Cidade do Tempo Cruzado escrita por Beatriz Costa


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Primeira fic Instrumentos Mortais
Espero que gostem :)



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Jace estava se sentindo sético. Isso dificilmente era invulgar. O invulgar neste caso era o propósito. Jace, Clary, Alec e Isabelle estavam todos parados em frente a um Portal que brilhava numa assustadoramente alegre cor azul. O Portal em questão tinha sido criado por um igualmente alegre e colorido Magnus Bane.

“Você tem certeza que isso vai funcionar?” Jace perguntou com alguma trepidação.

Magnus fez um som ofendido. “É claro que tenho certeza! De acordo com os meus cálculos, estou quase certo de que não há possibilidade de vocês serem tragicamente mortos ou ficarem perdidos em alguma outra dimensão.”

“Quase certo?” Alec disse nervosamente. “Quanto quase é o seu quase?”

“Não se preocupe, querido,” Magnus disse calmamente. “Há pelo menos 90% de certeza que vocês irão acabar no Instituto de Londres para se juntarem á reunião da Clave em dois minutos.”

“E os outros 10%?” perguntou Clary com cautela. Era muito importante que eles chegassem a essa reunião. A Clave estava se reunindo para esclarecerem a situação de Sebastian. Ou melhor dizendo, a situação de Jonathan. Como Jonathan era irmão de Clary e tinha realizado magia para fazer uma lavagem cerebral em Jace, era importante eles estarem presentes na reunião. Alec estava indo porque era parabatai de Jace, e Isabelle tinha recusado deixar ambos os irmãos e Clary irem numa viagem até Londres sem ela.

Isabelle pegou na mala cheia de roupas e armas e avançou para a frente coma sacudidela de cabelo agarrando o braço de Alec. “Vamos logo!” exclamou ela, e seguindo seu próprio conselho, empurrou o protestante irmão através do Portal. Ela saltou logo em seguida.

Jace atirou sua mochila sobre o ombro, olhou para Clary e deu de ombros. “É mais rápido que um avião, de qualquer maneira,” ele disse oferecendo a mão.

Clary sorriu e envolveu a sua mão livre na de Jace. “Eu espero que você saiba que se morrermos eu pessoalmente vou bater em você no pós vida por morrer outra vez,” ela disse.

“Anotado,” Jace disse com um sorriso. “Agora vamos passar o Portal para irmos até uma longa e entediante reunião num edifício que se parece exatamente como este em uma cidade em que quase tudo é mais atrasado do que devia.”

Clary ergueu as sobrancelhas. “Eu assumo que você não é um grande fã de Inglaterra?”

“Patos,” Jace resmungou. “Há muitos patos lá. Inglaterra tem patos, como Nova Iorque tem pombos. Não confio em países que tenham muitos patos.”

“Eu odeio interromper,” Magnus interrompeu. “Mas se vocês não passarem o Portal agora, ele vai fechar. Talvez vocês consigam enfrentar a “patofofia” do Jace uma vez que estiverem na reunião. Não que eu me importe se vocês chegam ou não à reunião em questão.”

Jace fez uma careta para o bruxo e saltou através do Portal ainda segurando a mão de Clary.

Magnus fez um gesto com a mão, e o Portal fechou. Tirou do bolso um lenço e com ele começou a limpar os símbolos que faziam o Portal. Ele deixou seu cérebro vaguear pelas coisas que tinha evitado pensar nas últimas horas. Assim que lhe disseram que a reunião da Clave seria no Instituto de Londres, pensamentos sobre Will, Tessa, Jem, Jessamine, Charlotte e Henry brotaram em sua cabeça. Isso era um pequeno problema, porque quando você cria um Portal é muito importante visualizar o lugar e o tempo para onde se quer o Portal. Se você pensa no local certo, mas tempo errado, você pode acabar por criar um Portal para outro século.

Magnus poderia ter acidentalmente pensado sobre Londres dos Caçadores de Sombras de 1878, quando criou o Portal. Isso tinha o potencial de fazer o futuro extremamente mais complicado. Além disso, ele não tinha certeza se algum século conseguiria aguentar com Jace e Will ao mesmo tempo. O Universo só poderia ter um tanto de arrogância e sarcasmo.

Bem, agora eles já foram, então não havia nada que se pudesse fazer. A não ser que… Magnus paralisou em concentração e se pôs de cócoras no chão da biblioteca. Desenhou uma série de runas com o dedo. Linhas brilhantes saltaram de seu dedo ao criar uma pequena conexão temporal desde aquele local até à casa de Camille em 1878 onde ele tinha estado nessa época. Se seus amigos tinham sido mandados para o século errado, ele seria alertado, e teria a possibilidade de fazer contato.

A biblioteca, Instituto de Londres, 1878

“Isto é um jogo?” perguntou Will, desorientado. “Apenas temos que falar apressadamente o que quer que venha à cabeça? Nesse caso eu digo “joelhofobia”.Significa um medo despropositado de joelhos.”

“Qual é a palavra para medo razoável de idiotas irritantes?” inquiriu Jessamine.

Antes que Will pudesse responder de maneira espirituosa, um barulho muito alto preencheu o espaço. Parecia que um mini vendaval estava na biblioteca. Tessa tapou os ouvidos devido á barulheira.

Um momento depois, duas formas caíram através do telhado aterrando duramente no chão. Houve alguns resmungos e gemidos de dor que sugeria que eles eram humanos. Uma voz abafada de homem foi ouvida dizendo, “Sai de cima de mim, Izzy!”

Uma terceira figura caiu através do teto da biblioteca, vestindo preto. Este aterrou com mais cuidado que os outros dois. Em vez de cair sem qualquer dignidade, ele dobrou a cabeça e rolou rapidamente para uma posição em pé.

“Jace!” chamou a mesma voz abafada. “Tira a Isabelle de cima mim!”

“Mmmm…” o garoto chamado Jace refletiu. “Não,” ele disse decisivo. “Nós dois contra a Isabelle dificilmente seria desportivo.”

A garota que seria Isabelle disse. “Seria apenas injusto porque vocês iriam perder!”

“Não,” Jace disse calmamente. “Seria injusto porque o idiota do seu irmão mais velho não consegue superar a vontade de te proteger, o que significa que eu estaria fazendo todo o trabalho, e francamente, não vale a pena o esforço.”

“Sua lealdade aquece meu coração.” Resmungou o garoto que estava sendo esmagado.

Jace deu de ombros. Pensa dessa maneira Alec,” ele disse, dando um nome ao garoto. “Você teria que pagar um bom dinheiro para quebrarem suas costas dessa maneira. Izzy está fazendo isso de graça.”

Alec rolou e atirou Isabelle ao chão. Então ele se levantou e se virou para encarar Jace. Isso também fez com que encarasse o grupo de Caçadores de Sombras de Londres.

Tessa sentiu seu queixo cair. Esse garoto era muito parecido com Will à primeira vista. Ele tinha o mesmo cabelo negro e olhos azuis, embora a íris fosse ligeiramente mais clara que a de Will. Ele também era um centímetros mais alto. Os olhos também eram mais abertos que os de Will. Eram abertos, honestos e mais ansiosos do que confidentes ou arrogantes.

Alec ficou momentaneamente de boca aberta quando notou o grupo. Jace viu a reação do amigo e se virou para que também pudesse encarar o grupo.

Tessa, que tinha conseguido fechar a boca depois de ver Alec, abriu novamente ao ver esse garoto. De costas voltadas tudo o que conseguia ver era a sua constituição, e o cabelo dourado que parecia absorver e refletir toda a luz na biblioteca. Mas quando os encarou estava claro que era dourado quanto Jem era prateado. A pele era pálida, clara, bronzeada. Os olhos eram brilhantes, da cor do mel. As feições eram bonitas e angulares, com rosto e queixo pronunciados e lábios cheios. Os olhos eram largos. A arrogância sonolenta de Jace e o ar predatório, faziam Tessa lembrar um leão.

Jace pareceu assimilar tudo e todos com um pestanejar de olhos, antes de suas feições se tornarem um sorriso encantador. “Nos desculpem,” ele disse num prazeroso sotaque americano. “Nós não queríamos interromper a reunião da sociedade Shakespeariana. Apenas nos deem um momento até nossa amiga chegar e então iremos embora.”

Charlotte encontrou sua voz e fez a pergunta óbvia, “Quem são vocês?”

“Ninguém com quem precise se preocupar, “assegurou Jace, mantendo os olhos fixos no teto ainda a brilhar.

Jessamine tinha uma pergunta diferente. “O que, em nome do Anjo, você está usando?”

Isabelle se levantou, o que permitiu ao grupo ter uma boa visão dela. Era alta e esguia, o cabelo era o mesmo negro do irmão e caía abaixo dos ombros com uma leve ondulação. Os olhos eram uns tons mais escuros que os de Alec e eram ainda mais parecidos com os de Will. O casaco azul de veludo que usava destacava ainda mais a cor deles. Ela usava uma calça azul escuro feita de um material que Tessa não reconheceu.

“Olha quem fala,” disse com uma voz arrogante.

Will arregalou os olhos e ficou pasmado. “Cecily.”

Isabelle olhou para ele de lado. “Hum, não. É Isabelle, e aquele é meu irmão Alec. O arrogante loiro ali é o Jace.”

“Estou ressentido com isso,” disse Jace sem mudar o olhar. “Eu prefiro pensar em mim mesmo como ciente da extensão completa dos meus encantos.”

“Isso agora não é importante,” disse Alec tomando a dianteira. Agora que Jessamine tinha falado nas roupas, Tessa não podia deixar de reparar na maneira como os dois garotos estavam vestidos. Usavam o mesmo tipo de calça que Isabelle, e os sapatos em todos eles, pareciam botas que tinham sido cortadas abaixo dos tornozelos. “Jace. Ela se referiu ao Anjo.”

“Eu a ouvi Alec,” Jace respondeu. “Eu acho que podemos estar no sitio certo, no tempo errado.”

“Oh,” os olhos de Alec se abriram ao perceber a implicação no que tinha acabado de dizer. “Oh.”

“Realmente,” Jace concordou. “Você não tem de concordar com tudo o que eu digo. Eu obviamente concordo, porque disse primeiro.” Nesse momento o Portal abriu novamente e uma quarta forma caiu em direção ao chão num flash de cabelo vermelho. Jace apanhou a garota que caia facilmente, e Tessa achou que seria ela por quem ele esperava.

A garota piscou para Jace. “Obrigada,” disse ela numa voz suave e alta.

Jace sorriu. “O prazer é todo meu.” Ele ajudou a garota a ficar em pé.

“Oh claro,” Alec disse cético. “Ela você ajuda.”

“Você passou pelo Portal antes de mim,” observou Jace. “Além disso,” ele apontou para a garota. “Clary,” ele apontou para Alec. “Alec, meu ainda de qualquer maneira fashion parabatai. Trabalha na matemática, não é muito difícil.”

“Já chega Jace,” disse a garota chamada Clary. Sua face estava corada. “Alguém me pode explicar como viemos parar no Clube de Sociedade Histórica?”

“Não viemos,” disse-lhe Jace.

Ela olhou para ele confusa. Nesse momento, Tessa reparou o quão pequena Clary era. Sua cabeça mal chegava ao peito de Jace. Ela era muito parecida com Charlotte em termos de estatura, e o cabelo caía ondulado pelos os ombros. Seu ondulado flamejante emolduravam sua feição delicada e mostrava um grande contraste em relação à sua pele pálida e grandes olhos verdes. “Me explique, por favor.”

Jace ergueu seu olhos dourados para Will e Jem. Tessa pensou que talvez ele se sentisse mais confortável ao se dirigir a garotos da sua idade. “Podem me dizer a data, por favor, “disse numa voz medida.

“4 de novembro de 1878,” respondeu Jem prontamente.

Clary pareceu compreender, mas ainda estava um pouco confusa. “Quem são essas pessoas?” ela perguntou.

Charlotte voltou a si mesma. “Mas é claro. Nós não nos apresentamos. Perdoem-nos, a vossa aparição foi um tanto chocante. Eu sou Charlotte Branwell e esse é meu marido Henry. Nós dirigimos o Instituto de Londres. Eu presumo que vocês sejam da América.” A maior parte das runas estavam escondidas pelas roupas, mas as runas com um olho nas mãos estavam bem visíveis. Jace, que era o mais marcado de todos, também tinha um conjunto de runas no peito e nos braços.

Alec assentiu. “Meus pais e de Isabelle dirigem o Instituto de Nova Iorque. Jace vive conosco e Clary vive na cidade.”

“Nova Iorque?” perguntou Tessa de súbito. Falava pela primeira vez que o estranho grupo de Caçadores tinha aparecido. “Mudou muito desde a última vez que lá estive?”

O grupo trocou olhares. Isabelle fez contas rapidamente. Se era realmente 1878 então isso significava que a garota morena não tinha estado em NY em um equivalente de 135 anos. “Sim,” Isabelle disse. “Mudou. Bastante, na realidade.”

Tessa se sentiu cabisbaixa. Charlotte olhou para Jem continuar com as apresentações.

Ele percebeu a sugestão. “Eu sou James Carstairs, mas podem me chamar de Jem.” Jessamine ficou entediada com o procedimento e saiu da biblioteca num rodopio de saias. A porta bateu atrás dela. ”Aquela era a sempre encantadora Jessamine Lovelace,” Jem finalizou.

Will já tinha avaliado a maior parte do grupo, roupa estranha incluída. Ele agora movia os olhos pela garota ruiva chamada Clary. Ela parecia o oposto de Isabelle, que era tão parecida com sua irmã mais nova, que era assustador. Alta, cabelo escuro, feições afiadas e olhos azuis. Ela também tinha a mesma aura feroz. Clary, por outro lado, era baixa e delicada. Pequena foi o termo que Will pensou. As feições suaves apenas elevava a imagem de ela ser mais nova do que aparentava. Seus olhos eram grandes e da mesma cor de uma esmeralda, ladeados por grossos cílios negros. Eles também tinham uma determinação feroz. Will pensou que ela era muito parecida com Charlotte.

Jace notou o olhar critico do outro garoto e se aproximou de Clary, entrelaçando seus dedos. “Quem é você então?” ele perguntou de olhos semicerrados.

Will encontrou seu olhar calmamente. Claramente Jace era o tipo de pessoa protetora. “Eu sou William Herondale.” Proclamou.


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Notas finais do capítulo

Devo continuar?