Luke ainda tentava convencer Scorpius de que ele estava um tanto errado em querer matar meio mundo, pelo beijo, que nem sequer realmente foi um beijo. Rose entrou sorrindo com a mochila no ombro. Ao ver Scorpius com uma cara nada amigável e Luke divertido com tudo aquilo, o sorriso desapareceu no rosto da ruiva.

—Aconteceu alguma coisa? —Perguntou aos dois, colocando a bolsa sobre a mesa e reuniões.

Luke olhou para Scorpius que encarava Rose friamente.

—Talvez eu possa chamar de "alguma coisa", você beijando meu inimigo. —Quase gritou para a ruiva.

Rose olhou para Luke, como quem perguntasse “o que?”.

—Desculpe-me, mas não estou entendo. —Cruzou os braços em frente ao peito, estufando-o e colocando um sorriso debochado nos lábios.

—Não se faça de idiota, você sabe do que estou falando. —Praguejou.

—Idiota? Acho que conheço o conceito de idiota, e não se encaixa nessa situação. —Falou. —A não ser que esteja empregado em você.

Luke riu baixinho, mas parou ao receber um olhar feio de Scorpius.

—Como ousa beijar aquele idiota do Scamander no meio do Salão principal? —Perguntou expressando todo seu desprezo apenas com o olhar.

—Como? —Perguntou incrédula.

—Por que beijou o Scamander? —Repetiu.

—Não o beijei no salão principal! —Retrucou, já apertando os braços para não fazer nada de imprudente.

Luke, divertia-se com a discussão no seu canto, jogado na poltrona, com uma visão privilegiada dos dois.

Scorpius riu sarcasticamente. —Não foi o que eu vi!

—E o que você viu Malfoy? —Aproximou-se alguns passos. Provocativa.

—O babaca do Scamander, beijando você! —Respondeu, pausando em cada palavra.

—Na verdade... —Luke falou baixo e ambos olharam para o moreno. Rose o incentivou com um sorriso. —Já lhe falei que ele beijou a bochecha de Rose, mas foi perto.

Rose olhou-o erguendo a sobrancelha.

—Admita que já o beijou! —Falou grosseiramente olhando para a ruiva.

Rose sorriu.

—Não significou nada, mas se insiste tanto. —Sorriu travessa. —Já o beijei sim, antes do jantar. Duas vezes se quer saber.

Luke percebeu que a partir de ali, a briga seria longa. Ou talvez, seria curta, pois pelo o rumo que estava levando, alguma morte sairia. Pegou do bolso da calça de Scorpius distraído, sua varinha, e com um feitiço convocatório pegou a de Rose.

Scorpius ficou vermelho, bem próximo ao tom do cabelo de Rose.

—Ainda admite que o beijou! —Fez um sinal para Luke, neutro em toda aquela briga.

—Seu hipócrita, pediu para ser sincera. —Falou irritada.

Scorpius colocou a mão nos cabelos bagunçados.

—Beijou meu inimigo! —Falou baixo, mas Rose ouviu.

—Seu inimigo? Algum motivo Malfoy, ou será ciúmes? —Provocou-o ainda mais. —Pense melhor, você beijou a Scoults, acredite, foi frustrante ver a garota que quase me matou em um jogo de Quadribol...

Não terminou a frase, abaixando o rosto.

—Achei que depois daquele dia no Três Vassouras, ficaríamos bem. —Falou por fim. —Boa noite Luke, e quando sair deixe a minha varinha em cima da mesa.

Luke surpreendeu-se, acho que ninguém tivesse percebido. Acenou para Rose que subia as escadas. Percebia o estresse emocional, de ambos os amigos, mas não podia interferir. Não muito.

—Você é um idiota Malfoy. —Falou para o amigo, deixando a varinha de Rose sobre a mesa.

Scorpius esfregou o rosto com as mãos agitadas.

—Acha que não sei? —Sentou-se na poltrona. —Quando eu acho que tudo vai melhorar, ao menos um pouco, eu vou lá e estrago tudo!

—Converse com ela, esclareça as coisas e fique com a garota. —Luke falou, entregando a varinha para o amigo curioso. —Primeiro, achei que se matariam, então peguei as varinhas, e segundo, ela não gosta do Scamander, admitiu que não significou nada.

Logo Luke saiu. Deixando Scorpius sozinho com seus pensamentos, o que levou o garoto para total e profundo estado e estupor. Adormecido em sua cama, não se preocupou em ao menos trocar de roupa.

Na manhã seguinte acordou, tomou um banho e vestiu-se. Pronto para o passeio à Hogsmeade, adorava as visitas ao povoado. Antes de sair, percebeu um envelope sobre a mesa de reuniões, pegou-a e leu em caligrafia perfeitamente desenhada “Rose Weasley”.

“Caro Malfoy,

Desculpe-me por não ter respondido nenhuma de suas cartas durante as férias, mas eu não sabia como começá-las. Nossa situação não é das melhores, e aposto que tanto você quanto eu, está meio magoado com todas essas discussões. Eu apenas não consigo mais, certo? Não consigo mais dizer nada, pois sei que vou te magoar e pior, magoar a mim. Sinto falta de conversar com meu melhor amigo, e sim, continua sendo meu melhor amigo. Só lhe peço para nunca mais me dirigir a palavra, se for para brigar. Sinto muito se te magoei com aquela história sobre o Lorcan.

Rose Weasley”

Scorpius apressado olhou para o relógio pendurado sobre a lareira. Jogou a carta sobre a mesa e correu para fora. A caminho do povoado. Sabia onde encontrá-la e sem dúvida, dessa vez salvaria no mínimo a amizade entre os dois. No trajeto ignorou Scoults, que tentara para-lo para “conversar”. Adentrou a taberna, e pediu pela primeira vez um caneco de chocolate quente. Procurava pela ruiva, mas não a encontrava. O lugar estava calmo e vazio, a porta de entrada se abriu revelando o forte vento frio do lado de fora. Uma ruiva de gorro sentou-se no balcão, pedindo uma cerveja amanteigada com seu melhor sorriso no rosto. Estava sozinha, o que não era normal, a figura loira pegou a caneca e se aproximou imperceptivelmente.

—Cerveja amanteigada? —A ruiva olhou-o com um tanto de desprezo.

—E você? —Bebericou sua bebida e esperou a resposta do rapaz.

—Chocolate quente! —Sorriu satisfeito. —Incrível como o mundo dá voltas!

—Realmente incrível! —Rose repetiu.

—Me desculpe por ontem e por todas as nossas brigas! —Falou envergonhado, em todas as brigas, falara coisas que realmente as magoaram, mas ouviu, muitas outras verdades. —E quero que me desculpe por ter beijado a pior garota que eu poderia arranjar.

Rose assentiu, ingerindo a bebida.

—Mas quero que me peça desculpa por ter beijado o Scamander! —Brincou.

Rose apenas empurrou seu ombro de leve, ambos rindo.