Cidade do Tempo Cruzado escrita por Beatriz Costa


Capítulo 5
Capitulo 5


Notas iniciais do capítulo

BOA LEITURA!



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“Aloysius Starkweather é teimoso, hipócrita, obstinado, degenerado… - Charlotte espumava.

“Você gostaria de um dicionário de sinónimos?”, perguntaram Jace e Will simultaneamente. Então se encararam. Will estava ligeiramente mais desorientado que Jace, mas tirando isso suas expressões eram perturbadoramente semelhantes aos olhos de Tessa. Eles tinham o mesmo semicerrar de olhos quando desconfiados ou não gostavam de algo.

Jace aproveitou a oportunidade para observar as feições dele. Era a coisa mais próxima que tinha de uma foto de alguém da sua família. Ele tinha vindo se perguntado porque ele parecia do jeito que parecia. Que feições vinham do lado da mãe e quais vinham do lado do pai? Jace nunca pensara que teria a oportunidade de descobrir por uma quase fonte original, mas agora que lhe tinha sido oferecido isso, quem era Jace para dizer não?

Will era um pouco mais desorientado que tudo. Alguém que ele nunca tinha conhecido antes tinha pensado quase da mesma maneira que ele. Parecia que Jace estava… o examinando peça a peça, catalogando r devolvendo as peças.

Jessamine deu de ombros, “O que quer que vocês dois façam num futuro próximo, por favor certifiquem-se que isso não volte a acontecer.”

“Ele é mesmo um degenerado?” perguntou Jem tranquilamente da poltrona. “Eu quero dizer, o velho rabugento tem quase noventa anos e certamente já teve desvios no passado.”

“A idade não significa nada para pecadores,” disse Alec. Isso era algo que Robert Lightwood lhe tinha dito quando Alec perguntou se ele estaria em casa em alturas como o Natal e aniversários. Escusado será dizer que esses eventos foram presididos por Hodge.

“Querida,” começou Henry com alguma preocupação enquanto avançava até Charlotte. “Está tudo bem com você? Você parece um pouco corada.”

“Eu acho encantador,” disse Will. “Ouvi dizer que as bolinhas são a última palavra em moda esse ano.”

“Pela primeira e última vez na história,” disse Isabelle pra si mesma.

Henry deu um tapinha no ombro de Charlotte ansiosamente. “Gostaria de um pano frio? O que posso fazer para ajudar?”

“Você pode montar até Yorkshire e cortar a cabeça do velho bode fora”, sugeriu Charlotte rebeldemente.

Clary chegou-se um pouco para a frente. “Tenho um pressentimento que fazer que fazer vai tornar as coisas estranhas com a Clave”, disse ela. “Se eles forem como a Clave americana, eles não são geralmente muito recetivos sobre decapitações.”

“O que realmente é uma pena,” murmurou Jace. Havia alguns membros da Clave que ele desejava poder decapitar. Aldertree e Malachi por exemplo. Eles tinham sorte em estarem mortos.

Charlotte apenas ficava cada vez mais irritada. “Ele se recusa a me ver ou a Henry. Ele é um homem difícil, e muito comprometido com a sua versão da lei. Meu pai achava que eles viviam como selvagens no Norte, e ele não tinha vergonha de dizer isso. Aloysius ainda se sente insultado por não ter sido convidado para a última reunião do Conselho. Como se eu tivesse culpa!”

“Porque ele não foi convidado?” perguntou Isabelle.

“Simplesmente,” começou Charlotte. “Porque ele está muito velho para ter uma voz no Conselho.”

“Bem, se ele não irá vê-la ou a Henry, você pode enviar outra pessoa,” disse Jessamine entediada. “Os membros do Enclave devem fazer o que você diz.”

Charlotte abriu a boca para rebater, mas Alec o fez primeiro. “Pelo que ouvi, a maioria do Enclave está do lado de Benedict Lightwood. Charlotte precisa mandar alguém em quem confie.” É claro que Alec não ouvira isto por ninguém. Ele sempre esteve interessado na história da família, e tinha passado bastante tempo olhando registos velhos. Onde estavam muitos diários escritos por Benedict Lightwood.

“Você pode confiar em nós,” disse Will. “Mande-me. E a Jem.”

“Deus, me levem com vocês!” suplicou Jace. Ele ia perder a cabeça com a falta de atividade física real. Mesmo o Instituto seno enorme, o fez começar a sentir-se claustrofóbico.

“E eu?” perguntou Jessamine indignada.

“E você?” perguntou Isabelle. “Você não quer mesmo ir, pois não?”

Jessamine levantou um canto do pano húmido para fora de seus olhos e olhou Isabelle. A outra garota continuou completamente indiferente, o que a deixou no lado bom de todos os que conheciam bem Jessamine. “E pegar um trem fedorento e maçante até Yorkshire? Não, claro que não. Eu só queria que Charlotte dissesse que pode confiar em mim.”

“Eu posso confiar em você, Jessie, mas você não está bem o suficiente para ir. O que é lamentável, uma vez que Aloysius sempre teve um fraco por um rosto bonito.”

“Mais uma razão para eu ir,” disse Jace com um sorriso que faria o gato de Cheshire ter ciúmes.

“Will, Jem…” Charlotte mordeu o lábio inferior. “Vocês têm certeza? O Conselho não ficou satisfeito com as ações independentes que vocês tomaram em matéria da Sra. Dark.”

“Eu não gosto de ser ignorado,” comentou Jace enquanto voltava a se sentar. “Não combina comigo.”

Ele continuou a ser ignorado, o que não ajudou o seu humor. “Eles deveriam estar. Matámos um demónio perigoso!” protestou Will.

“E salvamos o Church,” adicionou Jem.

Isabelle sentou-se direita. “Esse Church não seria por acaso um gato Persa azul com problemas de personalidade, pois não?”

“Sim, é,” disse Will. “Esse gato me mordeu três vezes na outra noite.”

Jace deslizou da cadeira até se ajoelhar no chão e bateu seus dedos levemente no chão. Ele fez sons suaves com a língua. “Church,” ele chamou. “Vem cá, Church.”

“Isso não vai resultar para o gato demoníaco,” disse Jessamine sem olhar.

Toda a gente concordava com ela, quando o gato em questão se esgueirou pela porta. Ele passou os grandes olhos cinzentos pela sala até que viu Jace sentado com uma postura relaxada no chão. Ele fez o seu caminho até á mão de Jace. Ele passou a mão pela cabeça azul do gato até ás costas. Church soltou um alto e contente miado e saltou para o colo de Jace antes de se enroscar e dormir.

Jace olhou para Jessamine e para os outros que o encaravam de olhos arregalados em fascinação ao verem um animal normalmente temperamental tão á vontade com um estranho. “Estavam dizendo?” ele perguntou presunçoso.

“Deixando o gato de lado,” disse Tessa para interromper a resposta espirituosa de Will. “Charlotte, há uma maneira que poderá fazê-lo falar.”

Charlotte olhou para ela perplexa. “Tessa, o que…” ela parou de falar, então, viu uma luz em seus olhos. “Estou vendo. Isso é brilhante, Tessa.”

“O quê?” exigiu Isabelle.

“Se eu tivesse algo dele, eu poderia usá-lo para me transformar nele e talvez ter acesso a suas memórias. Eu poderia dizer o que ele lembra sobre Mortmain e os Shades, se ele lembrar alguma coisa,” disse Tessa.

“Tenho outra alternativa se essa falhar,” anunciou Clary. Sob o olhar de todos ela se explicou. “ Eu tenho visto algumas runas de persuasão e honestidade, e descobri uma maneira de criar uma que force a pessoa a dizer a verdade. Tirei a inspiração da Espada Mortal, o único problema é que tenho de aplicar diretamente na pessoa que quero questionar.”

Will e Jem trocaram olhares inconfortáveis. “Não poderia simplesmente mostrar a runa a um de nós e assim a aplicarmos no Starkweather?”

“As runas da Clary não funcionam assim,” explicou Jace. “Elas funcionam com todos, mas são dez vezes mais poderosas se feitas pela Clary.”

Isabelle assentiu. “É verdade. Jace esteve uma vez preso na Cidade Silenciosa. Clary usou uma runa de abertura normal nas barras da cela e todos os mecanismos fechados do lugar foram abertos.”

“Tubo bem,” disse Charlotte cansada. “Clary pode ir, e suponho que seja melhor dar permissão a Jace agora.”

“É melhor,” concordou Alec. “Quando ele tinha onze anos, minha mãe não deixava ele treinar comigo mesmo sendo meu parabatai. Ele seguiu ela por todo lado durante três dias sempre perguntando. Eu não acho que ele os tenha deixado dormir o tempo todo.”

Jem olhou para Jace. “Sério? Três dias parece muito tempo.”

Jace deu de ombros. “Sou muito persistente. Na realidade,“ ele disse considerando. “Eu suponho que ainda seria espirituoso, sarcástico, inteligente e inacreditavelmente bem parecido. Mas ser persistente é certamente um atributo importante.”

“A modéstia é importante,” comentou Jessamine.

Isabelle riu e ergueu a mão imitando um telefone. “Olá pote, daqui é a chaleira. Apenas pensei que deveria saber que é preto.”

Os Caçadores de Londres olharam para ela confusos e Alec escondeu a cabeça nas mãos. Clary deu um olhar a Isabelle. Ela não tinha pensado que Isabelle iria achar tempo para ver Friends. Talvez passar tanto tempo com Simon estava a começar a ter efeito sobre ela. Talvez em breve introduzisse How I Met Your Mother a ela.

“De qualquer maneira,” disse Tessa, deixando a expressão para analisar depois. Ela era uma boa estudante e a maneira que Jace, Alec, Isabelle e Clary falavam era desconhecida para ela. As expressões que usavam eram também diferentes. “Você disse que íamos pegar o trem?” perguntou a Jem.

Ele assentiu. O prateado em seus olhos brilharam como moedas. “O Great Northern levará todo o dia até Kings Cross,” ele disse. “É uma questão de horas.”

“Então eu vou,” disse Tessa. “Nunca estive em um trem.”

Will ergueu as mãos exasperado.

“É isso? Você está indo porque você nunca esteve em um trem antes?”

“Sim,” disse Tessa com uma calma deliberada. Jace reconheceu esse tom. Era o tom que as pessoas usavam quanto tentavam não dar a entender que tinham conseguido entrar na pele. “Eu gostaria de andar em um.”

“Os trens são grandes coisas sujas que solta fumaça,” disse Will. “Você não vai gostar.”

“Eu não sei se eu gosto até que eu tente,” rebateu Tessa.

“Eu nunca tinha nadado nu no Tamisa, mas eu sei que eu não iria gostar,” argumentou Will.

Jace encolheu-se um pouco. Esta conversa era muito parecida com uma que ele tinha tido com Clary quando ele tentou impedir que Clary fosse para Idris com eles. Essa discussão em particular acabou com ele partindo o vidro de uma janela. Ele queria que Clary ficasse em casa porque era muito doloroso para ele estar tão perto dela quando não podia estar com ela. Ele se perguntou porque estaria Will enfrentando a mesma situação. Não é como se ele fosse parente de Tessa, e não parecia que ela estava romanticamente envolvida com alguém. Então ele pensou na maneira como Jem se iluminou quando Tessa falou com ele. Poderia ser isso. Apenas Deus saberia como deve ser estranho estar apaixonado pela mesma garota que o melhor amigo.

Clary tentou abafar o riso. “Mas pense como seria interessante para os turistas. Não pode deixar passar essa. Jace pode se juntar a você.”

Jace estremeceu. “Não, obrigado. Não importa o quão ruim esse rio é, ainda assim atrai os patos, e eu me recuso a nadar em águas que foram anteriormente ocupadas pelas criaturinhas sedentas de Satã.”

Jem desatou a rir. Em todos os anos que conhece Will, nunca Jem tinha conhecido outra pessoa, muito menos um Caçador de Sombras, que partilhasse com seu amigo a mesma fobia por patos. “Você e Will deviam formar um grupo de apoio,” ele disse entre risadas. “Duvido consigam encontrar alguém nessa vida que tenha medo de patos como vocês.”

“Eu acho que considerar esta uma vida, seja batota,” murmurou Isabelle, baixo o suficiente que ela pensou que ninguém iria ouvir.

É claro que “pensou” foi no sentido figurado.

“Quando partimos?” perguntou Jace. “Alec e Isabelle ficam aqui e ajudam no que for preciso. Clary e eu vamos nos preparar.”

Jem ainda sorria. “Amanhã bem cedo. Dessa forma chegamos antes do anoitecer.” Ele ouvira o que Isabelle dissera, e incomodou-o um pouco, mas não o suficiente para arruinar seu bom humor. Ele pôs a informação de lado, para considerar mais tarde se sentisse que era necessário.

“Eu vou ter que enviar a Aloysius uma mensagem dizendo para esperar por vocês,” disse Charlotte pegando numa pena. Fez uma pausa e olhou para todos. “Esta é uma ideia terrível? Eu sinto como se eu não tivesse certeza.”

Tessa olhou para ela, preocupada. Ela era normalmente tão confiante em relação a seus instintos. Partiu-lhe o coração ao vê-la assim por causa de Benedict Lightwood.

Henry colocou a mão suavemente no ombro de sua esposa. “É a única alternativa boa. E não fazer nada, eu acho, vai ficar no nada. Além disso, o que poderia dar errado?”

Isabelle andou pelo cómodo em direção á saída. Parou ao pé de Henry e deu uma palmadinha no ombro. “Nunca mais diga isso, Henry. É a regra nº 1.”

Com isso todos os jovens começaram a sair ao mesmo tempo que a voz de Bridget se fazia ouvir:

"Oh, seu pai a levou para baixo da escada,

Sua mãe penteou o cabelo amarelo.

Sua irmã Ann levou para a cruz,

E seu irmão João colocou sobre seu cavalo.

'Agora você é alto e eu sou baixo,

Dê-me um beijo antes de vós ir.

Ela se inclinou para lhe dar um beijo,

Ele deu-lhe uma ferida profunda e não perder.

E com uma faca afiada como um dardo,

Seu irmão esfaqueou o coração. "

“Yeah, porque isso não é depressivo, pois não?” comentou Alec.

Tessa empalideceu ao pensar em Nate. O próprio irmão a traiu. “Isso é tudo o que ela canta,” ela sussurrou. “Assassinato e traição. Sangue e dor. É horrível.”

Clary estava no mesmo barco que Tessa. Seu irmão, mesmo que ela nunca o tenha conhecido da maneira que é suposto as irmãs conhecerem seus irmãos, também a traiu. Ela sentiu um arrepio ao ouvir as palavras.

"Por que sua espada não para de pingar sangue,

Edward, Edward?

Por que sua espada não para de pingar sangue?

E por que tão triste sois vós?

Sophie fez uma careta. “É só isso que ela canta dia e noite. Eu tenho que partilhar um quarto com aquilo.

“Okay,” decidiu Jace em voz alta. “É isso.” Ele voltou para trás e entrou no cómodo onde Charlotte e Henry ainda estavam sentados. “Se algum de vocês não consegue fazer aquela cozinheira parar de nos deixar loucos com suas músicas sobre mortes violentas e sangrentas incluindo a Sophie que tem que dividir o quarto com ela, eu vou acabar por matá-la antes de irmos embora. Apenas pensei que deveriam saber para arranjarem um plano.” Com isso, deu meia volta e saiu. “Okay,” ele disse ignorando as expressões de choque de Clary, Alec e Isabelle. “Vamos lá.”

E eles foram.

Tessa e Sophie para sua lição com Gabriel e Gideon onde presenciaram uma discussão entre os dois irmãos. Mais tarde Tessa encontrou uma cópia do livro Vathek no chão em frente á sua porta com uma nota em poema de Will que a fez rir. Ela cobriu a boca com uma mão para parar o riso. Como é que ele sempre a fazia rir? Will sempre a fazia rir quando mais ninguém conseguia.

Você precisa conhecer alguém muito bem para a fazer rir. Â Â


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo: Clary, Jace, Will, Jem e Tessa conhecendo Aloysius
Bjs:)