Gotas de Vinho – Reescrita escrita por Babs Toffolli


Capítulo 11
Explicações - Novo


Notas iniciais do capítulo

OiOi, gente!! Esse é o primeiro NOVO capítulo da fic, está muito bom e espero que vocês gostem. Boa leitura.



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Como era possível? Talvez não fosse, mas eu podia jurar que estava vendo detalhes mínimos de um teto todo branco. Podia ver minúsculos buraquinhos e imperfeições na pintura, que levava ao reboco, que levava aos tijolos, e que, ainda, levava ao lado de fora do hospital.

Percebi que prendia a respiração, e como não me incomodava com isso. Espantei-me com o fato de não precisar respirar. Por que? Será que eu estava mesmo morta? Mas era estranho não respirar, como um pequeno incômodo.

Respirei pela primeira vez e senti um cheiro doce e agradável. Também senti cheiro de álcool em gel, e plástico, e ar condicionado.

Percebi que podia sentir tudo a minha volta sem nem precisar ver ou escutar. Apenas pelo cheiro consegui detectar a presença do Dr. Cullen ao meu lado, me analisando com a expressão um tanto estranha. Parecia que estava em alerta, como se houvesse algum tipo de perigo na sala de consultório. Levantei-me num salto de cima da maca que fora minha companhia enquanto queimava.

Fiquei em cima da maca e encarei o Dr. Cullen com um olhar de medo, e meus sentidos se espalharam ao redor à procura do que teria feito o doutor ficar com aquela expressão. Mas notei que quando me levantei, seus olhos, de um dourado lindo e marcante, só se arregalaram ainda mais. O fitei com a expressão interrogativa. O perigo ali seria eu?

– Está com medo de mim, doutor? – E pela primeira vez, escutei minha própria voz. Parecia um tocar de sinos de vento. Cristalina, linda. O que havia acontecido comigo?

O Dr. Cullen demorou um pouco para responder minha pergunta, parecia me analisar, vendo se eu não o atacaria. Por que eu faria isso?

– Hmm... Não, Bella, não estou com medo de você. - Finalmente respondeu – Conte-me, como se sente?

– E-eu não sei bem - Ouvi minha voz mais uma vez, admirada – Sinto-me igual, mas ao mesmo tempo, tudo está diferente, como se eu tivesse acabado de cair em algum outro mundo... – Pensei na pergunta que mais queria fazer – O que aconteceu?

– Bella, você tem que entender, o que houve com você é um caso muito complicado de se explicar, de fato você continua sendo você, mas com algumas alterações. – Ele perecia cauteloso.

– O que aconteceu? – Repeti a pergunta, impaciente.

– Você foi transformada, Bella. - Disse diretamente.

Fitei-o, sem entender. Transformada? Transformada em quê? Eu me sentia diferente, certamente, mas transformada? Acho que devia ser uma expressão exagerada para se usar.

– O que quer dizer? - Perguntei, confusa.

– Do que você mais se lembra? – Respondeu-me com outra pergunta.

Pensei em uma resposta. Tentei lembrar do que havia acontecido comigo. Eu sabia o que tinha acontecido. Eu havia sido atacada por um vampiro. Mas pensando nessa possibilidade agora, a ideia de ter sido quase morta por um vampiro me parecia absurdamente ridícula. Vampiros logicamente não existem e ponto final.

Tentei me lembrar da noite do incidente, mas não conseguia. As imagens em minha memória vinham como um borrão escuro, sem fazer muito sentido. Lembrei da presença do médico a minha frente, fitando-me com preocupação. Ele esperava uma resposta minha.

– Eu me lembro da formatura, e de que levei Jéssica pra casa. Tive que voltar a pé, pois o carro era de Jéssica, e quando cheguei à minha rua, havia um rapaz lá. Muito bonito... – Lembrei de como a beleza do garoto que me atacou era surreal, e olhei para o Dr. Cullen, e notei como o próprio Dr. Cullen era incrivelmente lindo! Dava até para se comparar com a beleza do médico com a beleza do rapaz que me atacou naquela noite. O Dr. Cullen não ficou satisfeito com minha resposta inacabada.

– E...?

– E ele me atacou. – Completei – Levou-me para o meio do bosque e me atacou. Tentou me asfixiar e quebrou minhas pernas. Me espancou, me torturou... – Senti minha voz trêmula. Eu queria chorar. Meus olhos esquentaram, mas nenhuma só lágrima desceu. Eu não conseguia chorar e me assustei com isso.

– O que mais, Bella? – Insistiu o Dr. Cullen, vindo para o meu lado. Sentei-me na maca e ele me abraçou, num gesto de consolação.

– Ele me mordeu. – Sussurrei – Bem aqui – Levantei meu pulso na parte interna e toquei com o indicador. Olhei para o Dr. Cullen, ele parecia horrorizado, mas tentava esconder, sem sucesso.

– Você consegue se lembrar como era a pessoa que fez isso?

– Não. Minha memória está um pouco borrada.

– Entendo. – Abaixou a cabeça, pensativo.

–Doutor,...

– Carlisle – Corrigiu ele.

– ...você pode me explicar o que há de errado comigo? Não consigo pensar numa coisa só, estou apavorada, aliviada, confusa e com muito medo. Como alguém pode sentir tanta coisa assim, sem explodir? – Desabei, o pânico notável em minha nova voz –E mais: que droga de queimação na garganta é essa?! Está me deixando louca, preciso que pare com ela já! Está insuportável.

– Calma, Bella, calma. Eu sei que o que você está passando é desagradável.

– O senhor sabe? Então o que é isso? E o que quis dizer com "fui transformada"? Transformada em quê?

– Em vampira, Bella.

Paralisei. Como assim? Vampira? Mas não acabei de me convencer de que vampiros não existem?

– O que...? – Não consegui terminar a frase.

– Bella, eu sei, é complicado de entender, não parece real, mas considere o fato de sentir tantas mudanças, como sua audição, seu olfato, ou então sua mente, que consegue pensar em várias coisas ao mesmo tempo. – Disse ele – Percebe o quanto mudou? Até mesmo sua aparência física, querida.

Olhei-o sem entender. Aparencia física? Por acaso havia me tornado algum monstro feio? Olhei minhas mãos e não vi nada de diferente, apenas uma uma alteração no tom de minha pele. Estava tão branca como osso. Mas branca do que sou de costume, ou pelo menos era.

Ele não esperou uma resposta minha, levantou-se na maca e foi em direção à uma porta no fundo da sala. Ouvi um estalo e algo agudo raspando na parede. Carlisle saiu de lá carregando um espelho que devia ser quase da minha altura.

– Veja por você mesma. – Aconselhou.

Olhei para o espelho e quase caí de costas. Quem era ela? Não podia ser eu. Devia ser alguma foto de uma supermodelo colada em todo o torno do espelho. Levantei minha mão esquerda e levei ao meu rosto, provando de que me enganara. Aquela realmente era eu.

– Bella, você acredita em mim? – Perguntou Carlisle, mas eu não dei atenção. Estava fascinada com minha nova aparência.

Fui analisando cada centímetro do meu corpo de baixo para cima. Passando pelas pernas muito brancas e lisas, chegando ao meu tronco que estava coberto pelo vestido de formatura que eu ainda vestia. Cheguei ao meu rosto e... OH! Os olhos! Eu só havia visto olhos como aqueles uma só vez na vida, mesmo agora a memória me traindo eu nunca esqueceria aqueles olhos. Vermelhos como rubi, brilhantes. Eu estava com o olhar de uma assassina. Como se quisesse matar a mim mesma por simplesmente ter aqueles olhos assustadores. Foram aqueles mesmos olhos que fizeram o que sou agora. E eu os odiava por isso.

– Bella? – Carlisle chamou minha atenção.

– Sim?

– Você acredita em mim?

Olhei mais uma vez para meu rosto no espelho e o fitei.

– Sim. – Respondi por fim. Ele suspirou aliviado.

– Bom, que bom. – Assentiu – Então agora devo explicar o que fazer de agora em diante.

– Como assim?

– Você está com sede, não é? – Perguntou enquanto apontava para meu pescoço.

Mais uma vez dei atenção ao fogo em minha garganta, e de repente senti o gosto do metal em brasa em minha língua. Eu realmente estava sedenta! Precisava de algo para aquietar minha garganta e logo, porque não sabia mais quanto tempo poderia aguentar.

– Muita! – Confessei – O que eu devo fazer?

– Beber sangue. – Disse, sem rodeios.

Bem, disso eu já esperava. Em qualquer história sobre vampiros há sempre humanos sendo mortos por terem seu sangue drenado pelos vampiros. Vampiros são criaturas assassinas. Não conseguem fazer outra coisa senão matar. Isso novamente encheu meu coração parado de puro ódio por sequer pensar em ser uma assassina bebedora de sangue.

– Não, não! – Sacudi a cabeça freneticamente, não acreditando no que eu deveria fazer para sobreviver a partir de agora. – Não, por favor, deve haver outra maneira! Eu não posso matar pessoas, eu não sou má. Não!

– Eu sei, Bella, eu sei que você não é má. E, sim, há outra maneira, mas eu preciso que você me escute!

Fitei-o por um instante e mais uma vez lembrei de quando ele disse que já havia passado por isso. Ele também era um vampiro. Um assassino.

– Não! Saia de perto de mim. Você é como ele! Você é um vampiro. Não toque em mim! – Gritei quando ele tentou me segurar pelos ombros.

Era para ter sido apenas um empurrão, mas acabei jogando Carlisle – e o espelho – para o outro lado da sala. O espelho espatifou no chão, quebrando em centenas de cacos, mas Carlisle pareceu sem ter nenhum arranhão ou osso quebrado.

– Bella, me escute! Eu não sou como quem tentou mata-la, juro pra você. Me escute! – Exigiu o médico e eu parei por um instante. – Sim, sou um vampiro, mas não como o que lhe atacou. Sou diferente, e você pode ser também já que não quer ser uma assassina. Há um outro jeito, posso te mostrar como.

– Então como?! – Berrei, querendo chorar novamente, e fracassando novamente. – Como faço para não virar um demônio assassino?

– Não precisa ser sangue humano, Bella. – Disse com calma.

– Não precisa? – Fiquei confusa.

– Não, minha cara, há um meio muito mais fácil.

– Qual? – Perguntei ansiosa.

– Sangue de animal. – Fiquei parada por um tempo. Aquela frase me fez lembrar de alguma coisa, em algum lugar de um passado em que parecia ser há 100 anos atrás. Jessica...

Lembro-me de que ela me perguntou isso uma vez. Se caso alguma vez eu me tornasse vampira, que tipo de sangue eu beberia. Eu pensei que ela estivesse brincando! Sempre vi vampiros como figuras malignas da ficção. Pelo visto, mais uma vez, eu estava enganada.

– É perfeito, doutor! – Explodi. – Isso pode fazer com que eu não seja tão má. E meu pai não vai me odiar... – Parei de falar e notei que não tive notícias do meu pai desde a noite em que ele me trouxera para o hospital, exigindo explicações do Dr. Cullen, desesperado para saber o que havia de errado comigo. Carlisle percebeu.

– Seu pai estava aqui até ontem, mesmo comigo dizendo para que fosse para casa. Eu consegui fazer com que ele saísse da sala, mas ele ficou na recepção. Foi embora hoje pela manhã para trabalhar, mas parecia muito desinquieto. – Contou.

– Ele tem que saber o que houve comigo. – Argumentei.

– Não, Bella. Ele não suportaria.

– Não, ele é meu pai, vai entender!

– Bella, você está com sede. E provavelmente vai ficar instável por um longo período. Ficar perto de seu pai será muito perigoso, você poderá ataca-lo. – Insistiu.

– Atacar? – Minha voz subiu algumas oitavas – Eu nunca atacaria meu pai! Muito pelo contrário, eu posso até protege-lo. Nunca seria capaz de machuca-lo, nunca!

– Eu sei que não, mas quando se é jovem nesta vida, o controle pode nos fugir sem nem ao menos percebermos. Na mesma hora em que está bem e controlada, pode não estar mais, e acabar ferindo o Charlie.

– Não, não! – Dei a volta na sala e fui em direção à porta. Eu sairia daquele consultório, e encontraria meu pai. Ele entenderia o que eu era, ele era meu pai!

Abri a porta e dei de cara com um saguão comprido, lotado de humanos. Ninguém me viu, mas eu podia ver todos. E sentir todos...

Os cheiros de humanos misturados fez com minha garganta gritasse por atenção ao fogo que ainda estava nela. Minha visão tomou um estranho tom de vermelho enevoado, e eu juro que me imaginei arrancando a cabeça de cada um que estava ali e gostando de faze-lo.

Senti-me perdendo o controle e entendi o que Carlisle quis dizer. Fechei a porta num estalo, causando uma enorme rachadura na madeira branca. A maçaneta veio parar amassada em minha mão esquerda. Carlisle não saiu do lugar, mas estava com uma das mãos erguidas, como para tentar me parar.

– Viu só? – Perguntou ele, com suavidade – Você é forte demais. Qualquer ato incalculado pode causar um tremendo estrago. Você precisa de controle físico e mental. Mas primeiro precisa caçar.

– Mas como vou sair daqui? – Sussurrei.

– Venha comigo. – Ele subiu a persiana horizontal da janela que estava atrás de si e a abriu. – Podemos pular e ninguém verá que saímos.

Fui em direção à janela e me inclinei para ter uma boa visão do lado de fora. Estávamos no terceiro andar, há aproximadamente uns 15 metros do chão. Uma altura que poderia nos matar antes mesmo de tocarmos o solo.

– Pular? – Perguntei com medo. Carlisle riu.

– Sim – Respondeu com um sorriso amigável.

– Acho que prefiro prender a respiração e usar as escadas.

– Isso levaria um tempão – Comentou, brincando.

– Hum... Você primeiro, então. – Decidi.

– Como quiser – Sorriu, e antes de terminar a frase, já estava se sentando no para peito da janela, inclinando-se e jogando seu peso para frente.

Corri para ver como ele caiu, esperando ver um corpo estirado no chão. Mas o que vi foi apenas Carlisle aterrizando no solo com suavidade em pé, usando os joelhos para amortecer a queda. Pareceu-me muito fácil, mas nunca fui muito fã de alturas. Mas não havia outro meio senão aquele, então imitei o que ele fez, sentando-me na janela e jogando-me para frente. Senti o vento passar pelo meu corpo, e os babados de meu vestido de formatura subindo pelas minhas pernas. Toquei o solo com a ponta dos pés descalços e inclinei um pouco os joelhos como Carlisle. Muito fácil.

– Como se sente? – Perguntou Carlisle. Havia um sorriso animado em seus lábios.

– Viva. – Falei verdadeiramente.


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Notas finais do capítulo

Aiin que lindo! Bella aprendendo a viver kkk'
Esse foi o mais novo capítulo da fic. Espero que tenham gostado. Não deixei de mandar as reviews dizendo o que estão achando da história. Até o próximo capítulo. Beijão.



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