Cidade do Tempo Cruzado escrita por Beatriz Costa


Capítulo 6
Capitulo 6


Notas iniciais do capítulo

Finalmente mais um capitulo pronto!!!!!!!!
Espero que gostem
Bjs:)



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Chovia na manhã seguinte. Não era de todo estranho, se você está em Inglaterra e quer acertar o tempo que vai fazer. A aposta segura seria chovendo.

Contudo, Jace se recusava a aceitar que a humidade afetasse seu bom humor. Assim que passaram a porta do Instituto, Clary notou ele visivelmente mais alegre. Apenas a perspetiva de algo mais ativo do que tinham vindo a fazer durante os últimos dias praticamente o fazia brilhar. Jace esvoaçou através de Kings Cross e de volta para Clary, Will, Jem e Tessa, parecendo nunca se cansar, mesmo carregando uma boa parte da bagagem.

Clary também sorria. Era bom ver Jace contente. Além disso, os barulhos da estação de trem a fazia lembrar de Nova Iorque. Pessoas apressadas para a frente e para trás, o mesmo caos organizado das estações modernas. Garotos gritavam os títulos das noticias diárias, e crianças corriam pela estação enquanto suas mães os seguiam com expressões preocupadas.

Jace desapareceu novamente de vista e Will murmurou algo antes de ir atrás dele.

“Eles não nos deixaram, pois não?” perguntou Tessa, lutando com o seu guarda-chuva, que recusava fechar.

“O Jace volta,” respondeu Clary enquanto Jem fechava o guarda chuva de Tessa num movimento rápido. “Eu acho que o Will foi busca-lo e a um carregador.

Nesse momento, Will apareceu com Jace ao lado. Por sua vez Jace trazia um carregador com ar ofendido. O carregador ajudou Cyril com a bagagem que restava, e tirou o que estava com Jace enquanto refilava para eles se despacharem que o trem não iria esperar o dia todo.

Will ia dar uma resposta, mas um olhar rápido de Jace o fez parar.

Seus olhos foram para a bengala de Jem e então fixaram-se no carregador. Seus olhos estreitaram, e pareciam ficar mais e mais escuros até ficarem quase negros. Ele deu um sorriso lento e mortal que fez Tessa lembrar do crocodilo de Alice no País das Maravilhas. Sinistro, e mostrando dentes de mais para ser amigável. “Ele vai esperar por nós,” pronunciou claramente.

O carregador olhou confuso, mas disse "Sir" em um tom decidido e menos agressivo, e começou a levá-los em direção à plataforma de embarque, já cheia de gente.

Tessa agarrava Jem com uma mão e o chapéu com outra. Olhou para trás e viu Clary e Jace passando rapidamente pela multidão. Clary tinha um pouco de dificuldade devido ao facto de ser baixa, mas de resto ambos estavam se saído bem ao passar a multidão.

Jace subiu no trem facilmente e ajudou Clary. Jem o seguiu e ajudou Tessa a entrar. Will deu uma gorjeta ao carregador. O trem deixou a estação.

“Você trouxe algo para ler na viagem?” perguntou Will a Tessa.

“Não,” disse Tessa, tentando não pensar na cópia de Vathek com o poema de Will dentro. Ela o deixou no Instituto para não dar a Will essa satisfação. “Não encontrei nada que gostasse particularmente de ler.”

Will apertou a mandíbula, mas ele não disse nada.

Jace olhou os dois cuidadosamente. Aparentemente ainda não era tudo um mar de rosas com os seus tetra tetra tetra tetra avós. Ele fez uma nota mental para ver isso no futuro. Embora uma porção da sua vida tem sido uma treta, ele gostou de coisas suficientes para querer estar vivo.

“Há sempre algo tão emocionante com o início de uma jornada, você não acha?” perguntou Tessa.

“Não,” respondeu Will aborrecido.

“Prefiro estar onde é preciso que esteja,” comentou Jace. “Chegar lá é apenas mais tempo para tentarem convencer que você está indo para onde vai pelas razões erradas e que não deveria estar indo.”

“Outro ponto de defesa da viagem por Portal,” disse Clary, olhando pela janela. “Embora não vejas as paisagens dessa maneira.”

“Porque misturar séculos ou cair em um lago com propriedades alucinogénias é bem melhor que pegar uma avião ou conduzir,” murmurou Jace, apenas para que Clary pudesse ouvir.

Ela acertou-lhe com o cotovelo. Pensou que talvez tivesse ter feito mais danos em seu cotovelo do que em Jace.

“Nunca esteve no campo antes?” perguntou Jem a Tessa.

“Eu não me lembro de ter deixando Nova Iorque,” admitiu. “A não ser para ir para Coney Island, e não é realmente o campo. Suponho que passei por alguns quando eu vim de Southampton com as Irmãs das Sombrias, mas estava escuro, e mantiveram as cortinas das janelas fechadas.” Ela tirou o chapéu, que estava pingando água, e colocou-o no banco entre eles para secar. “Mas eu sinto como se eu tivesse visto isso antes. Em livros. Ficava imaginando ver Thornfield Hall subindo além das árvores. Ou Wuthering Heights no cume de um penhasco rocho...”

“Wuthering Heights é em Yorkshire,” Jace corrigiu automaticamete. “Nós nem sequer chegamos a Grantham. E pelo que vi, não há nada impressionante em Yorkshire.”

Will acenou. “Não há. Não há colinas e vales, montanhas, como temos no País de Gales.”

“Você sente falta de Gales?”, perguntou Clary. Ela ainda não se tinha acostumado com o jeito de falar Vitoriano.

Will encolheu os ombros levemente. “O que há para perder? Ovelhas e cantorias,” ele disse. “E a linguagem é ridícula. Fe hoffwin I fod mor feddw, fyddai ddim yn cofio fy enw."

“O que significa?”

“Significa: “Quero ficar tão bêbado que não me lembre o meu próprio nome", traduziu Jace.

Will olhou para ele. “Você fala galês?”

Jace deu de ombros. “Um pouco. Além disso, sempre pensei que saber como dizer que quero ficar bêbedo fosse uma das frases mais úteis em qualquer língua.”

“Sinto-me inclinado a concordar com você,” disse Will. Seu tom sugeria que estava bastante surpreso em concordar com Jace.

“Você não parece muito patriota,” observou Tessa. “Você não estava exatamente recordando as montanhas?”

“Patriota?” Will olhou presunçoso. “Eu vou dizer o que é patriota,” disse ele. “Em honra da minha cidade natal, eu tenho o dragão de Gales tatuado no meu ...”

“Você está com um temperamento encantador, não é, William?” interrompeu Jem. Jace notou que embora seu tom não fosse ríspido, era uma das poucas vezes que usava o nome de Will completo. “Lembre-se, Starkweather tem um problema com Charlotte, por isso, se está é a forma que você vai agir…”

“Eu prometo que vou encantar o diabo,” disse Will, sentando-se e reajustando seu chapéu esmagado. “Vou encantá-lo com tanta força que quando for feito, ele será deixado deitado inerte no chão, tentando se lembrar de seu próprio nome.”

“O homem não tem 89 anos?” perguntou Clary. “É capaz de já ter esse problema.”

“Eu suponho que você está armazenando todo o seu encanto agora?” Tessa perguntou. ”Não quer perder nada com a gente.”

“É exatamente isso,” disse Will parecendo satisfeito. “E não é com Charlotte que Starkweather tem problemas, é com o pai dela.”

“Pecados dos pais,” disse Jem. “Eles não estão inclinados a gostar de qualquer Fairchild, ou qualquer um associado com eles. Charlotte não iria mesmo deixar Henry…”

A expressão de Jace escureceu e Clary enrijeceu. “Os pecados dos pais nunca deveriam passar para os filhos,” disse ela. “Afinal, não é como se pudéssemos escolher.”

“O que seu pai fez?” perguntou Tessa.

Jace olhou para ela. A luz quente, como luz do sol, que normalmente aparecia em seus olhos dourados foi substituída por algo mais frio e duro. “Sabe, há essa coisa que deveríamos ter contado, e outra que não contamos. Tenho certeza que o que queríamos contar era “cai fora”. O que não queríamos contar era… oh espera, continuamos sem querer que saibam.”

Houve completo silêncio por um momento. “De qualquer maneira,” Will disse depois de um minuto. ”A razão pela qual Henry não teve permissão para vir foi pelo facto de que assim que saísse de casa ele haveria risco de acidente internacional. Mas para responder à sua pergunta não feita Jem, eu entendo Charlotte, e agradeço a confiança que ela depositou em nós, e eu pretendo-me comportar. Eu não quero ver Benedict Lightwood e seus filhos hediondos responsáveis do Instituto mais do que qualquer outra pessoa.”

“Eles não são hediondos,” disse Tessa.

Will piscou para ela. “O que?”

“Gideon e Gabriel,” disse Tessa. “Eles são bem parecidos. Não horríveis de todo.”

“Eu falei,” disse Will em tom sepulcral, “Das profundezas negras de suas almas.”

Clary bufou. “E eu suponho que sua alma é da cor de nuvens fofinhas e brancas?

“Não,” respondeu Will. “Malva, na realidade.”

“Talvez devêssemos discutir estratégias?”, sugeriu Jem. “Starkweather odeia Charlotte, mas sabe que ela nos enviou. Então, como iremos fazer com que esse verme caia em suas boas graças?”

“Tessa e Clary podem usar seus encantos femininos,” sugeriu Jace esperançoso. “Charlotte disse que ele aprecia uma cara bonita.”

Clary pôs de lado sua experiência passada e embateu com o cotovelo na costela de Jace. Ele não teve nenhuma reação, ao contrário dela.

“Como Charlotte explicou a minha presença e a de Clary e Jace?”, perguntou Tessa, percebendo que devia ter perguntado antes.

“Ela não disse, ela só deu os nossos nomes. Ela foi “curta ", disse Will. “Eu acho que cabe a nós inventar uma história plausível.”

“Não podemos dizer que Tessa é Caçadora de Sombras. Ele verá que ela não tem Marcas. Ela também não tem marca de bruxa.”

“Provavelmente vai pensar que ela é mundana,” disse Jem. “Ela poderia mudar, mas… para quem”

Will olhou especulativamente. Tinha o mesmo olhar de Jace. Era quase como um toque físico na pele. “Talvez pudéssemos dizer que ela é uma tia louca solteira que insiste em nos acompanhar em todos os lugares.”

“Tia de quem?” perguntou Jace. “Ela não parece com nenhum de nós.”

Will deu de ombros “Talvez se ela fosse uma menina que se apaixonou loucamente por mim e persiste em seguir-me onde quer que eu vá.”

Tessa revirou os olhos. “Meu talento é mudar de forma, Will, não mentir.”

“Ouch,” comentou Clary.

Jace e Jem riam alto e Will olhou para os dois.

“Ela tira o melhor de você, Will,” disse Jem. “Acontece, às vezes, não é? Talvez eu devesse apresentar Tessa como minha noiva. Nós podemos dizer ao louco Aloysius que a sua Ascensão está em andamento.”

“Ascensão?” Tessa não se lembrava de nada do termo do Códex.

“Quando um Caçador de Sombras deseja se casar com um mundano, a Taça Mortal é usada para transformar esse mundano em um Caçador de Sombras. Não é comum, mas acontece. Se o Caçador de Sombras solicita á Clave uma Ascensão para seu parceiro, a Clave é obrigada a considerá-lo por pelo menos três meses. Enquanto isso, os mundanos embarcam em um curso de estudo para aprender sobre a cultura dos Caçadores.” Jem teve a voz abafada pelo apito de trem, a locomotiva saiu do túnel.

“Não é uma má ideia, eu acho,” disse Tessa. “Eu estou quase terminando todo o Códex.”

Will deu de ombros. “Parece uma ideia boa como qualquer outra,” ele disse. “E Jace e Clary?”

“Eu podia fingir ser seu primo,” sugeriu Jace. “Como é seu pai?”

Will pensou por um momento. “Loiro, e você é quase da minha altura, e fala galês, então acho que é possível. E Clary?”

Jace deu de ombros. “Gosta da ideia do Jem. O que acha Clary?”

“Por mim tudo bem,” concordou Clary.

Um pensamento atingiu Tessa. “Onde fica o Instituto de Nova Iorque?”

“Numa catedral na esquina da 7ª Avenida,” respondeu Jace automaticamente.

Will pareceu frio. Havia um olhar quase perigoso na cara.

“Está tudo bem?” perguntou Clary. O olhar era parecido com o de Jace quando o chamavam Jonathan, ou faziam algum comentário sobre Valentine.

“Foi muita bebida noite passada,” finalmente respondeu.

“Realmente, por que você se incomoda, Will?” pensou Tessa. ”Você não percebe que nós dois sabemos que você está mentindo?” Parecia que Jace também sabia. E sabia mesmo. Ele já vira muitas pessoas de ressaca, e passara também por essa experiência vezes suficientes para saber quando alguém andara aos beijinhos á garrafa.

“Bem,” disse Jem. “Se houvesse uma Runa da Sobriedade.”

“Posso trabalhar nisso se quiser,” ofereceu Clary. “Ou pelo menos tentar. Pode ser preciosa para a próxima vez que lidarmos com o Magnus depois de suas festas.”

“Sim, bem” disse Will. “Podemos voltar a discutir o plano. É um bom plano, salve uma coisa,” Ele se inclinou para frente. “Se elas se destinam a ser suas prometidas, Tessa e Clary vão precisar de um anel.”

“Eu tinha pensado nisso,” disse Jem, procurando no bolso. Tessa se surpreendeu com isso e Clary ergueu as sobrancelhas. Ambas pensaram que Jem tinha decidido o plano no trem. Jace nem piscou. Jem passou para Tessa o anel de prata de família com o desenho de torres. “O anel da família Carstairs,” disse ele. “Se quiseres…”

Ela o pegou dele e colocou-o em seu dedo anelar esquerdo, onde magicamente pareceu caber.

“E a Clary?” perguntou Will.

Jace sorriu. “Sem problemas.” Tirou um anel do bolso e colocou no dedo de Clary. Foi cuidadoso em cobrir o simbolo com a mão, e então o virar para baixo no dedo de Clary, para que ficasse escondido. Ele pensou que Will vendo um anel com o simbolo de sua familia dado por um garoto que mal conhecia e que ainda por cima, era da mesma idade, não seria uma boa ideia.

Clary sorriu. “Você simplesmente andava com ele para todo o lado?”

“Esteja sempre preparado”, recitou Jace. “Vamos lá acabar com essa viagem.”


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Notas finais do capítulo

O que acharam?