P.O.V. Rose

A manhã mal tinha começado quando levantei das poucas horas de sono e fui acordar Claire a Matthew para leva-los até a casa de Astoria, que ia ficar com eles hoje, já que o filho dela é um perfeito idiota e sumiu sem falar para onde ia e convenientemente esqueceu que era ele que ia levar os dois até lá mais tarde.

– Mas ainda está muito cedo, mamãe. – Matt reclamou. – O papai acorda a gente mais tarde na segunda para irmos até a vovó.

– Eu sei, meu amor, mas o papai está... – Sendo um retardado imbecil. – ocupado e eu vou levar vocês ok? Coloca a roupa que eu separei para você. Quando chegar na vovó você pode voltar a dormir.

Sai do quarto dele para acordar Claire, que também reclamou que era muito cedo e que o papai levanta eles mais tarde na segunda para irem até a vovó.

– Mamãe? – Ela chamou quando eu já estava saindo para ir até a cozinha comer alguma coisa.

– Oi?

– O papai está na casa da vovó?

– Não sei, ruivinha.

– Vocês vão se separar?

Abri a boca para responder mesmo sem saber o que responder, mas antes que eu pudesse emitir qualquer som uma outra voz me interrompeu vinda do andar de baixo:

– Rose! Rose! Rose!

Scorpius apareceu na porta do quarto de Claire, com profundas olheiras, bem desarrumado, cheirando a firewhisky e suor e cambaleando um pouco.

– Você está bêbado! – Falei em um sussurro bravo andando rápido até ele e o empurrando até nosso quarto para tirá-lo da frente de Claire que o olhava entre curiosa e assustada.

Fechei a porta do quarto assim que o coloquei bruscamente sentado na cama. Ele se levantou veio até mim e me segurou forte pelos braços.

– Rose!

– É, esse é meu nome! Agora me larga por que você está fedendo e está bêbado!

– Não, Rose você não está entendendo! – Ele falou meio enrolado.

– Não mesmo! Não entendo como você tem coragem de ir embora depois de um ataque de ciúmes e depois voltar aqui bêbado na frente dos seus filhos! Esse não é o Scorpius que eu conheço!

– Rose!

– Sabe falar outra coisa além disso?

– Rose... espera... é você mesma, não é?

– Não, Scorpius! Sou um hipogrifo disfarçado de dragão que está fingindo ser Rose Weasley.

– É, é você mesma! Rose!

– Cala a boca, Scorpius!

Puxei ele até o banheiro, fiz ele entrar na banheira ainda de roupas, liguei o chuveiro em cima dele e sai dali.

Claire e Matthew estavam no corredor em frente ao quarto encarando fixamente a porta.

– Mamãe, o papai está bem? – Claire perguntou.

– Está sim. Eu vou levar vocês para a casa da sua avó agora e depois volto para cá. Vamos logo, então?

– Não! Não, Rose, não leva eles! – Scorpius apareceu todo molhado no corredor.

– Vamos logo! – Falei empurrando levemente, mas rápido, os dois em direção à escada enquanto eles olhavam assustados para Scorpius. – Vamos!

– Rose, não!

– Sai da frente, Scorpius. – Falei em voz baixa, mas cheia de raiva e dei a volta em torno dele.

– Não! Não leva eles! Emily!

Senti minhas orelhas ficarem vermelhas instantaneamente e me virei para ele rapidamente.

– Vai me chamar de Emily agora, Scorpius? Esqueceu meu nome, foi? - Disse pegando a varinha de dentro das vestes e apontando para ele.

– Mãe! – Matt e Claire gritaram ao mesmo tempo.

– Não estou te chamando de Emily. Eu estou...

– Vão para o quarto e não saiam de lá. – Falei para os dois os empurrando para o quarto de Claire e fechando a porta.

Caminhei até Scorpius e o puxei até nosso quarto outra vez e tranquei a porta.

– Abaffiato! EU NÃO SOU A EMILY! – Berrei correndo até ele. – EU NÃO SOU A EMILY, SEU IDIOTA, IMBECIL! EU ODEIO VOCÊ! E ISSO É SÓ MAIS UMA PROVA DE QUE EU NÃO SOU A EMILY!

– Eu sei que você não é a Emily! Eu não estava te chamando! Eu estava te falando dela! Ela voltou, Rose!

– A Emily morreu, Scorpius! Você está bêbado e não tem a mínima ideia do que está falando!

– Eu sei sim, Rose! Deixa eu explicar!

– Cala a boca! Não fala comigo!

– Rose! Me ouve, Rose!
Sai do quarto, peguei Claire e Matthew no quarto dela e segurando as mãos dos dois desci as escadas em direção à lareira.

– Mãe! O que está acontecendo?

– O que o papai tem?

– Mãe!

– Para onde nós estamos indo?

– Cadê o papai?

– Você matou ele, mãe? – Matt começou a chorar.

– Não, eu não matei ele, Matthew! E nós vamos para a casa da vovó e do vovô agora. Entrem na lareira.

– Mas, mãe! – Os dois protestaram.

– Entrem na lareira agora!

Eles obedeceram e desaparecemos da sala de casa no instante em que Scorpius descia as escadas. Surgimos na sala dos meus pais segundos depois. Papai estava sentado de pijama no sofá, com as pernas na mesinha de centro lendo O Profeta Diário.

– Rose? O que aconteceu?

– Eu acho que ela matou o papai! – Matt exclamou.

– Eu já disse que não matei o seu pai, Matthew! – Praticamente gritei.

– O que é que está acontecendo aqui? – Mamãe apareceu na sala com a testa franzida.

– Ela matou o papai!

– Eu não matei ninguém, Matthew!

– Por que vocês dois não vão brincar lá fora? – Mamãe falou para os dois, mas olhando para mim, enquanto meu pai observava tudo com a boca ligeiramente aberta.

– Mas, vó, ela...!

– Matthew, tenho certeza de que sua mãe não matou seu pai. Vão lá para fora. Apareceram vários gnomos lá no jardim. Eu sei que vocês gostam, não?

Os dois saíram lentamente da sala em direção à cozinha e quando ouviu a porta dos fundos bater mamãe se virou para mim.

– Rose, me diz que você não matou o Scorpius.

– Não ainda!

– O que aconteceu, Rosinha? – Meu pai perguntou.

– Scorpius enfiou na cabeça dele que eu estou traindo ele!

– Ah... está? – Papai perguntou.

– Não, pai!

– Ah, é. Eu sei que você não faria isso. – Ele sorriu e mamãe revirou os olhos.

– Enfim, no sábado a tarde ele saiu de casa e...

– Ele saiu de casa? – Meus pais falaram juntos arregalando os olhos.

– É! E ele voltou hoje de manhã! Bêbado! E não falando nada com nada! Ele me chamou de Emily! E depois simplesmente disse que não tinha me chamado de Emily, mas que estava dizendo que ela tinha voltado e...

– Emily... a Parkinson? – Minha mãe perguntou.

– Sim. – Falei me jogando no sofá e cruzando os braços.

– Rose, você tem que falar com ele. – Ela disse.

– Eu não quero nem olhar na cara dele quanto mais falar com ele, mãe!

– Rosinha, você tem mesmo que falar com ele, sua mãe está certa.

– Você tem que fazer isso pela Claire e pelo Matt, Rose.

– É. Ou o Matt vai continuar achando que você matou o Scorpius.

– Rose, você tem que falar com ele.

– Vai, Rosinha, a gente fica com eles.

Me levantei meio emburrada, mas sabendo que eles estavam certos, e caminhei de volta até a lareira.