Gotas de Vinho – Reescrita escrita por Babs Toffolli


Capítulo 21
Novo Amigo – Novo


Notas iniciais do capítulo

Eu seeei que eu demorei. Estou a MESES querendo postar mas fiquei sem pc e sem net. (Há coisa pior para uma escritora?)
Espero que me perdoem, e para compensar o tempo que demorei, aqui está mais um capítulo inédito da fic. Está muito bom e completa o suspense do último que postei. Espero que gostem e nos vemos lá embaixo. ;)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/450876/chapter/21

Já se passaram alguns meses desde minha tentativa de homicídio ao meu torturador assassino. Falar desta forma parece até um pouco engraçado e ao mesmo tempo irônico porque agora eu sou ainda mais forte que ele.

Não procurei parar com a minha vida e seguir para sempre pensando o que havia significado com aquele beijo – o beijo mais doce e assustador que já presenciei, tanto em vida como em morte. Na verdade eu me agitei a procurar o máximo de coisas possíveis para ocupar meu tempo livre. E tudo começou com uma visita que recebemos em casa há um mês.

Eu havia acabado de chegar em casa escondida de uma caçada. Ouvi Charlie subindo as escadas e indo em direção ao meu quarto. Apressei-me para o banheiro a fim de me limpar (eu ainda estou com problemas em chegar em casa sem manchas de sangue ou folhas nos cabelos). Ouvi Charlie bater na porta do meu quarto.

– Bella? – Disse enquanto batia na porta.

– Estou aqui, pai. – Gritei do banheiro, ainda tentando tirara as folhas presas em meus fios.

– Vai sair? – Perguntou ele, agora na porta do banheiro.

– Não tenho planos. Por quê?

– Um velho amigo virá nos visitar, e queria que você o visse. – Seu tom de voz era empolgado e alegre. – Ele deve chegar em alguns minutos.

Pensei por um instante se era seguro para ambos os lados – tanto para os humanos quanto para mim – que eu chegasse perto de novas pessoas. Eu já havia me acostumado com o cheiro de Charlie e com algumas outras pessoas com quem convivia durante esse tempo como vampira, mas eu não sabia como minha sede por sangue poderia reagir a novos odores.

– Tudo bem. – Respondi por fim.

Quando acabei de tirar todas as folhas do cabelo e jogá-las pela pequena janela do banheiro, tomei um longo banho quente, querendo, pelo menos, esquentar um pouco minha pele gelada. Sempre fiquei um pouco constrangida quando ia cumprimentar alguém e via a pessoa tremendo silenciosamente por conta de minha temperatura.

Quando desci, vi que Charlie havia acabado de pedir várias caixas de pizza.

– Quantas pessoas virão aqui, afinal? – Perguntei para meu pai que guardava litros de refrigerante na geladeira.

– Ah! – Ele se assustou com minha chegada. – Bella, ah. – Ouvi seu coração falhar por um segundo. – Na verdade duas. Por quê?

– Não acha que é muita comida para apenas três pessoas? – Perguntei.

Charlie não disse nada pelo fato de eu me auto-excluir do jantar. Ele já estava acostumado com minha “falta de apetite” e fingia não notar quando deixava meu prato na mesa completamente intocado.

– Bom, sim, pode ser. – Respondeu ele. – Mas o Billy trará seu filho, e o garoto como mais que um urso. – Ele soou com um tom brincalhão, mas deixou claro que não era exagero.

Esperamos mais alguns minutos e comecei a ouvir um carro se aproximando. Depois o ouvi parando em frente a nossa casa e uma pessoa saindo, andando até o outro lado, pegando algo no porta-malas e pondo no chão. Ouvi uma segunda porta se abrindo e um som de algo sendo passado para baixo. Charlie se levantou.

– É melhor eu ir ajudá-los. – E rumou para a porta. Fui atrás dele.

Quando cheguei ao lado de fora, fiquei parada na soleira da porta observando meu pai enfrentar a chuva que caía para ajudar um rapaz a empurrar uma cadeira de rodas que portava um homem que presumi ser Billy.

Meu pai e o garoto conseguiram trazer Billy para dentro. As rodas da cadeira enlamearam o hall de entrada.

– Oh, desculpe por isso. – Ouvi uma voz rouca surgir de cima. Olhei e vi o rapaz que mais parecia um armário. Era muito alto para ser um adolescente, mas muito jovial para ser considerado um adulto. Fitei-o por um momento.

– Não se preocupe, eu limpo depois. – Ouvi minha voz no piloto automático. Eu ainda o analisava.

Como havia percebido antes, ele era muito alto. Anormalmente alto. Sua pele era de um moreno avermelhado tão lindo que fiquei envergonhada por ser tão pálida. Seu rosto já estava se desenvolvendo mais para homem do que menino, mas alguns traços revelavam que era jovem o bastante para estar na escola. Seus cabelos eram pretos e compridos, amarrados por uma tira de couro. Olhos estreitos e negros, mas muito simpáticos. Mas nada disso foi a razão de me deixar assustada por estar ao lado de uma pessoa.

Pela primeira vez conheci um humano que não me atingiu pela sede. Seu cheiro não era igual ao das outras pessoas, mas não era totalmente diferente. E eu não sentia qualquer vontade de atacá-lo. Como se seu próprio eu me reprimisse como um aviso de perigo. Dei um passo para trás.

– Eu sou Jacob. – Disse ele em sua voz rouca, estendendo a mão direita em minha direção.

Hesitei por um instante. Eu nunca havia encontrado um humano tão peculiar. Mas então minha razão disse que ele não poderia me fazer mal algum. Eu era muito forte e perigosa.

– Bella. – Sorri educadamente, pegando sua mão com gentileza. Sua textura era fina e sua temperatura parecia ainda mais quente do que os demais humanos que já encontrei após minha transformação.

– Bella, este é Billy Black. – Charlie interrompeu minha reflexão, apontando para o homem na cadeira de rodas.

Ele dava a impressão majestosa apenas de estar perto dele. Uma áurea superior e experiente. Tinha cabelos pretos como os do filho e caiam em cascata em volta de seu rosto que tinha a mesma cor morena de Jacob.

– Olá, Bella. – Disse numa voz grave, que dava ainda mais ênfase em sua superioridade.

– Oi. – Sorri tímida. Billy me olhou de uma maneira séria, como se acabasse de ver que eu tinha apenas dias de vida. Eu estendi minha mão num gesto educado. Ele a encarou por uma fração de segundos e a pegou. Senti seu leve tremor com minha pele fria. Sua pele não era tão quente quanto à do filho. Era a pele de um humano normal. Mas ele percebeu minha temperatura e seus olhos se arregalaram.

– Charlie, – Começou a falar sem tirar os olhos de mim. – você está bem? – A pergunta soou inocente, mas consegui notar uma pontada de desconfiança em seu olhar em mim.

– Claro. – Meu pai respondeu. – Tudo bem. Bella ficou doente uns dias atrás, mas estamos bem.

– Doente? – Perguntou Billy. Ele ainda se recusava a desviar seu olhar de meus olhos.

– Ah, sim. Ela teve uma crise de dores no corpo. Foi logo depois da formatura...

E seguimos Charlie para a sala. Ele começou a contar toda a história de minha “crise de dores” enquanto se sentava em sua poltrona e Billy estacionava sua cadeira ao lado. Eu sentei no sofá junto a Jacob. Seu cheiro desigual me ajudava e pensar direito. A não pensar em sangue, embora eu tenha ficado muito melhor com meu autocontrole.

Mesmo com algumas palmas de distância, eu conseguia sentir o calor anormal que emanava de Jacob. Ele poderia estar com febre, mas não explicaria sua boa aparência. Ele não estava com cara de alguém que estivesse doente.

– Então, você terminou o colégio não é? – Perguntou ele com um sorriso simpático. Percebi que eu queria conversar.

– Sim. – Sorri. – Você também? – Precisei perguntar. Jacob não parecia ser mais novo e nem mais velho do que eu.

– Este é meu último ano. – Respondeu com o mesmo tom de simpatia. Era muito fácil conversar com ele.

– Então o Dr. Cullen fez tudo o que podia para ajudar. – Ouvimos Charlie continuar com a história de minha doença. Vi a reação de Billy, e se ele pudesse levantar, teria ficado de pé num salto.

– O Dr. Cullen?! – Seus olhos estreitos se arregalaram. – Por que a levou ao Dr. Cullen? Por que não o Dr. Larrys?

– Bom, – Charlie parecia desconfortável com a acusação. – O Dr. Cullen era o único médico de plantão desocupado. E, além disso, Bella não estava em condições para escolhermos a dedo quem cuidaria dela.

Soltei uma respiração pesada. O que Billy poderia saber sobre o Dr. Cullen? Pior ainda, o que poderia saber sobre mim? Eu era tão cuidadosa, não deixando que ninguém me visse nas caçadas e nunca saindo de casa nos dias de sol. Como Billy poderia saber, ou pelo menos suspeitar, de que eu era diferente das outras pessoas?

Não seja boba, Isabella, ouvi minha razão, não há como ele saber de alguma coisa, você está segura aqui.

Talvez sim, mas o modo como fui encarada quando os Black chegaram, me incomodou.

No final das contas, todos nós resolvemos comer a pizza – com exceção a mim, claro –, e esquecer esse assunto.

Billy achou ainda mais estranho o fato de eu recusar uma pizza de peperone tamanho gigante, mas eu o ignorei. Comecei um papo animado com Jacob e descobri que eu realmente gostava dele.

Ele me contou da escola da reserva, e como estava ansioso para terminar o colégio. Contei como gostei de minha formatura e da festa que fizeram logo a pós. Mesmo não estando em minha perfeita memória humana, eu ainda lembrava dos garçons servindo margaritas para Jessica, e dos formandos pulando na piscina de beca e tudo.

No final da noite, os Black se despediram com Jack me convidando para visitá-lo e vê-lo consertar carros como havia dito que gostava de fazer. Eu concordei, mas vi que Billy havia ficado pouco a vontade com o convite.

– Eu irei. – Concordei. Mesmo que eu não tenha feita tanta amizade com Billy, eu ainda gostava muito de Jacob, e não deixaria ninguém estragar minha mais nova amizade humana.

– Que tal amanhã? – Jacob soltou, debaixo da soleira da porta ainda empurrando a cadeira de rodas do pai. Fiquei um pouco assustada com a urgência.

– Não sei, Jack... – Comecei a falar.

– Por que não, Bella? – Ouvi a voz de meu pai vindo da caminhonete enquanto abria a porta para colocar Billy. – Pode ser bom. Você quase não sai de casa. Precisa se divertir um pouco.

Olhei para Jack e ele me olhou de volta, com um sorriso imenso em seu rosto jovem.

– Eu te ligo amanhã, tudo bem? – Falei por fim. O sorriso de Jacob se alargou empolgado.

– Perfeito! – Disse ele e partiu em direção ao carro carregando seu pai na cadeira de rodas.

Quando os Black foram embora, percebi que Charlie havia ficado contente por rever seu velho amigo. Mas ficou ainda mais contente por eu ter feito uma nova amizade. Ele percebia o quanto eu ficava sozinha por não ter mais Jessica para me fazer companhia. E nem Alice para “passear” como dizíamos.

Pensar em Alice fez com que a satisfação que eu estava sentindo se esvair. Eu ainda sentia muita falta dela. Sentia falta de nossas caçadas e passeios pelas estradas mais distantes de Forks. Sentia falta até de quando ela me seqüestrava para uma viagem de compras.

Se ao menos ela não tivesse me enganado todo esse tempo, nós ainda fossemos amigas.

...

No dia seguinte, esperei que Charlie tomasse seu café e pedi o telefone da casa dos Black para falar com Jacob. Ele abriu um grande sorriso até os olhos e o anotou num bloco de notas no balcão da cozinha.

Quando meu pai saiu, fui em direção ao telefone já com o papel com o número de Jack na mão. Era sábado e talvez ele ainda estivesse dormindo, mas vi que estava errada quando ouvi sua voz rouca atender logo após o segundo toque.

– Alô? – Sua voz pareceu ansiosa.

– Oi, Jack, é a Bella. – Percebi como me senti animada por conversar com ele de novo.

– Oi, Bella! E então, vai passar aqui hoje?

– Isso depende. – Falei com um tom misterioso. Ele esperou. – Você quer que eu vá?

Ouvi sua risada rouca do outro lado da linha.

– Claro, claro. – Quase pude ver o enorme sorriso em seus lábios.

Eu pedi que ele me dissesse como chegar. Ele me passou os instruções simples e fáceis de seguir. Para que não houvesse risco de eu me perder no caminho.

– Bom, então vou me arrumar e já chago ai.

– Estarei esperando. – E desligou, ainda tentando conter a animação.

Devolvi o telefone ao gancho e voei pelas escadas em direção ao meu quarto. Escolhi uma roupa casual simples: Jeans e moletom.

Voltei para o andar de baixo e peguei minhas chaves da picape no gancho da porta. Saí para a manhã que deveria estar fria para as pessoas e entrei em meu carro.

Não precisei ter que anotar as instruções de Jacob, minha mente era uma verdadeira esponja.

Cheguei a uma casa de fachada vermelha e telhados marrons. Vi a cabeça de Jacob aparecer de uma janela lateral e a porta da frente se abrir. Ele veio correndo em minha direção antes que eu saísse da picape.

– Como vai, gata? – Abraçou-me, tirando meus pés do chão. Ele era além de alto, forte.

– Bem. – Se pudesse ruborizar, estaria da cor das paredes da casa pelo adjetivo que ele havia usado para se dirigir a mim.

– Vamos entrar, você pode me ver trabalhar na oficina.

Ele me levou para o que parecia ser uma garagem atrás da casa, com paredes de madeira. Lá, vi um carro de porte pequeno e duas motos.

– Está consertando para alguém? – Perguntei.

– Não, o carro era do meu pai. Ele me deu quando fiz 16 anos. E as motos eu peguei do quintal que vi quando andava pela reserva. Estavam para serem jogadas fora, então pensei que podia consertá-las. – Ele dizia num tom de voz profissional.

– Está trabalhando em qual deles agora? – Eu não entendia absolutamente nada de mecânica, mas estava a fim de aprender.

– Estou tentando ver qual moto está menos quebrada. Pra saber quanto vou ter de gastar com peças e tudo isso.

– Precisa de dinheiro? – De repente tive a necessidade de gastar todo meu fundo universitário, agora esquecido debaixo de minha cama. Eu não pretendia usá-lo de qualquer forma.

– Não, Bella, – Ele me olhou, agitando as mãos como quem se rende. – não gaste seu dinheiro comigo. Não é preciso.

– Não vai ser um problema. – Falei com sinceridade. – Tenho um dinheiro que há muito tempo o guardo, mas não tenho nenhum plano para ele. Talvez esta seja uma boa ocasião.

– Bom, já que não se incomoda... – Ele deu de ombros.

– Ótimo. E quando vamos? – Fiquei ainda mais animada.

– Não sei. Vamos ficar aqui hoje. Ainda preciso conferir tudo que vamos ter de comprar. Talvez amanhã possamos ir às compras. – Ouvi novamente sua risada. Era contagiante ficar ao lado da alegria de Jack.

...

Passei todo o dia na casa dos Black. Billy não apareceu na oficina e Jacob me informou que a cadeira não conseguia passar pelas pedras do caminho sem que alguém o ajudasse.

Fui embora para preparar o jantar de Charlie, prometendo a Jack que voltaria no outro dia para nossa viagem de compras. Mais uma vez, lembrei de Alice. Eu sentia falta dela, mas tentava não pensar nisso.

Eu havia feito uma nova amizade, e estava muito feliz com ela. Jacob era uma pessoa extraordinariamente boa, e tinha muita facilidade em me fazer rir. Eu não precisava de alguém melhor para me ajudar a esquecer tudo que sou e tudo que passei para chegar aqui.

Eu devia muito a Jack.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Que fofoo. Quem gostou ai???
E mais uma vez, desculpem o meu sumiço. Só consegui postar hoje pq estou na casa de uns tios. Mas quando voltar para casa voltarei a ficar desaparecida. rsrsrs
Mas por enquanto é isso. Vou tentar postar mais enquanto estiver aqui, mas não garanto nada.
Até o próximo cap. :*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Gotas de Vinho – Reescrita" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.