Rose estava ao lado de Tiago e Hugo, todos seguravam suas vassouras apertadas contra as luvas grossas de couro de dragão. Estavam apenas esperando que a narradora do ultimo jogo, chamasse o time. E logo foi feito. Assim que entraram sobrevoando o campo de Quadribol, a torcida dos leões, misturada entre Lufa-Lufa e Corvinal, vibrou. Balançavam a arquibancada com o antigo grito de guerra: Vai, vai Grifinória!

Em uma das curvas que Rose fez, pode ver seus pais, incluindo Harry, ao lado de outros adultos, a ruiva reconheceu sendo o Ministro da Magia. Hermione assim como os outros, estava bem na ponta da arquibancada, segurava um imenso cartaz escrito em letras garrafais “Weasley”. Rose e Hugo acenaram, antes da equipe da Sonserina entrar sobre os gritos das serpentes. Rose também curiosa, reconheceu na arquibancada oposta, Draco Malfoy, olhando intensamente para seu filho e cochichando com uma mulher, cuja Rose deduziu ser mãe de Scorpius.

Madame Hooch apitou de baixo, atraindo atenção de todos.

—Capitães no centro. —Gritou para que todos ouvissem seu pedido.

Tiago fez um sinal positivo, e Rose tomou a frente, recebendo aplausos e gritos orgulhosos de seus pais. Porém, ignorou-os, quando Scorpius parou na sua frente.

—Quero um jogo justo e que vença o melhor! —A professora gritou novamente. Rose com o nariz empinado esticou a mão. Scorpius fez o mesmo, e apertou-a, sacudindo de leve seus punhos.

—Boa sorte Rose. —Usou sua sinceridade, com um sorriso quase imperceptível no rosto.

—Boa sorte Malfoy! —Sacudiu suas mãos.

Scorpius assentiu e preparou-se. A professora soltou o pomo de ouro, os balaços e por fim, lançou a goles no ar. Os jogadores cruzavam-se para pegar a bola ornamentada, agarrada por Rose. Habilidosamente lançando-a para Tiago, marcando pontos para a Grifinória. De todos, aquele com certeza, estava sendo um dos jogos mais longos. Os apanhadores continuavam buscando a maldita bolinha dourada, praticamente invisível. A pontuação estava acirrada, apenas o pomo desempataria.

—Rose! —Uma garota lançou a goles para Rose, que desviava velozmente dos Sonserinos. Era um zigue zagueado incessante. Scorpius voava ao seu lado, tentando capturar a goles. Mas Rose colocou em prática uma jogada que treinara muito, e no fundo torcia para que desse certo. Percebeu o olhar assombrado de Tiago, focou os olhos nos aros e apertou o cabo. Acelerou ainda mais a vassoura, lançou a goles um pouco para frente. E bruscamente freou a vassoura, seu corpo fora lançado para frente, porém, com o calcanhar acertou a goles, que voou em direção aos aros, permanecendo pendurava apenas pelas mãos presas ao cabo da vassoura. O goleiro perplexo com a garota mal percebeu quando a goles passou ao seu lado. O chute ensaiado, garantiu mais dez pontos para os leões.

A plateia ficou em silêncio por um momento, mas segundos depois explodiu em aplausos, gritos e sons de tambores e cornetas.

Rose ainda estava pendurada na vassoura, não acreditava que havia conseguido. De certa maneira era uma jogada suicida, pois se não se segurasse com firmeza, teria sido lançada longe. O que resultaria em uma queda feia. Ainda olhava para o aro, quando se sobressaltou.

—Rose cuidado! —Luke da arquibancada gritou alto. Rose virou-se e pode ver um balaço vindo em sua direção. Ainda pendurada, apenas soltou um dos braços, o balaço passou raspando em seu uniforme. Não conseguia voltar para cima da vassoura, por mais que tentasse não tinha mais forças, usara toda que tinha para realizar a jogada.

De repente, Rose sentiu algo sob seus pés, olhou para baixo e sentiu seu coração acelerar. Scorpius usava sua vassoura como apoio para Rose voltar a sua vassoura. Sorriu para a ruiva e assentiu. Rose deu um impulso e já montada a vassoura novamente.

—Obrigada! —Sorriu e acelerou em busca da goles.

De repente, a torcida da Sonserina explodiu em gritos.

—Sonserina ganha a taça das casas! —A narradora gritou.

Rose parou, como se tivesse levado um soco, haviam perdido. Ronald estava com uma expressão emburrada e Hermione tentava falar algo para o marido decepcionado. Rose pousou e sentiu um frio na barriga. Scorpius estava com seu time, seguravam a taça com orgulho. Seu olhar cruzou com o do rapaz, e apenas movimentou a cabeça, como uma parabenização silenciosa. Ouviu-o chama-la, e virou-se apenas quando o sentiu perto.

Estava a alguns passos de distância.

—Parabéns. — Rose disse sem jeito.

—Obrigado. —Balançou os cabelos. —Sabe? Você foi incrível.

Rose corou e sorriu, o olhar fixado nos próprios pés. Movimentou a cabeça, como uma confirmação.

—Ah, obrigada por... Aquilo. —Levantou o rosto.

—Não foi nada, eu só, achei que se caísse, aquele seu ombro machucado poderia ficar pior. —Relembrou. —E não teria tanta graça jogar sem você para fazer as melhores manobras.

Rose riu.

—Certo. —Sorriu. —Eu vou, me trocar!

Scorpius assentiu e ficou observando a ruiva caminhar para fora do campo.

No vestiário, Rose já havia se trocado. Usava sua surrada calça jeans, sua bota marrom e um blusão soltinho. No fundo da mochila com suas roupas, estava o blusão verde, que Scorpius lhe dera. Devolveria-o, em algum momento.

—Vamos Rose? —Hugo chamou a irmã, tirando-a de seus devaneios pessoais, e encontrando o olhar curioso de Tiago.

—Claro. —Jogou a bolsa no ombro e saiu ao lado dos amigos. Encontraram Harry, Hermione e Ronald, que abraçavam os filhos com carinho.

—Você me lembra seu pai jogando! —Hermione beijava a bochecha do filho.

Harry sorriu para os sobrinhos.

—Já a Rose aqui parece que tem um estilo próprio de jogar! —Harry falou, bagunçando os cabelos da ruiva.

Rose ficou desconcertada.

—É, mas é imprudente como o pai! —Ralhou Hermione.

—Como assim? —Ronald perguntou surpreso.

—Hey calma! —Tiago se meteu. —Nós treinamos muito aquela jogada. Mas também achei loucura, você a realizou sem que eu estivesse por perto!

Rose revirou os olhos.

—Como assim sem que você estivesse por perto? —Harry perguntou ao filho, deixando-o constrangido.

—Eu explico. —Rose levantou a mão. —É que treinávamos isso perto do chão. Mas depois começamos a treinar nos aros. E às vezes, — Encolheu os ombros com medo do olhar de Hermione. — eu era jogada para frente.

Olhou para a mãe com uma feição nada agradável, continuou.

—E o Tiago me segurava! —Concluiu.

Harry e Rony se olharam com um sorriso nos lábios, e juntos concluíram:

—Brilhante!