POV Fred

Hermione caminhou em minha direção, hesitante. Ela ainda estava de biquíni, pois suas roupas “misteriosamente” sumiram. Ok, eu assumo a culpa, mas o que posso fazer se é legal ter uma garota extremamente atraente, apenas em trajes de banho, caminhando ao seu lado no meio do mato?

Fiz um gesto indicando a passagem.

–Primeiro as damas.

–Realmente não acha que eu vou me embrenhar no meio do mato na frente, quando tenho um homem bem mais capacitado para isso, não é?

Dei de ombros, apenas observando como seus lábios se movem suavemente ao falar, mesmo irritada. Começamos a andar, seguindo a trilha de galhos quebrados e folhas amassadas, indicando que alguém havia passado por ali. Comecei a andar mais rápido depois que percebi que o pouco de luz que restava, se ausentava.

Me virei para encarar Hermione. Eu podia ver apenas as sombras do seu cabelo, e algumas das curvas do seu rosto.

–Vamos ter que dormir aqui.

–O quê?!

–Não é seguro andar por aqui de noite.

–Mas...

–Olha, Hermione, se não quiser dormir por aqui, não durma. Continue a caminhada, pela manhã você deve chegar à Toca, talvez até consiga chegar viva.

Percebi que sua fisionomia mudou, mas não podia observar mais detalhes. A luz agora era quase que completamente ausente. Ela murmurou um “Tudo bem”.

–Que bom. Precisamos encontrar algum lugar para usar como abrigo, já que não dá mais tempo de fazer uma cabana ou algo parecido.

Ela assentiu, e recomeçamos a andar, dessa vez, pra fora da trilha. Depois de um tempo bastante considerável, encontramos uma espécie de rocha, que parecia ter crescido mais do que devia. Sua parte superior era enorme e se projetava para frente, criando um cantinho protegido, como uma espécie de teto.

–É aqui que vamos ficar.

Me sentei à um canto, debaixo da rocha e apoiei meus braços nos joelhos. Vi a sombra de Hermione se sentar o mais longe possível de mim.

–Fred... E se alguma coisa acontecer conosco?

Sua voz era baixa e amedrontada.

–Nada vai acontecer, quer dizer, somos bruxos, não é?

Ela levantou o rosto bruscamente.

–Mas se usarmos magia, seremos expulsos de Hogwarts! Eu prefiro a morte!

Eu ri. Aquela garota era tão dramática.

–Não se preocupe, se algo acontecer, apenas eu uso a varinha. Sempre soube que meu futuro era longe dos fins acadêmicos.

Seus ombros relaxaram, e ela engatinhou para perto. Se sentou à minha frente, e eu podia sentir o calor que sua pele irradiava.

–O que você pretende fazer quando acabar a escola?

–Eu e George montaremos uma loja de logros no Beco Diagonal.

Mesmo no escuro, percebi que ela sorria. O silêncio caiu, constrangedor, e seu sorriso se apagou. Pude ouvir os soluços vindos da frágil garota que se encontrava à minha frente, e resisti ao impulso de abraçá-la e dizer que estava tudo bem.

–Hãn, Hermione, cara, não faça isso. Eu não sei como agir quando as pessoas choram perto de mim.

Ela ergueu o rosto para me olhar.

–Você se saiu muito bem no dia do baile.

Fiquei agradecido pela ausência de luz ali, porque senti minhas bochechas queimando.

–Fred... Me desculpe se não... Se não correspondo às suas expectativas.

–O quê? Do que está falando?

Ela suspirou.

–Eu gosto de você, mas não... não desse jeito. Talvez até goste, um pouco, mas...

–Ah, Hermione, não, por favor. Já não é ruim o suficiente ganhar um pé uma vez? Eu já entendi, você gosta do Krum ou sei lá de quem. Isso não me importa. Não mais.

–Ah...

Ela abaixou a cabeça, e eu fiquei me perguntando o que foi que fiz de errado. Logo seus soluços tornaram a aparecer, e seu corpo a estremecer pelo frio que agora atacava com mais força. Tirei minha blusa e entreguei à garota.

–Obrigada, mas... Você não vai sentir frio?

–Não se preocupe, apenas vista.

Ela vestiu a camisa, que ficou um tanto grande, mas ainda sim, estava linda. Me veio à cabeça, uma imagem de Hermione levantando de manhã, apenas de calcinha, colocando minha blusa que caía sobre suas coxas. Ela pega uma xícara de café e me olha com o olhar mais sedutor que já vi.

Comecei a sorrir, mas parei de imaginar coisas quando vi que estava ficando “animado”. Fixei meu olhar novamente em Hermione. Ela ainda tremia.

–Sabe, se você quiser se abraçar comigo, ou sei lá, iria te esquentar. Essa coisa de calor humano e tudo mais...

Pensei que ela fosse me dar um soco, mas ela riu.

–Obrigada, mas me sinto melhor assim.

Dei de ombros, desapontado. Depois de um tempo, a respiração de Hermione se tornou pesada, e percebi que ela dormia. Com o som de sua doce respiração, eu adormeci também, mal percebendo o frio que atingia meu tronco.