50 Coisas que eu Odeio em Você escrita por Mayy Chan


Capítulo 24
Eu odeio seu romantismo


Notas iniciais do capítulo

"OLHA AQUI SUA ***** VOCÊ NOS ILUDIU, MAGOOU E SUMIU POR (insira o número aqui) DE MESES". Ok, ok, eu sei que eu fui malvada *sorri perversamente*, mas os livros não me deixam em paz. Sério mesmo, eu estou profundamente apaixonada por esses pequenos pedaços de céu. E, POR FAVOR, LEIAM ACADEMIA DE VAMPIROS PORQUE É MUITO SAMBANTE. Olha, eu sei que eu fui uma perversa, inútil, magoadora de corações e deixei o suspense no último capítulo, mas pensem pelo lado bom: tem capítulo novo.
De qualquer forma, me desculpem mesmo, senhores(e senhoras)

XOXO, Mayy



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― Você se incomodaria em ao menos tentar ser menos perfeita um pouco?

Jogar xadrez com Percy, depois de um tempo, se tornou uma tarefa quase impossível. Era quase impossível se concentrar com aqueles olhos grandes e azuis, que podiam ser facilmente comparados a uma imensidão oceânica dada como presente dos deuses. Porque, sério, não conseguia uma descrição melhor para ele do que simplesmente perfeito.

― Você se incomodaria em parar de respirar na minha cara enquanto eu estou tentando dar um fim nesse seu rei estúpido?

― Não me importo de perder pra você.

― Essa é a desculpa esfarrapada do típico mal perdedor. ― pisquei e dei um sorriso de lado, enquanto movia a minha peça estrategicamente.

― Eu sou péssimo nesse jogo, não vai ser uma desculpa esfarrapada que vai mudar isso.

― Essa é a segunda fase do mau perdedor: a pura e intragável aceitação. ― encarei minuciosamente o tabuleiro enquanto ele movia mais uma peça.

― Hoje mais tarde eu tenho um treino e te quero na primeira fileira. Não ache que eu esqueci a nossa aposta, loira. Se eu ganhar, te quero cantando e rebolando direitinho no meio daquele palco.

― Você me quer rebolando na frente de um monte de garotos na puberdade? Você realmente confia em si mesmo, hein?

― Eu não me importo de você rebolar na frente de um bando de garotos na puberdade, se eu ainda for o único que vai te levar pra casa, o que eu vou fazer.

― Você tirou isso de alguma música melosa de uma daquelas boybands que estão na moda, ou coisa do tipo? Eu não... “sou levada para casa”.

― Eu falei no sentido literal, Chase. ― revirou os olhos, colocando o tabuleiro de lado esse acomodando na minha frente. ― Eu respeito seu tempo, e peço em troca que você entenda a paranoia do meu pai de que eu tenho que te levar para casa. De alguma forma, ele voltou de reunião, iremos fazer um jantar em família e eu preciso de você lá pra não surtar outra vez.

Ele estendeu a mão para meus braços, e começou a fazer leves carícias com o polegar. Aparentemente, hoje ele havia optado por deixar o perfume de lado, o que o deixava com um cheiro de sabonete e xampu, provavelmente consequências da minha chegada inesperada. Lentamente, ele se aproximou de mim e me abraçou, colocando levemente seus lábios sobre os meus, formando um beijo quase imperceptível.

― Eu posso fazer esse esforço por você. ― sussurro contra os lábios gelados de Percy.

― Falando em esforço, posso saber os seus planos pra essa tarde? Estou cogitando seriamente te levar para um lugar que não vamos há um certo tempo...

Percy começou a beijar levemente a curvatura do meu pescoço, me causando leves arrepios. Recostei a cabeça em seu peitoral, e enrolei seus cabelos em meus dedos, fechando os olhos para sentir melhor a sensação da sua boca.

― Tem muitos lugares que não vamos há um tempo.

― Lançou o último filme de O Hobbit, e eu quero levar minha namorada loira pra ir assistir comigo. Te pago a pipoca. ― riu contra meu pescoço.

― Essa é a versão mais chique do “eu te pago uma coxinha”? Pois saiba que eu não sou conquistada pelo estômago.

― Sério? ― passou uma das mãos para minha barriga e começou a acariciar com o polegar, me fazendo soltar uma gargalhada. Depois de que o mesmo notou meu ponto fraco, trouxa também a outra mão para intensificar as cócegas.

Deixando-me levar pelo momento, tentei me afastar e deitei sobre sua cama, chutando o ar. Já não conseguia nem mais pronunciar alguma palavra, e meu rosto já queimava. Eu devia estar corando muito, porém em algum momento, consegui inverter nossas posições de uma forma vergonhosamente engraçada.

Quando suas mãos pararam de se mover em minha barriga, Percy para apenas para me encarar. Os olhos grandes e curiosos passaram pelos meus olhos, até meus lábios parando ali. Sua aproximação foi lenta, porém o beijo começado com ela foi algo inesperado. Começando apenas com um selar de lábios, logo senti a língua do moreno sobre minha boca. O beijo foi aprofundado sem mesmo que eu pensasse duas vezes. Um ato completamente impensado, coisa completamente fora do meu habitual.

― Percy, seu pai pediu para... Me desculpa! ― exclamou surpresa Sally. ― Atrapalhei algo?

Ok, você pode ter passado por todas as vergonhas na vida, mas provavelmente não foi pega pela mãe do seu namorado em meio a uns amassos um pouco mais tensos. E, se fez, provavelmente não levantou com os cabelos bagunçados e boca avermelhada apenas para dizer oi. Sim, eu tenho sérios problemas. Percy se jogou na cama, se sentando logo após.

― Não, nós estávamos... ― suspira bagunçando ainda mais os cabelos. ― de saída. ― complementou.

― Sério, eu não quis atrapalhar nada. ― indagou com as bochechas coradas. ― Eu só vim avisar que seu pai me pediu para avisar que está chegando na terça. Mas podem ficar eu... vou fazer umas tortinhas e...

― Mãe, nós estávamos indo pro cinema. ― Jackson se colocou na altura da mãe e beijou sua bochecha. ― Vamos, baby.

― Ai meu Deus, Sally, me desculpa. Sério, isso é humilhante, eu entenderei perfeitamente se...

― Annabeth, eu não sou boba. Sei a idade do meu filho, e sei o que acontece nela. Agora, vai, tem um filme te esperando.

Sorri em agradecimento e, depois da despedida, desci lentamente os degraus da escada com minhas mãos ainda entrelaçadas a de Percy. Depois de muito me envergonhar na vida, essa era uma das situações que eu menos queria passar outra vez. Uma coisa quase... humilhante. E, acredite ou não, tentava sempre evitar esse tipo de constrangimento na minha vida.

― Dê um nível de zero a dez pra situação de agora, e tente explicá-la em três palavras.

― Oito de constrangimento, porém eu usaria um sete por não me arrepender nem um pouco. E “queria simplesmente morrer” ou “queria enfiar minha cabeça na terra e simplesmente ter um enfarto” são boas frases.

― A segunda não tem três palavras.

― A vergonha foi tanta, que me acho incapaz de pronunciar ao menos uma.

― Você tem um senso de humor negro, Chase. Agora, será que a senhorita poderia me conceder o prazer de se sentar ao lado de um pobre e mero mortal que lhe levará para um encontro dos sonhos de qualquer...

― Duquesa, por favor. Coroa dá um efeito péssimo na cor dos meus olhos. ― sorri de lado, e me sentei educadamente sobre o banco.

Após fechar a minha porta, Percy se sentou no lugar do motorista, e ligou a ignição do carro. A única parte um pouco diferente, foi que ao invés de dar partida, o seu olhar guiou para o para-brisas e se manteve por ali. Tive uma certa vontade de perguntar o motivo da distração, porém minhas questões foram respondidas quando ele mordeu o lábio inferior, virou para o meu lado e disse:

― Você... sabe? Já... beijou um cara dentro de um carro?

― Que tipo de pergunta é essa? ― arqueio as sobrancelhas.

― Eu quero... te mostrar coisas novas. Ser o seu “primeiro tudo” mesmo você já tendo uma cota maior de “primeiras experiências” do que eu gostaria.

― Ano passado, com Polux quando estávamos perto de chegar na praia. Uma experiência péssima, que eu saí com a boca dolorida e um pouco avermelhada demais pro meu gosto.

― Então vem cá que eu te devo uma experiência... interessante.

As mãos de Percy facilmente se moldaram em minha cintura, e me levaram até ele de uma forma em que o estofamento que nos separava não influenciaria no beijo. Lentamente, soltou meu cinto e, fechando os olhos, deixou que nossas bocas se explorassem. Poderia ficar facilmente a noite toda nessa posição sem ao menos me cansar. A partir de certo momento na minha vida, ele havia se tornado minha fortaleza. Percy, além de o cara que estaria sempre ali para ouvir minhas histerias, também seria o que estaria ali para me proteger do mundo. Suas mãos, anteriormente em minha cintura, começavam a passear por minhas costas e pescoço, assim como as minhas em seus cabelos. Mal notei que estava me inclinando para trás, até sentir ele me puxar de volta, nos deixando mais próximos que antes.

Após o beijo, ele afastou meu cabelo e passou a distribuir leves beijos no meu pescoço. Um suspiro fraco saiu involuntariamente da minha boca. O arrepio de verdade, só veio quando ele sugou a pele fina, deixando um provável roxo no lugar. É, eu definitivamente ia ser questionada sobre isso em casa.

― E é assim que se dá uns amassos no carro. ― indagou com a voz rouca e um pouco grogue. ― Isso porque estamos juntos há uns dois meses. ― piscou involuntariamente, se olhando no retrovisor. ― É, tudo em ordem aqui. E aí?

― Tudo em ordem? ― indaguei fingindo perplexidade. ― Se não contar esse roxo do tamanho exato da sua boca no meu pescoço, vai tudo bem. Sabia que meu pai pode me arrancar o couro por causa disso?

― Não se preocupe, posso espalhar mais uns e você finge que caiu da escada. ― piscou me olhando de soslaio enquanto finalmente dava partida no carro.

― Você não tem concerto, Jackson.

― Vou levar como um elogio.

••

― Esse é, sem dúvidas, um dos melhores filmes da minha vida!

― Não que eu esteja duvidando da sua grande capacidade de reconhecer coisas perfeitas, afinal eu sou a sua recente escolha de namorada, mas também duvido que você não tenha falado isso dos últimos milhares de filmes que você assistiu mesmo que a contragosto.

― Você é uma geniazinha do mal, sabia?

Eu facilmente poderia colocar “ser namorada de Perceus Jackson” como uma das coisas mais fáceis na vida. Talvez fosse o sorriso lateral, ou a sua autoconfiança um pouco exagerada, porém ninguém duvidava da sua natural habilidade de fazer algumas garotas saírem do sério. E, por um golpe do destino, ele se tornara algo que simplesmente não aprendi a dividir.

Saindo do cinema, vi a estatura minúscula de Kaitlin ao lado da quase albina Abigail. Ambas entraram na escola no meio do ano letivo, porém em épocas diferentes. Mal sabia que ambas se conheciam, mas saíram rindo incessantemente de uma das salas, como se fossem cúmplices de um crime. Ao lado delas, logo atrás, vieram Rachel e Ella também gargalhando. O mais estranho é que, entrelaçada nos braços pálidos da ruiva, estava Thalia Grace, minha única e exclusiva melhor amiga.

O que a punk mais megera e revoltada com a vida estava fazendo no meio daquele grupo de meninas histéricas? Soltei-me do meu namorado, e puxei ela sem ao menos cumprimentar antes as outras meninas. Não tinha tempo nem paciência para educação agora.

― O que você tá fazendo aqui? ― sussurrei olhando por trás do meu ombro.

― Fazendo compras. ― riu como se fosse óbvio.

― Quem é você e o que fez com a minha melhor amiga?

― Sua melhor amiga ficou pra trás, naquela época em que você deixou de falar com todas as meninas simplesmente porque estava namorando um playboyzinho idiota. Eu conheço mais o Percy que você, ele é meu primo. Mas, acima de tudo, eu nunca deixei de ir pra sua casa todas as noites, nem mesmo quando eu comecei a namorar o Luke. Ah, é mesmo, você não sabe disso, afinal você não estava presente. Ele virou o centro do seu mundo desde esse projeto idiota.

― Thalia, eu...

― Pelo amor, me deixe falar. Eu sinto a sua falta, Annie. Mas simplesmente não consigo mais me martirizar por você nunca estar presente. Eu sei como é querer ficar vinte e quatro horas grudada no namorado, mas olhe só. Você está perdendo toda a diversão. Ele não é tudo que você tem, você ainda tem a nós e, céus, Abby precisa urgentemente de umas dicas de moda. Ela ainda vive na década de 80. ― revirou os grandes olhos azuis e cruzou os braços, deixando em evidência o esmalte preto e lascado da unha.

Segurei um riso, e vi que a punk também fez o mesmo. De repente, ela me puxou para um abraço que eu retribuí, colocando meu rosto na curvatura de seu pescoço e a aproximando de mim.

― Você é uma nojenta por me abandonar.

― Eu sei e não vai se repetir, baby.

― Tomara que não mesmo. Amanhã, na minha casa, dez da noite. E, se eu ao menos ver a cara inútil do Percy na porta, vocês dois vão ter sérios problemas. ­― sorriu e me deu um leve beijo na bochecha. ― Tenha um bom fim de encontro, Cinderela.

― Espera, antes de ir embora... o que vocês estavam fazendo?

― Ah sim. ― falou enquanto andava de costas. ― Kayt nos ensinou como roubar óculos 3D com maestria. ― piscou levemente e eu entendi.

Percy veio andando lentamente até a minha direção com as mãos nos bolsos e um olhar significativo. Era impressionante como alguém podia passar todos os sentimentos apenas com um olhar. E, bem, se tinha uma pessoa que eu entendia com um olhar, esse alguém era meu namorado. Não me surpreenderia o fato de ele ter, provavelmente, levado uma longa bronca de Kaitllin, uma garota de praticamente um metro e cinquenta de pura marra e hiperatividade.

― Então... encontro com as amigas?

― Encontro com as amigas. ― sorrio de lado, entrelaçando nossos dedos novamente para continuarmos andando.

― Vocês vão andar por aí de langerie, guerra de travesseiros e tudo mais?

― Na casa da Thalia? No mínimo jogar videogame de moletom comendo nuggets.

― Eu posso aguentar.

― Sim, você pode.

•••

“Eu odeio seu romantismo

Percy, nem de longe, é um dos caras mais românticos com quem eu já saí. Não que eles tenham sido muitos, na verdade não sou uma das pessoas mais experientes em encontros que se vê por aí, mas eu posso sentir que ele tem aquela coisa que faz você fosse a personagem principal de um filme de comédia romântica com que você vem sonhando desde os seus dez anos.

Hoje mais cedo meu coração saiu do ritmo novamente. Não consegui respirar, nem mesmo sair da cama direito. Os remédios, por mais que façam algum efeito, me deixam também fraca e emocionalmente instável. Da última vez que realmente tive uma consulta, eles me deram meses de vida até eu arrumar um novo coração do mesmo tipo sanguíneo que o meu, mas algo me diz que achar um “O negativo” não vai ser nada fácil, mas estou enfrentando.

Mas por algum motivo, quando estou com ele, é como se eu fosse apenas eu. A menina de sempre, sorridente e feliz. Por um momento, me julgo capaz de esquecer tudo isso e simplesmente sobreviver. Ele realmente acha que eu melhorei, mas será que isso realmente seria verdade? Não tenho coragem de simplesmente revelar, porque ele faz de tudo por mim.

Eu odeio isso nele, sr Quíron, simplesmente porque eu não conseguiria parar de amar...”


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, e não deixem de comentar o que gostaram e o que não e... beijos de luz porque quem brilha brilha, e o resto é pisca-pisca.
XOXO, Mayy