Gotas de Vinho – Reescrita escrita por Babs Toffolli


Capítulo 9
Tortura


Notas iniciais do capítulo

Este é o último capítulo, contado pelos olhos de Bella. Boa leitura :)



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Logo após que saímos da festa e fomos para o carro, fui dirigindo calmamente pelas ruas de Forks com Jessica ao meu lado murmurando coisas sem sentido por consequência das inúmeras taças de margaritas que tomou. Ela ia balançando no banco pra direita e pra esquerda. Eu achava engraçado. Seria muito constrangedor se eu estivesse no lugar dela.

Quando cheguei em sua casa, encostei seu carro onde presumi que seria sua vaga na entrada de carros. Ajudei-a a sair do carro e a reboquei até a porta. Alcancei sua bolsa novamente e procurei as chaves de casa enquanto – ao mesmo tempo – sustentava seu corpo mole e quase adormecido, debruçado em cima de mim.

Quando concordei de que ela não havia levado uma cópia das chaves de casa com ela, tive que bater na porta. Será que haveria alguém acordado a essa hora? , perguntei a mim mesma. Tive de bater mais umas duas ou três vezes para que a porta finalmente abrisse e a Sra. Stanley nos recebesse. Ela se espantou com estado da filha. Disse que nunca viu ela beber antes mas que entendia o motivo. Me agradeceu por te-la trago em segurança e me desejou boa noite. E eu fui andando, voltando para o começo da rua, em direção a minha casa.

– Bella? – Chamou-me a Sra. Stanley.

– Sim? – Respondi.

– Vai sozinha para casa há essa hora? Não quer uma carona? –Perguntou preocupada.

– Muito obrigada, mas não é necessário, minha casa não é tão longe e não quero incomodar a senhora uma hora dessas, não se preocupe. – A acalmei.

– Ligue quando chegar então. – Pediu.

– Tudo bem. – Concordei.

Continuei andando pelas ruas da cidade que estavam começando a ficar mais frias. Estava sem nenhum casaco, apenas com minhas roupas de formatura – a beca e o capelo. Apressei o passo para chegar logo em casa e não congelar no meio da calçada. As mangas compridas do meu vestido era finas de mais para me aquecer devidamente.

Finalmente consegui virar a esquina da minha rua e apressei ainda mais meus passos – tomando o completo cuidado para não tropeçar em nada, o que seria provável –, para entrar na casa que já estava lá, esperando por mim para jogar-me na cama – o dia havia sido longo demais!

Felizmente eu já estava bem perto de casa quando levantei minha cabeça e dei de cara com uma silhueta escura que surgiu nas sombras de repente.

– Ah – Arfei com o susto.

– Olá lindinha – Disse numa voz sexy. Então ele se aproximou mais um pouco para ficar embaixo da luz de um poste e quando eu pude vê-lo melhor, arregalei os olhos.

A primeira coisa em que notei, foi que ele era muito jovem e incrivelmente lindo. Suas feições eram duras e rudes. Sua pele era muito branca, mais do que a minha até. Tinha leves arroxeados sob os olhos, como se tivesse passado noites e noites sem dormir. Tinha cabelos modernamente rebeldes e eram cor de bronze. Então o olhei melhor seu rosto de deus grego e... Oh! Não. É impossível! Essa coisa de vampiros não existe, pelo amor de Deus! Olhei-o mais atentamente mais apenas confirmei o que vi. Seu olhos assumiam uma tonalidade de vermelho vivo. Como se ele estivesse sendo possuído por algum demônio das trevas enquanto estava ali, parado e imóvel. Uma estátua de um deus esculpida e sorrindo cruelmente pra mim.

– Quem é você – Consegui perguntar.

– Ninguém especial – Respondeu ele. E havia um tom cômico em sua voz.

Franzi meu senho e me irritei. O que ele achava que estava fazendo, me parando no meio da rua daquela maneira? Me assustar? Bom ele conseguiu, mas o que ganhou em troca? Abri a boca para repetir a pergunta quando, num movimento imprevisível, fui agarrada pela cintura e lançada por cima de seus ombros fortes e musculosos.

Não consegui me lembrar de como eu cheguei em casa e dormi, pois aquilo parecia um sonho. Ele corria rápido de mais. Muito, muito rápido, senti que estávamos voando pelas árvores. Mas com a mesma rapidez que havia começado, terminou.

Eu não gritei. E por que gritaria? Mesmo a rua estando silenciosa, estávamos no meio da madrugada e os vizinhos já deviam estar dormindo com suas portas e janelas fechadas. Minha casa não estava tão perto para que meu pai ouvisse, e ele também devia estar no seu sono mais profundo. Então, qual sentido faria gritar? Eu apenas gastaria saliva e energia atoa. Decidi ficar calada e esperar o que ele iria fazer comigo, seja lá o que fosse.

Não nos afastamos muito da casa como percebi. Apenas adentramos pela floresta silenciosa e paramos em uma pequena roda de árvores. Ele me jogou no chão - um pouco bruto mas não machucou muito – e começou a andar em círculos em volta do meu corpo sentado.

Ele ficou vários minutos me rodeando, tomando alguma decisão que era impossível de prever. Fiquei apenas parada, sentada no chão. Não perguntei nada pois sabia que ele não iria me responder, como qualquer sequestrador ou criminoso faria. Apenas fiquei observando-o me rodear, curiosa sobre a decisão que havia tomado. E ele havia tomado. Soube disso quando ele subitamente pulou em cima do meu corpo jogado no chão e me levantou com uma de suas mãos pela minha garganta, sufocando todo o meu ar, e incapaz de soltar qualquer som de súplica ou socorro.

Então era para isso que aquele "suposto" vampiro me trouxe até aqui, para me estrangular até a morte? Bom se era isso que queria, não devia ser o vampiro normal das histórias de Jessica. Mas em resposta à este pensamento, seu punho se fechou num aperto mais forte em meu pescoço e esperou. Na luz da lua, sua pele era quase transparente e seus olhos era ainda mais assustadoramente brilhantes. Acho que como não tive nenhuma reação com suas atitudes até aquele momento, ele se entediou de tentar me enforcar porque depois de apertar mais forte uma última vez, me jogou com toda a força no chão. Eu tossia e respirava fundo tentando recuperar o folego, enquanto ele andava novamente ao meu redor.

Depois que consegui voltar a respirar normalmente, o olhei para ver se havia desistido. Eu estava absurdamente enganada. Sem qualquer aviso e num movimento inesperado, minha perna direita foi quebrada ao meio por um pisão que ele deu em meu joelho com uma força impossível. Me causou tanta dor que não pude resistir nem controlar o meu grito e meu choro. Um choro sofrido, que revelava a dor que estava sentindo. Ele sorriu sádico e repetiu a ato e minha outra perna. Mais uma vez eu gritei – desta vez mais alto. Mas ele pensou por um minuto e fez uma cara de insatisfeito. E com um movimento rápido de suas mãos, senti meu braço direito mole. Estava terrivelmente danificado, eu sabia.

Eu continuava a chorar pela dor enquanto ele me esmurrava e batia em minhas coxas. Por minha pele ser muito clara, todos aqueles tapas e socos me deixaria roxa por dias, talvez até meses. Mas eu previ que eu não viveria muito mais tempo para ter que me preocupar com isso.

– E então? Como se sente agora? – Me assustei com sua voz, mas não respondi, não iria dar o que ele queria tão facilmente - Fale! O que está sentindo agora, diga! – Ele gritou enquanto aplicou um chute preciso em meu lado esquerdo, quebrando-me algumas costelas.

Eu continuava a chorar, não achei outro meio de reagir a situação. E ele me olhou com raiva em seus olhos. Eu me preparei para mais uma onda de dor e tortura quando, em um sinal que não vi, sua expressão mudou de raiva para desejo.

Ele se ajoelhou ao meu lado e levou a mão até meu pulso esquerdo. O que mais ele poderia fazer comigo?, pensei. E em resposta à isso, levou a parte inferior de meu pulso na direção de seus lábios e cravou os dentes ali. Eu senti mais dor, mas não foi aquela dor que eu estava sentindo enquanto ele me mutilava viva. Não, aquela dor era mais quente, ardente. Mas não dei muita atenção à ela. Apenas fiquei olhando enquanto aquele vampiro – eu tinha que admitir que era verdade, que toda aquela história de vampiros que Jessica me contava era real –, drenava meu sangue e me encarava ao mesmo tempo, me olhando com tanta intensidade, que se fosse uma pessoa de verdade e civilizada ali comigo, teria me deixado constrangida.

Ele, de repente, parou de sugar meu sangue mas não soltou meu braço e nem tirou meu pulso de sua boca. Com isso a ardência que senti no começo, aumentou um pouco, mas tentei ignora-la para poder ver o que mais estava por vir antes que eu caísse nas profundezas da morte. Mas ele não continuou, apenas ficou me olhando com olhos, ainda mais vermelhos e curiosos. Sua expressão mudou logo depois dessa última. De curioso passou para admirador. Talvez aquela também seja minha expressão, pois desde que o vi pela primeira vez, mesmo depois de tudo o que fez comigo, eu admirava aquela beleza impossível, do tipo que só se vê em filmes de ação e sempre bem maquiados.

E então, em um movimento que não vi, ele me largou e ficou de pé. Me olhou uma última vez, e se foi. Correndo pela escuridão da floresta na mesma velocidade que tinha me levado até ali, se não maior. Me deixando ali, meu corpo maltratado e destruído e abandonado por qualquer alma no meio de tantas árvores.

Eu não tinha mais nada à fazer a não ser esperar pela morte, o que pela intensidade de minha dor, não devia estar muito longe.

Então, aquela nova dor – ardente – começou a aumentar mais. Naquele frio, ficou até confortável estar deitada ali com ela. Mas o que achei estranho foi que ela estava vindo do meu pulso recém-mordido e que ia se espalhando pelo meu braço, contornando meus ombros e descendo ao longo do meu tronco. Ela foi se espalhando em cada centímetro do meu corpo até que eu estava totalmente aquecida. Deve ser a morte, pensei Ela deve estar me acolhendo como uma amiga, afinal eu queria morrer, não havia dor neste mundo que se igualasse a que eu estava sentindo. Mas então eu percebi que estava novamente enganada. E então, aquele sonho que pensei que estava tendo, se tornou meu pior e mais real pesadelo de minha vida.


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Notas finais do capítulo

Digam o que estão achando da história até agora :D