Cidade do Tempo Cruzado escrita por Beatriz Costa


Capítulo 11
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Aqui está o capítulo 9 -------- finalmente!!!!!!!!
Espero que gostem.
Boa leitura :)



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 Geralmente, Clary não era rápida. Ela era o que muitas pessoas consideravam “propensa a acidentes”. Simon dizia que ela era altamente devota a testar a gravidade do que a maioria das pessoas. Correr morro acima num vestido e salto alto nunca era fácil para ninguém, a não ser Isabelle. Para Clary, correr morro acima num vestido Vitoriano e saltos era quase sinónimo de “impossível”. Foi por isso que Clary pensou que usar os próprios ténis valia o risco. Ela aprendeu que não importava o que dissessem que uma viagem com Caçadores de Sombras era segura, alguém provavelmente acabava por correr pela vida.

Esse alguém geralmente era Clary.

Ela parecia estar se saindo melhor que Tessa. Clary já estava habituada a correr pela vida. Tessa apenas tinha tido esse prazer umas vezes. Clary olhou para o fundo do morro quando ouviu Tessa gritar. Ela viu um autómato com mãos que se assemelhavam a cortadores de erva daninha.

Tessa rolou para o lado e pegou um pau grande.

Clary xingou, o que levaria Jocelyn a pô-la de castigo se estivesse por perto, antes de começar a correr morro abaixo. Todo o mundo assumia que correr morro abaixo era mais fácil que correr morro acima. Clary decidiu que essas pessoas estavam erradas, ou pelo menos não consideravam todos os ângulos. Correr morro abaixo é mais fácil se e apenas se, não tiver problemas com a possibilidade de partir o pescoço. Se tiver de correr morro abaixo e manter todos os membros na forma original, então correr morro abaixo fica consideravelmente mais difícil.

Clary tropeçou um pouco e quase torceu o tornozelo umas vezes, mas conseguiu chegar até Tessa. Ela levou a mão até à cintura, onde geralmente tinha a lâmina serafim presa ao cinto. Ela lembrou que estava usando um vestido, que não tinha cinto, um segundo antes de os dedos encontrarem o vazio.

Clary xingou novamente antes de chegar no decote do vestido e pegar a faca suplente. Ela pensou que já que pessoas normais o faziam com celulares, por que não fazer o mesmo com armas mortais. Suas unhas estalaram e puxaram o colar com o anel Morgenstern. Com a pressa, ela havia puxado o colar para fora do vestido. Clary segurava a ainda inativa lâmina serafim na mão. “Rafael,” disse Clary. A voz tremeu um pouco. Não importava quantas vezes ela ficava cara a cara com uma criatura demoníaca, o sobressalto inicial nunca desaparecia.

A lâmina ganhou vida com uma luz crepitante no momento em que a criatura quebrava o pau que Tessa estava usando para se defender. Clary ouviu um zumbido metálico. Era algo como o zunir baixo, metálico de uma vespa. Uma forma pequena de bronze pareceu voar do pescoço de Tessa contra o autómato. A criatura deu um salto para trás, um dos dedos pingando um fluído escuro sinistro.

Aquela visão arrepiou Clary. Trouxe-lhe memórias da noite em que o irmão deitara abaixo as defesas de Alicante. Seu sangue também havia sido negro.

De repente um buraco apareceu no peito da criatura.

O autómato tremeu e caiu para o lado.

Jace, Jem e Will apareceram. Will segurava uma espada longa e brilhante. Jem apertava uma luz bruxa. Jace estava de mãos vazias uma vez que sua arma estava empalada no corpo do autómato.   

Will girou a espada e cortou o autómato praticamente ao meio, revelando uma bagunça biológica e nojenta.         

Clary afastou-se dos fios que saiam, sentindo-se enojada. Ela nunca tinha gostado de dissecações nas aulas de Biologia. Ela apenas aguentara a aula porque Simon se tinha voluntariado para lidar com as partes mais nojentas do procedimento.

Jace tinha os olhos fixos na criatura. Ele parecia estar a usar o mesmo tipo de visão que Jace tinha desenvolvido quando estava muito, muito, irritado. “Nos diga,” perguntou entre dentes. “Que faz aqui? Porque nos está seguindo?”

“Quero saber onde raios o Billy Boy arranjou a espada,” disse Jace.

Tanto Will como o autómato ignoraram Jace. A boca da criatura abriu e falou com um zumbido barulhento que magoou os ouvidos de Clary. “Sou um aviso do Magíster.”

“Um aviso para quem?” exigiu Will. “Para a família na mansão? Me diga!”

Jem deu um passo em frente e colocou a mão no ombro de Will. “Isso não sente dor Will,” disse numa voz baixa, calma. “Tem uma mensagem. Deixe entregar.”

“Um aviso para você Will Herondale… e para todos os Nefilim,” a voz do autómato estremeceu numa pausa antes de voltar a ranger. “O Magíster diz… devem parar sua investigação. O passado… é o passado. Deixem Mortmain enterrado, ou sua família pagará o preço. Não se atreva a aproximar-se ou avisá-los. Se o fizer, eles serão destruídos.”

Will rosnou como um animal e começou a cortá-lo. Will cortou o autômato até que ficou um pouco mais do que fitas de metal.

“Acho que está morto agora,” disse Jace.

Jem, jogou os braços em volta de seu amigo e puxou-o, o fazendo parar. “Will, é suficiente,” disse com firmeza. Ele olhou para cima e Clary tremeu. Ela viu que mais autômatos como o que Will destruíra andavam por ali. “Temos que ir,” disse Jem. “Se queremos atraí-los para longe de sua família, temos que ir.”

Will hesitou.

Jace revirou os olhos. “Pelo Anjo,” murmurou. Ele elevou um pouco a voz para entrar na conversa. “Olhem, eu sou por quebrar a lei, mas entrar contato com sua família é um grande ‘não fazer’. Se alguma coisa der errado, a Clave não vai ajudar e francamente,” Jace lançou um olhar sobre o pequeno grupo. “Não estamos preparados para uma batalha do ponto de vista tático.” Fixou seus olhos em Will. “Você sabe jogar xadrez, pense em como essa jogada pode acabar. Eu nos dou cerca de 40% de chance de sairmos todos inteiros desse tipo de batalha.”

***

O grupo escondeu os destroços do autómato e voltou para a carruagem. Clary arrepiou-se com o ar húmido. “Vai chover em breve,” comentou.

Jace olhou para o céu e limpou umas gotas de chuva em sua face. “Em breve parece chegar cada vez mais depressa,” disse ele.

Todos subiram para a carruagem e Jem fechou a porta enquanto começavam a deixar York para trás.

Jem tentou fazer conversa sobre o tempo mas não chegou a lado nenhum.

Clary olhou para Will. Ele parecia… vazio. Seus olhos eram da mesma cor do fundo do oceano. “Cecily,” disse Clary numa voz simpática. “Você disse que ela era sua irmã. Ela é parecida com Isabelle.” Will permaneceu em silêncio.

Tessa estremeceu visivelmente e Jem, que estava sentado do lado dela, puxou uma velha manta do chão para cima dos dois.

Clary simplesmente se encostou a Jace que enrolou um braço em volta de seus ombros. Ele estava incrivelmente morno desde que o fogo celestial tinha entrado em suas veias. Jace radiava calor quase como um forno.

“Está com frio Will?” perguntou Tessa.

Will abanou a cabeça e continuou a olhar para fora da janela.

Tessa olhou para Jem, Jace e Clary com algo perto de desespero.

Jace apenas deu de ombros e inclinou a cabeça de modo a que sua bochecha estivesse sobre os caracóis molhados de Clary.  Clary podia dizer que Jace estava a caminho de tirar um cochilo. Clary mandou a Tessa uma expressão de simpatia. Ela ainda tinha problemas em fazer com que Jace lhe contasse o que pensava. Ela percebeu que as chances de Will se abrir eram um total de zero.

Foi Jem quem falou. “Will,” ele começou cauteloso. “Eu pensei… eu pensei que sua irmã estava morta.”

Will desviou o olhar da janela. Ele o fez parecer como uma prova física. Quando sorriu, mais parecia a pintura surrealista O Grito do que como alguém que estivesse feliz. “Minha irmã está morta,” ele disse.

“Ela parecia bem viva para mim,” murmurou Jace de maneira a que só Clary ouvisse.

Apesar dos esforços, Clary sentiu a boca se contorcer no fantasma de um sorriso.

***

Não houve mais conversas quando embarcaram no trem. Felizmente Jace acordara antes de Clary o fazer. Ela sempre se sentia culpada quando o tinha de acordar. No caso de Jace, tirar um cochilo era um evento sagrado.

O despertar não durou muito. Assim que o trem saiu da estação, Jace voltou a adormecer.

Clary também estava cansada, por isso pôs-se à vontade no assento do trem. Ela ouviu partes das conversas, meia sonolenta. Aparentemente, Will não queria que Tessa se metesse no assunto da irmã dele e ainda assim não falou a maior parte do caminho.

Havia preocupação com a família de Will, Tessa estava preocupada com o que Jessamine diria sobre o estado de suas mãos e pela maneira de Jem, ela notava que este sentia algo mais forte que amizade por Tessa.

Clary supôs que era algo a preocupar, mas estava sonolenta demais para se importar. Ouviu apenas mais umas coisas, como o facto que Tessa havia procura algo de Starkweather que pudesse ser usado para se transformar. Sinceramente, Clary achou isso um pouco sinistro e a perceção de Clary estava bem cansada do que era sinistro.

Ela despertou quase completamente ao sentir o som áspero da tosse de Jem. Ela o olhou cuidadosamente. Mais cedo, quando Jem tossira sangue, Clary desenhara-lhe algumas runas. Uma delas tinha sido inventada para aliviar os pulmões quando Luke estivera com pneumonia. A outra runa era uma de energia modificada para ser mais forte que o normal, uma recarga. Ela nem perguntara porque tossia sangue. Se se tornasse hábito teria de começar a fazer perguntas.

“Apenas poeira na minha garganta,” assegurou Jem.

Todos relaxaram e Clary deixou-se adormecer. Ela acordou com Jace a abaná-la quando o trem chegou a Kings Cross.

Antes de o trem parar já Will se levantara e saíra do compartimento. Clary pensou que se ele não fosse um Caçador de Sombras, ele ter-se-ia magoado. Alguns Caçadores ter-se-iam magoado com aquele salto. Provavelmente seria o ADN dos Herondale. Muita sorte.

Jace olhou para os outros. “Eu vou atrás dele,” anunciou. E ainda mais rápido do que poderiam ver, ele estava fora do trem e se misturava na multidão.

Jem preparou-se para o seguir, mas parou. Clary estudou expressões e a linguagem corporal como artista e a de Jem dizia que ele sabia que os dois garotos eram muito rápidos e com uma vantagem em relação a ele para os poder seguir. Com um movimento deliberado, ele fechou a porta e sentou do lado de Clary, em frente a Tessa.

“Mas Jace e Will…” Tessa começou a protestar.

“Eles vão ficar bem,” assegurou Clary. “Se há uma coisa extra que Jace tenha um talento especial, é desenvencilhar-se de situações desagradáveis.”

Jem assentiu. “Acho que Will apenas quer ficar sozinho. Duvido que ele leve a bem o Sr.-“ ele parou de falar, ao aperceber-se que não sabia o último nome de Jace. Sobrava assim o primeiro nome e isso soava um pouco familiar para usar só porque o último nome era desconhecido. “Duvido que ele leve a bem Jace o seguir,” ele acabou. Clary viu que ele estava mais preocupado do que o que parecia, mas tentava parecer calmo por Tessa. “Os dois vão ficar bem,” disse com uma convicção forçada.

Clary voltou a olhar para a multidão. Ela sabia que Jace e Will eram capazes. Agora era apenas esperar que Jem tivesse razão.


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