As Aventuras dos Marotos escrita por Aki Nara


Capítulo 37
Capítulo 37 - Pensamentos ao Vento




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Cena 1 – Lembranças Tristes

 

O sol da tarde lutava para iluminar as águas escuras do lago. As luzes refletiam somente a superfície, sem realmente aquecer o seu interior. Severus Snape encontrava-se às margens observando um ponto fixo sem realmente vê-lo. Quem o visse neste momento, ficaria surpreso, pois seria testemunha de algo inédito.

 

Ele estava perdido em pensamentos, que conflitavam entre valores para o bem e para o mal, seu semblante sempre frio e indiferente, externava ambigüidade de emoções e agonia por não poder decidir o rumo que tomaria em sua vida e o vento soprou trazendo velhas recordações.

 

- Sua bruxa idiota! – Um homem gritava enquanto ouviam-se pratos sendo derrubados ao chão. – Não sabe nem preparar um jantar descente.

 

- Seu trouxa beberrão! Você está tão embotado, que nem percebe mais o sabor da comida.

A Criança escondida em baixo da mesa ouviu o barulho de um soco, enquanto a mulher desabava no chão.

 

- Você não é nada sem aquela varinha! Quem é que tem poder agora? Bruxas podem ter ossos quebrados. Arruma essa bagunça, sua estúpida!

 

A criança sai de seu esconderijo para acudir a mulher caída. Ela cobria o rosto inchado onde o soco acertara. O menino se levantou cheio de ódio, mas a mulher segurou-lhe a mão suplicando silenciosamente para que ele não revidasse.

 

- Não me olhe assim! Você nunca deveria ter nascido, sua aberração vinda dos infernos. Saia da frente, antes que eu te arrebente também.

 

O homem empurrou o garoto como se fosse um trapo qualquer e saiu para as ruas. A mulher olhou para o filho amorosamente.

 

- Meu filho, não acredite no seu pai quando ele te diz que você é uma aberração. Você é muito especial e inteligente. Um dia você irá para Hogwarts como eu fui, por isso leia todos esses livros para ser alguém na vida.

Cena 2 – Dor Inevitável

 

- Por que você escolheu “ele” mãe? - Severus soltou a sua pergunta ao vento e em resposta mais lembranças surgiam.

 

- Oh! Meu querido. Por que será que não escolhemos a quem devemos amar? – A mulher chorava copiosamente – As coisas seriam tão mais fáceis... eu perdoaria o seu pai por todas as humilhações porque nós passamos, mas traição...

 

Ela parecia estar sentindo dor, ódio, raiva, ciúme, eram tantas emoções juntas, que seu semblante carregado pareceu enlouquecido por um instante e o garoto não sabia como confortá-la.

 

- Severus, meu filho. Eu te amo muito, meu filho. Por favor, me perdoa!

 

A mulher se deitou na cama. O garoto se aproximou do leito e foi quando percebeu o corpo “dele” caído, inerte junto ao copo estilhaçado, seus olhos esbugalhados, inexpressivos e sem vida.

 

- Mãe! O que você fez?

O garoto sentou-se à beirada da cama e olhou para o rosto plácido, pálido da mãe e que agora dormia o sono eterno.

 

- Levanta, mãe! Não me deixa sozinho. Eu também te amo.

 

Ele chorou copiosamente enquanto beijava a mão enregelada. A mulher segurava um pequeno frasco vazio.

 

Cena 3 – Quem quer Amar...

 

- Você não me amou mais que “ele” e eu precisei tanto de você. - Severus concluiu tristemente. – Eu nunca amarei ninguém. - O vento se agitou como se o estivesse contradizendo.

 

Severus andava com um monte de livros que precisava devolver para a biblioteca do centro da cidade e não enxergava nada a sua frente quando esbarrou em alguém.

- Desculpa! Que desastrada eu sou. Deixa eu te ajudar! – A garota se agachou para ajuntar os livros caídos. – Ah! Obrigada. Esses são meus. Como você está Severus? Eu sou a Lílian... Lílian Evans. Sua vizinha. Lembra? Acho que não...

Ela sorriu e ele sentiu-se atingido por algo inexplicável. Era o sorriso mais doce e angelical, que Severus havia visto na vida. Não era possível, mas existiam anjos com cabelos da cor de fogo.  E ele estava irremediavelmente apaixonado e foi amor à primeira vista.

 

- Ah! Sim. Eu amei aquela sangue-ruim. – Um gosto amargo de inveja, de despeito e de ciúme surgiu em sua boca. – O que ela viu naquele imbecil do Potter? Ele não será nada, enquanto eu farei tudo para ser alguém. Ela irá se arrepender por não ter escolhido a mim!  

 

Cena 4 – Um Futuro Negro

 

O sol começava a se pôr, os tons de vermelho se espalhando tristemente para anunciar o fim do dia. E o vento lhe trouxe mais lembranças.

 

- Meus caros, amigos! Com pesar, despeço-me da companhia de vocês. Porém, saibam que estarei preparando o futuro de vocês lá fora. Quem estiver comigo para servir ao lorde, terá tudo que quiser na vida: Riqueza, Poder, Fama e Glória. Nós faremos um mundo melhor para os bruxos. Viva a soberania dos sangues-puros.

 

- VIVA! Seguiu-se um coro de vozes.

 

- Agora, uma notícia de última hora. Severus será meu braço direito e ele estará encarregado de me reportar semanalmente o que se passa aqui em Hogwarts, então atentem para o fato e comportem-se. – Lúcius sorriu maliciosamente e aproximando-se mais perto de Severus, cochichou em seu ouvido. – Cuide da minha noiva. E me diga se ela desviar os seus sentimentos para outro bruxo.

 

- Tolo! – Severus gargalhou ao vento. – Ele pensa que me tem nas mãos. Cuide da minha noiva, se ele soubesse...

 

Cena 5 – O Embuste de Salomé

 

- Severus! Eu não consigo engatar o fecho deste colar, você poderia me fazer este favor? – Narcisa afastou os cabelos loiros mostrando o seu colo e a nuca.

 

- Claro, Narcisa. Era óbvio demais, mas ele não tinha nenhum interesse por ela.

 

- Obrigada. O que posso fazer para agradecer-lhe a gentileza? – Ela encenou um rosto inocente e angelical.

 

- Mantenha-se fiel ao seu noivo, Narcisa. – Severus lhe disse friamente.

 

- Você tem pedras no lugar de um coração?

 

- Eu não tenho coração, Narcisa. Por isso, não perca o seu tempo.

 

- Eu não quero amor, Severus. Talvez, nós tenhamos muito em comum. – Narcisa sorriu maliciosamente e acariciou-lhe o rosto, revelando a dissimulada que era.

 

Severus suspirou pesadamente.

 

- A quem estou querendo enganar. Eu tenho um coração, mas ele sangra todo dia. Quando ele vai cicatrizar, Lily? - Severus olhou para o céu tentando conter a tristeza de seu coração e mais lembranças atormentaram seu ser.

 

Cena 6 – Encontro com o Mestre

 

O garoto chegou a sua casa com um enorme saco de compras. Dias se passaram desde a última vez que comeu, portanto apreciava a maçã como se fosse um banquete digno de um rei. Tirou a chave do bolso, abriu a porta e entrou.

 

- Bom dia, jovem Snape! Eu espero que o saco de moedas que lhe trouxe tenha sido bem utilizado.

 

O garoto se assustou ao ver o homem barbudo que roubara a pouco, atrás de si. Ele pensou em fugir, mas o homem foi mais ágil.

 

- Imóbilus!

 

Severus perdeu os movimentos, mas não demonstrou medo.

 

- Onde está sua mãe? – Os olhos do homem expressaram tristeza. - Sinto muito, meu filho. Seus olhos dizem mais que seu semblante. Sua mãe tinha um futuro tão promissor... Severus, você gostaria de seguir os passos dela?

 

O garoto fez que sim com a cabeça.

 

- Então, leia esta carta com muita atenção. Ela é sua entrada para Hogwarts. Não se preocupe com os livros e materiais. Você tem um acervo muito bom aqui. – O velho olhou em volta, havia centenas de livros espalhados por toda a sala. – Você os leu?

 

- Sim, senhor!

 

- E varinha?

 

- Eu tenho a da minha mãe, mas ela está partida. Eu lhe mostraria, se o senhor me libertasse.

 

- Desculpe, meu caro! Sou um velho esquecido. – Com um simples gesto, o homem idoso libertou-o.

 

Severus foi até a prateleira e trouxe um estojo e ao abri-lo, retirou com cuidado duas partes de uma varinha.

 

- Ora, não está tão mau quanto parece. – O homem juntou as parte da varinha quebrada e com sua varinha tocou suavemente.

Uma luz azulada partiu da varinha, deixando a outra como nova.

 

- Uau! - Severus pegou a varinha com cuidado e imediatamente sentiu que aquele objeto era a extensão de seu braço.

 

- Incrível, meu rapaz. Só existe uma varinha para cada bruxo neste mundo e nenhuma varinha é igual à outra, mas acho que acabo de ver uma exceção, quando uma varinha escolhe seu dono. Minha tarefa termina aqui, portanto aguardarei a sua chegada no início do ano letivo. – O homem dirigiu-se para a saída.

 

- Espere, senhor! Não sei o vosso nome.

 

- É um nome grande e pomposo demais. Alvo Dumbledore! Isso deve bastar...– Sumiu sem deixar rastro ao deixar seu nome ecoar.

 

Os pensamentos foram-se com o vento e ele despertou do devaneio das lembranças.

 

- Dumbledore! O senhor é um grande homem. Merlim me dê forças para o que eu preciso fazer!


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