mente.

Que minha sanidade mental se preserve, pensei ao ouvir a voz retumbando em meu ouvido, sussurrada, sexy e sensual:

─Finnick, às suas ordens.

Finnick, Finnick... anda maldito cérebro, quem mais nesse planeta se chama Finnick?

Suas mãos apertaram um pouco mais meu corpo, em uma provocação.

─Tenho um gostoso particular agora? – dei uma gargalhada estridente, dançando contra seu corpo. Aos saltos eu tinha uma visão privilegiada de sua clavícula, escondida por trás de sua blusa branca polo, que realçava a cor bronzeada de sua pele.

Now I'm feelin so fly like a G6

Like a G6, Like a G6

Now I'm feelin so fly like a G6

─Só por hoje. – senti sua mão passar pela saia do vestido, percorrendo um caminho imaginário até minha coxa e voltando para a cintura em um aperto.

─Então, - eu disse, outra risada escapando de mim ao beber o último gole de minha garrafa. ─ é melhor eu aproveitar.

Perdi minha sanidade em algum momento após o término do oitavo copo de bebida.

A noite foi longa.

XxXx

Point of View – Annie.

─Annie, vamos jogar algo? – a garotinha morena de cabelos encaracolados perguntou, sorridente.

─Rue, - tentei lhe dizer mais uma vez, bocejando enquanto tentava arrumar uma posição confortável no sofá. ─ vá dormir. Agora.

─Você é minha babá e tem que fazer o que eu mandar! – ela gritou, e tive que fechar os olhos e contar até dez silenciosamente, até poder pensar em algum modo de fazer aquela pirralha calar a fucking boca.

─Eu não vou fazer porra NENHUMA que você me pedir, agora deita na sua MALDITA cama! Você sabe que eu já estou com PUTA SACO CHEIO DE VOCÊ, são três da manhã, então por que não me deixa em paz e DORME?!

Respirei fundo. Contei até dez novamente, os punhos fechados ao lado de meu corpo retesado.

Não, agora não, Annie.

Meus pensamentos me invadiram:

Você deveria dizer logo, sabe? Aos pais dessa criança que você não pode mais cuidar dela devido aos seus ataques recentes... sua voz sedutora ecoara no meio do silêncio da praia.

Demorei para responder, a areia massageando minhas mãos.

Você sabe, - comecei lentamente. que eles são por sua causa.

Eu sei, e me culpo por isso.”

─Annie... – me livrei de minhas lembranças com um susto ao ver Rue erguendo sua mão em minha direção, balançando meu ombro.

Ergui-me, encaminhando a garota pelo escuro até um pequeno quarto cor de rosa com diversas prateleiras sustentando brinquedos de pelúcias e bonecas de cerâmica. Abaixei os lençóis e pedi com um murmúrio para que a morena deitasse. A cobri e deixei uma ameaça de ligar para seus pais se a pegar novamente e, só aí então, fechei a porta de seu quarto.

Preciso me controlar melhor.

Fui para a cozinha. Em cima da bancada de mármore possuía os armários brancos enfeitados com adesivos de borboletas. Abri-o, retirando de lá meu pequeno potinho que eu deixava na casa de Rue toda vez que ia cuidar dela. Nele havia meus remédios.

Tirei do pacote minhas capsulas e enchi um copo d’água, as duas substâncias dançando em minha garganta. O gosto amargo desceu pela mesma, fazendo com que eu sentisse uma pequena tontura.

Que parou no exato minuto em que houve um rangido da janela na sala, como se alguém a estivesse abrindo.

Oh, fuck.

Apaguei as luzes do aposento

Os passos foram se arrastando pelo piso.

Meu sangue parecia correr frio em minhas veias, o coração tão acelerado que palpitavam em meus ouvidos.

Minha mão tremeu ao tirar a faca, empunhando-a.

Os passos ficaram mais altos e diversificados, e então, achando que eu iria soltar um grito, respirei novamente devagar.

Uma pelugem loira passou pela fresta da cozinha, a leve luz noturna que vinha da cortina sombreava o chão.

E então miou.

─SANTO CRISTO! – acabei soltando quando a faca caiu ao lado de meus pés devido ao susto. Estava tudo bem, era apenas um gato, está tudo bem.

Eu devia parar de ser tão paranoica.

Ergui o corpo magro do gato e o coloquei por cima da bancada ao observá-lo melhor: não era muito bonito. Tinha os pelos em uma cor entre o amarelo e o ruivo, a ponta de sua orelha esquerda deveria ter sido arrancada durante alguma briga. Seu pequeno nariz, manchado de marrom e rosa, estava enrugado.

Logo me lembrei desse maldito animal: Buttercup.

Coloquei-o novamente no chão e voltei para o sofá desconfortável da sala, me aconchegando nos cobertores macios por cima de mim.

Pelo menos eu recebia um bom salário.


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Notas finais do capítulo

Alguém ainda está vivo?
Andei me dedicando há dias nessa história. Espero que possam acompanhar e comentar.
XxXxXxSEM LEITORES FANTASMASxXxXxX