O silêncio nunca foi tão demorado.

– Sebastian? – foi a voz de Ethan a primeira a se proclamar.

– Oi Ethan – ele respondeu simples, entrando no quarto e deixando a porta aberta atrás de si.

– O que? – Taylor parecia em choque, não se movia, assim como quase todos na sala.

– Era isso que eu ia falar pra vocês... – Cassie se levantou, caminhando até o loiro, mexendo em seus cabelos loiros. – Ele melhorou.

Ethan o encarou como se ele fosse um fantasma, sua pele tinha um tom meio corado, ainda que pálido como sempre, seus cabelos pareciam mais loiros e estavam menores, como se tivessem sido cortados recentemente, seus olhos azuis brilhavam sob as luzes do cômodo, ele sorria e mantinha os braços nos bolsos. Seu corpo aparentava estar levemente mais fraco, mas sua postura indicava que ele permanecia do mesmo modo que antes.

– Desde quando isso? – foi a vez de Hayley perguntar, sorrindo.

– Ele acordou a uns três dias – Cassie começou a contar, sem se distanciar do loiro – Mas queríamos que ele estivesse bom pra encontrar com vocês, então esperamos mais um pouco pra que ele se recuperasse por completo.

– Até corte novo de cabelo ele ganhou neh geladeirinha um? – Mery brincou sorrindo de modo debochado.

– Já fazem três dias que ele ta bem e ninguém falou nada? – Taylor se exaltou, nervoso.

– Ele permanecia mal, qualquer coisa poderia faze-lo piorar novamente, Taylor eu estou realmente ficando irritada com você – a loira disse, encarando-o firmemente.

– Pode ficar, porque eu também estou realmente irritado com você também – ele enfrentava a loira sem medo.

– Taylor, para – Santanna pediu, colocando a mão em seu peito.

– Não, mas que droga! Achei que ele tinha morrido, achei que ele nunca mais voltaria, e ele já estava acordado a três dias, e vocês nos deixaram assim? Sabendo que estávamos mal?

– Taylor... – as mãos de Cassie se fecharam em punho, seu olhar pesava contra o garoto.

– Eu odeio isso Cassie, odeio como todos parecem saber das coisas e eu não, como você nunca fala nada pra nos e nos trata como lixo, o que fizemos pra você? Do mesmo modo que você está irritada comigo, eu também estou puto com você! Com vocês todos! – Ele gritava irritado.

Foi quando os olhos de Cassie se tornaram completamente vermelhos, a raiva invadindo cada pedaço de seu corpo, seu corpo se movimentou sozinho até o moreno, segurando-o pela cabeça e mordendo-o com uma força quase extrema, fazendo-o gritar de dor. Ela arrancou seus dentes e os cravou em Taylor mais uma vez, porem sem chupar seu sangue, somente para machuca-lo.

E ela gostava disso. Uma pena Taylor não pensar o mesmo.

O garoto caiu no chão, o pescoço sangrando, sua mão direita segurando os machucados, seus olhos lacrimejantes pela dor.

– Acontece que você e um humano, e nos vamos vampiros, quer apostar pra ver quem ganha? – ela perguntou encarando-o olhos nos olhos. Taylor parecia assustado, sem sabe o que fazer. A loira se aproximou novamente, retirando a mão que o moreno mantinha no machucado e lambendo-o, fazendo com que as feridas parassem de sangrar, cicatrizando-as porem não completamente, elas ainda permaneciam vermelhas e com uma aparência nada boa.

Então Cassie deixou a sala, sem dizer mais nada.

– Droga Taylor – Ethan comentou se aproximando do moreno, estendendo sua mão a ele, que segurou, se levantando.

– Você nunca aprende a calar a boca neh? – Sebastian disse, caminhando até os dois.

– Parece que é mais forte que eu – Taylor brincou sorrindo para o loiro que se postava logo a sua frente – Você ta bem ?

– Melhor impossível – ele afirmou enquanto Taylor estendia sua mão para que Bash a aperta-se. O loiro encarou a mão estendida e a segurou, puxando o moreno pra perto, o abraçando – Também senti sua falta Taylorzinho

– Que coisa Gay – Tessália comenta no canto do quarto.

– Eu acho fofo – Krist disse sorrindo.

– Eu também – Alex permitiu seus lábios sibilarem.

– Gay – Santanna confirmou, balançando a cabeça em negação.

– Eles não se desgrudavam e de repente ficaram semanas sem se ver achando que jamais teriam seu amigo de volta, por favor neh? – Hayley defendeu, cruzando os braços.

Taylor permanecia estático, era estranho, tão estranho. Ele estava pensando que perderia Sebastian, que nunca mais veria o loiro, ele, um de seus melhores amigos, um irmão. Mas ele estava ali agora, ele não havia morrido, ele não iria embora.

– Eu não vou a olhar nenhum... – ele murmurou, enquanto Taylor o abraçava com força.

– Nunca mais faça isso com a gente seu imbecil – ele brigou, dando um soco no peito de Bash, que riu.

– Como vocês se viraram sem mim hem? – ele perguntou dessa vez encarando Ethan, que permanecia quieto, os braços deixados ao lado do corpo.

– Foi difícil, digamos nem eu nem Ethan temos um sendo de responsabilidade ou racionalidade muito bom – Taylor comentou, rindo.

– Ethan? – Bash chamou, encarando-o.

– Você ta vivo – Ethan afirmou ainda parado.

– Sim eu estou.

– Você não morreu

– Não, eu não morri.

– Droga Sebastian – Ethan sente seus olhos lacrimejarem, uma lagrima solitária cai de seu rosto enquanto o garoto se aproxima do loiro o abraçando. – Você deu a porra do maior susto que eu já podia ter levado na minha vida.

As garotas no quarto encaravam a cena com sorrisos fixos no rosto. Arabella permanecia com os braços cruzados, mas sua mente vagava pela cena, invejava a amizade daqueles três.

Nyx tentava permanecer neutra mas não conseguia, lembrava-se perfeitamente de quando ainda era humano, quando tinha amizades assim, quando seu coração ainda batia. Não se arrependia de ser vampira, mas sentia falta daquilo, daquilo pelo menos sim.

Irina leva seu olhar dos três a sua frente até Hayley, que sorri de volta. A amizade que as duas já tiveram um dia era digna de ser lembrada. “oi” foi o que Irina sibilou a outra, que riu. “oi” respondeu sorrindo.

Electra não permitia que emoções dominassem seu semblante, ela permanecia encarando-os como se aquilo não a arranca-se nem ao menos compaixão, como se não fizessem diferente para ela, mas fazia. Ela se sentia viva observando aquilo, mesmo que seu rosto e seu corpo não demonstrassem isso.

Tessália viu os três e fechou os olhos, derrotada.

– Que cena neh? – Santanna comentou, se aproximando da irmã, que a encarou confusa.

– Você falando comigo? – Tessália provocou.

– Sabe Tessália... – a loira começou, encarando os garotos que conversavam animados – Percebemos as coisas importantes pra nós quando perdemos ou estamos prestes a perder – ela explicava ganhando total atenção da mais nova. – Eu perdi tudo. Pai, mãe, amigos, minha vida. As pessoas perdem as coisas que amam, e muita vezes não podem recuperar – ela apertava os lábios um no outro, cautelosamente escolhendo as palavras – Eu pensei ter perdido minha família toda, mas você ta aqui – Tessália engoliu a seco, ainda não acreditando nas palavras que ouvia - O passado já foi e não da pra mudar, mas o futuro pertence a nós. – ela sorriu. – Eu tive escolha da primeira vez, mas agora eu tenho, e perder minha irmã mais nova de novo não vai ser uma escolha minha. – ela finalizou, encarando a mais baixa, que a encarava com os olhos arregalados, a expressão demonstrando tudo que sentia dentro de si, se seu corpo lhe permitisse chorar, seus olhos já estariam transbordando. – A eternidade é longa demais pra sentir ódio.

Santanna estende sua mão, a morena levanta seus dedos e toca a palma da loira.

– Me desculpa – Tessália sussurra enquanto Saint entrelaça seus dedos, segurando a mão da mais nova. – Eu não queria ter te deixado ir embora, eu só... Não sabia o que fazer – ela comentava, era como se ainda pudesse sentir seu coração batendo forte – Mas como você disse, a eternidade é longa demais pra ficar se desculpando, ela é longa demais pra se sentir ódio, e principalmente ela é longa demais pra ser passada sozinha.

– Você não ta sozinha... – a loira sorriu, encarando a mais baixa nos olhos, cinza no cinza.

– Não mais. – ela confirmou, enquanto a sensação de suas mãos unidas mostrasse a ambas que a partir dali, nada nem ninguém poderia separa-las de novo.

O que em alguns aspectos chegava a ser inclusive perigoso.

– Quanta frescura – Electra comentou baixo, mesmo que os pensamentos sobre sua antiga vida ainda atormentassem suas memórias, suas mãos tremendo, seus olhos fechados, enquanto sua cabeça vagava de alguns tempos pra cá.

– Ta bem garota? – Alex perguntou, a encarando.

– Desde quando você ta aqui? – ela pergunta sem demonstrar emoção.

– Desde sempre, que não me viu foi você. – a morena comentou mantendo a mesma expressão nula de Electra, como se a estivesse imitando. E muito bem.

– Para de me olhar assim – Electra reclamou, encarando a mais velha.

– De te olhar como? – Alex provocou, mantendo a expressão.

– Desse jeito – ela travou o maxilar, irritada.

– Do jeito que você pras pessoas? A Desculpa – pediu, mas ainda sim não mudou em nada, nenhuma única parte de seu rosto.

Electra bufa, revirando os olhos e caminhando pra longe, em direção a janela.

– Ei – Alex chama a loira, que a encara de forma emburrada, Alex lhe mostra a língua, numa careta engraçada. Electra revira os olhos novamente, soltando o ar com força e sentando-se na janela, longe da outras.

– Parece que as coisas vão voltar ao normal a partir de agora...- Taylor comentou olhando para os lados, percebendo as conversas alheias e a expressão que pendia no rosto de cada uma.

– Voltar ao normal é? – Sebastian perguntou rindo, logo ele observou a sua volta, assim como fez o moreno, deixando sua expressão se abrir num sorriso divertido – Não sei porque penso isso Taylor mas, acredito que as coisas a partir de agora – ele encarou os dois nos olhos antes de finalizar. – “Normais” vão estar bem longe de ser.