Eu sai daquele ginásio as gargalhas, o plano foi melhor do que eu poderia e só estava começando, eu ia fazer muito pior ainda. Damon Salvatore que se prepare porque ele está ferrado.
Os corredores estavam vazios porque todo mundo ainda estava no ginásio. Estava vazio exceto pelas duas únicas pessoas que estavam ali.

― Sua vadiazinha ordinária! ― Foram as palavras que me saudaram antes de Katherine me pegar pelos cabelos com as duas mãos e sair me arrastando com ela até o banheiro.

― Katherine, me solta! ― Tentei me soltar mas ela era mais forte. Ela só me soltou quando já estavámos dentro do banheiro com um empurrão. Depois trancou a porta do banheiro atrás de nós.

― Eu vou matar você, está me ouviu? Devolve o meu colar agora e minhas roupas. O que é esse cabelo? Se vai se passar por mim pelo menos esteja apresentável, onde você vai vestida assim? Estrelar um episódio de Sons Of Anarchy?

― As roupas são suas, se as acha tão ruim porque são suas? ― Falei tentando me recuperar. Katherine sabia brigar como uma pantera, enquanto eu era mais para um macaco.

― Elas não são para usar nessa combinação, se quer acabar com a minha vida social você conseguiu! ― Ela disse irritada. ― Agora devolva o meu colar e tire essas roupas agora, pare de se passar por mim.

― Não, eu não vou! ― Respondi de volta como uma criança emburrada. ― E é melhor você me obedecer e me ouvir, antes que eu acabe com a sua reputação.

― Você já deve ter acabado com essa cara de monga e essas roupas. ― Katherine revirou os olhos. ― Estou falando sério Elena, pare com isso agora.

― Não, eu não vou. Nós estamos trocando de lugar temporariamente. ― Falei firme, como deixando claro que não haveria outra escolha.

― E porque diabos eu vou trocar a minha vida perfeita pela sua? Você só pode ta brincando Elena, não existe motivo no mundo que vai me fazer aceitar isso. ― Katherine me fuzilou com os olhos.

― Na verdade, existe sim. ― Fiz uma pausa e a olhei, ela ficou em silêncio me esperando continuar. ― Aqui. ― Abri a minha bolsa e tirei o caderno e o livro dali de dentro, entregando nas suas mãos.

Katherine me olhou com curiosidade e pegou os livros da minha mão, ela também observou as iniciais de Damon gravadas no caderno. Então abriu o mesmo e viu algumas páginas, lendo-as por cima. Depois abriu a primeira página do livro e viu. Por incrível que pareça ela não parecia surpresa ao ver aquilo.

― Não é problema meu. ― Ela disse sem olhar nos meus olhos, me devolvendo os dois cadernos.

― É só isso o que você sabe dizer? Acho que é, já que você é tão egoísta que não pode enxergar nada além de si mesma. ― Respondi. ― De qualquer forma Katherine, acaba de se tornar seu problema também. Porque quando isso for a público, as pessoas vão gostar de você quanto gostam de Damon. Senhor e senhora perfeição... ou devo dizer, senhor e senhora sem popularidade.

― Porque você está fazendo isso comigo? ― Ela gritou com raiva. ― Eu nunca fiz nada para você.

― Exatamente Katherine, você nunca fez nada por mim e nem por ninguém. Então eu estou fazendo por você, estou te ensinando uma lição que você nunca vai esquecer... nunca tratar as pessoas como lixo porque um dia pode ser você no lugar deles. Sair da sua casinha de popularidade e segurança por um tempo vai te fazer bem para conhecer o mundo real.

― Eu vou contar para a mãe e para o pai! ― Ela me ameaçou, de nariz empinado como sempre.

― Conta e eu vou contar algumas coisas para eles também, como o fato de você estar fazendo sexo o tempo todo com Damon e por ele ter te dado dois quartões de crédito. O que você é agora, uma puta? O que acha que eles vão dizer, Katherine?

― Isso não é da sua conta, meu Deus, para de se meter na minha vida!

― Minha vida. Vai ser assim de agora em diante, até que eu diga o contrário. Espero que você aprenda algo com o tempo que vai passar sendo eu. ― Forcei um sorriso. ― Tchau, Katherine.

Ela ficou apenas me observando em silêncio quando eu abri a porta do banheiro e sai, a deixando ali sozinha. Assim que sai para o corredor dei de cara com Caroline Forbes e mais três bajuladoras bem atrás dela, ter minha irmã aqui agora não seria ruim.

― Olha só se não é a rainha dos condenados. ― Caroline sorriu venenosa, eu não sabia quem era pior. ― Desde quando você faz caridade, Katherine? Pegou todo mundo te surpresa beijando o esquisito.

― Damon fez um discursso tão inspirador que achei que ele mereceu um beijo! ― Forcei um sorriso, fazendo as garotas atrás dela darem risadinhas.

― Posso te dar um conselho? Aproveita enquanto são de graça porque um dia as pessoas vão cobrar para ouvi-los. Não faça isso, nunca mais! Seu nível social caiu duas casas. ― Ela falou e eu fiquei em silêncio, não dando importancia e esperando por ela falar alguma coisa mais interessante. ― De nada! ― Ela disse frustada por eu não falar mais nada e saiu dali.

Caroline era quase uma versão um pouco mais cruel que minha irmã e loira, isso é tipo muito pior e então coloque as duas juntas, é como o apocalípse. Elas estão constantementes em uma briga por popularidade em que minha irmã sempre vence por ser mais carismática e ter um namorado mais bonito que Tyler Lockwood. Elas eram as melhores ini-migas do mundo.
Katherine só saiu do banheiro quando a multidão já havia se acalmado, ela não queria ser vista daquele jeito, não queria ser vista como Elena Gilbert. Katherine saiu do banheiro as preças e cabisbaixa, evitando qualquer contado visual com alguém, mas deu três passos pelo corredor e trombou em Stefan.

Coloque a música antes de continuar lendo.

― Olha por onde anda, aberração! ― Ela disse irritada, olhando para ele que pareceu surpreso com a sua reação.

― Desculpa, não foi minha intenção... você só saiu como um foguete e trombou em mim. ― Ele sorriu envergonhado e sem jeito. Então olhou para as suas roupas, ele poderia jurar que alguns minutos atrás quando ela (eu, na verdade) o beijou, estava vestindo outra roupa. ― Porque mudou suas roupas?

― Hã? Eu não mudei de roupa! ― Katherine o olhou confusa. ― O que você quer? ― Ela disse sem paciência e indecente.

― Bom, eu achei que depois do que acabou de acontecer poderíamos conversar, não é? ― Ele sorriu educadamente.

― O que aconteceu? Não aconteceu absolutamente nada! ― Katherine o olhou ainda sem entender.

― Katherine, você acabou de me beijar na frente da escola toda. ― Stefan disse tão confuso quanto ela.

― O meu Deus, eu não acredito que ela fez isso! Eu vou matá-la. ― Katherine abriu a boca em pavor. ― Essa foi Elena, ela está se passando por mim... temporariamente, não conte para ninguém ou eu acabo com você, me entendeu? Beijar você, eu jamais faria isso. Eu não beijo perdedores. ― Ela gargalhou como se ele não estivesse ali.

Stefan ficou em silêncio e baixou os olhos, ele estava completamente envergonhado e humilhado. Ele engoliu em seco e levantou os olhos, olhando para ela que ainda ria.

― Você tem razão, por um momento quase me esqueci que você não beija perdedores. Obrigado por esclarecer as coisas, Katherine.

Eu não vi mais Stefan naquele dia e muito menos minha irmã, eu acho que como ambos não estavam no seu melhor dia eles acabaram indo embora. Enquanto a minha glória continuou por um bom tempo e todos ficavam gritando e rindo comigo, enquanto Damon ficou com a cara fechada o dia todo. Eu acho que ele estava a ponto de me estrangular mas como sempre havia muita gente por perto ele teve que esperar até a aula acabar.

― É o suficiente, pare com isso agora! ― Damon me deu um puxão pelo braço na hora da saída, me arrastando para longe das outras pessoas. Ele estava muito nervoso.

― Me solta! ― Ordenei e ele obedeceu. ― Parar? Eu só estou começando.

― Elena, é o suficiente, já me humilhou de todos as formas. O que mais você quer fazer? ― Ele perguntou sem acreditar no que eu estava fazendo.

― Eu vou fazer muito pior, Damon. Você e minha irmã vão pagar por todas as coisas ruins que vocês já fizeram a pessoas boas. Você não gosta de ser o caçador, como se sente sendo a caça? ― Forcei um sorriso inocente como o de minha irmã.

― Elena, por favor. Eu estou te pedindo por favor, me devolva e vamos acabar com isso numa boa. Prometo que não pego mais no pé do seu amigo mas pare com isso agora.

― Damon. Damon. ― Falei sorrindo e segurando seu rosto com as mãos. ― Quando você vai aprender que não é você quem dita as regras nesse acordo? Você vai ser meu cachorrinho e vai andar na coleira curta. ― Deslizei minhas mãos do seu rosto para o seu pescoço e as fechei ali.

― Pare com isso! ― Ele tirou minhas mãos dele me fazendo rir.

― Você vai me dar uma carona agora e vai passar o resto do caminho em silêncio. ― Fiz uma pausa me virando para ir, mas me lembrei de mais uma das minhas exigências. ― Mais uma coisa, coloque Stefan no time de futebol.

― O que? Isso está fora do meu alcance. Não posso simplesmente colocar alguém no time de futebol porque você quer. Ele sabe jogar? Mande ele se inscrever e quem sabe o chamamos para fazer o teste.

― Ele não vai precisar fazer teste nenhum, Stefan é um ótimo jogador e vai provar isso para você com facilidade. Qual é Damon, todo mundo sabe que é só você estalar os dedos e tudo o que você quer acontece como mágica.

Damon me respondeu apenas com um olhar em fúria que me fez rir, ele me deu um carona em silêncio até a minha casa. Mesmo quando eu decidi falar ele se recusava a se responder, só dirigia com a mesma cara fechada o caminho todo. Quando parou o carro na frente de casa eu vi Stefan sentado nos degraus da frente, sai do carro como um foguete tentando me decidir como eu ia agir agora. Caminhei até a frente dele e o olhei parado ali, a sua cara já dizia tudo.

― Steffy. ― Comecei, me sentindo completamente culpada e má.

― Não. Porque não me contou? ― Ele me olhou nos olhos. ― Deveria pelo menos ter me avisado e ia me poupar de passar vergonhado com a sua irmã.

― Eu queria te contar mas aconteceu tudo tão rápido...

― Realmente, e Katherine fez questão de deixar as coisas bem claras para mim. Ela não beija perdedores, foi isso o que ela disse. ― Ele fez uma pausa. ― Parece que toda vez que eu acho que existe uma pequena esperança alguém sempre me lembra que ela é impossível.

― Stefan, me desculpe. Eu não queria que fosse assim. ― Falei triste.

― Está tudo bem, só queria dizer que da próxima vez que for fazer algo assim me avise, ok? ― Ele abaixou a cabeça. ― Não estou bravo por você ter feito, estou por não ter me contado. Eu tenho que ir.

Então ele saiu dali não me deixando nem me explicar. Entrei para dentro e Katherine já estava ali, sentada no sofá numa montanha de tecidos, seu cabelo estava preso em um coque no alto da cabeça enquanto ela custurava alguma coisa. Ela não disse uma palavra e eu achei melhor também não dizer, apenas caminhei em silêncio até uma poltrona e me joguei na mesma, fechando os olhos e pensando em tudo que eu havia feito.

Coloque a música antes de continuar lendo.

― Difícil ser eu? ― Ouvi a voz de Katherine e abri os olhos, ela ainda estava concentrada no seu tecido.

― Não é lá a tarefa mais fácil do mundo.

― Eu disse que não. ― Ela deu um pequeno sorriso, como se isso fosse me fazer desistir. Ela ficou em silêncio por um momento e depois parou de costurar e me olhou. ― Olha, eu sei que a situação já não é das melhores mas podemos tornar isso tolerável?

― E o que você acha que devemos fazer para a situação se tornar tolerável? ― Perguntei.

― Para começar, se quer ser eu não se vista como um mendingo. ― Ela disse me fazendo rir, como se esse fosse o maior dos males. ― Estou falando sério, só vai vestir o que eu te disser para vestir. E também parar de beijar esses esquisitos.

― Ele não é esquisito, é Stefan. ― Falei cansada.

― Não faz diferença. ― Katherine me olhou sem entender. ― Não sei porque você dá tanto valor a ele.

― Ele é apaixonado por você desde o jardim de infância, sabia? Parece que você nunca notou ou notou e simplesmente ignora. Deveria dar mais valor a quem gosta de você, sabia? ― Fiz uma pausa. ― O que você disse para ele hoje?

― Nada demais, ele pode aguentar.

― Katherine, não seja tão fria!

― Só porque não fico bajulando todo mundo sou fria? Ele não é meu amigo, Elena. É seu, você o meteu nessa confusão, se ele está magoado a culpa é sua e não minha.

― Ao menos seja mais agradável com ele, ok?

― Vou pensar sobre isso. ― Ela murmurou.

― Kat... ― A chamei pelo apelido que não a chamava a anos.

― Tudo bem! ― Ela falou frustada. ― Se isso vai fazer você calar a boca e ele parar de me olhar com aquela cara de cachorro de rua.