Três Vassouras escrita por Amanda


Capítulo 86
Formatura




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E então os dias passaram-se com uma velocidade que Rose mal conseguia atender todos os pedidos da diretora. Como monitora, ajudou na decoração do Salão durante uma tarde inteira. Levitando enfeites e ornamentos com a varinha ágil. Após a tarde exaustante de trabalho sôfrego, jogou-se no sofá, o pijama largo em cores que intercalavam entre o cinza e o branco. As meias listradas entre laranja e vermelho contrastavam com a capa do livro em suas mãos.

Scorpius saiu o banheiro arrastando os pés, levantou as pernas de Rose, sentou-se, e puxou-as para cima de seu colo. Acariciando a panturrilha da ruiva com os dedos, em um movimento de vai e vem.

—Estou morto! —Jogou a cabeça para trás, fechando os olhos.

—Também. —Rose suspirou, fechou o livro e recolheu as pernas do colo do garoto. —Luke mandou dizer que daqui a pouco viria aqui te ajudar a fazer o discurso.

A ruiva levantou-se.

—Ah, claro! —Scorpius nem sequer abriu os olhos. —Vai dormir ruiva?

—Sim. —Respondeu apertando o livro contra seu corpo. —Boa noite, Malfoy.

Scorpius fez um gracejo com a mão, despedindo-se.

O dia iniciou com fortes raios de sol, denunciando a breve chegada do verão. Rose levantou-se animada, separou a roupa que usaria na formatura em cima de sua cama. Estava preparada. Ajeitou um bloquinho e uma pena, sentou-se na janela e começou a mexer a pena, balançando-a freneticamente.

Scorpius não viu a ruiva, assim como a mesma, não viu um sequer sinal do Sonserino.

A noite caiu, e com ela, os pais orgulhosos chegavam e aglomeravam-se no Salão Principal. No corredor os alunos conversavam freneticamente. Alguns rapazes, nervosos, ainda tentavam ajeitar as gravatas atadas em nós cegos. Enquanto as garotas ajeitavam alguns fios de cabelo que saíram do lugar. Scorpius, diferente dos rapazes, olhava abismado para a escada, esperava a ruiva.

—Caro amigo, acalme-se, logo ela estará chegando e... Ual! —Scorpius que desviara o olhar por alguns segundos, virou-se rapidamente. Encarando a ruiva.

—Mérlin! —Suspirou observando-a.

Rose usava um vestido vermelho longo, com detalhes em um tom mais escuro na cintura e no delicado decote. O cabelo alaranjado, preso com cachos caídos sobre os ombros. A capa preta com o brasão da Grifinória cobria parte de sua roupa, mas com o movimento de seu andar corpulento, a cintura fina, e o quadril largo, ficavam a mostra.

A ruiva um tanto corada com toda a atenção que recebeu nos poucos segundos, apoiou a sua mão na de Tiago que, levou-a até os Grifinórios, para os últimos aconselhamentos e instruções.

Scorpius suspirou outra vez, enquanto observava a ruiva, com um pergaminho enrolado na mão, dar ordens ativamente.

—Estamos prontos! —Minerva anunciou enquanto as portas abriam-se.

Minerva então começou a caminhar, sendo seguida pelos alunos das quatro casas. Logo sentaram-se a ouviram o discurso da diretora que, emocionada falou brevemente dos feitos realizados pelas casas. E com orgulho, iniciou a chamada dos alunos que fariam seu discurso. Começando por um lufano ruborizado e trêmulo. Seguindo por uma Corvina ruborizada e extremamente nervosa, que mesmo sob pressão, emocionou não só os alunos e professores, mas igualmente os pais e familiares.

Logo, a diretora chamou o monitor da Sonserina, para que encantasse com seu belíssimo discurso os convidados. Scorpius levantou pomposamente, dirigindo-se até a frente. Limpou a garganta fazendo um som estranho, enquanto o silêncio constrangedor reinava no lugar.

—Bem, agradeço aos meus colegas Sonserinos por terem me colocado nessa obrigação. —Algumas risadas ecoaram no canto onde os Sonserinos estavam posicionados. O loiro desdobrou um pequeno pergaminho e levantou-o na altura dos olhos, de um modo que não escondia seu rosto. —Bem, primeiramente quero agradecer ao meu melhor amigo, Zabini, que me ajudou a escrever meu discurso nessa madrugada!

—Eu te amo, amigão! —Luke gritou o meio dos alunos, arrancando risadas.

Scorpius apontou para o amigo e assentiu.

—Enfim, eu pretendia acentuar como foi bom esse ano e como sentiremos saudades, mas algo me inspirou. Durante esse ano, nós estudamos para os N.I.E.M.s. Alguns namoraram e se esconderam nos armários de vassoura. Outros colaram nas provas e copiaram trabalhos. E os que mais me deixam curioso, foram aqueles que passaram a maior parte do tempo enfurnados na biblioteca. —Olhou sugestivamente para Rose. —E é claro, os jogadores, capitães e capitãs das Equipes de Quadribol, que treinaram dia e noite. Devo dedicar essa parte para a Grifinória, que levou a taça! —Ao longe viu Rose sorrir orgulhosa. —Todos passamos sete anos estudando e nos preparando para o dia de hoje, mas e agora? Já sabemos o que fazer? O que queremos a partir de agora?

Girou nos calcanhares e continuar a falar.

—Temos muito tempo. —Falou alto, o que soou como um grito. —Está na hora de errar e aprender com isso. Hora de se apaixonar e amar incondicionalmente. Talvez seja errado, mas é um risco necessário e estou disposto a correr. —Suspirou. —Já pararam para pensar em tudo que aconteceu? As brigas, competições, e juras de amor? Temos apaixonados na plateia? —Alguns burburinhos rolaram. —Achei que sim!

Scorpius pode ouvir atrás de seu corpo Minerva ralhando e o mandando ser direto.

—Sabem... —Andou de um lado para o outro. —Eu me apaixonei. Ela é teimosa e autoritária, tem opinião forte e me estupora sem nem pensar duas vezes. Mas no fundo ela é sensível e está com medo... O que eu não entendo, porque ela tem o soco mais forte que o do Zabine. —Riu baixinho. —Mas eu queria que ela soubesse que, eu estou disposto a ir ao fim o mundo, para tê-la por perto. —Caminhou em círculos novamente. —E depois eu quero convencê-la, de que não importa o que aconteça, eu vou sempre estar ao seu lado. —Sorriu de lado, o mesmo sorriso que fazia qualquer garota se derreter.

Caminhou lentamente até Rose um tanto inexpressível. Pegou a mão da ruiva e beijou-a com carinho. A ajudando a levantar com um sorriso conquistador nos lábios. —Passo minha palavra para Rose Weasley, capitã do time da Grifinória! —Puxou a garota até um pouco mais próximo de si e sussurrou “boa sorte”.

Enquanto sentava-se, recebeu muitas palmas e assovios. Rose já em pé, caminhou o mais ereta que conseguiu com os sapatos de salto. Sorriu para o público, encobrindo a ânsia de vômito que lhe dominou por alguns segundos. Tocou a varinha por dentro das vestes e mordeu os lábios.

—Queria primeiramente parabenizar meus colegas pelos maravilhosos discursos, e dizer que me sinto extremamente envergonhada, quando eu mesma, por incrível que pareça, não tenho um pronto e preparado. —Alguns a olharam incrédulos, enquanto outros achavam que era brincadeira. Minerva apenas soltou um “Mérlin” ao fundo. —Bem, se o Sonserino galanteador me permitir, gostaria de continuar com as suas palavras.

—Claro ruiva! —Scorpius gritou do meio dos alunos com seu jeito maroto e zombeteiro.

—Agradecida! —Sorriu. —Bem, aproveitando a deixa do meu amigo, queria dizer para arriscarmos mais, não ficar preso à escolhas erradas e arrependimentos. Vamos errar, eu sei, isso soa um tanto hipócrita da minha parte. Mas eu me atirei de uma vassoura em movimento a trinta metros de altura! —Alguns riram. —Posso até ser uma Grifinória, mas tem momentos que sou tão covarde quanto um gatinho. Não sou nenhum exemplo, mas sei que depois de viver tanto tempo aqui e depois de conhecer cada um de vocês, posso garantir que mudei. —Sorriu. —E a resposta para os que se perguntam, é que sim, devemos deixar de lado os medos incoerentes e viver!

Foi aplaudida de pé.


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Notas finais do capítulo

Agradeço de coração a Isabella Andrade, pela recomendação que só me inspirou ainda mais. E quem sabe um dia, talvez eu publique um livro...