O céu encoberto por algumas nuvens estava submerso de aplausos e gritos. As arquibancadas tremiam com os pulos dos alunos, vibravam. O time da Sonserina foi o primeiro a entrar em campo, as capas deixaram o lugar ainda mais verde, e ilustre com os tons de prata. Na torcida das serpentes balançavam as bandeirinhas de sua casa, enquanto intercalavam as palmas com os gritos de guerra. Não demorou para que os leões abafassem o som dos Sonserinos. A arquibancada Grifinória explodiu em gritos, palmas e incentivos. Todos já estavam posicionados, os capitães — Rose e Scorpius, aproximaram-se, esticaram-se sobre as vassouras e então apertaram as mãos.

—Boa sorte, Malfoy! —Rose falou com confiança e indiferença.

Scorpius sorriu de lado, e naquele instante Rose soube que se apaixonara pelo dono do sorriso tão cafajeste quanto a personalidade.

—Bom sorte, Ruiva! —Apertou a mão da garota e olhou-a nos olhos.

Em baixo, no gramado, a professora dava as ordens. Os balaços já haviam sido lançados, assim como o pomo de ouro, no momento em que a Goles fosse lançada, a rivalidade aumentaria para o casal, e então a frase “que o melhor jogador vença” prevaleceria.

Scorpius olhou-a uma última vez, e sussurrou para que apenas a sua ruiva ouvisse.

—Tome cuidado. —As últimas palavras optou por apenas gesticular com os lábios. —Eu te amo!

Rose corou e sorriu.

—Eu também! —Gesticulou sorrindo.

Os sorrisos desapareceram assim que o vulto da bola saiu das mãos da professora. Antes que o loiro tivesse a chance de pegá-la, Rose jogou seu corpo para o lado, pendurando-se no cabo de madeira polida, agarrou a goles e logo estava na posição normal, dirigindo-se para os aros. Scorpius a seguia, assim como todos os artilheiros, tanto Grifinórios como Sonserinos. As arquibancadas se calaram em nervosismo pela agilidade da ruiva em desviar dos jogadores e ainda passar por cima e um balaço que quase lhe acertara para o desespero de Scorpius. O ar trancado pelos torcedores soltou-se juntamente com gritos.

—Rose Weasley marca dez pontos para a Grifinória! —A narradora vibrou.

A ruiva equilibrou-se e lançou as mãos para cima, comemorando. Logo, segurou o cabo de sua vassoura com força e passou pelo namorado.

—Sorte de principiante! —O loiro retrucou.

Rose sorriu sarcasticamente.

—Acho que não se aplica a você, não marcou nenhum ponto ainda! —Sorriu e seguiu caminho até o primo.

O jogo continuou cada vez mais agressivo. Um jogador Sonserino conseguira derrubar uma Grifinória da vassoura, deixando a equipe mais abalada. Scorpius e Rose trocaram olhares de certa forma “preocupados”, e o loiro entendia perfeitamente o que no fundo a ruiva estava sentindo. Sempre leal a todos, poderia muito bem ser uma Lufana, porém, era sua ousadia e sangue-frio que lhe encaixava aos leões.

O jogador que antes derrubara a garota, agora tentava roubar a goles das mãos de Rose. A ruiva então entrou no joguinho particular de disputa. Ao longe, alguns de seus amigos perceberam o que faria, apenas por apertar um pouco mais a vassoura. Fez um sinal discreto para Tiago que, prontamente, voou para baixo da ruiva, observando-a com cautela. Scorpius havia parado para observar a cena que seguiria. Em um segundo, a ruiva foi empurrada, esperara aquele movimento do Sonserino por um longo tempo. Assim que seus ombros se chocaram, simplesmente se lançou para fora da vassoura, fazendo com que o Sonserino também se desequilibrasse. Ao cair, abraçou a bola contra seu peito e virou o corpo, com o intuito de cair sentada. E como previu, Tiago a segurou junto ao seu corpo, colocando-a perfeitamente em sua vassoura.

—Você é louca garota! —Murmurou enquanto o Sonserino que, se segurara na vassoura para não cair, observava atônito a situação.

—Você não viu nada! —Sorriu virando-se e apoiando as mãos nos ombros do primo.

—O que vai fazer? —Perguntou vendo que a prima ficara de pé, e equilibrava-se segurando em seus ombros com apenas uma das mãos.

—Preciso da minha vassoura! —Falou para o primo enquanto lançava a bola para um companheiro de equipe, dando ordens com um das mãos.

Um garoto de seu time que, segurava a vassoura da ruiva jogou o objeto mais para frente, enquanto Rose em uma acrobacia inusitada pulou da garupa do primo. A cena se passou em câmera lenta diante dos olhos dos espectadores. No ar, capturou a goles recém lançada por um companheiro e pousou perfeitamente em sua vassoura mais a frente. A arquibancada e alguns de seus amigos respiraram aliviados depois da mostra de quase suicídio da ruiva. Seguindo de gritos e aplausos escandalosos.

Os artilheiros da Grifinória formaram uma espécie de escada, Rose no meio segurava a bola.

—Vamos lá rapazes, temos um jogo a ganhar! —A formação se desfez em poucos minutos, e logo mais dez pontos foram marcados para a casa da Grifinória.

O jogo fluía, Rose e Scorpius mais que qualquer outro jogador, estavam nervosos. Com o placar quase empatado, os apanhadores lutavam para tentar avistar o pomo de ouro.

Rose parara por um momento, para apenas observar o campo. Scorpius parou ao seu lado.

—Cansada, Ruiva? —Perguntou em tom brincalhão.

Rose sorriu enviesado.

—Jamais. —Olhava concentrada para um ponto. —Pega essa Malfoy!

Esticou-se capturando a bola e voando por trás do loiro em direção aos aros. Scorpius se preparava para pegar a goles agora em posse dos Sonserinos, porém, a narrada lhe distraiu.

—Parece que o pomo de outro finalmente foi encontrado! —A voz da garota era frenética e consistente. —Sonserina está na frente!

As torcidas calaram-se por um momento, apenas observando os movimentos precisos e velozes.

—Sonserina vai sair vencedora esse ano! O apanhador se aproxima, mais, mais — Falava. —, mais. Uh, Grifinória ganha!

O jogo terminou com os aplausos dos Grifinórios, professores e pais. Rose desceu da vassoura já pulando e sendo abraçada pelo restante do time. Gritos ecoavam das arquibancadas. Tiago segurou o rosto da ruiva entre as mãos e beijou-lhe a testa levemente úmida pelo suor, que colava alguns fios ao seu rosto.

—Vencemos capitã! —Falou abraçando-a com força.

—Isso é tão incrível! —Gritou para ser ouvida. —Nosso último ano, e levantamos a taça!

—Eu sei, e tudo graças à sua loucura! —Tiago riu apoiando-se na vassoura enquanto falava. —A propósito, qual o seu problema?

—Ousadia e coragem! —Sorriu.

—Grifinória! —O time inteiro gritou.