Cidade do Tempo Cruzado escrita por Beatriz Costa


Capítulo 3
Capitulo 3


Notas iniciais do capítulo

UM ABRAÇO A TODOS OS QUE COMENTARAM O ÚLTIMO CAPITULO!
PRA VOCÊS AQUI ESTÁ MAIS UM
BOA LEITURA :)



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Capitulo 3

Jace chegou cedo para o café da manhã na manhã seguinte. Ele tinha tido problemas em dormir na noite anterior, mas isso não realmente invulgar. Jace nunca dormia bem a não ser que estivesse fisicamente exausto o suficiente para cair redondo por uma semana. Isto resultou em algumas sombras escuras debaixo dos olhos, e uma questionável grande dependência de cafeína. Queria dizer contudo, que dificilmente estava atrasado para o café.

Ele tinha vestido automaticamente as roupas que Will lhe emprestara, e jogou água fria na cara, mas nada disso ajudou a pôr sua mente a funcionar. Quando chegou na sala de jantar, sua mobilidade era tão boa como a de alguém acabado ser curado de uma má ressaca.

Jem, que olhou para cima esperando ver Will, aproveitou a oportunidade para analisar o garoto. Jem sempre pensara que as pessoas eram mais abertas e vulneráveis quando estavam cansadas. O cabelo loiro de Jace apontava em todas as direções, os olhos estavam meio fechados e com sobras escuras por baixo. A grande diferença que Jem podia ver entre aquela versão de Jace e quando está completamente desperto era a postura. Normalmente ele sentava e ficava em pé como um soldado. Sempre de costas direitas, tenso e pronto para a ação. Agora ele parecia como um garoto da idade dele deveria parecer. Seus ombros e costas estavam ligeiramente curvados e sentar e se servir do chá eram ações automáticas. Claramente, Jace parecia um pouco mais novo e mais vulnerável. Jem não conseguia deixar de o comparar com Will naquele aspeto. Will carregava a mesma cautela o tempo todo além de algumas horas depois de conseguir comer e treinar.

“Bom dia,” saudou Jem.

Jace olhou para fora da janela, cansado. Para ele, lá fora estava da mesma maneira que o dia anterior. O que significava, cinzento, chuvoso e sombrio. “O que há de tão bom nisso?” resmungou ele enquanto levava a xicara de chá aos lábios, dando um grande trago para depois se engasgar e começar a tossir.

Jem, começou a tornear a mesa para o ajudar, mas Jace levantou a mão para o parar. Quando a tosse parou, respirou fundo e afastou o chá o mais longe possível. “Bergamota,” explicou. “Eu odeio bergamota.”

“Por alguma razão particular?” perguntou Jem com curiosidade.

Jace fez uma careta e abanou a cabeça, “Não, simplesmente não gosto. O mesmo acontece com pepinos.”

“Qual é o problema com os pepinos?”

“Eu acho eles viscosos, cheios de sementes, com uma forma estranha e não são de confiança,” explicou Jace. Ele examinou um dos pratos. “O que são estes?”

“Ovos escalfados,” informou Jem.

Jace fez uma cara estranha e optou por comer uma maça e algo que ele pensou serem salsichas. Ele ergueu ambas as mãos com as palmas para cima. “Pode-me passar a torrada?”

Jem assentiu. Examinou as mãos de Jace. Eram mãos de Caçador de Sombras, calejada e com cicatrizes; mas eram limpas de sujidade ou sangue, e as unhas eram curtas e inteiras. Suas mãos eram longas e finas. Se não tivesse cicatrizes poderiam parecer quase delicadas. Sendo o músico que era, Jem não deixou de pensar que Jace seria um excelente pianista. Ele também notou que a runa permanente que todos tinham, estava em sua mão esquerda, o que significava que era a mão que usava.

Jace pegou em duas torradas e colocou a travessa na mesa. Ele espalhou doce de framboesa numa e doce de amora na outra antes de as juntar fazendo um sanduiche e o comer em duas grandes dentadas. Então ele pegou do bolso a faca que Alec lhe tinha oferecido quando se tornaram parabatai, descascando e cortando a maça. Ele estava consciente que Jem o observava com algum choque, mas não se importava muito.

Jem podia ver que a conversa teria de ser suspensa até Jace terminar de comer e voltou á sua própria refeição.

Pouco tempo depois, os outros não habitantes do Instituto chegaram. Todos se sentiam um pouco cansados, então tirando as saudações, a conversa falhou. Will parecia cansado a Jace. Ele tinha as mesmas sombras por baixo dos olhos. Alec parecia consciente, mas ligeiramente fora de área. Isabelle parecia alegre e acordada falando com Charlotte. Jessamine se recusara a aparecer.

Clary quase tropeçou na bainha do vestido que usava, mas Jace automaticamente a estabilizou. “Obrigada,” disse ela. ”Não estou habituada a ter uma saia tão comprida.”

Ele piscou. “Sem problemas,” ele puxou a cadeira ao lado e passou um prato de torradas para Clary. “Coma. Você quer chá?”

“Eles têm café?” perguntou esperançosa.

“Não me parece. As opções são chá ou água.”

Clary resmungou. “Chá então.” Jace passou-lhe uma xicara depois de lhe adicionar natas e açúcar. Clary a levou aos lábios e deu um gole. “Hmm, bergamota,” comentou. “Acho que isso explica porque você não está bebendo.”

Ele sorriu para ela. “Estou começando a achar que você me conhece bem demais, srta Fray.”

“Bem o suficiente para saber que você não dormiu direito noite passada,” disse Clary passando os dedos sobre as sombras debaixo de seus olhos. “Aliás, quando foi a última vez que você dormiu de todo?”

Jace pegou a mão dela e a afastou gentilmente do seu rosto. “Estou bem, Clary. Eu prometo.”

“Mentiroso,” disse Clary suavemente, mas deixou o assunto cair.

Charlotte, que ouvira a conversa, reconheceu aquele tipo de interação. O olhar de preocupação na face da jovem garota enquanto esquadrinhava Jace, era o olhar de alguém que abria mão de si, para cuidar de outra pessoa que se havia esquecido de cuidar de si mesma. Muitas vezes Charlotte se via nessa posição quando Henry ficava absorvido em suas invenções. Era também semelhante á maneira que vira Tessa olhar para Will e Jem; usando uma combinação convincente de gentileza, com seriedade sem ameaças.

Depois de todos terem comido, Charlotte se levantou. “Tessa, Sophie, se preparem para o treino. Clary, Isabelle, sintam-se á vontade para se juntarem a elas se quiserem. Os garotos Lightwood devem estar chegando.”

Alec, que estava bebendo água, quase a cuspiu. Will deu umas palmadinhas nas costas até que ele respirar novamente. Jace pousou os talheres pela primeira vez depois de Clary ter entrado.

Isabelle ficou pálida. “Você disse Lightwood?” ela perguntou sobre o barulho de Alec engasgando.

“Julgando pela reação, vocês claramente conhecem Gabriel,“ comentou Will. “Devo dizer que concordo com vocês.”

“É conhecido da família,” Jace disse curtamente. Levantou-se. “Importam-se se eu usar a sala de treinos também? Tenho sentido a necessidade de esmurrar alguma coisa e eu duvido que algum de vocês se queira voluntariar.”

Will e Jem consideraram se voluntariar, até notarem os frenéticos, “NÃO, NÃO, NÃO,” feitos para eles por Clary, Alec e Isabelle.

“Irei praticar algumas habilidades com facas,” voluntariou Jem.

“Eu vou junto,” disse Alec, tendo voltado a respirar novamente.

Dez minutos mais tarde, Clary, Jace, Alec e Isabelle reencontraram-se no corredor. Todos se sentiam mais confortáveis em seus equipamentos do que nas roupas Vitorianas.

“É uma coisa boa que o equipamento não tenha mudado em cem anos,” comentou Isabelle. “Mas pensando bem, não faz muito para a silhueta feminina.”

Jace olhou para Alec e Isabelle. “Vocês estão prontos para conhecer tetra, tetra, tetra Avô Lightwood e Cia.?” Perguntou ele.

Alec e Isabelle assentiram e os quatro andaram pelo corredor até um pensamento bater em Clary. “Esperem aí,” disse. “Charlotte disse garotos. No plural. Qual deles é o tetra, tetra, tetra, tetra Avô Lightwood e qual é Cia.?”

“Gabriel é o tetra, tetra, tetra, tetra Avô Lightwood,” disse Alec. “O de nome Gideon seria a Cia.,” todos, incluindo Isabelle, olharam engraçado para ele. Alec deu de ombros. “Dei uma olhada na nossa árvore genealógica a noite passada,” ele disse. Lançou um olhar acusatório a Jace. “Não venhas dizer que não estiveste um tempo a ver a tua também.”

“Não, eu estive,” disse Jace casualmente. “Tanto que agora tenho a perturbadora informação que sou vosso primo afastado umas quatro vezes. Na realidade,” continuou. “Somos aparentados de quase todos. E eu realmente quero dizer todos. Herondale, Verlac, Lightwood, Yu, Carstairs, Pangborn, Blackthorns, Kigsmill, Whitelaw, Cartwright, Collins, Monteverde, Montclair. Se as pessoas não forem cuidadosas nos próximos anos, vamos acabar todos horrivelmente reproduzidos com algum defeito horroroso de nascimento.”

“Como é que nós somos primos?” Isabelle perguntou com curiosidade.

Jace riu. “Aparentemente sua tetra, tetra, tetra, tetra Avó e minha tetra, tetra, tetra, tetra Tia.”

“Isso é,” Clary procurou pelas palavras certas. “Realmente um pouco assustador.”

“Também achei,” concordou Jace. “Vamos conhece-los.”

Alec entrou na sala de treino primeiro apenas para mergulhar no chão enquanto Will lançava uma faca e uma maça na cabeça de Gabriel. Ambos acabaram trespassados na madeira acima dele. Alec levantou-se e andou para trás. “Pensando melhor,” disse. “Jace, acho melhor voltarmos mais tarde.”

Jace rolou os olhos e passou por ele para dentro da sala. Ele andou até á faca cravada na parede, e soltou-a, libertando a maça. Atirou a maça de volta para Will e limpou a faca na calça antes de a examinar. “Bela faca,” comentou ele. Então, com um movimento tão rápido, quase invisível para o resto das pessoas, ele lançou a faca pelo ar. Houve um baque alto quando a faca aterrou a centímetros do cabelo de Will. “Talvez você não devesse atirar facas a pessoas que estão em frente a uma porta que pode ser aberta a qualquer momento.”

Will semicerrou os olhos e recuperou a faca.

Gabriel olhava Jace com algo próximo de respeito. “Quem é você?” ele perguntou, sem ser desagradável.

Jace olhou para ele. “Quem é você?”

“Essa parece ser a pergunta do dia,” comentou Tessa.

Gideon deu um passo em frente. “Sou Gideon Lightwood e esse é meu irmão mais novo, Gabriel.”

“Sou Jace, e esses são Clary, Alec e Isabelle.”

Gabriel examinou Alec e Isabelle mais de perto. “Estes dois são primos seus, Herondale?”

Clary teve de engolir o risinho depois dessa. Jace era mais biologicamente parente de Will do que Alec e Isabelle, e ainda assim os dois garotos não se pareciam um com o outro.

“Não,” respondeu Will calmamente. “Nunca tinha visto essas pessoas até ontem, quando apareceram inesperadamente na nossa biblioteca.”

Isabelle interrompeu. “Gostamos de entradas dramáticas. Agora que a luta de testosterona acabou, vocês acham que poderíamos começar a trabalhar?” ela não esperou por uma resposta, em vez disso virou-se para Clary. “Com vontade para lutar, Clary?”

Clary fez uma cara. “Eu acho que gostaria de poder andar amanhã, Izzy,” disse ela. Ela olhou em volta esperançosamente. “Embora eu tenha algumas runas novas de luta. Eu podia usar alguns porquinhos da Índia que estão prontos para serem postos á prova.”

Alec afastou-se para ajudar Gideon na lição de Sophie e Isabelle afastou-se para examinar uma data de objetos afiados.

Clary rolou os olhos e murmurou um “cobardes”. “Quando é que uma das minhas runas deu errado? Você,” ela agarrou Jace pelo braço e o arrastou até Will. “E você!” ela declarou pegando a mão dele com a sua livre. Ela arrastou os dois garotos até uma pilha de tapetes e os fez sentar.

Jem os seguiu com uma mistura de diversão e curiosidade. Não era todos os dias que se via alguém lidar com garotos como Will e Jace.

Clary levantou a estela. “Onde queres a runa, Will?”

O moreno olhou para Jace. “Há alguma maneira de evitar isso?”

“Não,” disse-lhe honestamente. “Não há. Apenas deixe acontecer. Clary nunca fez uma runa que magoasse.”

Will assentiu e ergueu o braço. “Antebraço esquerdo,” Clary desenhou uma runa. Will examinou. “O que é suposto fazer?”

“Vai proteger você de ataques físicos,” explicou Clary. “Sua vez Jace.”

Jace olhou ambos os braços. “Não tenho espaço nos braços.”

Clary ignorou os protestos. “No peito então. Não interessa onde a pões.”

Jace assentiu e tirou a camiseta para expor o peito. Tinha bastantes runas também, mas não tantas. Também revelava a feia cicatriz onde a runa de ligação tinha estado, e onde tinha sido apunhalado três vezes.

Jem soltou um assobio. “O que aconteceu aí?”

“Fui apunhalado e morri,” disse Jace. “Três vezes. Na verdade, só morri duas.”

“Como é que você morre duas vezes?” perguntou Will ceticamente.

“Clary me trouxe de volta, “disse Jace simplesmente enquanto ela marcava seu peito. Jace vestiu novamente a camiseta. “O que fazemos agora.”

“Atirem objetos afiados e pesados um ao outro com toda a força,” instruiu Clary.

Ambos os garotos parecerem satisfeitos com isso e foram para uma parte diferente da sala. Clary sentou, e Jem sentou do lado dela. Ele estava se sentindo bem nesse dia, mas não queria esforçar-se mais do que devia. “Você tem certeza que é uma boa ideia eles tentarem se magoar um ao outro?”

A ruiva deu de ombros. “Tenho esperança que seja terapêutico. Se eles tentarem se matar quando não podem realmente se magoar, talvez seja possível eles ficarem no mesmo cômodo sem serem um perigo para eles mesmos ou para os outros.”

A primeira faca voou de Jace apenas para parar a alguns centímetros de Will e cair ao chão.

“Como você fez aquilo?” perguntou Jem fascinado. “Quando você disse que aquela era uma runa nova, você não quis apenas dizer que nunca a tinha experimentado, pois não? Você realmente quis dizer que era nova.”

“É uma longa, longa história,” Clary disse com um suspiro. “Jace e eu,” ela começou. “Somos meio que... diferentes dos outros Caçadores. Talentos, você pode dizer. Eu posso criar novas runas ás vezes, e o Jace é, bem o Jace.”

“O que ele pode fazer?”

Clary sorriu. “Apenas espere. Espere até ele lutar, então você vai ver.”

Nenhum deles sabia, o momento em que todos eles iam lutar, estava mais perto do que imaginavam.


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Notas finais do capítulo

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