POV Finn

Cinco dias depois de todos aqueles acontecimentos, dei férias de 20 dias pra todo mundo, com a permissão de Artie; já que eu teria que me dedicar ao novo roteiro de “New Year's Challenge” por um tempo até ter todo o filme escrito com a ajuda do meu mais improvável novo amigo. Tudo estava voltando a se encaixar nos trilhos.

Minha vida pessoal melhorou muito: me sinto feliz e leve novamente com o amor da minha vida, Rachel Berry. Todo dia ela vem aqui e dá sua opinião sobre tal cena; às vezes saímos juntos por aí apenas para termos um tempo só pra nós mesmo. Claro que em alguns momentos ela é cabeça dura igual sua BFF Santana Lopez, mas aos poucos vou aprendendo a me acostumar com o fato.

Dia desses Rachel me contou como foi o “encontro” de Santana com Jake em New York. Nas palavras da latina, “foi ótimo só de estar com aquele cara atraente segurando minhas mãos que estavam loucas pra fazer algo feroz”. Estranho, mas vindo da Lopez é bom não esperar muita coisa.

Hoje Artie e Kitty Wilde tiveram seu primeiro encontro. Depois que a Rach 'se livrou' da Santana, ela nos ajudou a passar uma boa impressão do Abrams para a garota. Cheguei na casa do Artie (e que casa, por sinal) e eu e a Rachel encontramos uma situação catastrófica: milhares de roupas espalhadas pelo quarto do cara.

– Vem cá, o apocalipse chegou mais cedo? - Ironizei, soltando um leve riso no final.

– Quase. Não consigo escolher qual roupa uso! O que vocês acham? - Ele perguntou, apontando para dois visuais jogados na cama. - É melhor o look “olha, estou tendo meu primeiro encontro, e estou me vangloriando por isso” ou esse que significa “estou tão nervoso que daqui a pouco faço xixi nas calças”?

– Então a coisa tá feia, Artie. Acho melhor... - Ela saiu procurando algo que prestasse no chão do quarto. - Esta camisa branca aqui, com este colete por cima... - Rach foi entregando o look para Artie, enquanto procurava o que faltava. Resolvi ajudá-la.

– E que tal esta calça aqui? É estilosa, convenhamos. - Eu havia encontrado uma calça jeans, com pequenos rasgos em volta.

– Claro, é estilosa... pra visitar as criancinhas que moram num lixão, só pode ser. - Rachel reprovou na hora e rapidamente encontrou a calça perfeita. - E que tal esta aqui? Esta tem estilo. Ótimo, só faltam os sapatos, a meia, e mais alguma coisa que eu tô esquecendo...

– Tipo, a cueca? - Falei sarcasticamente, enquanto me preparava para me defender de algo que fosse jogado em mim depois do que falei. Dito e feito: Artie jogou o travesseiro na minha cara.

– Acho que eu posso escolher muito bem as minhas roupas íntimas, sr. Hudson. - Artie respondeu, enquanto pegava a calça e ia direto ao banheiro para se trocar.

– Mas que falta de educação falar sobre cuecas, Finn. - Rachel pegou o travesseiro e jogou na minha cara de novo. Não hesitei e devolvi o favor.

– Foi só uma brincadeira, nada demais. Tenha calma, baixinha.

– Opa, como é que é? - Ela parou o que estava fazendo e pôs as mãos na cintura, fazendo aquela cara de “repita isso e então dê adeus ao seu fabricador de bebês”.

– Isso também foi uma brincadeira, não ligue para as minhas besteiras momentâneas.

– Tá, vou deixar essa passar. - Rach bufou, enquanto se sentava na cama.

Logo vimos Artie sair do banheiro, e nós dois ficamos de boca aberta com a escolha da roupa feita.

– Nossa, nem parece que fui eu que escolhi. - Rach se vangloriou.

– Eu sei que tenho namorada, mas tenho de admitir: você não está nada mal, Artie.

– Nem vem que não tem, Finn. - Artie retrucou, em tom de brincadeira.

– Você sabe que eu te amo, né amor? - Eu disse, me virando pra Rachel e tascando um selinho nela.

– Ei, dá pra parar com esse “amor, amor, amor” de vocês e se focarem agora no meu encontro?

– Ah, claro, tinha me esquecido. - Saí de frente da Rach e me sentei na cama também.

– Como vocês acham que eu devo reagir quando ver a Kitty?

– Apenas diga o quanto ela está linda e faça uma piada que não a envergonhe. Já falamos sobre isso nas aulas teóricas, Artie. - Ela explicou, gesticulando com as mãos.

– Tá bem, agora eu preciso ir. Me desejem sorte. - Artie já ia saindo do quarto, quando Rachel se levantou em um pulo e saiu me puxando pra fora.

– Um abraço coletivo antes? - Ela sugeriu. Ele se limitou a um sorriso de canto e abriu os braços. Com Rach quase quebrando minha mão, era impossível recusar. Nos abraçamos coletivamente e então deixamos ele sair pro seu encontro com a Kitty.

Já no meu apartamento e sem a Rachel por perto, conferi as mensagens da secretária eletrônica. A única que tinha era a do Ryder.

– Alô, Finn! Assim que atender essa mensagem, venha urgentemente pro meu apê. Digamos que o cano da pia estourou do nada e a Marley vem aqui hoje à noite! CORRA PRA CÁ AGORA! Tá bem, preciso desligar antes que o telefone seja atingido pela inundação...

Como sempre, o Ryder exagerou no telefonema. Mas é meu amigo, e eu vou pra lá agora mesmo.

POV Artie

Cheguei no local marcado um pouco cedo. Havia acertado com a Kitty de esperar na frente do estúdio às 19h, e cheguei 15 minutos antes. Mas não tinha problema, eu esperaria o tempo que fosse. Não que eu já sentisse uma paixão por ela em tão pouco tempo, mas só o fato de ser uma amiga de “longa data” me deu um frio na barriga de vê-la sem dar ordens e tal.

Ela chegou na hora marcada na frente do estúdio. E só Deus e eu sabemos o quanto ela estava linda naquele vestido rosa claro. Além dele, ela usava brincos pequenos e rosa claro [óbvio], além de um salto alto branco. Resumindo, ela estava linda em todos os sentidos.

– Uau, você está... linda, Kitty. Agora eu acho que minha roupa é simples demais.

– Que isso, Artie. Você é que está... esplêndido. - Ela respondeu, sorrindo de uma orelha a outra. O bastante para deixar meus nervos loucos.

– Então, eu conheço um ótimo restaurante chinês aqui perto e pensei se você não queria comer algo além de rosbife hoje. - Ironizei, pois rosbife é uma das atrações do refeitório do estúdio.

– Pode ser, mas vou logo avisando que nunca vi comida chinesa na minha vida.

– Garanto que você vai gostar muito. Vamos no meu carro?

– Claro, vir de ônibus com esse vestido não ajudou muito... - Ela afirmou, soltando uma leve risada no final.

A conduzi até o carro e então seguimos até o restaurante chinês. Segui todas as dicas de Rachel e Finn durante o jantar: tentei ser engraçado, mas o meu caráter sério não ajudou muito, o que mesmo assim fez a Kitty rir de mim; a ajudei a escolher o prato perfeito já que ela nunca havia comido num restaurante chinês na vida; e tentei não falar besteiras da minha vida. Bom, eu tentei, porque sempre surgia algo inútil sobre mim para contar. Mas no fim das contas, foi um ótimo encontro. Já na saída...

– Quer que eu te leve em casa, Kitty?

– Não precisa, eu pego um táxi...

– Então toma o dinheiro. Vai precisar quando pagar. - Saquei minha carteira do bolso e dei 30 dólares pra ela.

– Não precisa, Artie.

– É o mínimo que eu posso fazer depois de fazer você comer um risoto chinês.

– Tá bom, então. - Ela sorriu tímida, me deixando cada vez mais louco por ela.

– Então até o segundo encontro, quem sabe?! - Respondi gritando, já que ela se afastava.

– Pois é, quem sabe...

POV Ryder

Toda aquela história de explosão do cano da minha pia começou quando eu deixei a torneira aberta enquanto ia ao banheiro com urgência. Quando voltei, só vi a água saindo pelo buraco enorme e deslizando pelo chão. Como eu ainda sou relativamente novo nesse assunto, a única pessoa que podia me ajudar naquele momento era o Finn. Logo liguei diversas vezes, e acabei deixando o recado na secretária eletrônica. Somente umas duas horas depois ele chegou no meu apartamento, bufando de pressa.

– Já conseguiu resolver o problema? A Marley chegou?

– Não e não. Rápido, me ajuda aqui! - Falei, puxando-o para a cozinha.

– Cara, a situação tá caótica por aqui. Não vai ter como controlar esse vazamento antes da noite terminar.

– Droga. - Bufei de raiva, batendo o pé no chão. - E agora, o que faço?

– Primeiro, chame um encanador que atenda 24 horas por dia. Depois, ligue pra Marley e peça pra ela ir direto pro apê da Rachel. Eu tenho um plano para salvar o seu encontro, não se preocupe. Agora adianta logo!

– Tá, vou ligar. - Saí pela internet procurando alguém que trabalhasse 24 horas e só encontrei um encanador chamado Will Schuester. Rapidamente liguei e ele prontamente chegou em menos de 30 minutos.

Enquanto ele e Finn tentavam consertar o estrago que eu deixei que acontecesse, liguei pra Marley.

– Alô? Ah, Ryder, eu já estou indo...

– Eu tô ligando justamente pra você ir direto pra casa da Rachel.

– Algum problema?

– Dos piores. O cano da pia estourou e tem até um encanador aqui. Enfim, eu te encontro na casa dela. Agora corre.

– Tá, eu já estou saindo. Beijo.

– Pra você também, amor.

Depois voltei para a cozinha e toda a água já havia sido controlada pelo Sr. Schuester. Finn rapidamente pegou seu telefone, ligou para Rachel e explicou toda a situação. Assim que desligou, ele me avisou:

– Fique tranquilo, Ryder. Rachel vai me ajudar a salvar seu encontro, e tenha certeza de que vai ser inesquecível para você e para a Marley.

– Pois é, vai ser nosso primeiro encontro como namorados, então é bom você não estragar as coisas, cara. - Respondi, dando um tapinha nas costas dele. - Não sei como seria minha vida sem ter você como amigo.

– Eu sei como seria. Um desastre total. Agora vai e pega algum dinheiro pra pagar ao encanador.

– Ah, paga você. É que eu meio que... - Fui interrompido pela cara do Finn que dizia “não acredito que vou ter que resolver um problema que você causou”.

– Está liso, né? Tá, eu pago. - Finn respondeu, tirando a carteira do bolso. - Mas agora me deve 100 reais por esse “pequeno probleminha” aqui. - Ele disse, fazendo aspas com as mãos.

– Valeu, cara. - Eu falei, enquanto ele entregava o pagamento ao encanador.

– Bom, eu te vejo depois. Se cuida e depois venha me agradecer pessoalmente por ter melhorado seu encontro com ela. - Ele comentou, indo embora logo depois.

POV Kitty

No final das contas não foi um encontro tão chato como a Santana havia me alertado. Artie se mostrou bem legal no restaurante, e agora é o responsável por me apresentar ao risoto chinês.

Eu me sentia cada vez mais atraída pelo seu sorriso inocente e delicado, enquanto minha recente paixão pelo diretor famoso crescia a cada minuto que eu passava ao seu lado. Quando ele abre aquele sorriso de orelha a orelha, me sinto perdida em meus pensamentos e sem a menor das preocupações... e sem ar.