Agatus - A Descoberta escrita por Letícia Francesconi


Capítulo 7
A Visita da Serpente


Notas iniciais do capítulo

Obrigado por estarem comentando! Isso é tudo para mim!!
Queria agradecer pelos reviews SUPER fofos da Oboro (meninaa assim você me mata do coração!!). Obrigado mesmo!! Ah, sim. Oboro minha querida, não consigo colocar as fotos, desculpe-me!!!



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Uma réstia de luz se alastrou em meus olhos cerrados. Despertei em um susto boçal. A noite fora um terrível pesadelo acordado. Não encontrava o sono da noite, somente pensando em Peter. Nos últimos meses, têm sido de tal modo, um cúmulo de solidão. Minha mãe não falava mais comigo como antes. Era estranho ver a casa tão calma. Não era agradável ser importunada por um pestinha todos os dias, mas viver sem ele, era praticamente horrível.

A casa estava tão silenciosa que não parecia haver pessoas residindo nela. Minha mãe não estava lá. Saiu sem dar notícias, mas eu já estava acostumada com seus desvanecimentos repentinos.

Lembrei-me de uma coisa que eu ansiava há anos, uma lembrança do meu pai. Tudo fora queimado no incêndio da nossa antiga casa, deixando muitas lembranças em cinzas. Minha mãe jamais falava sobre o incidente, talvez esteja ferida pela morte do meu pai, ou não. Mas já estava esgotada disto.

Entrei em seus quarto, que sempre mantinha a arrumação em primeiro lugar, o que eu não poderia dizer do meu. As cortinas florais estavam entreabertas permitindo pouca luz entrar. Tudo ali era como um quarto de boneca, as paredes florais, o abajur rosa e o tapete peludo, como um gato caramelo.

Remexi as gavetas de seu guarda-roupa, tentando deixar tudo como se encontrava antes. Percebi a presença de uma delicada caixinha aveludada, com a cor escarlate. Suas bordas eram detalhadas com ouro, cessando em uma pequena fechadura. Estava ligeiramente empoeirada.

Sentei-me em sua cama perfeitamente arrumada, com a caixinha em mãos. Abri-a em um estalo opaco, revelando um suntuoso aro prateado. Levei um breve susto com a descoberta. Um anel, com um marco detalhado. O símbolo que assombrava meus sonhos repentinamente. O homem dançando junto de mim. A menina com a cicatriz na garganta. David morto... As lembranças surgiam em meu pensamento inesperadamente.

Você vai se arrepender de tudo que fez Katharine.

As vozes zuniam em minha mente, ecoando estranhamente. A voz de David surgiu em um murmúrio consternado.

Tome muito cuidado com o que você deseja Katharine.

Deslizei o anel em meus dedos, sentindo sua frieza e apreciando seu brilho. Ela não iria notar. Aquele bem estava trancado em seu armário por anos, talvez ela não soubesse de sua existência.

Deixei o quarto, guardando aquele bem por muito tempo.

Passaram-se alguns meses em que Peter se fora, e a solidão, aquela que apertava meu peito com uma pressão inigualável, ressaltava do meu coração, como se não quisesse estar mais ali.

Fiquei com medo de contar para alguém da minha descoberta, até mesmo para David. Não que eu não confiasse nele, por mais que eu o ame, é um risco. Talvez minha mãe não note, ou talvez sim. Talvez David não concordasse com essa mentira. Ele não gostava de quando eu dissimulava algo dela.

A campainha tocou ecoando sonoramente alta. David, pensei. Abri a pota em um impulso, assustando-me com o visto.

Uma mulher alta e bonita sorria amargamente com um intuito desconhecido. Ela usava um belo vestido vermelho que cessava abaixo de seus joelhos, luvas da mesma cor de tal, iluminavam em suas mãos finas. Seus cabelos negros eram ondulados e brilhantes, como uma cachoeira sombria. Havia malas em suas mãos.

Ela me fitou venenosamente, com seus olhos azuis vibrantes.

– Olá, Katharine – meu nome soou como um veneno em sua boca. – Sua mãe está?

Franzi o cenho.

– Sim, mas – encarei-a de modo desafiador, o que não fez muita importância para a mulher. – Quem é você?

Ela me encarou com um sorriso torto estampado em seu rosto.

– Sua mãe não te contou? – disse ela apertando minha bochecha, em seguida entrando pela porta, sem se importar comigo.

Fiquei parada com uma das mãos no rosto, que a essa altura deveria estar ruborizado, por causa de tal ato.

– Espere, você não...

– Victoria? – era minha mãe, surgindo da cozinha com uma aparência horrenda. Os cabelos embolados, presos no mesmo coque de sempre, as unhas descascadas e o avental sujo.

A mulher se virou designadamente.

– Amy! – ela gritou com uma bonança enervante, fitando ela dos cabelos bagunçados aos pés descalços. – Como você está... Linda. – ela pareceu não querer falar aquilo.

– Pensei que chegaria outro dia.

– Minha querida Amy – disse ela retirando as luvas rubras. – Tudo fica mais fácil quando andamos mais rápido. – seus olhos pousaram sobre mim. – Como você cresceu, Katharine.

Fechei a porta velozmente.

– Mãe.

– Katharine, desculpe-me. Eu devia ter a avisado antes, é que...

– Tudo bem. – interrompi-a, enquanto correspondia o olhar amargoso de Victoria. Parecia que ela, para minha mãe, era dócil e gentil.

– Vicky, vamos até o seu quarto, guardar suas malas.

Ponderei por um segundo.

– Mas nós não temos quarto de hospedes.

Minha mãe me encarou.

– Sei disto – ela ponderou rapidamente – Ela irá ficar no antigo quarto de Peter.

Suas palavras foram terríveis para mim.

– Mas e as coisas dele? Onde irão ficar? Eu mal terminei de me despedir dele e você...

– Katharine, isto não será necessário. – disse Victoria, com uma enorme displicência na voz. – Eu irei ficar por pouco tempo – seus olhos eram um espectro azulado. – Vim apenas a fim de tratar algumas coisas com minha querida Amy. – ela sorriu logo se dirigindo as escadas com minha mãe.

Revirei os olhos e subi as escadas com elas. Precisava falar com David sobre o ocorrido.

As janelas de David estavam entreabertas. Podia vê-lo deitado em sua cama com o celular em mãos. O quarto dele, como sempre, uma bagunça. Deve ser por esta razão que somos amigos. Ele não se importava com a minha desordem e nem eu com a dele.

Peguei uma caneta da escrivaninha e atirei na janela. Ele olhou assustado.

– Kat, o que é isso? – disse ele retirando os fones dos ouvidos. – Por que não me ligou? Agora, eu que não vou pegar a caneta. – disse enquanto observava o chão.

– Ah, cale a boca David. – ele riu da minha demonstração de irritação. – Preciso de você aqui – ele franziu o cenho. – Agora.

Ele olhou para baixo.

– Não vou pular. Não quero morrer – David deu uma risada discreta. – Não virgem.


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Notas finais do capítulo

Uheheushehsuehess o que acharam?
Não deixem de comentar!!!



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