Agatus - A Descoberta escrita por Letícia Francesconi


Capítulo 22
Uma Prisão de Luz


Notas iniciais do capítulo

Oi meus amores!! Obrigadíssimo por estarem lendo :) rsrss. É agora que as coisas vão começar a acontecer!! U.u
Beijos!!



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Acordei em susto com uma voz seca e levemente arrogante em meus ouvidos. Abri os olhos lentamente, me acostumando com a luz fraca que o ambiente emitia. Deparei-me com uma mulher alta, vestida delicadamente com um vestido vermelho escuro, como sangue, cabelos negros, ligeiramente grisalhos, escorriam pelos ombros largos. Victoria. Segurava um objeto prateado como o luar. Uma varinha. Passava esta de mão em mão.

Um globo de luz, de uma luminescência cegante, encobria tudo ao meu redor. Era como uma prisão eletrônica, se encostasse, morreria queimada. Este era transparente, permitindo-me visualizar os olhos faiscantes de Victoria. Sentia-me presa em um globo de neve. Meus pulsos estavam sangrando, como se garras ferozes tivessem o atacado. Sentia um gosto metálico em minha boca. Sangue. Minha cabeça girava, apenas pensava em Raj, com os pulsos vermelhos e a garganta cortada.

Uma moça de longos cabelos lisos, dourados como o sol, estava escrevendo com uma pena vermelha, rapidamente, em uma folha amarelada, sob uma escrivaninha. Raramente ela desviava o olhar do papel amarelado.

Victoria se aproximou lentamente, com movimentos leves, que faziam o vestido balançar.

– Richard não te mandou aqui à toa - falou ela, com os olhos flamejantes. - Ele podia ter mandado outra pessoa, mais você foi à escolhida. Você é uma filha de Agatus.

Meu sangue gelou. Então, realmente, Victoria sabia de tudo. Raj e Alisha tinham razão.

Observei o lugar. Era uma sala ampla, com quadros grandes e valiosos, tapetarias vermelhas e jarros com flores mortas. Havia uma enorme porta, com detalhes dourados e anjos esculpidos nas maçanetas. A pouca luz deixava o lugar totalmente sombrio.

– O que... – minha voz falhava. Era terrível me esforçar tanto. – Onde está Raj?

Os olhos de Victoria brilharam através da barreira luminosa.

– Raj? – ela dissimulou não entender. – Está morto.

O que? – um grito ecoou dos meus lábios.

Victoria ria.

– Pare com isso, Vicky – disse a mulher de cabelos dourados pela primeira vez.

Victoria lhe lançou um olhar fúnebre.

Katharine – meu nome era um veneno em sua boca. – Achava mesmo que eu não sabia?

– Existem coisas que eu não posso prever – meu tom era amargo, eu detestava isso.

– Claro que não – disse ela. A varinha circulava em seus dedos finos. Esta não estava brilhando, como normalmente Peter brilhava. – Ou será que pode? Ainda não tenho noção dos seus poderes, ratinha.

Ratinha? Ninguém nunca me chamou de ratinha, nem mesmo David em seus momentos de raiva.

– Mas tenho certeza de que eu não sou uma manipuladora, como você.

O rosto de Victoria continuou sem expressão alguma.

– Posso ser uma manipuladora, Katharine – disse ela em um tom sombrio. A parede transparente de luz, iluminava meu rosto por inteiro, fazendo-me estar com olhos semicerrados. – Mas não sou eu quem entrega as cartas tão facilmente, como sua mãe.

Minha mãe? – podia ouvir o desespero em minha própria voz. – O que fez com ela? Você é uma bruxa...

– Pare – disse Victoria fazendo um gesto com as mãos. Sua voz era rígida. – Ela está presa, por um feitiço, um feitiço de Agatus.

– Você a machucou!– a raiva exalava minha voz. Saquei a varinha – Peter – e avancei para a barreira luminosa. Esta rangiu com um choque.

– O que está tentando fazer? – perguntou Victoria escondendo o espanto. A barreira era forte demais para mim. Meus braços eram fracos e pequenos, não eram capazes de romper uma... – Não!

O grito de Victoria pareceu refletir nas paredes e voltar mais alto, enquanto cacos de vidro luminosos voavam pelo ar. Senti meu tornozelo direito queimar. Uma pressão grandiosa se espalhou pelo ambiente, fazendo Victoria desabar no chão. A mulher de cabelos loiros deu salto da cadeira com olhos espantados.

Corri em direção a porta. Ela era praticamente impossível de ser aberta. Peter ainda brilhava em minha mão.

Peter não vai ajudar, falava para mim mesma. A varinha vai te proteger, as palavras de Raj rodeavam minha mente. Se concentre, Katharine, a voz de Raj soava calmamente em meus ouvidos. Gostaria que ele estivesse ali para me ajudar. Se concentre, se concentre...

A porta abriu em um tranco breve. Victoria tentava se levantar enquanto a mulher corria em minha direção. Cruzei os limites da sala apressadamente. O corredor era escuro e comprido, apenas podia ver a luz prateada de Peter.

Nada naquele momento fazia sentido. Eu estava correndo como uma louca, sem rumo algum. O frio envolvia-me como se a neve pudesse penetrar pelas paredes do lugar e atingir-me friamente.

Tombei em uma sombra negra parada no corredor.

Onde pensa que vai, mocinha? – perguntou a sombra. Sua voz era áspera, dava-me arrepios. Pude ver que era um homem alto de cabelos desgrenhados.

Debati-me contra a sombra, que, agora, forçava meu pulso.

– Pare de se debater! – gritou ele. – Não vai adiantar nada.

Ele me arrastou pelo corredor, eu gritava e praguejava, mas não chorava. O homem jogou-me em uma sala mais iluminada do que o corredor. Cambaleei colidindo minha cabeça no chão. Meu tornozelo ardia. Pude sentir alguém me puxando para si. Os olhos escuros fitavam-me em desespero. Raj.

– Vocês terão um tempo para se reconciliar – disse o homem de cabelos negros. Tinha certeza, seu rosto era familiar.

– Se reconciliar? – perguntou Raj confuso. Suas mãos passeavam por meus cabelos. Isso era confortável. Na verdade, nada era confortável naquele momento. Eu estava jogada no chão, meu tornozelo queimava como fogo e meus pulsos sangravam. – O que quer dizer com isso, Richard?

Richard o encarou com uma expressão sarcástica.

– Você entendeu, garoto – disse ele. Retirou uma chave dourada do bolso, erguendo esta no ar. – Vocês se comportaram muito mal, principalmente você, Katharine – disse ele. Queria levantar do chão e agarrar o seu pescoço e arrastá-lo pelo chão, como ele fez comigo. Mas nas o fiz, estava fraca demais. – Quebrar a prisão de luz? – Richard balançou a cabeça. – Isso não é coisa que se faça.

Ele se voltou à porta.

– Não pode fazer isso!

– Por que não? – Richard interrompeu o grito de Raj.

Ele abaixou a cabeça. Richard o ignorou.

Adeus...

A porta foi fechada em um estalo. Ainda podia ouvir os risos mordazes de Richard. Então, ele era Richard Mayer. O homem que tanto falavam por aí.

– Você está bem? – perguntou Raj.

Não conseguia me levantar, mas o fiz. Raj seguiu meu ato.

– Você está vivo! – minha felicidade era pendente em um sorriso. Raj o retribuiu.

– Bem, estou – disse ele. – Mas você...

– O que foi?

– Seu tornozelo...

Olhei para os meus pés. Meu tornozelo direito sangrava, fazendo meu tênis rosa ficar rubro.

– Como isso aconteceu? – perguntou ele. Sua voz pertencia a uma preocupação severa, o que me assustava.

– Não sei – falei tentando me levantar. A barreira quebrada, os seus pedaços flutuando pelo ar... – Acho que foi na hora que... Eu quebrei a barreira de luz.

Raj ficou pasmo. Suas mãos se desprenderam de meus cabelos.

– Como disse? – ele estava incrédulo. – Como fez...

– Foi Peter, e não eu.

Peter?

– A varinha – ela estava escondida em minha mão. Seu brilho desaparecera. – Foi ela quem quebrou a prisão.

– Impossível...

– Impossível? – Raj não me encarava, apenas o meu tornozelo ensaguentado. – Você mentiu para mim.

– Eu não menti para você, Kat – disse ele.

– Você disse que ela me protegeria, e não foi isso o que aconteceu.

Ele ficou imóvel.

– Mas... – ele fechou os olhos. – Não entendo.

– Eu fui sequestrada!

– Eu também – disse ele, seu tom era mais calmo que o meu. – Você acha que eu queria estar aqui?

– Eu pensei que você estivesse morto!

Raj hesitou.

Morto?

Assenti. As lágrimas subiam em minha garganta ao lembrar da cena, os pulsos sangrando, a garganta cortada...

– Victoria estava lá. Umas criaturas estranhas... E você estava...

O choro veio sem que eu sentisse.

– Não... – disse ele envolvendo seus braços em mim. – Eu estou bem. Foi tudo uma ilusão.

Suas palavras foram um alívio para a minha mente.

– Desculpe-me por tudo o que eu disse. Não foi a minha intenção.

Não podia ver o seu rosto, mas sei que ele estava sorrindo.

– Não. Eu estava errado – disse ele. Seus dedos acariciavam meus cabelos. Sentia um leve arrepio. Sua altura era desproporcional a minha, não conseguia ao menos estar nas pontas dos pés, meu tornozelo ainda doía muito. – Talvez você tenha razão, eu sou um louco.

Nossas risadas se misturaram momentaneamente.

– Por que estamos aqui? – perguntei em meio ao choro.

– Não sei... Talvez por um plano diabólico de Richard – disse ele. – Mas fique tranquila, eu estou com você.


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Notas finais do capítulo

Comentem!!Isso vai me deixar mais feliz :))



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