P.O.V. Rose

- Bom dia, ruiva. – Scorpius disse esfregando os olhos enquanto entrava na cozinha, apenas com a calça do pijama.

- Bom dia. Você não tem treino amanhã, tem?

- Não.

- Ótimo. Então você vai ficar com a Claire, eu tenho uma reunião.

- Você anda muito ocupada, sabia? – Ele disse sorrindo. – Acho que o Departamento de Cooperação Internacional em Magia está exigindo demais.

- Como se você vivesse calmo e tranquilo. – Respondi revirando os olhos.

- Pelo menos não vou trabalhar amanhã.

- Só por que a temporada ainda não começou. E, aliás, acho bom vocês ganharem o campeonato esse ano. Papai pode te matar se o Chudley Cannon’s não ganhar de novo esse ano. Eu não quero criar a Claire sozinha.

- Quem sabe se ganharmos ele para de me lembrar do pomo que eu perdi.

- Não aposte nisso. – Disse rindo.

Tinha acabado de por ovos mexidos no prato quando ouvi Claire chorando no andar de cima.

- Deixa, eu vou. – Scorpius disse quando fiz menção de me levantar novamente.

Cinco minutos depois ele voltou com uma ruivinha, com os cabelos bagunçados e olhos ainda inchados de sono, no colo. Ela logo estendeu os braços para mim e a peguei.

- Quer dizer que você prefere a mamãe, não é, Claire? – O loiro disse se sentando.

- Claro. Eu sou a melhor, Scorpius.

- Não.

- Claro que sou.

- Rose, eu sou um jogador de quadribol famoso, sabia?

- Não importa, continuo sendo a melhor, não é, Claire? – Eu falei tentando arrumar os cabelos dela enquanto a pequena resmungava palavras incompreensíveis.

- Oi! Tem alguém em casa? – Ouvi uma voz vinda da sala.

- Na cozinha!

Segundos depois Hugo entrou.

- O que você está fazendo aqui? Quem te chamou?

- Bom dia para você também, minha querida irmãzinha. Oi, Scorpius!

- Oi!

- Ok. Ok. Agora que você quer?

- Nada. Mamãe e papai saíram então resolvi vim ficar aqui com vocês.

Ele sentou na cadeira ao meu lado e começou a brincar com Claire, que dava risadas alegres.

- Vocês vão sair? – Meu irmão perguntou.

- Não.

- Ótimo. – Ele levantou, foi até o fogão e se serviu de café. Folgado.

Cerca de meia hora depois ouvi alguém batendo na porta da frente.

- Bom dia, Rose! – Roxanne disse sorrindo quando abri a porta ela colocou um Gale agitado no chão, ele logo saiu correndo até a cozinha.

- Oi, Rose! – Adam disse entrando.

- Por que todo mundo resolveu vir para cá? – Perguntei indo até a cozinha.

Scorpius ainda estava só com a calça do pijama e eu de camisola. Acho que precisamos comprar um bisbilhoscópio.

Passamos boa parte da manhã sentados na cozinha rindo e conversando enquanto Gale não parava de pedir bolachas a todo momento. Claire mordia e brincava com um pequeno dragão de pelúcia.

- Ah! Vocês viram? – Roxanne exclamou de repente.

- O que?

- O Profete de hoje.

- Não. O que aconteceu? – Hugo perguntou.

- Oi! – Ouvi mais vozes na sala e Lucy e Joey apareceram na porta da cozinha.

- Merlin! Eu não sabia que estávamos dando uma festa! – Eu disse rindo.

Realmente precisamos de um bisbilhoscópio. E feitiços de proteção. E fechar a Rede de Flu. E mudar de casa sem avisar ninguém.

Por que todo mundo sempre aparece do nada aqui? Isso desde que nos casamos! Há três anos! Acho que preciso parar de ser uma pessoa tão amável, meiga e principalmente, nada irônica.

A verdade é que nossa casa virou uma espécie de ponto de encontro para meus primos. É isso que dá ser a melhor prima de todas. Mas, sinceramente, não me importo. Eu realmente gosto de todos aqui. O que esperar de alguém com uma família tão grande?

- Do que você estava falando mesmo, Roxanne? – Scorpius perguntou depois de Lucy e Joey se acomodarem folgadamente nas cadeiras.

- Ah é... vocês viram quem está voltando para a Inglaterra?

- Já dissemos que não, Roxanne. – Resmungou Hugo. – Quer parar com o suspense e falar logo?

- A Emily!

- Parkinson? – Exclamei.

- Não, Rose. O hipogrifo Emily! – Ela revirou os olhos. – Claro que é a Parkinson.

- E por que isso saiu no jornal? – Adam perguntou franzindo a testa.

- Não sei. Não li a matéria inteira, não quis perder meu tempo. Acho que estavam sem o que publicar.

- Por que ela está voltando? – Perguntei.

- Não sei. Vai ver não quiseram mais ela lá... seja lá onde ela estava.

Até onde sei a vadia Parkinson, depois de passar o sétimo ano incomodando eu e Scorpius, apesar da declaração um tanto dramática dela no sexto ano de que tinha desistido e ia nos deixar em paz, tinha saído viajando por ai fazendo sabe-se lá o que. Mas pelo visto ela agora estava voltando.

- E o que ela vai fazer aqui? – Perguntei com a voz um pouco fina demais.

- Não sei, Rose! Mas prometo convidar ela para um chá mais tarde para saber todos os detalhes.

- Cala a boca, Roxanne! Eu só quero saber o que essa vadia, filha da...

- Tem crianças aqui, Rose... – Roxanne disse.

- Desculpe. Mas eu só que saber o que essa... ela está fazendo aqui!

- E eu já disse que não sei.

- Espero que ela passe pouco tempo no país. Por que...

- Rose – Scorpius disse depois deum bom tempo encarando a mesa. – Não importa. Isso não tem nada a ver com a gente.

Abri a boca para argumentar, mas fechei novamente. Acho que ele tem razão. Não me interessa o que essa vadia faz ou deixa de fazer. Contando que ela fique bem longe de mim e da minha família. Talvez ela só tenha vindo visitar a mamãe querida dela.

- Tudo bem. Não vou mais falar disso. Deixa para lá. – Suspirei. – Vocês vão almoçar aqui?

- Obvio. – Joey respondeu.

- Tudo bem. Eu vou dar um banho na Claire e depois tomar um. E, Scorpius, pelas calças de Merlin, põe uma camiseta pelo menos.

- É, cara. Seu plano de seduzir todo mundo não está funcionando. Desiste. – Adam disse rindo.

- Aposto que seduzi o Joey.

- Ele não conta, Scorpius. – Lucy falou. – Todo mundo sabe que vocês têm um caso.

Ri enquanto pegava Claire do cadeirão e subia as escadas. A ruivinha molhou todo o banheiro batendo as mãos gorduchas na banheira enquanto eu dava banho nela. Ela ainda soltava gritinhos de alegria quando a sequei e Scorpius entrou no banheiro.

- Você ainda está irritada. – Ele afirmou.

- Não estou. Só não foi a noticia mais agradável do dia.

- Rose...

- Eu não suporto ela, Scorpius! E você sabe uma bem o porquê! – Disse com um tom de voz significativo.

- Você não vai ficar brava por uma coisa que aconteceu a sei lá, uns quatro anos! Achei que já tínhamos superado isso há muito tempo.

- Sim, superamos! Mas...

- O que?

- Fazia tanto tempo que eu não ouvia falar nela que acho que até pensei que ela nem existia mais! E ai de repente ela volta e...

- Rose, ela só está no mesmo país que nós! Isso não quer dizer nada.

- E se...

- A Roxanne chamar ela para um chá? Não se preocupe, não acho que ela vá mesmo fazer isso. – O loiro disse com aquele sorriso que só ele tem.

Claire, enrolada numa toalha com toca, estendeu as mãozinhas para ele, que sorriu mais ainda e a pegou do meu colo, levando- a até o quarto dela.

- Quem é o melhor agora, Rose? – Ele riu.

- Continua sendo eu, seu babaca.