As Aventuras dos Marotos escrita por Aki Nara


Capítulo 31
Capítulo 31 - O Medo e a Ameaça




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Cena 1 – Natureza Morta

 

Petter estava sozinho no quarto. Ele pegou uma caixa em baixo da cama e o abriu. Dentro havia todos os tipos de doces imagináveis e inimagináveis, que ele surrupiou da cozinha. Ele adorava aquele lugar, pois era o único lugar de Horgwarts em que seus desejos se tornavam reais.

 

Petter pegou um doce enquanto ruminava seus pensamentos: “Os Elfos nunca se interessam em saber quem eu sou. Ah! Era tão bom sentir poder, mesmo que de mentira. Os Elfos só atendiam aos desejos dele por ele ser um estudante.”

 

Ele não sabia nem como, nem o porquê, mas o Medo sempre aflorava e se apoderava de seu ser. Não tinha controle nenhum sobre essa sensação avassaladora, desse mal que lhe acometia. A única possibilidade de reação que encontrava, era canalizar este estado instável na sua compulsão por comida, ingerida na mesma proporção em que sentia medo.

 

No início, os Marotos lhe davam bem-estar, segurança e proteção. Com o tempo viu que essas sensações não durariam para sempre, o que pôde confirmar com o surgimento das garotas em suas vidas. Agora além do medo, sentia a ameaça sempre presente, como nunca sentiu antes delas surgirem. Era impossível conviver com esses dois sentimentos intensos ao mesmo tempo.

 

“Eu estou acuado e tudo isso é culpa daquelas garotas ordinárias. Eu quero a minha vida de volta, pelo menos enquanto estou em Hogwarts. Depois do sétimo ano cada um de nós vai seguir sua vida, um rumo diferente apesar da amizade”.

 

Ele sabia... não era inteligente, não era corajoso e nem mesmo era bonito. Nada havia em comum com seus amigos.

 

“Eu os invejo, sou apenas uma sombra e isso é menos que nada”.

 

Ele não conseguia evitar, a inveja crescia como erva daninha.

 

“Eu só estou na Grifinória porque pedi para o Chapéu Seletor me deixar junto deles”.

Ele precisava pensar em como sobreviver sem seus amigos após Hogwarts. Tudo era uma questão de ficar do lado mais forte.

 

“Não tenho cabeça para pensar nisso agora, mas eu posso pensar numa forma de afastar aquelas garotas inconvenientes. Eu quase não reconheço mais os Marotos. Apesar do medo e dos perigos, as aventuras noturnas eram formidáveis e agora estavam quase paradas porque eles só queriam estar junto delas. Eu tenho que maquinar um plano para eliminar cada garota intrometida. Deixa surgir só uma oportunidade, um cuidado para que ninguém perceba a sua intenção e elas já eram”.

 

Ele sorriu maquiavélico, ele não parecia mais o garoto franzino e assustado.

 

“Isso não deve ser difícil. O Sirius termina um namoro sem pestanejar, ele não consegue ficar longe das mulheres, mais cachorro do que ele impossível. Remo já tinha um bom coração, mas uma garota tem que ser bastante desmiolada para ser capaz de amar um lobisomem. Sim, infelizmente Andrômeda teria que descobrir o segredo de seu amigo. Ah, James! Esse era o mais difícil. O que aquela garota ranzinza tinha para deixá-lo tão cego? Ele teria que ficar “amiguinho” de cada uma delas para depois puxar o tapete”.

 

Assim pensando, Petter comeu o último pedaço de guloseima e se deliciou com o sabor doce. Quando ele fechou a caixa, ela estava vazia. E Petter nem percebeu o quanto suas emoções se assemelhavam com o vazio da caixa neste instante.

 

“E já escolhi a primeira vítima”.

 

Ele gargalhou e seu rosto contorceu-se numa sinistra máscara de insanidade.

 

Cena 2 – Garotas Inteligentes Sempre Desconfiam

 

As garotas confabulavam na Torre Norte.

 

- Então, vocês também receberam... – Andrômeda constatou – o mesmo cartão e o mesmo teor?

 

- Sim, ele não é muito criativo – Marlene acrescentou pasma - É inacreditável, mas milagres acontecem.

 

- Menos os presentes – Lílian sorriu. – Eu ganhei um livro de poesias, mas é do James. Eu vi a assinatura dele.

 

- Por Merlim! Eu ganhei uma caixa de bombons – Marlene riu – Com certeza ele apanhou com os Elfos na cozinha.

 

- Ele me deu um vaso de flores carnívoras – Andrômeda suspirou com pesar. – Eu devolvi de volta para a estufa da professora Sprout.

 

- Ah! Eu achei boa a intenção dele – Lílian sorriu. – O que vocês acham?

 

- Eu o acho esquisito – Marlene foi sincera

.

- E eu não confio nele – Andrômeda suspirou novamente. – Ele me dá arrepios.

 

- Tirando a parte que ele nos presenteou com coisas “alheias”, podemos dar uma chance para ele? – Lílian suplicou através do olhar – Afinal, ele deve ter algo de bom para ser amigo dos Marotos.

 

- Lá vem você, Lily – Andrômeda disse realmente aborrecida. – Como você consegue achar que todo mundo tem um lado bom? De nada valeu a última experiência?

 

- Experiência? – Marlene disse curiosa.

 

- Ela era amiga do Snape. –Andrômeda sibilou todo seu desprezo ao dizer o nome.

 

- Aquele seboso mal encarado da Sonserina? – Marlene ficou assombrada.

 

- Bem... eu me enganei, mas isso não quer dizer que me enganaria uma segunda vez – Lílian sorriu sem graça. – Ou posso?

 

Andrômeda e Marlene se olharam num mútuo entendimento silencioso.

 

- Tudo bem! Nós daremos essa chance, mas até que se prove o contrário eu ficarei com um pé atrás, entendido? – Andrômeda cruzou os braços.

 

- Eu adoro vocês duas! – Lílian abraçou as duas amigas.

 

- Então, vamos ao encontro – Marlene riu – eu quero ver a cara dele, quando ele tiver que nos enfrentar todas juntas.

 

Cena 3 – O Tiro pela Culatra

 

Petter escondeu seu desconforto sob a bata do uniforme, esperando pela primeira garota que teria de enfrentar naquela manhã. Ele preparou-se para o encontro durante toda a semana anterior, pensando em cada detalhe, em cada explicação que daria, seria fácil enganar uma de cada vez, mas na verdade faltou-lhe coragem para enfrentar a três juntas.

 

- Olá, Petter! – Lílian disse.

 

Ele que estava entretido sobressaltou-se ao virar para ela e assustou-se mais ainda quando se deparou com as três a sua frente; arregalou os olhos, pois não estava preparado para isso.

 

- O-olá! – gaguejou.

 

- Nós quisemos facilitar, já que o assunto era o mesmo – Andrômeda disse com seu jeito peculiar de persuasão. – Você não se importa, não é mesmo?

 

- N-não! – Petter conseguiu dizer.

 

- Então, o que leva você a acreditar que nós não gostamos de você? – Marlene perguntou. – Afinal, eu sempre achei que você não gostasse de nós.

 

- E-eu... – olhou para os seus pés. – Estava com ciúmes. É que eles sempre foram amigos em tempo integral e a-agora, eu quase não os vê-vejo, quer dizer eu não os vê-vejo mais sem vo-vocês.

 

- É verdade, mas acho que isso não vai mudar – Andrômeda foi cruel. – Se depender de mim, eu ficaria mais tempo com o Remo, se pudesse.

 

- E-eu sei! Já que não posso mu-mudar isso, quero me tornar a-amigo de vo-vocês. Assim, não me sentirei tão deslocado.

 

- Por mim tudo bem, Petter – Lílian sorriu – Eu adoraria ter mais um amigo.

 

Petter estava perplexo. A ruiva, quando queria, até ficava mais bonita. Ao contrário do que pensou, foi até mais fácil convencê-la do que as outras.

 

- Obrigado Lílian – suspirou um pouco aliviado.

 

- Pode me chamar de Lily – sorriu novamente – Andy e Lene, vocês prometeram.

 

- Olha! Eu prefiro que todos sejamos amigos – Marlene estendeu a mão amigavelmente.

 

- Ah! Obrigado – ele apertou a mão estendida com entusiasmo.

 

- Tudo bem – Andrômeda apertou a mão dele também. – E, aproveitando, eu queria te agradecer pelo presente. Pena que eu tive que devolvê-lo para a estufa da professora Sprout... – acrescentou – era... perigoso demais.

 

Todos os sentidos de Petter ficaram em alerta; ele percebeu que ela era seu maior empecilho e a adversária mais difícil seria a que mais achava fácil. As aparências enganavam, e ele teria que mudar todo seu esquema de maquinações.


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