Agatus - A Descoberta escrita por Letícia Francesconi


Capítulo 23
Richard Mayer


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!! Desculpem-me pela demora!!! A escola está acabando com a minha vida (mas é por um bom motivo).
O que será que vai acontecer?? Será que a Kat e o Raj vão ficar presos lá??? Ahhh mistérios sob mistérios rsrss.
Amo todos que estão lendo!! Vocês são tudo para mim :D
Um beijão e um abraço MUIITO apertado!! Aproveitem a história!



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Yann rodeava a sala enquanto Raj examinava o meu tornozelo.

– Isso está feio – disse Raj. – Foi um corte profundo, rompeu um vaso sanguíneo.

Ele tinha razão, estava muito feio. Meu tênis rosa estava completamente ensopado de líquido rubro. O tornozelo ainda doía muito.

– Como conseguiu romper uma prisão de luz? – dessa vez foi Yann, com uma expressão inteiramente confusa.

– Eu não sei, Yann. Foi uma coisa momentânea.

Yann ergueu as sobrancelhas.

– Momentânea? – indagou ele. – Você rompe uma barreira impossível de ser contida, e acha que foi momentaneamente?

A sala se tornou um cubículo silencioso.

– Por favor, Yann – disse Raj em um tom sério. – Pare.

– Não me mande parar Raj. Você sabe que nada pode me conter.

Raj franziu o cenho e se levantou.

– É por isso que foi mandado para o Canadá – disse ele encarando Yann. Eu estava em uma posição confortável, mas meu tornozelo fazia tudo piorar. – A corte de Agatus não lhe queria perto de nenhum templo e...

– Eu não preciso dar satisfações a ninguém – disse Yann elevando a voz. Pensei que Raj desistiria e voltaria a sua posição inicial. Mas ele persistiu. – Principalmente a um garotinho indiano.

Os olhos de Raj faiscaram em raiva.

– Não quero e nem preciso ouvir os seus pretextos, Yann – disse ele. A voz rígida tentando manter a sua posição. – Não sou obrigado.

– Eu nunca gostei de você, Raj – declarou Yann. Raj recuou com uma aversão presente no olhar. – Eu apenas te “suportava”, mas nunca fui e nem vou ser obrigado a ser seu amigo. Você é apenas um verme inútil que caminhava na minha vida. Eu apenas aguentava você por causa da minha mãe. Ela queria que eu gostasse de você, e não eu.

Raj parecia desabar em um mundo de desgosto.

– Por que... Por que sempre fingiu ser quem era?

– Victoria não permitia – disse ele esquecendo a palavra mãe. – Como não permite que você saia e nem se comunique com ninguém.

As palavras de Yann eram amargas. Cuspia estas como fogo. Raj não disse mais nada. Recuou e abaixou a cabeça, como sempre fazia, mas Yann continuou.

– Talvez ela lhe ame mais do que o seu próprio filho – disse ele. – Eu sou um babaca perto de você. Ela parece não ligar, mas ela se importa mais do que você possa imaginar.

– O que? – murmurou Raj.

– Você nunca vai compreender – Yann se ausentou rapidamente, como um fantasma. Não fazia a mínima ideia de como ele havia saído do local, pois estava tudo trancado pela chave dourada de Richard.

Raj se sentou no chão com as mãos levadas a cabeça.

– Eu não acredito – o choro parecia surgir em meio à voz. – Ele sempre foi o meu melhor amigo. Em todas as ocasiões ele estava presente. Crescemos praticamente juntos.

– Sei como é isso – falei pensando em David. Amigos há anos, e uma idiotice acaba com tudo.

– Não, Katharine – disse ele retirando as mãos do rosto. Pude ver as lágrimas escorrendo dos olhos. – Você não entende.

– Ache o que quiser. Não importa, eu estou com você.

Tentei transcrever as suas palavras, mas não saiu do jeito que eu queria.

– Obrigado – disse ele. Segurei a ambição de abraçá-lo. – Eu tenho que fazer um feitiço de cura em você – disse ele limpando as lágrimas.

– Não se preocupe, eu estou bem.

– Você está perdendo sangue. Olha para você.

– O que tem eu?

– Você está branca e gelada, como um picolé.

– Ei! Isso é preconceito. Eu já sou branca de natureza.

Raj parecia estar se divertindo, esquecendo tudo o que aconteceu.

– Mas... E gelada? Você está morta?

– Não! Eu estou muito viva.

Ele sorriu de um jeito bobo.

– Eu posso te esquentar.

Eu pareci não escutar as suas palavras.

– O que?

Raj congelou. Ele me fitava como um louco, sem reação alguma.

– Desculpe – disse ele rapidamente. – Eu não quis...

– Tudo bem – o interrompi com medo do seu constrangimento, mas isso só fez seu rosto se ruborizar. – Você disse que ia me curar?

Raj assentiu.

– Sim, eu vou – disse ele. Seu rosto ainda estava corado. – Apenas não se mova.

...

Estávamos no mesmo lugar frio e escuro, apesar da pouca luz que entrava pelas janelas douradas. Ainda podia ver cortinas vermelhas e pesadas balançando, com o vento, leve e gélido. As tapetarias vermelhas, os quadros com pinturas mortas, cores escuras e acinzentadas, enormes molduras detalhadas com desenhos estranhos que eu desconhecia. Velas pendiam acesas, em um enorme castiçal dourado, as luzes faziam com que este fosse ouro derretido. A escrivaninha, cuja da outra vez, a moça loira estava escrevendo atentamente. Os estilhaços de vidro luminoso não se encontravam lá. Dessa vez, não havia nada. Apenas um homem alto, cabelos negros, desgranhados, que caíam em seus ombros. Richard sentou-se devagar, na poltrona velha, com estofado vermelho.

Aliás, tudo ali, naquela sala, era vermelho. Fiquei pensando se era a sua cor predileta, de Richard, quero dizer. Um gato preto e peludo, com olhos acinzentados e sombrios, deitou sobre seus pés. Pensei que ele podia ser vermelho também, como tudo que pertencia àquela sala. Richard, retribuindo aos carinhos do gato, o pegou no colo, alisando delicadamente, seu pelo negro e macio. Logo ele voltou o olhar para Raj, em seguida, para mim.

– Raj. Kathanine. – disse ele.

– Richard, eu não...

– Calado! – as palavras de Raj foram cessadas por um grito fulminante. – Katharine. Você é tão levada – disse ele. Sua voz era como um doce, um doce completamente amargo.

Meu tornozelo estava curado, sem nenhuma gota de sangue. A ardência sumiu subitamente. Raj sabia realmente curar feridas com magias desconhecidas para mim.

– Eu não sou levada. Onde estou? Por que estou aqui? Onde está minha mãe?

Ele parecia estar cansado. Lançou-me um olhar gélido, me deixando arrepiada.

– Pare, pare, pare! – se irritou. – Você faz muitas perguntas, mocinha. Igual a sua mãe.

– Conhece minha mãe? Ela está bem? - perguntei assustada, ainda incrédula.

– Lucinda Moore nunca foi minha amiga, e sim, ela está bem – contou ele. Suas palavras eram lentas e melosas, o que foi um alívio para mim. Ela estava bem, isso era o que importava, mas, quem era Lucinda Moore?

Quem?– perguntei um pouco incrédula.

Richard riu.

– Ela não te contou?

A ironia era evidente em seu rosto. Não fazia a miníma ideia sobre o que ele estava dizendo.

– Contou o que?

Seu olhar era escuro e sombrio. Seus lábios se curvaram em um sorriso de dentes afiados.

– Vamos ver, por onde posso começar? – ponderou Richard. – Claro. Nos anos antigos, no meado do século 20, conheci a sua mãe, Lucinda Moore. Uma mulher inteligente e bonita. Uma feiticeira.

Minha garganta secou instantaneamente. Raj me observava assustado.

– Então... Ela realmente é uma feiticeira?

Richard assentiu.

– Mais é claro – disse ele revirando os olhos. – Como acha que quebrou uma prisão de luz?

Respirei fundo, lembrando de Peter em meu bolso. Richard prosseguiu.

– Você cresceu em um mundo afastado da magia. Sua mãe nunca lhe contou sobre Agatus e muito menos sobre o seu verdadeiro nome.

– Não acredito em você!

– Creia no que você quiser – disse ele amargamente.

Richard se levantou. Raj me fitava, os olhos cansados e confusos.

O que está acontecendo, Raj? – perguntei em um murmúrio enquanto Richard se afastava.

– Eu não sei, mas, ele...

– O que tem eu? – disse Richard com um livro velho em mãos.

Raj engoliu seco.

Nada.

Richard se voltou a cadeira me entregando o livro empoeirado. Raj me ajudou.

– Olhe você mesma.

As páginas não passavam de rabiscos negros sob uma folha amarelada.

– Olhe – alertou-me Raj. – Lucinda Moore. 3/2/1851 - uma feiticeira maior.

Retirei os olhos do livro. Estes pousaram no rosto pálido de Richard.

– Então Amy Jones... Não é minha mãe?

Ele parecia entediado.

– Ela é sua mãe, Katharine – disse ele. – Uma filha de Agatus.

A raiva percorria pelas minhas veias. As investigações... O anel... Tudo fora em vão. Então minha mãe era uma feiticeira maior, porém as palavras de Raj pousaram em minha mente. O anel. Não é a sua mãe, é o seu pai.

– E por que nos trouxe aqui? - não pude deixar de perguntar. Raj parecia não estar ali.

O sorriso de Richard ficou mais afiado do que estava antes.

– Eu quero. Eu preciso. E eu vou – disse ele calmamente. – achar o livro de Agatus.

Raj recuou.

– Por que quer... Roubar as profecias?

– Isso não te interessa, garoto – Raj não se importou com a sua grosseria. – Vocês dois estão destinados a isso. Sei que Raj irá morrer nos primeiros dias, mas vocês terão que treinar.

– Treinei a minha vida inteira.

– Mas não será o suficiente...

– Você disse que vamos morrer nos primeiros dias. Dias de que?

Richard riu.

– Você não vai morrer tão fácil assim, Katharine. É uma feiticeira maior.

– Não foi isso que eu te perguntei – minhas palavras eram amargas, mas não o assustava.

Ele se levantou da poltrona vermelha outra vez. Rodeou a sala, como se ela fosse enorme. O gato peludo, ainda o rodeando, silenciosamente. Agora estava apreciando, um dos quadros, com pinturas mortas, da sala. Nela, se tinha formas estranhas, borrões expressivos, apesar do cinza predominante.

– Um jogo.

Raj franziu o cenho.

Um jogo?

– Uma caçada em busca das profecias, depois, uma disputa. Você é uma filha de Agatus, Raj é um portal...

– Não vamos atrás das profecias para você.

– Querem morrer?

Hesitei rapidamente. Raj abaixou a cabeça.

Não – murmurou.

– Ou vocês ficam e vivem, ou vocês ficam e morrem. A escolha é de vocês.

– O que quis dizer com “uma disputa”?

Richard me encarou.

– Eu quero o melhor. Quero que se matem. Que lutem um com o outro. O melhor vence. O melhor vive e ganha tudo o que deseja.

Fiquei sem reação alguma. Eu não queria isso... Eu não era boa o bastante, e não mataria Raj.

– Não vou lutar com Raj.

– Não é apenas com Raj que irá lutar, mocinha – disse ele lentamente. – Diana e Jake, meus sobrinhos, irão lutar e disputar um lugar no trono.

Richard riu. Raj parecia estar tonto. Talvez eu me sentisse assim também.

– Vai sacrificar seus próprios sobrinhos?

– Faço o que for preciso para obter as profecias – disse ele, os olhos claros eram frios como gelo, como a neve de Nova York. – Até mesmo acabar com a vida de uma filha que eu mal conheço direito...

Seu sussurro cortou os meus ouvidos. Eu parecia desabar. Raj me segurou evitando a minha queda no chão.

As sombras surgiram em minha volta, fazendo-me sucumbir, escondendo a minha visão do mundo.


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Notas finais do capítulo

Eu não tenho palavras rsrsrs!
Beijos :)



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