Agatus - A Descoberta escrita por Letícia Francesconi


Capítulo 9
Mudanças Drásticas


Notas iniciais do capítulo

Oi!! Esse capítulo é muito importante rsrsssss
Beijos!!



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Ler não era uma coisa que costumava fazer. David me dava alguns livros estranhos que seus irmãos liam. Muitas vezes os jogavam fora, mas desta vez guardei um. Não era William Shakespeare, mas interessei-me pelo conteúdo. Eu não era uma uma das melhores da escola, mas gostava de estudar. David me incentivava muito, o que minha mãe adorava.

Deixei para lê-lo em um dia de paz, um dia em que Victoria não estava me mandando fazer as unhas ou os cabelos.

Joguei-me na cama bagunçada, com o livro em mãos. Eu lia rapidamente. Era incrível como minha velocidade instintiva, melhorava a cada capítulo lido. Devo admitir, ler é uma das melhores coisas da vida. É como uma TV impressa em sua mente. É incrível.

Batidas ocas na porta, retiraram-me do mundo da leitura. Victoria. Revirei os olhos. Uma pessoa indesejável em meu quarto, não era isto que eu queria. Mas sabia que eu estava ali.

– Entre.

Victoria abriu a porta. Usava seu vestido rubro como sangue, o sorriso amargo nos lábios. Continuei concentrada na minha leitura.

Katharine – meu nome sempre soava em seus lábios como veneno. Levantei os olhos do livro. – Sua mãe a espera para o almoço.

– Diga a ela que estou ocupada – ela me fitou severamente.

Num instante, me senti puxada por um efeito desconhecido. Não estava mais na cama, agora, estava em sua frente. Me sentia tonta pelo ato súbito. Ela agarrava meu pulso esquerdo fortemente.

– Não fale assim comigo, mocinha. – suas unhas eram afiadas. Podia sentir sua respiração em meu rosto. Praticamente, ela era uma cobra. – Desça agora e não apronte nada.

Suas palavras me gelaram. Não era comum sentir medo daquela mulher. Ela soltou meu pulso, seguindo o caminho da porta, os sapatos altos ecoando no piso de madeira.

Respirei fundo. Eu ainda iria agarrá-la pelos cabelos negros e...

Desci as escadas, pensando como aquela mulher era uma serpente venenosa.

Uma bruxa.

Victoria estava sentada, ereta, em uma das cadeiras da mesa, enquanto minha mãe corria pela cozinha com pratos nas mãos. A me ver, ela retiniu um belo sorriso.

– Katharine, minha querida, sente-se. – disse ela com brandura. Estranhei seu tom, pois ela não costumava falar assim comigo, porém sentei-me mesmo assim.

Victoria me olhava dissimuladamente, o sorriso ácido no rosto. Minha mãe se sentou ao meu lado. Olhei para mesa. Estava repleta de comidas diferentes, saladas coloridas e sucos de cores brilhantes. Era espantosa a quantidade de talheres que se encontravam ali. Senti-me em um restaurante. Victoria tomava um líquido rubro.

– Qual é o motivo disto tudo?

Victoria sorriu.

– Por que não conta a ela, Amy?

Minha mãe hesitou.

– Iremos nos mudar.

Engasguei com a primeira garfada que havia dado na comida.

– O que?

– Isso mesmo que ouviu, Katharine – disse Victoria com a amargura na voz. Ignorei suas palavras.

– Mas, por quê? Vamos para onde? Nossa vida é aqui em Nova York.

– Não será mais – disse ela sem me encarar. – Iremos para Índia. Ficaremos na casa de Victoria.

– O que? – eu estava incrédula. – Índia? Mais que diabos é isto?

– É um país – disse Victoria deslizando os dedos na borda da taça. – Ou vai me dizer que não sabia disto?

– Mas é claro que eu sei – meu tom se alterou, fazendo minha mãe se assustar. – É obra dela não é? – perguntei apontando para Victoria. – Foi ela quem fez sua cabeça.

A minha cabeça fervia. Era impossível como uma mulher estranha poderia mudar tanto a cabeça da minha mãe. Tinha toda certeza do mundo, Victoria não era sua amiga.

– Abaixe esse tom, Katharine! – disse minha mãe. Ignorei-a.

– Não. Não e não!

– Katharine.

– Não! Eu não vou para lugar algum com essa bruxa! – Victoria continuou com a atenção em sua bebida.

– Katharine!

Levantei da mesa em um impulso. Estava prestes a passar pela porta da cozinha quando Victoria disse algo.

– Aconselho que arrumem logo as suas malas – disse ela. – Partiremos na próxima semana.

Não aceitaria isto nunca. Nunca.

David me olhou prostrado. Seus olhos estavam prestes a se desmoronarem em lágrimas.

– Você vai mesmo?

– Tenho que ir – minhas palavras pareceram machucar ele como uma avalanche. – Você sabe, David. Quando ela toma uma decisão, não a desfaz tão fácil assim.

– Por que não tenta conversar com ela? – sua voz era uma mistura de lamento e consternação.

– Já tentei. Ela não muda de ideia.

– Você não pode ir – suplicou David. – Não posso conviver com isto, Katharine – disse ele, pronunciando meu nome inteiro, o que soou estranho. Normalmente, ele apenas me chamava pelo apelido. – Com quem irei conversar?

– Com seus irmãos. – me arrependi de ter dito isto. Ele odiava seus irmãos.

– Não, Katharine, não!

Ele fez uma pausa, se acalmando.

– Não quero ficar longe de você – disse ele brandamente. – Não quero deixar de escutar a sua voz. Não quero deixar de olhar nos seus olhos. Pois eu te...

David hesitou. Ele se aproximou de mim em gesto suave, segurando minhas mãos. Seus olhos estavam fixos nos meus. Podia sentir suas mãos tremerem os tocar meu rosto. Isto era estranho, porém bom. Lembrei-me do dia da festa. Seu perfume forte, seu cabelo arrumado, tudo tão amável. Porém não podia classificar este sentimento como amor.

Depois de um intenso momento de hesitação, ele completou a frase, que saíram de sua boca entorpecidas.

Eu te amo, Katharine, eu te amo.

Meu sangue congelou em minhas veias. Não esperava estas palavras dele. Não teria ouvido estas palavras de quase ninguém, apenas de meu pai e raramente da minha mãe. Não espera isto, muito menos de David.

– David, eu...

– Não diga nada – disse ele brincando com meu cabelo. Não continha uma risada. David riu junto a mim. – Você está mais surpresa do que eu, sei disto.

Assenti. Seu nariz gelado tocou meu rosto, fazendo-me arrepiar inteiramente. Nossos lábios se tocaram instintivamente. David estava tenso, assim como eu. Logo ambos se relaxaram, curtindo o momento. Como já disse, isto é estranho e bom.

Deixei-me levar em pensamentos vazios, não conseguia pensar em nada. Agora sim, poderia confirmar, David me deixava louca.

Separamos-nos rapidamente, com olhares assustados. David estava sem ar.

– Desculpe-me.

– Não – ele me olhou confuso. – Tudo bem.

Minhas palavras foram seguidas por um sorriso tímido de David. Ele me olhou, me deu um beijo na testa e se retirou.

Creio que gostaria que tudo isto acontecesse outra vez.

Não era um pensamento, e sim, um desejo.


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Notas finais do capítulo

Rrsrsrss gostaram??



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