Rose já se aproximava da quadra, provavelmente o treino já havia começado, mas pouco se importava, estava ali apenas para não fazer desfeita ao amigo. Subiu na arquibancada, um lugar que não estava acostuma a ficar desde o segundo ano, e se afastou de algumas Sonserinas que lhe olhavam feio. Sentou-se com as mãos no colo, observou então com atenção os jogadores entrarem em campo, e após algumas instruções do capitão, se posicionaram nas vassouras e cortaram os ares. Luke acenou e Rose riu sem jeito.

Já havia passado algum tempo desde que o treinamento havia começado, por alguma razão não haviam praticado nenhuma jogada, provavelmente por ter a vice capitã da Grifinória ali. Após o capitão apitar, todos desceram para o campo, inclusive a torcida e Rose.

—Só não te abraço porque eu preciso de um banho primeiro. —Luke caminhava até a garota.

—Certo, deixamos os abraços para mais tarde. —Riu do amigo. —Belo treino, mas acredite o nosso foi mais cansativo.

—Hoje foi só para voltar a aquecer, e bem, nós tínhamos uma Grifinória e alguns lufanos assistindo ao treino.

—É eu imaginei. —Ambos riram.

—Ora, o que o dragão ruivo está fazendo aqui? —Scoults vinha com os braços cruzados em direção a Rose e Luke. —Não percebe que não é bem vinda aqui sua mestiça?

Rose se preparou para responder, mas Luke se colocou na sua frente.

—Assim como você arrasta seus amigos Corvinos para o treino, eu pedi para que Rose viesse me ver, algum problema? —O tom que Luke usara assustaria qualquer garota, Rose se estremeceu.

—Claro que eu tenho, você é um traidorzinho de sangue. —Empurrou o garoto.

—Não o chame assim, você não sabe de nada garota.

—E você assim como sua mãe não deveriam ter pisado nessa escola, você não merece estar nesse campo. Nunca mais ouse falar nesse tom comigo, mestiça. —A loira virou as costas.

Rose pegou a varinha e se levantou-a contra a loira que se virou atenta, a briga seria feia e todos os Sonserinos em campo já olhavam perplexos para as duas.

—Nunca mais fale da minha mãe! —Rose continuava com a varinha apontada para a loira, feitiços e azarações passam como uma correnteza pela sua mente, mas não conseguia distinguir o mais cruel. E quando estava pronta para lançar a azaração, Scorpius segurou-a pelos ombros, quase colando seus rostos. Rose ainda tinha o olhar grudado na Sonserina loira que era arrastada por outros garotos, ignorando Scorpius. A ruiva apertou a varinha novamente, movimento que não passou despercebido por Scorpius.

—Rose, não faça nada de que vai se arrepender. —Sussurrava enquanto uma de suas mãos escorregava para trás da orelha da garota, enrolando os dedos em seus cachos revoltos. —Rose!

A ruiva que ainda tinha o olhar perdido, ao sentir seus narizes encostando-se, um arrepio passou pelo seu corpo, e lentamente foi abaixando a varinha. Scorpius ainda segurava-a próxima ao seu corpo enquanto os jogadores iam se retirando juntamente com a “torcida”. Rose soltou a respiração e se afastou do garoto.

—Rose? —Falou baixo.

—Não! —Gritou, virou-se bruscamente e saiu marchando do campo.

Luke se aproximou do amigo.

—Acho bom conversar com ela. —Bateu no ombro do amigo e foi até o vestiário.

Scorpius revirou a escola atrás de Rose e não encontrou-a, aquela noite eles fariam ronda e a garota simplesmente não aparecera. A noite estava calma e o frio do dia anterior já começava a desaparecer, ouviu passos vindos do jardim e caminhou até o local, Rose caminhava em direção à porta, limpava o rosto e carregava um livro. Scorpius congelou, mas encarou a ruiva assim que a mesma o olhou.

—Desculpe, eu esqueci da ronda. —Falou passando pelo garoto.

—Não tudo bem, vamos acabar mais cedo porque temos muito que conversar. —E então Scorpius passou rapidamente pela garota, que o seguiu até o Salão Comunal.

Scorpius entrou e cruzou os braços se escorando na mesa de reuniões, enquanto Rose se escorou no sofá. A garota era a única que conseguia manter o olhar fixo no interior dos olhos cinza e penetrantes, era assustador, pois podia perder-se na imensidão.

—O que quer? —Quebrou o silêncio.

—Saber o que foi fazer no treino! —Respondeu firme, sem desviar os olhar dos olhos da garota.

—Luke me convidou, acabamos?

Rose era impertinente, não se importava com certas coisas, e manter uma discussão era uma delas.

—Não, temos outras coisas para resolver. —Falou antes que Rose subisse para o seu quarto. —Por que jogou aquele livro em mim?

—Por que você me chamou de mimada.

—Só porque você me chamou de filhote de doninha.

—E você me chamou de cenoura. —Riu ironicamente. —Sabe como essa piada é passada?

—Como se doninha albina fosse alguma novidade. —Resmungou.

—Você é o Sonserino aqui, sabe, aqueles de sangue frio e sem compaixão? —Respondeu com seu jeito frio.

—Você sabe que eu nunca liguei para as nossas casas, e Rose, por Mérlin. —Segurou os cabelos. —Eu sei que você estava chorando no pátio, você tem essa coisa de ser a garota forte, mas não é. Precisa me desculpar pelo o que eu disse ontem, pode não admitir, mas você precisa de mim! —Bagunçou o cabelo. —Mas quer saber? Eu admito, se quiser eu grito para todos ouvirem, eu preciso de você.

Nesse momento Rose tinha os olhos marejados e as mãos cruzadas afundadas no peito, apertava-as cada vez mais, tentando reprimir as lágrimas que logo escorreriam por seu rosto.

—Por favor, Rose. —Scorpius tentou se aproximar, mas a mão de Rose em seu peito não o permitiu completar a ação.

—Não adianta Malfoy, eu não consigo fazer isso. —Olhava para o chão.

—Fale isso, olhando nos meus olhos! —Pediu com a voz trêmula, deixando escapar o nervosismo.

—Eu não consigo fazer isso. —Repetiu encarando as órbitas acinzentadas. —Por favor.

Scorpius se afastou com o rosto inexpressível. E Rose, subiu as escadas em questão de pouquíssimos segundos, olhando do alto, um arrepio passou por sua espinha, lhe deixando desesperada, engoliu o choro que prometeu não deixar lhe dominar e por fim entrou em sono profundo.