Três Vassouras escrita por Amanda


Capítulo 71
Traída




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As semanas foram se passando tortuosamente, os professores jogavam trabalhos e mais trabalhos, para preparar os alunos para o N.I.E.M.s, que ocorreria no fim do ano letivo. Rose e Scorpius começaram a se entender, como amigos, andavam quase sempre juntos, sempre que podiam. Ou quando Rose não estava com Lorcan, o que era motivo de brigas entre os dois. As discussões ainda ocorriam, com mais frequência, porém, Tiago deduziu que fosse algo mais como uma disputa. A todo o momento Scorpius alfinetava Rose, e a mesma, levantava com o dedo indicador apontado para o loiro, gritando lições de morais e formas de bom comportamento.

Era uma noite de outubro, final do mês. O frio já se aproximava. Rose acabara de deixar um livro sobre a mesinha de centro. Arrastou as pantufas coloridas para seu quarto, deitou-se e ficou observando o dossel de sua cama.

Scorpius continuava lendo em seu quarto, o livro era o mesmo que Rose lhe dera, para que terminasse a leitura. Amava aquela história, relia sempre que podia. Estava concentrado quando ouviu um grito agudo e logo som de algo se quebrando. Jogou os pés para fora da cama e correu para o quarto de Rose. Abriu a porta batendo-a com força contra a parede. Não sabia se ria ou se fazia algo. Rose, em cima da cama, lançava feitiços contra a aranha, que resolvera morar em baixo do guarda roupa da garota.

—Faça alguma coisa! —Rose gritou lançando a própria varinha em cima do aracnídeo.

—Claro. —Correu tentando esmagar a aranha, a perdeu de vista por um segundo. E só encontrou-a quando Rose pulou para cima de suas costas. Derrubando-os. —Está maluca?

—Maluca? Tem uma aranha gigante na minha cama e eu é que sou a maluca? —Rose desvencilhou-se do corpo de Scorpius e engatinhou para fora do quarto desesperadamente.

Rose, após acalmar-se, ficou a espera do loiro, que não demorou a descer.

—Sinto muito, eu não sei para onde ela foi! —Falou arqueando as sobrancelhas. —Se quiser dormir no meu quarto, eu fico aqui em baixo.

—Não, eu fico aqui em baixo. Sem problema. —Rose falou. —Eu só preciso que me acorde amanhã.

Scorpius cruzou os braços.

—Não vou conseguir convencer você, não é? —Perguntou, e em resposta, Rose apenas sacudiu a cabeça. —Então eu fico aqui até você dormir, e isso, você não vai me fazer mudar de ideia.

Rose bufou e deitou-se no sofá, aproveitou o cobertor jogado em uma das poltronas, e foi se aconchegando. Até adormecer.

Despertou com o sol batendo em seu rosto, tateou o livro — sempre dormia com um —, extenso demais, macio demais. Sentou-se e reconheceu o quarto. Não estava no seu e sim no de Scorpius. Levantou-se às pressas e abriu a porta, dando de cara com um bilhete colada na maçaneta.

Bom dia ruiva. Já desci, a propósito, tem um presentinho para você na lixeira do banheiro!”

Rose guardou o bilhete no bolso do pijama e correu para o banheiro, abriu a tampa do lixo e teve uma surpresa. O cadáver da suposta aranha estava ali. Tampou rapidamente a lixeira e trocou de roupa, jogando a ilustre capa vermelha nos ombros. Correu pelos corredores, atrasada, amaldiçoando Scorpius por não tê-la acordado. Bateu na porta, ruborizada pelos olhares que recebeu.

—Desculpe professor, mas meu despertador não tocou. —Olhou friamente para Scorpius, que segurava uma risada.

—Tudo bem Srta. Weasley, sente-se, por favor! —O professor apontou para a carteira ao lado de Lorcan.

Rose sentou-se e abriu o pergaminho. O professor voltou a escrever no quadro negro, enchendo-o de anotações. O sinal soou minutos depois, indicando uma próxima aula.

—Fiz uma cópia do que ele falou para você. —Lorcan entregou um rolo para Rose. —Achei que gostaria de ficar informada.

Rose guardou-o. —Obrigada. —E com um movimento involuntário beijou a bochecha do rapaz. Bastante próximo, do canto dos lábios. Corou de leve e se afastou com um aceno delicado.

Durante o almoço, terminou um dever antes de jogar a comida garganta a baixo.

—Pra que a pressa? —Lily perguntou à prima.

— Biblioteca! —Falou, bebendo em um só gole todo o conteúdo de seu caneco.

Colocou a mochila no ombro e correu para fora do Salão. Antes que pudesse chegar na biblioteca, sentiu-se traída, o coração pareceu parar e todo ou qualquer resquício de voz, desaparecer pela sua garganta. Apertou os braços em volta de sua cintura, tentando segurar as lágrimas que teimavam em deixar sua visão embaçada. Olhou mais uma vez, apenas para ter certeza, de o que vira fosse real, mas no fundo, torcia para que fosse apenas um sonho ruim. Alguns metros antes da porta da biblioteca, um casal se beijava com fervor. Rose não precisou muito para reconhecer Scorpius prensando a garota contra a parede. Talvez, o que mais tenha doído, fosse o fato de que a garota contra a parede, que naquele momento, enrolava os dedos no cabelo loiro, era Scoults, a mesma que tentara atacá-la durante um jogo de Quadribol no terceiro ano, a mesma que lhe insultou, lhe jogou suco de abóbora no rosto, e lhe intimidara desde o dia em que fora expulsa do time da Sonserina. Abaixou o rosto e continuou a andar, ao passar pelo casal, esbarrou em Scorpius, quase o derrubando.

—Hey, olhe por onde... —Viu os cabelos ruivos balançando para baixo, parecia estar com a cabeça abaixada. —... Anda!

Rose agora já não conseguia mais segurar as grossas lágrimas que escorriam em seu rosto. Mudou o percurso, de biblioteca para Salão Comunal dos Monitores. Esbarrou em alguém, em algumas das curvas e tudo o que pode ouvir foi:

—Rose? O que aconteceu? —A pessoa gritou novamente. —Rose!

Ignorou todos os olhares, os alunos lhe chamando e até mesmo passara por um fantasma ou outro. Jogou a mochila e livros sobre a mesa de reuniões, provocando um som alto. Entrou no banheiro e olhou-se no espelho. O rosto mais pálido do que o natural, os olhos avermelhados contrastando com o cabelo ruivo desgrenhado. Encheu as mãos em concha de água, jogando-a em seu rosto, tentando aliviar qualquer tensão.


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Notas finais do capítulo

Olá, recomendem, comentem e favoritem! ;)