POV Fred

Subi as escadas pisando forte. Ainda não conseguia entender o porquê de ter ficado tão furioso com as palavras de Ginny. Eu não me importo em ser bom o bastante para Hermione. Bom, pelo menos acho que não.

Deito em minha cama, não me importando em acordar os demais companheiros de quarto. Olhei para o lado e fixei meu olhar em George. Ele sorria enquanto dormia, provavelmente sonhando com Katie.

Às vezes eu sinto inveja do meu irmão. Ele tem facilidade para se apegar às pessoas, mas também para esquecê-las.

A verdade é que, por mais que eu negue, gostei e gosto muito da Angelina. Fechei os olhos e adormeci quase que instantaneamente, com a imagem de um sorriso muito branco em contraste com uma pele morena.

POV Hermione

Quando acordei novamente, percebi que estava sozinha em meu quarto. Me troquei e desci ao Salão Comunal. Ginny conversava alegremente com Neville. Me aproximei e a ruiva ergueu os olhos.

–Até que enfim, Hermione.

Eu ri amarelo.

–Bom dia, Neville.

–Bom dia, Hermione.

Me virei para Ginny novamente.

–Vamos comer?

–Claro. Até mais tarde, Neville.

Quando atravessamos o retrato da Mulher Gorda fiz a pergunta que tanto me incomodava

–Neville não ficou chateado por você ter beijado aquele garoto da Corvinal? Qual é mesmo o nome dele?

–Não, ele é realmente um cara legal. E eu não faço a mínima ideia.

–Você não sabe o nome do garoto com quem ficou se amassando ontem?

–Não.

Olhei para ela boquiaberta. Ginny era completamente diferente de mim.

Nos sentamos à mesa da Grifinória.

–Harry, Rony. Bom dia.

–Bom dia, Hermione.

Apenas Harry respondeu. Rony continuava de mau humor por eu ter ido ao baile com Vitor Krum.

–Hermione, eu não te vi mais depois da dança ontem. O que aconteceu?

Meus olhos se encheram de lágrimas e um nó se formou em minha garganta. Ginny parece ter percebido, pois interrompeu Harry.

–Pode me passar a manteiga, por favor?

Após isso, ficou mais fácil mudar de assunto. Olhei para minha amiga, agradecida.

POV Fred

Acordei com um chute na perna.

–George, o que está fazendo?

–Levanta logo senão vai perder o café-da-manhã

Revirei os olhos. Troquei meu pijama por uma roupa igual a de meu irmão. Era legal se passar por ele de vez em quando.

–Cara, eu não sei como te dizer isso...

Ele estava um pouco preocupado. Sua boca era uma linha rígida.

–Vai me contar que viu Angelina se agarrando com o Krum?

Ele pareceu aliviado.

–Bom, e como você está?

–Bem, eu acho. Quer dizer, eu não suportava mais a Angelina.

Ele assentiu.

–E Katie, hãn?

Seu rosto se iluminou e um sorriso brotou em seus lábios.

–Ela é demais, cara. E a gente está namorando.

–Uau, isso é realmente impressionante vindo de você.

Continuamos rindo e conversando até que chegamos ao Grande Salão. Me sentei à mesa da Grifinória, do lado de George, que por sua vez, se sentou ao lado de Bell. Estava tão concentrado em fazer um rosto feliz com meus ovos e bacon, que mal reparei que alguém tinha sentado ao meu lado.

–Oi, Fred.

Virei o rosto e congelei. Angelina olhava pra mim com o mesmo sorriso cintilante de antes.

–Oi.

–Sabe, eu estive pensando e eu te perdôo por ter me abandonado no baile.

Olhei para ela espantado.

–Como?!

–É, você sabe. O nosso futuro não deve ser prejudicado por um erro bobo. Então, eu te perdôo.

Então, eu começo a rir. Do nada, assim.

–Fred, por que você está rindo?

Só consegui responder depois de recuperar o fôlego.

–Você tem que me perdoar? Eu tenho que me sentir grato por você ser bondosa assim?

–Bom, acho que sim.

Meu sangue ferveu.

–E eu tenho que me sentir completamente grato por você se agarrar ao Vitor Krum depois que eu te “abandonei”?

O choque percorreu seu rosto.

–Como você... Não, isso não aconteceu! Quem te disse isso?

–Eu vi! Acredite, eu VI!

As pessoas próximas pararam para olhar nossa discussão.

Angelina começou a chorar, e dessa vez, eu não senti um pingo de pena.

–Eu estava com raiva de você por ter me abandonado no meio do salão. Krum veio e começou a me elogiar e quando vi estava em seus braços. Me desculpe, Fred. Por favor.

Seus olhos suplicantes não causavam em mim, nenhuma reação.

–Você é nojenta, falsa e insuportável!

Me levantei bruscamente da mesa, derrubando um copo de suco de abóbora, e saí pelos corredores. Fui até o sétimo andar e entrei na Sala Precisa.

POV Hermione

Ver Fred discutindo com Angelina, bem ali, fez com que a coisa toda se tornasse mais real. Ele saiu furioso do salão. Não segurei o instinto de correr atrás dele, deixando à mesa, uma Ginny um tanto irritada.

Fred caminhou lentamente até o sétimo andar e compreendi para onde ele iria. Ele entrou na porta que acabara de aparecer, mas para impedir de fechá-la, coloquei meu pé ali.

Seus olhos percorreram do meu rosto, ao meu decote, e de volta ao meu rosto.

Ele se virou e andou até o centro da sala. Entrei e fechei a porta.

A sala era vazia, exceto por uma mesa encostada em um canto, e uma parede coberta por desenhos. Vários deles eram de Angelina.

–Fred, foi você quem fez tudo isso?

Ele assentiu com a cabeça. Os olhos fixos no chão.

–Sinto muito pela Angelina. De verdade. Você gostava bastante dela, não é?

–Tanto quanto você gostava do Krum.

Estremeci ao ouvir aquele nome.

–Eu posso... Ficar aqui com você?

Ele fixou seus olhos nos meus e demorou um tempo bastante considerável para responder.

–Claro.

Ele se sentou à mesa, e começou a desenhar, me ignorando completamente. Puxei uma cadeira e me sentei ao seu lado. Os traços de seu desenho, eram fortes e precisos. Depois de um tempo, os rabiscos começaram a tomar forma. Um casal se beijando. Logo, quando começou a desenhar as feições, percebi que eram Vitor e Angelina. Uma lágrima caiu na folha, manchando uma parte do cabelo da garota. De início, pensei que era minha. Depois percebi que era de Fred.

Pousei o braço em seu ombro e ele continuou o desenho. Quando acabou, pegou a folha e colou a na parede. Me levantei junto dele e fiquei ao seu lado, observando as obras. Ele tremeu e eu o abracei. Senti que o acalmou tanto quanto a mim. Fred retribuiu o abraço.