As Aventuras dos Marotos escrita por Aki Nara


Capítulo 46
Capítulo 46 - Os Segredos




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Cena 1 -  O Passado de Tom Riddle

Na escuridão de uma caverna, o Lorde das Trevas tamborilava os dedos, sentado à poltrona de seu trono, perdido nas memórias de sua infância. Era setembro e o frio chegava lentamente trazendo o outono, precisamente um ano antes de sua ida a Hogwarts.

Ela chegou ao orfanato encantando-o com sua beleza angelical. A pele alva como a neve intocada, em seu nariz havia sardas, lábios rosados e calados, olhos verdes grandes e inexpressivos, e sobretudo os cabelos vermelhos como a penugem de uma fênix.

Rose tornara-se sua sombra, sempre o acompanhando à distância. Nas ocasiões em que queria se divertir atormentando os menores, ela surgia do nada para atiçá-lo, fazendo-o querer lhe impingir dor. Esses eram os únicos momentos em que seu rosto normalmente sério, os lábios sorriam e seus olhos sem expressão brilhavam como orvalho amanhecido.

_ Quem é que vai comigo para a caverna? Talvez você Jimmy – semeava o terror entre os menores.

_ Escolhe alguém do seu tamanho.

O garoto de óculos tinha um olhar desafiador que o tirava do sério. Sempre enfrentando e contestando, logo ele, o escolhido. Ele era especial, pois sabia fazer coisas que ninguém mais sabia fazer. Daria àquele garoto a chance de ser o primeiro a rastejar sob seus pés.

_ Que é isso John. Eu jamais deixaria que eles corressem perigo. Não é mesmo? – o olhar macabro calou os menores – mas, será que você Charles, é tão corajoso para me acompanhar?

_ A questão é... Será que você foi mesmo? Ninguém voltou para contar. Só temos a sua palavra. Quem garante que você não desistiu e ficou olhando eles afundarem na correnteza?

_ Então teremos que levar mais alguém, quem você escolhe? – sorriu porque aquele garoto nem imaginava as torturas que o aguardavam.

_ Que tal Rose?

_ Ela não fala – disse saboreando os momentos deliciosos que poderia ter na companhia de ambos.

_ Não fala com você. Eu já ouvi sua voz doce.

Ele sentiu algo nodoso emergir e corroer suas entranhas.

_ Que seja! – eemonstrou indiferença.

Mais tarde, naquele dia, três crianças entraram lo mar gelado. Ele mudou a correnteza para que os outros dïis conseguissem nadar ðara dentro da caverna. Ele era o único que não arfava enquanto os dois!sentavam a beira para tomar fôlego.

_ Não é um lugar bonito? Está vendo esses relevos fincados nas paredes? A água foi batendo aos poucos e desenhando essas linhas. No início era um pequeno vão que foi alargando com a força da água e então... Puf! Eis uma caverna.

_ É só uma caverna como outra qualquer... É melhor voltarmos.

_ Está com medo, Charles? Ainda faltam algumas horas para água entrar – mentiu. – Que tal passarmos o tempo enquanto descansamos?

Rose sempre pressentia quando ele queria diversão. Ela se aproximou tocando-lhe o braço, se oferecendo como um cordeiro, mas ele se desvencilhou, não se deixou levar por aquele encanto, desta vez queria deixar sua melhor diversão para depois.

_ Passar o tempo... não tem nada aqui? – ele disse de costa.

_ Para você – sussurrou no ouvido de Charles.

_ Co-como conseguiu vir tão depressa? – o garoto demonstrava surpresa.

_ Do mesmo jeito que você vai voar... – com um gesto brusco fez o corpo de Charles voar como se fosse um boneco sem vida e bater na parede da caverna num baque surdo.

_ NÃO! – pela primeira vez ouviu Rose falar.

Ela foi mais rápida que seu novo golpe correndo para Charles que recobrava os sentidos e agarrando-se de forma que o encobrisse.

_ Eu sei que você gosta – a risada maligna preencheu o vazio da caverna.

_ Rose... Sai de cima.

_ Não... Ele vai te matar. Levanta, mas fica perto de mim.

Charles fez o que Roce lhe disse, mas sentiu sua cabeça latejar e o corpo doer em vários lugares.

_ Ahhhhhhh! Sai da minha mente... – vergou o corpo novamente caindo de joelhos.

_ Por que não faz isso comigo? – ela gritou.

_ Não é divertido vê-lo rastejar como um verme?

Charles agonizava ao chão como se tivesse à mente perfurada.

_ Seria mais divertido se você realmente conseguisse me fazer sentir dor. Eu aposto como você não consegue me fazer gritar.

_ Vocâ sempre consegue me provocar... Está bem. Vou brincar com você também. Mas para ele não ficar sozinho... – sorriu diabólico – as minhas amigas vão fazer companhia para ele.

De sua boca saíram palavras incompreensíveis para as pessoas, mas na linguagem dos ofídios significava “alimentem-se”. Espécimes diferentes de vários tamanhos saíram de seus esconderijos para envolver o garoto, que impotente estremecia convulsivamente a cada picada até que a morte enfim o paralisasse.

_ Não. NÃO – ouviu Rose gritar enquanto as lágrimas escorriam por sua face.

_ Não? Por que não? Rose, Rose. É a primeira vez que ouço sua voz e você só sabe dizer não?

_ Você é fraco... Essas suas tentativas só fazem cócegas.

_ Quer experimentar a nova tortura que aprendi?

Ele invadiu a mente de Rose, estava ficando especialista em tortura, vasculhava procurando qualquer lembrança que a fizesse sofrer, que lhe enfraquecesse o espírito fazendo-a sentir a dor em sua forma mais pura. Mas ela lhe bloqueou o caminho.

_ Você não é capaz de chegar lá. A única pessoa que conseguia isso morreu.

Nunca havia sentido uma fúria tão grande e não se conteve. Se não conseguia vencê-la através de seus poderes usaria a força e usou as mãos para apertar o pescoço de Rose.

_ Você não... é... especial... – ela se engasgava na língua ao falar – Meu pai... era... bom... dor...

Ela nem havia lutado, os olhos fechados, as mãos entrelaçadas como numa oração, o rosto pálido sem vida, jazia no chão, morta pelas suas próprias mãos, a única vez que matara um trouxa sem o uso da varinha.

_ Milorde? – Lucius se ajoelhava para cumprimentar Voldemort.

Ele parou de tamborilar os dedos voltando para a realidade.

_ Diga, Malfoy.

_ A quem atacaremos esta noite? Bruxos ou trouxas.

_ Trouxas.

_ Senhor... É que os trouxas não possuem muitas riquezas para saquearmos.

_ Você só pensa em dinheiro. Esta noite, eu quero que destruam um lugar em especial – disse encarando o vassalo – um orfanato perto do mar.

_ Então, mandarei Fenri. Depois que ele atacou o sobrinho apurou seu gosto para carnificina infantil.

_ Que seja! Mas quero tudo destruído, nem mesmo cinzas devem restar.

_ Sim, meu lorde. Somente mais uma questão.

_ E qual é? – bocejou entediado.

_ O que faremos com os corpos de bruxas e trouxas desaparecidos?

_ É especialidade de Belatrix.

_ Inferis? E para onde devemos levá-los

_ Não se preocupe – sorriu satisfeito. – Eu mesmo cuidarei disso.

Cena 2 - A Inominável

Vivian Potter parecia ser uma mulher comum. Fosse no mundo dos trouxas onde era uma dona de casa cujos remédios caseiros funcionavam para qualquer tipo de enfermidade. Ou fosse no mundo dos bruxos, onde vivia a sombra do marido Auror treinado para capturar bruxos das trevas.

No entanto as aparências às vezes enganavam e ninguém exceto Edward Potter conhecia a mulher espetacular que era sua esposa, uma Inominável envolvida numa pesquisa ultra-secreta, que nem mesmo seu nome constava no quadro de funcionários a serviço no Ministério da Magia. E esse era um fator de discussão entre ambos, por que ele temia que o trabalho se tornasse um perigo maior para sua esposa.

_ Amor... Acho que está na hora de parar por hoje. Preocupo-me com sua saúde, senhora.

_ Ora, senhor Potter – referia-se a ele dessa forma toda vez que queria lhe dar um sermão. – Saiba que corro mais perigo sendo esposa de um auror. Seja um bom marido e não nos atrapalhe, já estamos terminando por hoje.

O senhor Potter parecia estar hipnotizado, pois ela ficava linda com os olhos brilhantes, as faces afogueadas e o bico em seus lábios. Lílian sorriu. Desde o início das férias auxiliava a senhora Potter em algumas de suas pesquisas.

_ Sim, senhora – ele levantou as mãos para o alto dando por encerrada a discussão. – Esteja lá em cima em dez minutos senão trago a tropa inteira para tirá-la daqui. Sabe o que acontece quando somos privados da companhia de duas mulheres tão formidáveis.

_ Em outras palavras... Você e os garotos estão com muita fome.

_ Não nos maltrate – o senhor Potter riu com gosto enquanto beijava a mulher.

Lílian ouvia a tudo silenciosa executando a tarefa de maturar algumas substâncias no caldeirão. Era reconfortante fazer parte de uma família novamente. Os Potter eram fabulosos e ela sentia essa mesma presença de espírito em James. Talvez, quando ele tivesse segurança sobre si mesmo, não se deixasse influenciar tanto por Sirius.

_ Lily, querida. Como está a textura do líquido? – virou-se para ela assim que o marido saiu.

_ Creio que já está no ponto.

_ Então, deixemos esfriar. Continuamos amanhã.

_ Senhora, Potter...

_ Sim? – ela lhe respondeu enquanto retirava o avental.

_ Eu vi Remo bebendo esta poção outro dia... Ela ainda é experimental, não é?

_ Tenho uma observadora arguta nesta casa. O que você sabe sobre o sofrimento de Remo? – a senhora Potter a observava atentamente. 

_ Não tenho segredos para com Andy e ela me contou o que houve numa das transformações de Remo. Ele ainda não sabe que Andy descobriu. Os garotos acham que ela esqueceu ao desmaiar.

_ Oh! Pobres rapazes ingênuos diante de garotas tão inteligentes – a sra. Potter riu. – Eu tenho a autorização de Morgana e Remo sabe que é um experimento. Por enquanto, está fazendo mais bem que mal apesar de alguns efeitos colaterais. Em breve, espero concluir minhas pesquisas sobre a Poção Mata-Cão.

_ Será capaz de curar Remo? – disse esperançosa por Andy.

_ Não... Nem mesmo sabemos se é uma doença, mas com essa poção ele será capaz de estar consciente mesmo estando transformado. Só preciso descobrir o quanto realmente ele precisa tomar durante a semana que antecede a lua-cheia. Você pode cuidar dessas anotações para mim?

_ Mas... Assim ele ficará sabendo que sei?

_ Segredos não duram muito, Lily. Para Remo é melhor que tenha amigos que estejam ao lado dele mesmo sabendo ser um lobisomen. Provarei que ele não deixa de ser Remo, essa poção vai ajudá-lo a ter controle sobre suas ações.

_ Eu sinto o mesmo, sra. Potter. E quero muito ajudá-lo.

_ Certo. Podemos ir? Antes que realmente invadam meu espaço? Tenho um ciúme enorme das coisas que tenho aqui. Venha!

_ Sim, senhora.

Lílian apagou a luz antes de trancar tudo e subir os degraus, porém estacou ao ouvir um barulho. Dois pares de olhos brilhavam no escuro.

_ Lumus! Por Merlim... É só um rato.

Ela não estranhou a presença do roedor, embora aquele lugar fosse limpo demais para aninhar um animal como aquele. Não tinha medo, mas nojo. De forma que subiu os degraus apressadamente.

_ Senhora Potter?! Tem um rato enorme lá embaixo perto da porta azul.

_ Um rato? – o senhor Potter olhou para a esposa e falou alto – espere um pouco querida. Esse é um trabalho para o maior auror do Ministério da Magia. Eliminar ratos bisbilhoteiros.

_ Não seria melhor o senhor descer em vez de assustar o rato?

_ Não se preocupe o rato subirá por ele mesmo.

Lílian olhava para James como se estivesse com um ponto de interrogação acima de sua cabeça.

_ Saia Petter, você foi descoberto – James riu.

Rabicho saiu com a cara cabisbaixa como se tivesse sido pego numa grande travessura.

_ O que esperava encontrar? Mamãe não guarda guloseimas “aí” em baixo.

_ É que senti um cheiro gostoso vindo do caldeirão... – desculpava-se demonstrando estar sem jeito.

_ Nunca... Jamais se aproxime daquele lugar sem a minha permissão!

A senhora Potter apresentava o rosto pálido e lívido, sempre calma era a primeira vez que a viam se alterar.

_ Entendeu? – as mãos agarraram Peter sacudindo seu corpo que não era mais tão pequeno.

_ S-sim. Des-dessulpe – o rapaz gaguejou amedrontado.

_ Vívian – o senhor Potter tocou em seus ombros. – Está tudo bem, querida.

_ Desculpe... Peter. Acho que você tem pazão tenho trabalhado demais nas minhas poções. Preciso descansar um pouco. Lily? O jantar está pronto... Pode servi-los para mim?

Vivian não esperou pela resposta e desapareceu pelo corredor estreito que a levaria aos seus aposentos. Ela se sentou no escuro enquanto tremia involuntariamente. Odiava quando aquilo acontecia, aquela sensação de que algo estava muito errado. A premonição era tão insustentável por isso gostava de poções que era milimetricamente exato.

E no entanto, era irônico que sua pesquisa se voltava para a compreensão dos mistérios da vida. Não era mais possível guardar aquele objeto em seu porão. O Véu da Morte era perigoso demais para deixar sob o alcance de crianças curiosas.


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