Cabelos negros como a noite e pele clara como a neve, olhos de um castanho observador. Catherine sentou-se na velha poltrona marrom ornamentada com pequenos detalhes dourados.

– Não entendo realmente o que se passa - começou o seu discurso para o ser a sua frente - estou cada vez mais distante de mim mesma, consegue ver? - perguntou para aquela coisa que ela via - Não? Sim, isso mesmo - confirmou -. Parece que estou me dividindo, a alma para um lado, o corpo para o outro - sorriu.

Catherine agora estava praticamente deitada naquela poltrona, olhando, não mais a figura que estava de frente para ela, mas sim para o teto, ah, aquele teto, todo pintado de preto, lembrava-lhe o céu sem estrelas...

– Engraçado, não? - voltou seus olhos para os da pessoa - Não? - encarou-a profundamente - Trágico? Não! Que isso? Imagina! - mostrou-se indignada - O que há de ruim em deixar algumas partes para trás? - perguntou - Como assim "quê partes" ? - Cathe já estava de pé quando proferiu a frase, irritada com tal pergunta - Ora essa, a pior, dã - voltou a sentar-se desleixadamente com os olhos presos no vazio -. Louca? Eu? - Deu uma risada forçada - E o que há de loucura em querer ser feliz? Em querer tirar de si um pedaço de que não se gosta? De querer ser aceita? - Voltou a encarar a pessoa a sua frente - Foi o que eu pensei - disse por fim -. Loucura é ser louca e louca eu não sou.

A jovem morena encarou a pessoa com quem conversava a alguns minutos.Cabelos negros como a noite e pele clara como a neve, olhos de um castanho observador. Catherine se pôs de pé e a imagem a imitou, as duas se aproximaram. Cathe sorriu e tocou o espelho para, logo depois, cobri-lo com um lençol branco.

– Foi bom conversar com você, Catherine.