Agatus - A Descoberta escrita por Letícia Francesconi
Notas iniciais do capítulo
Oii gente!! Espero que gostem do segundo capítulo! Ele é um pouco parado, porém logo vai esquentar! Eu não coloquei as fotos dos personagens, mais se vocês quiserem, é só pedir que eu coloco!
Um beijão! Aproveitem a história!
A vida em Nova York continua a mesma coisa de sempre. O inicio do inverno, pouco tempo para o natal, o clima um pouco frio.
Flocos de neve caiam sobre meus cabelos embaraçados, enquanto apreciava a paisagem da manhã gélida. O céu estava cinza e uma brisa congelante passava por meus ouvidos. Abaixei um pouco a touca vermelha, deixando a visão de meus olhos bloqueada. As folhas das árvores já tinham caído por completo, as deixando secas e sombrias. Fiquei pensando se daria para fazer um filme de terror ali, o céu acinzentado, nuvens pesadas, árvores sombrias, tudo combinava.
David abriu a porta da varanda, sem muito alarme, apesar de ter me despertando de meus pensamentos estranhos. Seus cabelos balançavam conforme a posição do vento. Ele sentou-se a um degrau acima de mim. Pude ver a calça jeans amarrotada, as botas molhadas da neve. Usava a jaqueta de couro que eu lhe dei no inverno passado, que acobertava a camiseta de malha cinza, como o tempo ali fora. Ele olhava para um ponto perdido do horizonte pesado.
– Me dê um motivo para não amar sua mãe? – ele tinha um tom divertido, embora ainda sério.
Dei de ombros.
– Hum... Ela é 15 anos mais velha que você? – ele me encarou fazendo uma careta divertida, me fazendo rir distraidamente.
– Tudo bem? – perguntou. – parece cansada. Você foi à balada ontem à noite?
– O que? – indaguei indiferente. – Não... Eu... Tive um sonho estranho.
– Como... – ponderou por um segundo – Aliens invadindo a terra, comendo nossos cérebros e atirando raios da morte? – ele parecia estar se divertindo com aquilo tudo.
Revirei os olhos.
– Não! Eram rostos vazios mais... – fiz uma ligeira pausa. – ainda assim... Familiares. Não sei.
Ele me encarou como se eu fosse louca.
– O tempo vai esfriar – disse ele com as mãos nos bolsos da jaqueta. – É melhor entrarmos. Sua mãe fez biscoitos.
David era meu amigo desde quando nos mudamos para Nova York. Eu o conheci quando eu tinha apenas 8 anos. Eu estava carregando caixas de papelão, cheias de brinquedos, quando ele me parou. Os olhos de agora, eram os mesmos de 9 anos atrás, o seu cabelo de um liso arrebatador, intensamente negro. Os olhos dele passeavam por mim e pela caixa em minha mão. Ele sorriu para mim, ecoando dentes brancos e luminosos.
– isso aí é comida? – fiz que não com um gesto de cabeça. Ele sorriu outra vez e foi embora. Lembro-me como se isso fosse ontem. Nunca foi difícil o encontrar, pois eramos vizinhos. Daria para achá-lo em uma simples olhada na janela do meu quarto.
Fiquei olhando para ele como se o tempo... Permanecesse completamente parado.
– você ainda insiste em roubar toda a minha comida.
Entramos pela porta adentro. David fechou a porta de madeira atrás de si, fazendo os enfeites cafonas emitir um barulho tilintante. Peter estava sentado no chão, jogando Vídeo Game, manuseando o controle excessivamente, sem desviar o olhar da tela. David o empurrou, roubando o controle de sua mão.
– Se não parar - disse com cautela – o monstro da TV vai arrancar seus olhos. – assombrou ele, fazendo um gesto com as mãos nos olhos. Não pude deixar de rir. Era genial.
Peter se levantou correndo e fez uma careta para David, que retribuiu com outra.
Sentamos no sofá, eu quase deitada e David ao meu lado, de modo que eu poderia repousar a cabeça em seu ombro. Peguei o controle da mão dele.
– O que quer jogar? – perguntei calmamente.
– Algo que não tenha relação alguma com a Tinker Bell. – disse como se estivesse entoando uma canção patética. Por que eu sempre apoio a sua demência?
O ignorei, como se não tivesse ouvido aquilo. Fez-se um silêncio momentâneo. Suspirei e o encarei.
– E a Ashley? – perguntei sem demandas. Ele me lançou um olhar estranho, sem saber o que dizer.
Ficamos um bom tempo calados, até David responder a minha pergunta de uma hora atrás.
– Ela terminou com Derek já faz alguns dias – indagou ele, sem me encarar. Havia um pouco de desgosto em sua voz.
– Isso é bom! – gritei singelamente, o que foi um susto para David. – Assim o caminho tornar-se livre para você. – Ele pareceu não me ouvir, mas logo respondeu ao meu delírio momentâneo.
– Eu não gosto mais dela. – disse ele de modo entoado. – Gosto de outra pessoa.
Aquilo foi terrível para mim. Quem poderia ser? Poderia se Sarah, a nossa vizinha? Ou Susan, a menina da nossa escola, que nos últimos dias ele tem apreciado bastante?
– Sério? E quem é? – perguntei ansiosamente. Ele não me respondeu. Já estava cansada disso.
Ele ficou calado por um bom tempo. Ele não me encarava, apenas a TV, que emitia um brilho luminoso em nossas faces.
– Vamos subir? – falei me referindo ao meu quarto. – Lá tem TV também. Eu posso fazer pipoca.
David me olhou, balançando a cabeça em um sinal de sim.
Subimos as escadas, e no terceiro degrau uma voz nos interrompe. Era minha mãe com os braços cruzados, os cabelos ligeiramente ruivos, presos em um coque.
– Aonde pensam que vão crianças? – os braços ainda estavam cruzados, pude ver o avental vermelho com marcas de sujeira.
Apontei para cima, indicando o quarto. David parecia assustado.
– Boa tentativa – disse minha mãe. Um sorriso leve se formava no seu rosto lívido. Ela nem parecia ter 33 anos. Seus olhos eram azuis e luminosos, como os meus. Os cabelos levemente ondulados e ruivos eram delicados. Sentia muita inveja de seu visual meigo.
– Eu já estava de saída Srta. Jones. – David parecia espantado, fora do seu normal insano.
– David... Mãe, nós só íamos assistir um filme. – me expliquei, como se tivesse feito algo gravemente errado.
– Assistam aqui na sala, onde eu possa vê-los. – eu e David nos entreolhamos. Ainda havia pânico em seu olhar. Revirei os olhos, depois descendo, voltando à sala.
David dirigiu-se à porta, mais eu o impedi, passando a sua frente, bloqueando o caminho.
– Eu tenho que ir. – ele ainda estava com os olhos assustados.
– Espere! – era minha mãe logo atrás dele. – Não vai querer biscoitos?
– Mãe! – ela desviou o olhar de David, ainda tentando abrir a porta, para mim.
– O que foi? – ela perguntou sem demandas. Logo voltou o olhar para David. – Olha David, fique mais um pouco. – era incrível como ela não falava comigo assim.
David fez que não com a cabeça. Ele olhou para mim e murmurou algo.
– Eu vou... – ele parecia não lembrar o que iria dizer. – Quer ir ao café da minha tia hoje? – ele me perguntou passando as mãos lentamente em seu cabelo negro. – Sabe... Tem descontos para sobrinhos. – ele deu um sorriso discreto, um pouco envergonhado.
– Tudo bem. – David olhou para minha mãe como se ela não estivesse ali.
– Até mais Srta. Jones. – minha mãe retribuiu com um sorriso e saiu em direção à cozinha. David sussurrou algo que tive dificuldades para ouvir
– Te encontro às 17h. – fechou a porta, fazendo os enfeites coloridos tilintar.
Fui para cozinha beber um copo de água. Minha mãe estava lavando a louça.
– Onde está Peter? – perguntei, os dedos deslizando pela borda do copo de vidro.
– No quarto dele – respondeu sem se desviar do que estava fazendo. – Ele gosta de você, David, quero dizer.
Quase me engasguei com a água que bebia.
– O que? Mãe, David é meu melhor amigo. – indaguei. Ela soutou uma risada inusitada.
– É melhor tomar um banho. – disse ela – Não vai querer chegar suja no seu encontro.
Olhei para mim mesma. Minha blusa rosa estava completamente suja e amarrotada, as botas molhadas como as de David.
Revirei os olhos, em seguida, saí correndo para meu quarto, atrás de um banho quente e demorado.
Afinal, eu tinha um encontro.
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E aí? O que acharam??
Beijos!!