Agatus - A Descoberta escrita por Letícia Francesconi


Capítulo 11
Índia


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Quero agradecer por estarem lendo (ah, é claro, pelos comentários da Oboro). As férias estão acabando para mim, e vai ser um pouquinho difícil para postar, mas prometo que irei me esforçar!! Beijos!!



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A viagem foi vagarosa e silenciosa. Eu apenas permanecia na janela do táxi, com olhos fixos no horizonte, despedindo-me tristemente da vista de Nova York. As paisagens da cidade, o Central Park, tudo basicamente só seria uma imagem impressa em minha minha mente.

Victoria me observava pelo retrovisor do carro.

– Amor - sibilou ela. - Você é muito jovem para saber o que é amor.

– Isso não é da sua conta.

Minha mãe encarou.

– Desde quando ele é seu namorado? - perguntou ela. - O carro tremia ao passar pela Manhattan Bridge. Olhei pela janela. A aparência da East River estava prateada, refletindo toda a luz do sol. As aves sobrevoavam pelo local, muitas vezes pousando em movimentos singelos.

– Ele não é meu namorado falei enquanto Victoria me fitava sem alguma expressão. - Ele é meu amigo.

– Amigos não andam por aí se beijando - disse ela.

Ignorei suas palavras tolas. Não devia dar satisfações a ninguém.

O avião era largo e espaçoso, com turbinas gigantescas acopladas abaixo de suas asas. Aquele ambiente era bastante familiar para mim. Mudei-me da Flórida para Nova York, agora, mais uma vez, irei me mudar.

Haviam poltronas azuis enfileiradas lado a lado, deixando um corredor limitado para se andar. Fiquei na janela, enquanto minha mãe estava no meio, ao lado de Victoria.

O avião tremeu e partiu. Pude ver sua asa direita pela janela pequena. Dormi praticamente a viagem inteira, apesar das vezes em que acordava assustada, olhando para os lados, todos dormindo e Victoria com seus olhos abertos. Era assustador. Ela não dormia.

Acordei em um espanto quando minha mãe me chamou. Minha cabeça doía e minha boca estava seca, com um gosto estranho de papel. A luz que vinha da pequena janela invadia os meus olhos, quase me cegando.

Descemos do avião e já podia sentir o calor que a cidade indiana oferecia, diferente de Nova York. Arrependi-me severamente de ter usado aquela camiseta com mangas. A paisagem do lugar era totalmente diferente do que eu já estava acostumada. O calor era intenso, me fazendo suar como nunca tinha suado. O chão era de terra, soltando poeira a cada passo dado. As mulheres usavam roupas longas e coloridas, o que me era bastante estranho. Os carros corriam feito loucos, sem alguma direção concreta. Já tinha ouvido falar de Nova Déli antes. A Índia era um país bonito, estabelecia uma cultura forte e extensa, mas, ainda assim, a pobreza permanecia em seus arredores.

Pegamos um táxi, que nos levou a casa de Victoria. O caminho percorrido foi longo e cansativo, deixado-me com fome na maior parte da viagem. Minha mãe sugeriu nossa parada para um lanche, mas Victoria disse que deveríamos continuar. Ótimo. O calor exalava no local.

A casa dela era imensa por fora. Um jardim gigantesco se estendia pela entrada de pedra. Arbustos delicadamente cortados enfeitavam a entrada do local. Victoria largou as malas e encostou as luvas vermelhas na maçaneta da imensa porta. Não sei como ela aguentava usar luvas naquele calor infernal. Preferia o frio de Nova York.

Victoria abriu abriu a porta, que revelou uma imensa sala inundada de luz. As paredes eram de um delicado marfim, dando a possibilidade de iluminar o ambiente. Peças de cristal, finas e delicadas, tomavam o lugar. Era como as lojas que minha mãe frequentava, apenas apreciar, nunca tocar.

As portas eram delicadamente desenhadas e o ouro era predominante. Perfeitamente do jeito de Victoria. Um enorme sofá se encontrava no centro da gigantesca sala. Um lindo tapete trabalhado se encontrava no chão. Minha mãe olhava com olhos pasmos.

– Espero que se sintam à vontade - Victoria estava praticamente displicente, porém o sorriso falso ainda ainda estampado no rosto pálido. - Ah, eu terei que...

Ela se interrompeu.

Um garoto alto e moreno se aproximou cautelosamente dela, se pondo ao seu lado. Ele tinha olhos de um negro brilhante. Os mesmos me observavam por inteira.

Vicky percebeu sua presença com um leve espanto, cortando suas palavras tediosas.

– Raj - seus olhos azuis vibravam ao olhar para o menino. - Muito bem. Katharine, este é Raj, filho de nossa serviçal, Alisha.

– Com isso você queria dizer empregada?

Uma faísca de irritação percorreu por seus olhos.

– Creio que sim - disse Victoria tentando manter a voz rígida. - Ele irá lhe ajudar nas tarefas da nova escola e a se entrosar.

– Posso me virar sozinha - falei enquanto sentava-me no imenso sofá marfim. Minha mãe lançou-me um olhar de impaciência. Ignorei o mesmo.

– Olá - sorriu Raj para mim. Meus olhos pousaram em seu rosto a procura de alguma imperfeição. Era impossível como todos naquele lugar mantinham as regras de ter cabelos perfeitamente lisos e negros. Era invejável. - Eu posso lhe mostrar toda cidade, podemos conhecer os rios da...

– Não será preciso - interrompi a sua felicidade insana. Seu sorriso se desfez rapidamente, como um estalo. - Como já disse - meu tom mudou para um amargo consternado. - Eu posso me virar sozinha.

Raj abaixou a cabeça. Victoria tinha uma leve chama acesa em seu olhar sinistro. Minha mãe estava envergonhada.

– Katharine. Por favor - disse ela com dentes cerrados - Seja educada.

Retribui com uma careta, que fez Raj dar uma leve risada. Victoria o encarou. Ela abriu a boca, porém foi interrompida pelos passos opacos de Alisha. Ela era alta e bonita, como o filho. Seus cabelos eram uma cachoeira negra que cessava ao chegar a sua cintura fina. Usava um belo sári rubro. Bem, fora isso que Victoria me dissera sobre as roupas do país, que exalavam cores bem vivas. Ao centro da testa, uma gota vermelha brilhava, como sangue. Já avistei pessoas por ali com aquilo antes. Um belo sorriso expandia em seu rosto.

– Alisha - disse Victoria. Seu tom amargo ainda era predominante. Ela era com uma vespa. - Estas são Amy e a sua filha, Katharine.

Alisha parecia empolgada.

– Espero que gostem da casa.

Minha mãe sorriu para ela, que não se esforçou muito para agradá-la, por causa do seu jeito meigo.

– Irei mostrar os seus aposentos - disse Victoria tentando abafar seu tédio. - Raj, mostre o quarto de Katharine - ela parecia estar morta. - Será uma ótima chance para que se conheçam.

Minha mãe riu, enquanto se retirava com Alisha. Vicky se voltou para a porta, onde as mesmas se ausentaram, nos deixando a sós.

Ele me olhou com o sorriso ainda no rosto.

– Você é muito branco para ser um indiano.

Seu sorriso aumentou.

– Isto seria preconceito, Katharine - disse ele.

– Não - falei levantando-me do sofá. - É uma dúvida.

– Dúvidas são bem vindas aqui, Katharine.

– Entendo - falei mesmo não compreendendo. - Ah, me chame de Kat, por favor.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Rrsrsrss beijão seus lindos!! Não deixem de comentar!



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