Rose despertou e espreguiçou-se, os olhos ainda fechados e um longo bocejo acompanhou o movimento esticado do corpo. Sentia uma mão em seus cabelos e um carinho, mais como um cafuné. Abriu as órbitas azuis que eram seus olhos, a Iris ocular brilhou com um pequeno feixe de luz que adentrou a saleta do Salão Comunal a Grifinória.

—Hum. —Murmurou sentando-se. Estava deitada no sofá, Tiago acariciava seu cabelo, e parecia ter restado apenas os dois.

—Se está se perguntando, sim, todos já foram tomar o café da manhã! —Tiago falou sentando-se.

—Como, como você já está vestido? —Rose ficou de pé, ignorando os olhares de alguns alunos que passavam com rostos sonolentos.

—Lily ficou aqui enquanto eu fui me arrumar. —Olhou para o relógio. —Você tem cinco minutos a partir de agora para se trocar!

Rose correu escadas acima, entrando no dormitório que dividiria com outras garotas e trocou rapidamente de roupa. Descendo poucos minutos depois. Procurou pelo salão e esperou até que algum garoto descesse.

—Hey. —Chamou atenção de um loiro. —Você sabe se Tiago está aí em cima?

O garoto sorriu maliciosamente, mostrando os dentes brancos e brilhantes.

—Saiu há pouco! —Respondeu. Rose agradeceu e tratou de seguir até o Salão Principal, aliás, teria sorte se ainda conseguisse tomar o maldito café da manhã.

Durante o percurso cumprimentou alguns quadros dos quais conversara em poucas ocasiões. Os fantasmas lhe sorriam lhe desejando um ótimo retorno.

—Não me surpreende falar com fantasmas, até porque, que pessoa viva em sã consciência falaria com você? —Rose parou quando a voz que tanto lhe atormentava iniciou a frase. Virou-se com a sobrancelha erguida, tinha várias respostas preparadas, apenas esperava mais um ataque.

—Creio eu Scoults, que tenho muito mais assunto e dicção para conversar com alguém, do que você. —Cruzou os braços juntos ao peito, sorrindo sarcasticamente. —Até porque, não vejo você conversando com ninguém nesse momento!

—Claro, fala tão bem que o seu namoradinho te largou com a primeira desculpa esfarrapada que lhe veio em mente! —Retrucou.

—Primeiro, — Rose caminhava com os calcanhares, aproximando-se da loira. — você se desviou um pouco do assunto, o que prova que não consegue manter um assunto por mais de três minutos. E em segundo, acho que não te diz respeito o motivo do nosso término, e nenhuma sequer informação sobre nosso namoro.

A loira fez um bico e deu às costas para Rose, com um sorriso triunfante.

—Touché! —Um quadro falou divertido para a ruiva, recebendo um sorriso de volta.

Rose começara a manhã, de certa forma, bem. Aprendera a ignorar a garota loira que nunca tinha um argumento plausível para continuar uma discussão. Obviamente, apenas quando a garota partia para algo emocional, intimo e físico, era que Rose se descontrolava. O salão praticamente vazio, poucos alunos terminavam seus cafés da manhã. Juntou-se aos primos e ao seu irmão.

—Hugo? —Antes de servir-se Rose virou o olhar para o irmão.

—Está dormindo. —Lily comentou com um sorriso.

—O que estão tramando? —Rose perguntou, já conhecendo os primos travessos.

—Bem, já que perguntou... —Fred começou.

—... Vamos deixa-lo dormindo até o Filch o acordar! —Tiago completou.

—Belo plano! —A ruiva revirou os olhos. Serviu-se de algumas torradas, bolinhos e suco de abóbora.

Comia lentamente, saboreando cada pedaço da torradinha em sua mão. Hugo acordara em meio à risadas, mas voltou a dormir com o cafuné que Lily fizera tentando apagá-lo novamente. A conversa já adentrara um pedaço da manhã. Tiago contava detalhadamente cada jogada que ele e Rose haviam treinado naquelas férias.

—Ruiva! —Scorpius sentara-se ao lado de Rose, beijando-lhe a bochecha. O que, por um momento, deixou a todos em volta perplexos, inclusive Rose, cuja parecia petrificada. —Onde dormiu?

Rose ainda estava parada, com a torrada no meio do caminho, e os olhos arregalados.

—Rose? —Scorpius a chamou novamente, estalando os dedos na frente dos olhos da ruiva. A garota se movimentou e ruborizou. —Onde dormiu? Vou começar a pensar que foi com algum garoto!

Scorpius estava sem jeito com o que falara, mas permaneceu inabalável.

—Hã, eu, er... —Se enrolou.

—Ela dormiu conosco! —Tiago falou apontando para o grupo Weasley e Potter. —Sabe? Festa do pijama, coisa de trouxas.

—Ah sim, claro. —Falou olhando para rose ainda desconcertada. —É que eu não a vi mais, e fiquei preocupado. Até porque entrou uma aranha enorme no seu quarto e você não gritou, então eu... —Foi interrompido.

—Espera! —Rose fez um sinal com a mão. —Quer dizer que tem uma aranha enorme no meu quarto?

Scorpius riu baixinho.

—Sim, eu ela estava no meu quarto, e eu meio que tentei mata-la, só que ela correu e entrou no seu quarto! —Falou divertido.

—Espera, você sabia que eu não estava no nosso salão, então entrou no meu quarto? —Perguntou elevando a voz descrente.

Scorpius bagunçou os cabelos.

—Sabe o que é? Eu sei que você morre de medo de aranhas. Então eu entrei, mas pensei que estivesse tomando banho, ou sei lá. —Falou depressa. —Só que você não voltou e não gritou, então...

Deixou a frase morrer no ar, lentamente.

—Isso quer dizer que a aranha ainda está lá? —Perguntou ignorando todo repertório explicativo do loiro.

—Sim! —Deu e ombros.

—Não posso dormir o resto do ano no salão da Grifinória! —Resmungou.

—Tem o meu quarto à sua disposição ruiva! —Scorpius falou aproximando-se do ouvido da garota, causando-lhe um arrepio na espinha.

—Sério? Agradeço, mas onde você vai dormir? —Perguntou encarando-o com a sobrancelha novamente erguida.

Scorpius revirou os olhos dando-se por vencido.

—Hey, Rose, porque demorou tanto para descer? —Tiago perguntou, quebrando o clima de brigas que ambos criaram.

—Ah, aquela garota nasceu para me irritar! —Mordeu um bolinho.

—Você não se meteu em nenhuma briga, não é? —Tiago perguntou assustado.

—Ora, claro que não. —Respondeu estupefata com a suposição. —Apenas lhe respondi no mesmo patamar. Não é como se eu fosse socá-la toda vez que ouço alguma ameaça ou provocação dela.

—Fico aliviado! —Scorpius encenou um suspiro tranquilizado.

—Mas você apenas respondeu? —Fred se meteu.

—Sim, uma simples resposta. Nada que possa machucá-la. —Respondeu. —Mas vontade de lhe dar um soco não faltou.

—Isso é que é autocontrole! —Lily falou animada, fazendo todos rirem.