Don't be fear of the darkness escrita por ABNiterói


Capítulo 20
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Até que não demorei tanto dessa vez...
Bom capítulo!



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No último capítulo...

– Sério? Eu aqui, abrindo meu coração a você e o senhor quer que eu leia? – me permiti um sorriso e peguei o livro. – Vamos ver o que temos aqui...

As páginas eram amareladas e velhas, mostrando a idade avançada do livro. Não havia titulo algum na capa azul de couro, e quando o abri, senti o característico cheiro de pergaminho que eu tanto amo.

De cara não havia nada escrito naquelas paginas, mas uma bela letra cursiva começou a se formar. Imediatamente lembrei-me do diário do meu pai.

Uma única palavra formou-se na primeira página: BAKANT. Folheei o livro curiosa, lendo apenas os títulos dos capítulos. O que somos. Companheiras. Acasalamento. Foram os títulos que mais me chamaram a atenção. Nas últimas páginas havia os nomes de todos os Bakant, acompanhados pelas datas de nascimento e morte. O último nome havia nascido muitos anos depois da morte do Bakant anterior: Prince, Severus.

– Como você conseguiu achar esse livro Crookshanks? – perguntei mesmo sabendo que não receberia resposta. Ele apenas piscou e deitou na poltrona ao meu lado, começando um demorado banho de língua.

Mesmo estando abatida por saber que Severus era esse ser, eu faria o que sei de melhor, ou seja, pesquisar e estudar.

Capítulo 15

POV Hermione Riddle

Incrivelmente não foi difícil convencer Dumbledore a me deixar ir para casa durante aquela semana. Eu havia lido duas vezes aquele livro sobre Bakant que Crookshanks achou e agora eu entendia melhor o que era o homem ao qual eu havia inconscientemente entregue meu coração.

Quando Severus disse que era relacionado com as Veelas, eu imaginei que sua companheira seria alguém essencial em sua vida, mas depois que li aquele livro entendi que morte seria algo muito melhor se comparado ao que ele sofreria se perdesse quem seu espírito escolheu para ser a outra metade de seu ser.

Eu entendia. De verdade. Mas isso não me impedia de sentir meu coração ainda quebrado em meu peito. O livro descrevia como era a relação entre o Bakant e sua companheira. A mulher se tornava algo tão precioso, tão único àqueles homens, e a relação que eles mantinham era simplesmente perfeita, invejável. Envolvia tanto amor!

Depois daquela noite – que sim, eu sei que exagerei na minha reação ao ouvi-lo falar sobre sua companheira – eu não voltei a ver Severus. Foi uma tortura passar quase uma semana sem vê-lo, mas eu não fui a nenhuma de suas aulas de DCAT nem em nossos encontros noturnos. Por duas vezes Sev tentou me parar nos corredores, mas eu fugi. Uma noite ele me enviou uma carta, mas antes que a coragem fugisse, eu queimei o pergaminho.

Harry e Ron me perguntaram se estava tudo bem depois que eu fiquei duas noites sem me encontrar com Snape. Optei por uma meia verdade e disse que o professor havia me irritado, e que eu precisava de alguns dias de descanso.

– Você aguentou tempo demais Mione! Se fosse eu já teria matado o morcego – riu Ron. Quando ele disse aquilo, percebi que os alunos não estavam tão errados ao chamarem Severus de morcego, afinal, ele era parte esse animal.

Potter perguntou se Severus havia feito alguma coisa para mim, e mesmo eu afirmando que estava tudo bem, ele insistiu que eu devia contar o que aconteceu a Albus. Neguei e mudei de assunto, contando-lhes sobre a festa de meus pais, e que eu estava ansiosa para vê-los.

Com minhas malas arrumadas e encolhidas, me dirigi ao escritório do diretor. Não era contra as regras escolares, mas também não era certo ficar voltando para casa durante o ano letivo. Eu não estava me importando. Além de aquela ser uma ocasião especial para meus pais, mesmo que eles não fossem meus verdadeiros pais, eu queria estar lá. Mas também queria um tempo longe de toda aquela confusão que eu havia criado.

Eu sabia que não poderia fugir de Severus para sempre. Mais do que seguidor de meu pai, integrante dos Cavaleiros de Walpurgis e meu professor, eu amava aquele homem. Mesmo tendo certeza de que nossos destinos nunca se misturariam, eu ainda continuava a ama-lo. Eu não conseguiria me afastar dele. Tirá-lo de minha vida completamente. Então decidi que aproveitaria a festa de Paul e Jean, e quando eu voltasse para escola eu pediria desculpas pelo modo que agi e faria de tudo para voltarmos a ter a relação que tínhamos antes de eu perguntar sobre seu anel.

Usei pó de flu para viajar. Dumbledore não estava lá quando cheguei à sala dele, e agradeci por isso. Eu não estava no clima para encarar o velho. Entrei nas chamas verdes e mal consegui tirar o pó de minhas roupas quando senti Jean me abraçar.

– Eu estou tão feliz que você conseguiu vir! Eu sei que você está passando por um monte de coisa, mas eu e seu pai estamos muito contentes por você estar aqui.

– Eu também estou – respondi sinceramente – Onde Paul está?

– Trabalhando ainda. Eu tive que deixá-lo sozinho no consultório por essa semana para conseguir arrumar tudo para a festa. Venha, vou te mostrar como está ficando...

Segui Jean para o quintal e deixei que ela me mostrasse onde cada coisa ficaria. Deixei o mundo mágico para trás por alguns momentos enquanto me diverti ouvindo minha segunda mãe divagar. Mais tarde paramos para tomar um chá da tarde tipicamente londrino.

– Falei muito já – Jean disse quando nos acomodamos na pequena mesa que havia na sala. – Pode me contar tudo mocinha.

– Não tem muito que dizer... – sorri em falso.

– Sim, e eu vou fingir que não vi as mascas de lágrimas na última carta que você me mandou. Sabe, você pode não ter nascido de mim, mas eu nunca te considerei como nada menos que a minha filha. Eu te conheço muito bem Hermione. Se você não quer dizer, tudo bem, não vou te obrigar, mas não minta para mim. Eu sei que você não está bem.

Encarei Jean por um segundo. Eu sabia que eu nunca falaria com Bella sobre isso, ou com qualquer outro bruxo ou bruxa, e eu precisava desabafar.

– Eu apenas me apaixonei pela pessoa errada.

– Ah! Minha filha! – Jean veio até mim e me abraçou. Acho que ela nunca havia me abraçado assim, ou eu apenas estava carente demais. Ela se sentou a meu lado, tirou uma mecha de cabelo que havia caído em meu rosto e sorriu. – Eu costumo pensar que não há como se apaixonar pela pessoa errada, pois se ela fosse verdadeiramente errada, você não teria se apaixonado.

– Queria que fosse tão simples assim...

Contei então sobre eu estar prometida a alguém desde que nasci. Jean surtou quando eu disse isso, e mesmo eu dizendo que essa é a tradição, nada conseguiu tirar da mente da minha mãe que ela iria trocar uma palavrinha com meus pais assim que ela os visse novamente. Ri com a imagem da cena que se formou em minha mente.

Hesitei quando Jean perguntou quem havia roubado meu coração. Eu não me lembrava dela ter visto Severus alguma vez, mas eu desde pequena sempre falei muito sobre meu professor.

– Se você não vai dizer, eu vou adivinhar. É aquele seu professor... Severus?

– É tão obvio assim? – pedi surpresa.

– Não o suficiente para qualquer um ver, mas eu te conheço desde que você era uma criancinha. Você falava tanto desse professor quando você era pequena. Como ele era inteligente e habilidoso, e como ele não dava crédito ao que você fazia e que você queria impressioná-lo. – desviei o olhar sabendo que eu estava corada – Quando essa vontade de chamar atenção virou algo mais?

– Não tenho certeza. Quando eu estava com Viktor ou Draco eu nunca cheguei a pensar em qualquer tipo de relacionamento com Severus. Eu sempre gostei dele, mas era algo tão... inocente. Então, nas últimas férias, meu pai pediu para que Severus me ensinasse algumas tradições e essas coisas sobre a minha família. Nós passamos a conviver e era tão natural estar ao lado dele. Não sei quando ou como, só sei que um dia eu amava-o incondicionalmente.

– Então você o ama de verdade. Não é uma fase. Esse tipo de amor que você sente não vai ir embora.

– Mas também não vai nunca se consumar.

Disse sobre Sev ser um Bakant e o que isso significava. Disse-lhe como eu pude sentir meu coração quebrar dentro de mim quando ele disse que possuía uma companheira. Contei todos os meus temores.

– Acredite mais nos seus desejos. Escute o que essa mãe sua está dizendo: o destino prega peças nas pessoas. Você pode sempre se surpreender. Agora venha. Ajude-me a preparar o jantar.

Nunca liguei muito para moda, mas minhas mães tinham razão: nada melhor do que um banho de compras para melhorar a autoestima. E, é claro, um Oscar de La Renta combinado com um sapato Prada (http://www.polyvore.com/dodici/set?id=134553913) tinham enorme influência no sorriso que estampava meu rosto enquanto eu ia em direção à festa. Quando cheguei ao quintal de minha casa trouxa, o qual eu havia ajudado Jean a arrumar com um pouco de magia e estava maravilhoso, vários convidados já andavam pelo espaço. Uma coisa que havia em comum entre minhas famílias era a disposição de ambas para darem festas.

Apesar de não ser algo tão comum entre os Granger, quando meus pais trouxas resolviam comemorar algo, era tão tedioso quanto às festas de Lord Voldemort que eu presenciara. Um bando de bajuladores metidos e sem assunto.

Fugindo desses convidados desagradáveis, procurei por Paul. Ele estava conversando com seus pais, seu irmão e a esposa dele. Mesmo meus “avós e tios” não sendo minhas pessoas favoritas, preferi a presença deles à das outras opções.

– Olá Paul – cumprimentei meu pai com um beijo em seu rosto e recebi um abraço como resposta.

– Mais respeito com seu pai menina! Isso é jeito de falar? E que roupa é essa? – grunhiu minha querida avó. Revirei os olhos ao perceber que meus tios acenavam a cabeça em concordância às palavras da velha.

– Pare com isso mamãe – Paul interferiu antes que eu fizesse alguma bobagem. Como fazer a velha acidentalmente morrer asfixiada. – Você está linda Hermione.

– Obrigada – sorri, morrendo de vontade de mostrar a língua como se fosse uma criança. – Jean está quase pronta. O juiz de paz já chegou?

– Sim – respondeu meu avô e em seguida me deu um abraço – Você já é uma mulher, e não poderia estar mais bela. Não ligue para o que Inês diz. – sussurrou conspirador uma das únicas pessoas daquela família que eu gostava.

Continuei a prestar atenção ao que eles estavam conversando enquanto eu divagava. Amanhã seria sexta-feira, então Dumbledore me permitiu ficar até domingo à noite fora do castelo. Eu estava contando as horas para finalmente ver Severus novamente.

Não demorou muito e Jean chegou. Ela estava linda em seu vestido coral, e por um minuto eu a invejei. Inveja por ela ter quem ama ao seu lado. Espantei esse pensamento e fui cumprimentá-la. Paul me acompanhou, e quando me separei de minha mãe, ele beijou-a e guiou-a até o altar que havíamos montado.

As pessoas pararam de falar e se posicionaram para ouvir enquanto o juiz reafirmava os votos que meus pais se comprometeram a cumprir em seu casamento. Quando o homem terminou, muitos convidados choravam suas lágrimas de crocodilo. Mais uma vez cumprimentei meus pais, e então a festa começou.

Domingo não tardou a chegar. Eu havia passado a manhã com Jean e Paul, aproveitando cada segundo já que eu provavelmente só os veria novamente no próximo ano. Depois do almoço eu os deixei sozinhos e fui em direção ao meu quarto, rearrumar minha mala. Eu podia fazer isso rapidamente com um feitiço, mas antes que eu percebesse eu estava mexendo em gavetas que continham coisas antigas, e me perdi em lembranças.

Eu estava tão distraída que mal ouvi o barulho estranho que percorreu a casa. Eu sabia que não podia ser nada demais, afinal a casa estava protegida daqueles que não eram convidados, mas algo se acendeu em mim e eu sabia que algo não estava certo. Desci correndo as escadas apenas para achar meus pais na sala de estar. Paul estava na frente de minha mãe como se estivesse a protegendo. Em frente a eles estavam dois homens vestidos com capas negras que os cobriam dos pés a cabeça e usavam conhecidas máscaras de prata. Não pareciam ser as máscaras normais de comensais, mas eu fiquei preocupada e nada fazia ir embora à sensação de que algo estava errado.

Tom, meu pai, não mandaria alguém vir até mim sem me avisar antes e, mesmo se o fizessem, os respectivos comensais não estariam usando capas e máscaras.

Aqueles dois apontavam a varinha para meus pais e quando viram que eu estava chegando, mesmo com a máscara, eu tinha certeza que eles sorriram. Ao mesmo tempo, eles lançaram um crucio em meus pais. Eu paralisei no meio da escada sem conseguir pensar no que fazer. Eu estava estática. Quando finalmente consegui me libertar do torpor, gritei e corri até eles, terminando de descer as escadas e chegando a sala.

Sem pestanejar, eles lançaram a maldição da morte. Em minha frente. O feitiço em forma de um raio verde cruzou o pouco espaço entre meus pais e os Comensais. Matando meus pais no mesmo instante.

– NÃO! – eu gritei o mais forte que pude, mas mesmo assim não tinha nada que eu podia fazer. Minhas pernas perderam todo o controle e eu caí no chão sem me importar com o que eles fariam comigo. Os homens olharam para mim, riram e simplesmente sumiram da minha casa, como se nenhuma das proteções que havia ali existissem.

Eu estava acabada. Não sabia o que pensar. Eles não podiam ser comensais. Não de verdade. Lord Voldemort ou Bella não fariam isso a mim. Eles prometeram que Jean e Paul estavam seguros! Mas mesmo assim, como... e agora eles estavam mortos. Foram torturados e mortos na minha frente, na minha casa. Quando lembrei que sou uma bruxa, já era tarde de mais e não havia nada que eu pudesse fazer. Meus pais estavam mortos e os responsáveis por isso haviam fugido sem dificuldade alguma.

Quando finalmente consegui levantar, subi ao meu quarto, peguei minha mala e quando voltei à sala, suspirei lançando um Incendio na casa. Era algo inconsequente e feito por impulso, mas eu sabia as suspeitas que seriam levantadas quando policiais trouxas chegassem e encontrassem dois corpos na sala, mortos sem qualquer indicio do que lhes aconteceu. Doía estar fazendo aquilo a duas das poucas pessoas que eu verdadeiramente amava, mas como eu nunca poderia dar-lhes um funeral respeitoso, cremá-los era a melhor e mais segura opção. Quando vi que as chamas estavam em um ponto que não poderiam salvar nada, aparatei até os limites da escola.

Não que eu quisesse voltar para a escola naquele momento. Com toda certeza eu não queria. Mas o único outro lugar que eu poderia ir – a Mansão Malfoy – não parecia nenhum pouco convidativo considerando que eu havia acabado de ver dois comensais matarem meus pais.

Sem perceber que o fazia, eu não havia parado de chorar por nenhum minuto, nenhum segundo na verdade. As lágrimas marcavam meu rosto. Eu soluçava e mal conseguia ficar de pé. Eu sabia que meu estado era horrível, e agradecia por todos os alunos estarem, provavelmente, dentro do salão principal jantando enquanto eu corri. Não sei para onde. Eu não sabia para onde meus pés me levavam, eu não tinha noção de nada. Eu vi as paredes do castelo passando por mim. A minha volta... corredores e escadas e fantasmas, mas eu não via nada.

Eu estava desesperada. Eu estava quebrada. Eu estava acabada.

Era possível alguém se sentir assim? Tão no fundo do poço. Traída. Perdida.

Mesmo não me lembrando de bater em uma porta, apenas percebi onde estava quando Severus abriu a porta de seus aposentos. Ele não me perguntou nada, não disse qualquer coisa, mas na hora que seus olhos foram postos em mim eu sabia que eu ficaria bem, por algum motivo, então me lancei em seus braços, chorando ainda mais contra seu peito. Incrivelmente ele me abraçou. Abraçou e ainda assim não perguntou nada, apenas deixou que eu ficasse lá, chorando, de algum modo tentando aceitar o que havia acontecido.

Sev me levou para dentro de seu quarto e sentou em uma poltrona comigo em seu colo. Não sei quanto tempo eu fiquei lá. Eu não tinha noção de tempo, eu não tinha noção de nada.

Eu estava perdida. Eles eram meus pais. Mesmo eu não tendo nascido deles. Eles me criaram, eles me educaram por praticamente toda a vida. E agora, ele simplesmente... tinham ido, não existiam mais. Por minha causa.

Quando finalmente consegui me acalmar, separei-me de Severus, mas não consegui dizer obrigada. Eu não consegui dizer nada. Eu não conseguia me levar a falar. Eu não tinha controle de mim mesma. Pelo menos eu havia parado de chorar, mas ainda sim... nada tinha mudado. Era uma sensação ao mesmo tempo estranha e reconfortante. Eu sentia seus braços, seu corpo e o torpor. E a dor sempre constante.

Ele tocou levemente em meu rosto, acariciando-o, e era uma sensação tão boa ao contrario de tudo o que havia acontecido... ele olhava dentro dos meus olhos. Aqueles olhos negros, tão lindos... olhando para mim, não com pena, mas com carinho. E eu agradecia por isso. Eu não suportaria se alguém olhasse para mim com pena, se dissessem que ficaria tudo bem. Não seria verdadeiro, de ninguém.

– O que aconteceu? Eu preciso saber. – sua voz parecia vir de dentro de minha cabeça. Eu não duvidaria disso se não fosse por seus lábios se movendo ao formarem cada palavra. Mas eu não conseguia falar. De algum modo minha voz havia sumido. Eu não conseguia dizer para ele o que havia acontecido. Eu simplesmente não podia.

Então apenas levei sua mão até minha cabeça e olhei dentro de seus olhos, abaixando minha barreira mental, que de alguma forma ainda estava intacta, permitindo que ele visse minhas lembranças de tudo o que havia acontecido, desde quando ouvi os gritos, até quando eu vi. E novamente eu vi aquelas cenas se passando enquanto ele olhava em minha mente. E novamente comecei a chorar. Eu não suportava aquilo. Era muito para mim.

Severus me abraçou novamente e sussurrou em meu ouvido “Calma Carinho. Eu sei que não adianta dizer que tudo vai ficar bem, afinal eles eram seus pais, apesar de tudo, isso não tem como negar. E é normal você sentir essa dor, ainda mais quando suas vidas foram tiradas em sua frente, mas não duvide de seus verdadeiros pais, eles não fizeram isso, não mandaram fazer isso.”

Olhei para ele novamente, tentando saber se ele estava apenas tentando me acalmar ou se realmente dizia a verdade. Ele deve ter visto a dúvida em meus olhos, porque disse “Aquelas não eram as verdadeiras vestes dos comensais. As máscaras eram muito parecidas, mas haviam alguns detalhes... você não saberia ver, apenas alguém que passou anos dentro de tudo isso poderia perceber esses detalhes. Eles não são comensais”.

– Se eles não são comensais, quem são? – Eu disse as primeiras palavras. Minha voz ainda rouca e falhada. – Quem mataria minha família? Por quê?

Ele ficou em silêncio. Talvez não soubesse responder também, mas eu jurava, eu vi uma pontada de ódio em seus olhos. Apesar do rosto inexpressivo, aqueles olhos nunca mentiam, e eu sabia que sempre poderia confiar neles para saber a verdade do que aquele homem estava sentindo. Eu sabia que apesar de não querer me dizer, ele tinha certeza absoluta de quem havia mandado matar os meus pais.

Depois vim a perceber que eu sabia quem havia ordenado a morte dos Granger, era óbvio. Era uma manipulação que teria funcionado muitíssimo bem se eu não possuísse Severus ao meu lado. Mas, no momento, não tentei insistir. Eu acho que, naquela hora, se eu soubesse quem realmente fez isso, eu mataria a pessoa. Eu estava louca por vingança. Eu queria matá-los por terem feito isso. Então era apena um alivio saber que não foi meu pai quem mandou fazer isso. Eu fiquei mais calma. Eu não suportaria se realmente fosse meu pai. Apesar de todas as estórias, a essa altura eu já confiava plenamente nele e quando ele me prometeu que não mataria meus pais trouxas, eu acreditei nele, e era bom saber que minha promessa havia sido cumprida.

Eu estava divagando. Tentando entender como quem quer que seja conseguiu entrar em minha casa com todas as proteções que lá havia. Apenas relembrei onde estava quando Severus levantou-se, apesar do meu protesto inconsciente, e me deixou ali, sentada naquela poltrona. Naquela poltrona quente que tinha seu cheiro, que me inebriava. Aconcheguei-me ali, naquela poltrona. O corpo encolhido, abraçando minhas pernas... sentindo falta de seu corpo contra o meu. Era impressionante como eu inconscientemente sentia sua falta. Como ele me anestesiava e impedia que minha dor se espalhasse.

Queria ser uma verdadeira grifinória naquele momento e ter coragem o suficiente para me jogar em seus braços e beijá-lo, e deixar toda aquela dor que eu sentia sumir em forma de paixão. Deixar de lado tudo o que eu sabia sobre ele. Meu corpo clamava por aquilo, mas eu não consegui. Então eu apenas suspirei e esperei até que ele voltasse me entregando uma poção calmante. Imediatamente tomei aquilo e apesar de ainda sentir a dor da perda, a poção serviu ao seu propósito.

– Desculpa Sev – pedi antes que eu perdesse a coragem – Não sei por que agi como agi... Eu...

Ele cobriu minha boca com um dedo, impedindo-me de continuar.

– Não peça desculpas quando você não fez nada de errado. Eu não pude explicar as coisas direito. Mas depois conversaremos sobre isso com calma. Agora não é o momento, e mesmo que fosse você não está bem.

– Obrigada Severus. – sussurrei sabendo que tudo estava bem entre nós.

Ele sentou no braço da poltrona e me puxou de lado, fazendo com que eu escorasse a cabeça em suas pernas e passou a acariciar meus cabelos, esfregando as mãos em meus ombros, nos meus braços, me acalmando além do que a poção poderia fazer.

– Porque você veio para cá, Carinho?

Olhei para ele interrogativamente, não entendendo a pergunta. Apenas sentindo que ele não queria que eu estivesse lá. Então eu senti isso: Senti que ele não me queria lá, e aquilo doeu. Severus estava sendo meu porto seguro naquele momento, mas sua pergunta não condizia com o momento.

Eu estava prestes a me levantar quando ele me segurou e disse “Não. Eu não quero que vá embora. Eu fico feliz que tenha vindo até mim, mas eu não posso entender. Por que eu? Você poderia ter ido a qualquer um. Ainda mais depois de você ter fugido de mim por uma semana. Você tem à Draco, à seus pais, mesmo à Potter e Weasley... Eu só quero entender porque eu. Porque você veio para mim?”

Olhando em seus olhos, respondi o mais sinceramente que pude. “Eu não sei Severus. Eu não sei, de verdade. Eu estava... estou tão abalada. Eu apenas sei que aparatei nos limites do castelo e apenas sai andando, correndo, e eu não sabia o caminho que meus pés faziam. Meu inconsciente me trouxe até aqui. Eu só percebi onde estava quando você abriu a porta. Quando você me abraçou. Antes disso, eu não fazia ideia de onde estava indo, mas eu fico feliz de ter vindo até aqui, eu tenho certeza que em outro lugar eu não estaria tão bem quanto estou agora. Você fez o que eu pensei ser impossível, Severus. Muito obrigado. Você conseguiu me tranquilizar de uma dúvida que... estava me corroendo por traz da dor”.

– Ah Carinho! Eu sempre vou estar aqui por você. Lembre-se disso. Para qualquer coisa que você precisar, eu sempre estarei aqui. Sempre ao seu lado. – Ele me puxou então para o seu colo, e apesar de que se eu estivesse em plena consciência, eu acharia tudo aquilo estranhamente bom, eu estava feliz. Eu estava mais feliz do que nunca, por estar em seus braços, e aquilo acalmava minha dor. Era o contrapeso perfeito. Tudo o que eu precisava.

Ele me segurou apertado e então começou novamente a passar as mãos em meus braços e meus cabelos, fazendo círculos suaves com as mãos, me deixando em um estado bom de letargia. Eu ainda sentia dor pela perda, mas estava feliz por estar lá, em seus braços.

E com esses pensamentos minha mente foi nublando, até não existir mais nada, apenas o escuro, e eu dormi tranquilamente em seus braços. Sentindo sua respiração em minha cabeça, e ouvindo seu coração batendo em meu ouvido.


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Notas finais do capítulo

Sem muito o que dizer. Desculpem se o capítulo ficou um pouco sem sentido ou confuso.
Até o próximo!
Kisses