Alguns dias depois o inverno já mostrava que chegara. Alguns flocos de neve já haviam começado a cair, fazendo os alunos e professores tirarem seus cachecóis dos malões e sentarem na frente das lareiras bem aquecidas pelas toras que Hagrid levava. Assim como qualquer outro aluno, Rose já separara suas luvas e por incrível que pareça, começou a trocar as saias pelas quentinhas e confortáveis calças pretas.

As aulas passavam com uma velocidade imensa, Sonserina havia vencido Corvinal do jogo de Quadribol, classificando-os para o segundo lugar, atrás da Grifinória que novamente dominava o topo.

Ao lado de Tiago, Rose seguia para a sala do Clube de Duelos. O professor estava sobre um tablado e sorria ao ver os alunos entrarem, e assim que o ultimo adentrou a sala, as portas se fecharam.

—Bom tarde! —Falou alto o suficiente para fazer eco na sala.

—Boa tarde! —Os alunos responderam em um único som.

—Hoje vou lhes informar como ocorrerá a primeira tarefa e explicar tudo. —Sorriu sentando-se e fazendo sinal para que os alunos fizessem o mesmo. —Como leram no pergaminho de instruções, ou espero que tenham lido, serão três provas ou tarefas. A primeira consiste, em um integrante da dupla buscar o parceiro ou parceira em questão no meio da Floresta Proibida. O aluno que for “sequestrado” ficará preso em algum lugar da floresta, deixarei uma ou outra pista no meio do caminho.

O professor analisou as expressões de todos os alunos, que por sua maioria era de tensão.

—Minhas indicações para os alunos que irão procurar pela dupla: tomem cuidado, a floresta é muito perigosa, coloquei algumas armadilhas que serão acionadas dependendo do aluno. Mas saibam que existem mais perigos lá dentro.

Uma aluna as Lufa-Lufa levantou a mão timidamente, expondo seu rosto vermelho e sua mão trêmula.

—Depois que encontrarmos nosso parceiro, voltaremos para Hogwarts, mas as armadilhas em questão serão desativadas? —Abaixou a mão antes que a mesma tremesse ainda mais.

—Creio que não senhorita, as armadilhas vão se mostrar mais presentes quando finalmente encontrarem o aluno em questão. —Respondeu fazendo a sala se encher de burburinhos. —Alguns alunos que pretendem seguir a carreira de Auror irão me ajudar, então se cuidem na volta. E prestem atenção em quaisquer sons, pode ser um centauro não muito amigável prestes e pisotear-lhes.

Rose olhou assustada para Lorcan que sorriu de lado.

—Não se preocupem, apenas tenham calma e protejam seu colega! —O professor levantou-se. —Estão liberados.

—Professor? —Rose chamou-o antes que todos saíssem. O senhor de óculos quadrados apontou para a ruiva. —Quais alunos serão levados? E quando vamos entrar na Floresta Proibida?

—Bem minha querida, já tenho a lista dos alunos alvos, mas ficará mantida em segredo até o dia, que será aleatório. Então se preparem até lá! —Completou e todos os alunos saíram.

Uma semana se passou, Scorpius ignorava Rose o máximo que podia assim como a ruiva fazia e sempre fez. Em uma tarde os alunos foram convocados para um pronunciamento de emergência, todos estavam assustados e vozes passavam por todo o salão. Rose olhou por cima do ombro de Tiago, fitando a mesa verde e prata, percorreu o olhar e não encontrou Scorpius.

—Lorcan? —Esticou-se no banco para chamar o amigo que logo a olhou. —Você viu o Malfoy?

—Não, também estou procurando a minha parceira! —Falou enquanto observava atentamente a mesa da Lufa-Lufa. —Rô? —A ruiva olhou-o. —Será que...

Minerva bateu com um garfo em seu cálice e se posicionou no mesmo local que dava os anúncios de inicio de ano.

—Alunos do quinto ano, por favor dirijam-se para a Sala do Clube de Duelos! —Sorriu vitoriosa. —Está na hora!

Rose olhou para Lorcan e para Tiago que segurou e apertou sua mão como se quisesse encoraja-la. Na sala, metade da turma estava lá, o restante? Provavelmente no meio da floresta.

—Bem alunos, eu creio que perceberam que suas duplas estão desaparecidas desde a manhã de hoje! —Rose se sentiu culpada, não havia dado pela falta do loiro. —Espero que estejam com suas varinhas em punho!

Todos olharam as vestes e mostraram as variadas varinhas ao professor.

—Há uma lista próxima a mesa dos professores no Salão Principal, assim que voltarem, quero que risquem seus nomes no pergaminho. Só assim saberei quem falta. —Respirou. —Não sei quantos dias isso vai durar, a floresta é grande e escondi muito bem seus parceiros. Corram e se protejam. Agora sigam-me.

Rose olhou para Tiago e novamente apertou sua mão fria, era quase noite, estava anoitecendo lentamente, e esse fato preocupava a ruiva. O professor fez cinco quatro fileiras, separadas pelas quatro casas.

—Vocês têm no máximo três dias para voltarem antes que alguém vá atrás de vocês! —Falou severo. —Boa sorte à todos.

Liberou aluno por aluno, lentamente todos adentraram a floresta.

—Srta. Weasley? —Rose olhou para o professor com pânico no rosto. —Sua vez!

Rose observou o primo e adentrou a Floresta Proibida, estava escura e conseguia ouvir a voz do professor repetindo algumas informações, até que as vozes cessaram. Andava pé por pé, tentava captar qualquer movimento estranho a sua volta. Continuava a caminhar, entrando cada vez mais fundo na floresta.

—Lumus! —Proferiu com um floreio da varinha e assim enxergou melhor. O som de galho quebrando à suas costas a fez correr e subir em uma árvore. Agradeceu mentalmente a si por ter escolhido a calça preta naquela manhã. Um enorme cão passou por de baixo da árvore, farejava algo e logo começou a correr para o leste. Rose desceu por um galho baixo e continuou a caminhar. Depois de algumas horas sua barriga fez um som alto, roncando ferozmente, até porque não havia jantado e mal havia comido no almoço, amaldiçoou-se por isso.

Já amanhecia e Rose continuava a caminhar, estava extremamente frio, e um vapor saia por sua boca entre aberta quando respirava. Ao seu lado uma Lufana arrastava uma garota da Corvinal que parecia desacordada. Rose estremeceu e logo seguiu o seu caminho, sentiu um forte aroma de menta, senguiu seu olfato e achou um pedaço de um tecido cinza com duas listras verdes e prateada.

—Malfoy! —Falou para si, era um pedaço do pulôver de Scorpius, ele estava perto. Continuou a andar, o sol novamente começou a baixar e foi no meio da escuridão que foi atacada, uma pontada em seu tornozelo a fez andar para longe e cair de cabeça em um tronco, com o forte impacto, Rose desmaiou.