Gotas de Vinho – Reescrita escrita por Babs Toffolli


Capítulo 8
Edward - Irresponsável


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é ótimoo!! kkk



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Enquanto esperava pai e filha chegarem de onde quer que estivessem, voltei para o meu esconderijo na montanha. Eu não tinha absolutamente nada pra fazer, o que me aborrecia. Não gostava de ter tempo para pensar em coisas inúteis ou coias que já passaram e que, no que depender de mim, jamais voltarão.

Mas é inevitável. Eu começo a pensar em minha antiga família – o clã que havia me acolhido quando fui transformado. Meu quase-pai Carlisle, um homem muito bondoso que está sempre disposto a ajudar no que quer que lhe esteja ao seu alcance. Ou Esme, sua esposa que também era uma mãe para mim, com seus conselhos e seu jeito delicado.

Me lembrei também de meus irmãos adotivos – Rosalie e Emmett; Alice e Jasper. Alice uma baixinha com o incrível talento de nos irritar quando quer. Rosalie sempre muito arrogante e sempre muito voltada para sua aparência de deusa da beleza. Ás vezes sinto falta das implicâncias de Rose, mesmo me aborrecendo com ela, eu a amava também. E meus irmãos Emmett e Jasper eram perfeitos companheiros quando se tratava de caçar ou uma luta de brincadeira qualquer. Eramos sempre muito unidos. Talvez unidos demais. Principalmente quando um começou a encontrar a metade do outro e eu fui ficando para trás. Talvez eu tenha algum problema e não esteja destinado a ninguém nesse mundo condenado, ou estou melhor sozinho. Eu fiquei com a última opção, deixando uma carta – bem clássica – para minha família, dizendo que não aguentava mais aquela vida fingida.

Depois que me mandei, fui viajar. Conheci várias partes do mundo que sempre quis. Eu não ficaria em Forks enquanto minha família estivesse lá. Eu poderia causar problemas à eles, por isso fui embora. Então um certo dia qualquer, senti saudades dessa cidade pequena e chuvosa que guardou muitos dias felizes de minha vida. Algo me atraía pra cá. Talvez fosse mesmo a saudade, ou o cheiro daquela humana – que seria perdido esta noite – que foi o alvo do meu instinto de caçador. Eu não sei. Apenas voltei e estou tentando ao máximo não caçar por aqui – não faz muito tempo que voltei.

Meu gosto por torturar minhas presas antes de me alimentar com elas, surgiu quando estava passando por uma espécie de selva na Inglaterra, quando vi um homem fazendo o mesmo com uma jovem. Ele a torturou, a violentou, para só depois mata-la. Eu li em sua mente seu prazer de ver a dor nos olhos da jovem garota e vi o que ele sentia com isso. Pelo menos alguém está sofrendo mais do que eu, foram os pensamentos daquele homem. Quando acabou com a moça e a enterrou embaixo de raízes secas me aproximei e ele se assustou, receoso por eu ter visto seu último ato. Último ato. Aquele homem não viveu mais por muito tempo depois do acontecido. Pelo menos, se ele estava sofrendo – como pensou que estava –, sua dor – tanto psicológica quanto física – acabou no momento em que meus lábios tocaram seu pescoço e meus dentes se fecharam enquanto minha língua saboreava o gosto de sangue humano que eu nunca havia sequer provado em toda minha existência até aquele momento.

Mais uma vez me despertei de meus devaneios e olhei para o céu. Deviam ser quase onze horas, talvez eles já voltaram. Corri de volta em direção a casa e cheguei na hora exata em que uma Picape vermelha estacionava na entrada de carros. Mas havia um "porém". A garota não estava junto com seu pai. Onde ela poderia estar?, pensei com raiva. Vi na mente do policial – seu nome era Charlie e não era apenas um policial, como também era nada mais, nada menos do que o Chefe de Polícia de Forks. Além disso, seus pensamentos estavam em sua filha: Ela se divertirá bastante depois de uma noite especial como esta. Afinal, não é todo dia que uma garota como Bella se forma no colégio. Hmm, então a garota se chama Bella e hoje foi sua formatura de colegial. Esse jogo está ficando cada vez mais empolgante. Ela nem sequer chegará a uma faculdade, nunca se casará ou terá filhos. Essa garota, Bella, está terrivelmente condenada a partir desta noite.

Tive de esperar mais um pouco, então. Alguma horas, talvez, porque pelo o que os pensamentos de Charlie diziam, ela estava em uma festa de comemoração com amigos. Sua última festa em vida sussurrou o monstro dentro de mim. Ela provavelmente não voltaria sozinha. Concluí isso pelos dois carros guardados na frente da casa. Ela viria de carona com alguém. Talvez com quem estava com ela esta tarde, mas eu não mataria mais ninguém esta noite a não ser Bella.

Algumas horas depois – não muitas como achei que seria – o vento sopra forte um meu rosto e sinto o mesmo cheiro delicioso da garota que senti esta tarde – agora realmente condenada –, bater em minhas narinas. Calma, Edward. Não mate ela agora, você tem um plano bom de mais para ser desperdiçado pela sua fraqueza! Argumentei em minha cabeça. Eu teria que esperar que ela saísse do carro que estivesse vindo, entrasse em casa e talvez avisar ao seu pai de sua chegada. Então ela iria para cama, pegaria no sono e então sim. Sim! eu a pegaria e meu plano seria concluído.

Mas ela não veio acompanhada com uma carona como achei que fosse, muito menos de carro ela estava. Quando vi a garota virar a rua em direção à casa, completamente sozinha e a pé, segurando uma beca preta com um capelo nas mãos, não consegui acreditar no que estava vendo. Como ela pode? Andar assim, sozinha quando já são mais de uma da madrugada! Que absurdo, uma presa fácil de mais! E com um cheiro bom de mais lembrou-me minha consciência. Por que eu estava me preocupando com ela daquela maneira? Ela ia morrer mesmo.

O vento soprou mais uma vez contra mim e o cheiro de Bella me atingiu como uma bola de neve na cara. Decidi que devia atacar já. Eu não a encontraria assim, tão vulnerável novamente.

Saí de trás da casa e fui para o meio da rua e me posicionei ereto no chão esperando que ela me notasse parado ali.

– Ah! – Ela arfou quando me encontrou na escuridão.

– Como vai, lindinha? – Perguntei em meu típico tom de voz sedutor.

Me aproximei mais em direção à luz de um poste para que ela pudesse me ver melhor. Ao faze-lo, sua expressão mudou. Não muito, apenas seus olhos que se arregalaram e ela ficou paralisada e muda, sua mente também ficou. Mas eu mudaria isso quando eu começasse.

– Quem é você? – Perguntou ela, naquela voz fininha, mas clara.

– Ninguém especial. – Respondi, brincalhão.

Ela franziu o senho – com raiva – e estava pronta para perguntar novamente quando eu, sem hesitar, agarrei-a pela cintura e joguei-a em meus ombros enquanto saí voando pela floresta até chegar num lugar apropriado. Fui correndo alguns metros ao sul da casa, e quando decidi de que estávamos completamente sozinhos dentre as árvores, tirei-a de meus ombros e a joguei no chão com suavidade – por enquanto, pelo menos.

Em nenhum momento, desde que cruzei seu caminho, ela não gritou. Sua mente, tão pouco o fez. Fiquei curioso. Sua mente estava muito silenciosa, quase muda. Talvez isso mudasse com as primeiras dores que eu lhe provocasse.

Ela ficou sentada no chão. O traje de formatura que estava carregando foram soltos de suas mãos em alguma parte do nosso trajeto até aqui. Eu fiquei de pé e andando em círculos em volta dela, como um leão admirando sua presa. Seu olhar era inexpressivo, incapaz de me dizer se estava com medo ou não. Talvez ela tivesse bebido na festa e sua mente estivesse desnorteada. Não, ela não havia bebido. Seu cheiro comprovava isso. A frase "Limpo como Água" soou em minha cabeça e senti a sede aumentar.

Percebi que estava já a muito tempo olhando-a sem fazer nada – o que é estranho –, pois estava tomando muitas decisões no momento – o que é mais estranho ainda.

Ela não disse nada durante todo esse tempo, apenas me olhando com aqueles olhos castanho-chocolate estranhamente grandes e observadores. Sua boca estava em formato de um perfeito e minúsculo "O", como um peixinho lutando por folego.

Ataquei. Pegando em seu garganta, impedindo-a de respirar, falar ou gritar. Mas acho que não fiz direito, pois sua mente continuava sem emitir som algum em minha cabeça. Apertei mais e ela apenas me olhou com os olhos – já grandes – ainda mais abertos. Apertei mais um pouco e larguei-a no chão. Ela tossiu e suspirou por um tempo – ainda sem dizer uma palavra, nem em sua mente. Fiz com ela a mesma coisa que fiz com minha última presa: com um pisão forte em seu joelho direito quebrei sua perna ao meio. Fiz a mesma coisa com a esquerda. Desta vez ela gritou. Mas não foi o grito de horror ou medo que geralmente provoco. Foi um grito de apenas dor, só dor. Indignado, quebrei sua clavícula e seu ombro direito. E ela continuava a gritar de dor mas apenas dor.

O que havia de errado com aquela garota? Ela não estava percebendo o fim se aproximando? Devia ter alguns problemas cerebrais.

– E então? Como se sente agora? – Perguntei sádica e ironicamente. Recebi silêncio em resposta, e silêncio é algo que não admito em minhas presas. – Fale! O que está sentindo agora, diga! – berrei enquanto chutava suas costelas e ouvi o som de três se quebrando de uma vez.

Ela apenas chorava baixinho. Não disse absolutamente nada. Me irritei mas antes que eu pudesse fazer algo a mais para lhe provocar mais dor o vendo soprou uma ultima vez e eu me descontrolei. Precisava do sangue dela já!

Fui em direção onde ela estava caída e me ajoelhei ao seu lado. Em todo aquele momento, sua mente estava completamente calada. Eu nunca, em todos os meus anos como vampiro, encontrei alguém que resistisse ao meu dom.

Parei de pensar nisso quando levei minha mão em direção ao seu pulso esquerdo – assim como fiz com o homem na floresta – e levei até meus lábios, abrindo minha boca e fechando meus dentes em sua pele clara e fina. Parei de sentir qualquer coisa que fosse quando o sangue quente e saboroso invadiu minha boca. Mas ainda sim olhei em seus olhos grandes e amedrontados para pelo menos tentar ver quais expressões se passavam por eles. De qualquer forma eu estava fascinado pela sua capacidade de imunidade ao meu talento. Como uma humana, aparentemente normal, é capaz de encapar seus pensamentos, escondendo-os de mim? Olhei mais profundamente em seus olhos e ela me olhou com a mesma expressão: admiração.

Eu ainda estava drenando seu sangue boca à dentro mais não estava prestando muita atenção no sabor, estava admirando minha caça. Mas quando a palavra Caça surgiu em minha cabeça, eu tive uma reação imprevisível até pra mim.

Eu não a queria como minha caça. Ela não merecia isso. E quando uma última lágrima escorreu pelo seu rosto ferido, senti que não a queria mais do jeito que a desejei naquela tarde. Por que mesmo eu estava fazendo aquilo? Eu não me lembrava. E com toda a força que pude reunir, soltei-me de sua mão, dei-lhe um último olhar e a deixei com os seus últimos momentos de agonia. Pelo menos a agonia que eu estava provocando à ela. Ela me olhou com a expressão interrogativa mas não disse nada. Eu tão pouco o quis fazer. Deixei-a lá, e saí em disparada para a escuridão da floresta. Abandonando aquele meu ser que vivia comigo há tanto tempo. Deixando o Edward-Assassino para trás. Voltando a ser Edward Cullen.


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Notas finais do capítulo

Haha, legal né? ^^



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