Gotas de Vinho – Reescrita escrita por Babs Toffolli


Capítulo 12
Primeiro Dia de Vida - Modificado


Notas iniciais do capítulo

Gente, aqui está mas um capítulo com algumas alterações. Está com a mesma base do original, mas de um jeito diferente. Aproveitem.



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Carlisle e eu fomos andando a passos humanos por uma rua deserta e comprida. Ele disse que tinha deixado o carro no estacionamento do hospital, e que estávamos dando a volta para busca-lo.

As perguntas que eu mais me fazia na maior parte do tempo eram: Aonde encontraríamos animais? E que tipo de espécies seriam boas para beber?

– Aonde vamos? – Perguntei.

– Caçar – Respondeu, com um sorriso.

– O quê? – Ele me olhou – Quer dizer, que espécies de animais você costuma beber? – Ele nunca havia me dito que bebia sangue animal, mas se não fosse o caso, não teria me aconselhado a isso.

– Ah, há várias espécies que podem nos deixar tão fortes quanto humanos. – Disse ele. Minha garganta coçou.

– Por exemplo?

– Bom, temos os cervos, alces. Esses são os mais fáceis de encontrar por aqui. – Deu uma pausa e sorriu – Pumas, ursos.

– Ursos?! – Me espantei. Como eu poderia matar um urso? Ursos deveriam ter o triplo da minha massa, e o dobro do meu tamanho. Como eu poderia ter alguma chance contra um urso?

– Sim – Carlisle riu – Não se acanhe, você é tão forte quanto um urso agora. Lembra do que fez com o espelho na minha sala?

Isso me lembrou não só do espelho, mas também de como arremessei Carlisle pela sala sem nem exercer muita força. Senti-me culpada.

– Ah, perdoe-me por aquilo. – Suspirei – Não foi por mal, eu estava nervosa, não sei o que deu em mim...

– Calma, Bella, relaxe – Respondeu com simpatia. – Aquilo não foi nada. É normal ter algumas mudanças de humor quando se é novo nesta vida. E você está demonstrando mais controle que o normal até agora. Vai se sair bem.

– Eu podia ter machucado você. – Comentei.

– Não, não. Estou em perfeita forma – Sorriu – Sou tão forte quanto você, embora sua força seja um pouco maior que a dos vampiros mais velhos.

– Como assim?

– Quando se é novo, somos mais fortes que o resto dos vampiros, porque nosso próprio sangue humano ainda está em nosso corpo. – Explicou.

Sangue...

O pensamento fez com que minha garganta novamente ganhasse atenção em minha mente. Eu estava com muita sede. Precisava de sangue e logo. Antes que causasse algum estrago maior do que uma maçaneta amassada ou um espelho quebrado.

Fomos andando até o final da rua e viramos à esquerda. Lá havia um portão que parecia ser isolado dos demais portões do estacionamento do hospital.

Carlisle olhou para os dois lados antes de saltar por sobre o portão de ferro.

– Vamos, Bella. – Disse do outro lado.

Analisei o ângulo e me inclinei para frente. Joguei meu peso para o alto com uma força exagerada, e acabei parando uns 10 metros depois de Carlisle. Eu não tinha noção do quanto estava forte.

– Foi bom? – Perguntei, insegura.

– Foi ótimo. – Sorriu ele.

Andamos lado a lado até chegarmos a um Mercedes preto e luxuoso. Carlisle apertou um botão na chave e o carro destravou. Ele fez questão de abrir a porta para mim antes de entrar e dar a partida.

– Onde você costuma caçar? – Perguntei.

– Tentamos expandir nosso território de caça, para que não sofra alterações na vida animal. Por isso temos muitos lugares diferentes para escolher.

– Nós? – Não pude deixar de notar que ele havia usado a frase no plural.

– Sim, minha família.

Então eu me toquei. Enquanto Carlisle dirigia em alta velocidade pelas ruas de Forks, lembrei dos irmãos Cullen na escola. Eram Alice e Jasper, Rosalie e Emmett. Todos eles. Eram todos como nós. Vampiros. Eu estava convivendo com vampiros por quase dois anos de minha vida. Como nunca percebi?

Mas, claro, eu nunca havia chegado perto deles o suficiente para notar que eles eram mais peculiares do que pareciam vistos de longe. Cheguei a conclusão de que se não eram perigosos como o pai, eu não devia me preocupar.

Seguimos em estradas frias e molhadas. Pelo o que pude ver, deviam ser umas oito horas da noite. Charlie devia estar em casa, comendo alguma pizza fria e vendo jogo na TV sem realmente prestar atenção por causa da preocupação que devia estar comigo.

– Carlisle?

– Sim?

– Quer dizer que eu não vou poder voltar pra casa? – Essa pergunta fez meu coração gelar ainda mais do que já estava. Eu tinha medo da resposta, mas queria saber assim mesmo.

– Bella, você viu em primeira mão como é perigoso para os humanos quando nós estamos com muita sede e sem experiência nesta vida. – Disse lentamente – Morar com seu pai seria coloca-lo em constante perigo. E nenhum de nós quer isso, não é?

– Claro que não – Respondi rapidamente.

– Mas não vamos pensar nisto por enquanto. – Vi seu sorriso no escuro (eu conseguia enxergar no escuro!) – Primeiro vamos ver como você se sairá na caçada. Depois resolvemos a questão de seu pai.

...

Ele parou numa estrada afastada de todas as outras que eu conhecia aos redores de Forks. Descemos do carro e ele me levou em direção à uma trilha que era quase invisível por causa do escuro e da mata que a cobria. Mas eramos vampiros, e podíamos enxergar muito bem.

– Pronta pra correr? – Perguntou.

– Vamos correr? – Desanimei. Nunca fui boa em corridas. Tudo bem, eu fiz várias coisas que nunca fui boa até agora, mas correr era um caso delicado.

– Fique tranquila, só precisa me seguir. – Disse – corra o quanto puder.

E assim, saímos correndo por entre as árvores. Primeiro em uma corrida humana e normal. Mas depois de estarmos bem afastados da trilha, senti que ele aumentava a velocidade. Tentei acompanha-lo e senti que poderia correr com até o triplo de velocidade que estávamos. Sentia-me incrivelmente forte. Tão forte a ponto de sair desmatando o bosque aos socos. E a cada vez que esticava mais minhas pernas, sentia-me voando na floresta.

Após algum tempo, Carlisle teve que me alcançar. Soltei um riso animado por conseguir ser tão boa em uma atividade física. Era incrível correr.

– Acho que aqui está bom, Bella. – Ouvi Carlisle, há alguns metros atrás de mim. Dei a volta sem parar de correr e saltei em sua frente. Era pura adrenalina.

– Oque estamos caçando? – Perguntei.

– Alces. – Respondeu em meio ao silêncio da floresta.

– Onde? – Perguntei, olhando em todas as direções, à procura de algum.

– Escute. – Disse ele.

Eu o escutei e expandi minha audição ao redor das árvores. Eu podia ouvir tudo, tudo. Consegui ouvir desde os insetos que nos rodeavam nos galhos e folhas das árvores mais próximas, até o som de patas trotando na grama ao lado de um rio que parecia está há uns bons dois quilômetros.

Uma brisa soprou e o cheiro de água, terra molhada e grama maltratada atingiu minhas narinas. Junto com ele, senti um cheiro diferente de muitos que já havia sentido. Era quente e forte. Não era tão agradável como o sangue humano, mas parecia bom para meu organismo. Carlisle devia estar sentindo o mesmo que eu, então perguntei:

– O que eu faço? – Minha voz falhou com a sede que aumentava.

– Siga seus instintos. – Disse.

Antes que ele acabasse de falar, eu já estava voando novamente pelas árvores. Desta vez, com uma direção específica. Eu seguia para o leste, seguindo o som da água do rio que corria. Minha presa estava matando sua sede. Eu também mataria a minha.

Parei há uns vinte metros de distância do grande alce macho e concentrei minha audição em seu coração, bombeando fortemente grossas jorradas de sangue quente e molhado. Senti minha boca salivar pela sede, e mesmo que o cheiro não fosse tão bom quando cheiro humano, seria algo que acalmaria minha garganta em chamas.

O alce não estava sozinho. Pelo que vi ao chegar mais alguns metros mais perto, ele estava acompanhado de uma fêmea de porte médio. Ouvi passos e senti que alguém saltava por cima de mim. Olhei para um galho distante e alto num abeto e vi Carlisle sentado, me observando de sua visão panorâmica.

Desliguei meus sentidos e me agachei como uma verdadeira predadora. Esperei que o vento soprasse novamente, e quando soprou, perdi a cabeça e me lancei em direção aos dois alces que agora comiam a grama à beira do rio.

O macho foi o primeiro e notar minha presença e tentou correr, mas eu era muito mais rápida, e eu queria o maior. Dei algumas passadas largas e abracei o corpo grande do animal, aplicando um pouco mais de força, esmagando-lhe algumas costelas. Concentrei minha visão – que voltou a ficar estranhamente vermelha e enevoada – na parte mais quente de seu corpo: o pescoço.

Enterrei meus dentes nele e comecei a drenar seu sangue. Sua jugular jorrava em minha boca, minha língua se deliciava com o gosto um tanto peculiar.

O alce acabou antes de minha sede. Eu queria mais.

– Muito bom. – Carlisle se aproximou enquanto deixava o corpo do bicho falecido no chão. Limpei os cantos de minha boca com as costas das mãos e o encarei.

– Ainda estou com sede.

– Ainda há a fêmea que fugiu. – Comentou ele. Esperei que ele desse um sinal para ir. Mas percebi que não precisava de um.

Voltei a escutar e tentar achar o alce fêmea. Ouvi seu coração – agora mais acelerado – e segui a procura dela, desta vez para o norte.

Encontrei ela atrás de um grande abeto. Estava pastando. Senti seu sangue ainda mais quente pela corrida da fuga. Ela não me viu.

Atravessei a distância entre nós em duas longas passadas e a agarrei. Fazendo o mesmo que fiz com seu parceiro. E assim me alimentando mais uma vez naquele primeiro dia.


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Notas finais do capítulo

E ai? Gostaram?
Mandem suas reviews, quero saber a opinião de vocês de como acham que a história está. E mais uma vez, se quem leu a original está lendo esta, diga se está melhor ou não ^^ Um beijo e até a próxima o/



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