Hilda não demorou muito para aprender que não podia subestimar aquele homem, as suas experiências anteriores comprovavam que ele sempre a surpreendia, positiva ou negativamente, afinal ele tinha alcançado um nível totalmente novo de estupidez, o que fazia até da sua ação mais simples algo impossível de se prever.

Era um dia normal, pelo menos era o que pensava o maior delinquente de Ishiyama, que desfrutava sua tarde como um ‘cara realmente muito legal’ sem ser violento com ninguém, lendo a JUMP largado no chão do seu quarto. Até que foi interrompido pelo demônio loiro em trajes de Gothic Lolita, que com um pontapé abriu a porta num baque surdo e entrou euforicamente.

– Oga! Temos que preparar uma grande festa de aniversário para o Jovem mestre! – Disse Hilda como se estivesse trazendo a maior boa nova do mundo.

– Ahn? – Oga desviou seus olhos da importantíssima história da JUMP, com uma animação de quem vê pela quinta vez a reprise de um filme chato, e fitou a Babá.

– Amanhã é o dia em que o jovem mestre veio ao mundo, seu tolo imprestável!

–Uhn? – O delinquente responde curvando a boca com uma expressão simples e clara de “E daí?”.

–Maldito retardado... – Hilda usa os dedos indicadores para massagear a têmpora lentamente, e responde em tom didático – A Misaki me explicou, sobre esse evento, que se promove todo ano no dia que se veio ao mundo, chamado aniversário.

– Certo, vamos comprar um bolinho e uma vela na loja de conveniências – Disse concluindo o assunto, tentando voltar a dar atenção a sua revista, mas um chute, digno ao movimento especial do Liu Chang no mortal rompat 3, atingiu seu rosto enviando ele para o outro lado do quarto, se fosse qualquer outra pessoa seria o suficiente para levar a barra de hp para 0.

– Morra verme desprezível! A Misaki me explicou que o aniversário é um grande evento no mundo dos humanos! Onde você serve um imenso banquete, reúne todos os seus servos, os fazendo cantar, ovacionar e lhe prestar oferendas. Depois apaga as chamas de uma vela para mostrar a eles que perseverou com grandeza a mais um ano! – Ela diz erguendo o punho ao ar com vigor, Oga quase podia ver atrás dela erupções vulcânicas, tamanha era a excitação.

– Merda, maldita Hilda! – Ele sabia que a babá não pararia de incomodar enquanto ele não fizesse o que ela queria, e então desistindo de reclamar põe as mãos no bolso, para verificar quanto dinheiro tinha, retira algumas poucas moedas e conta usando o indicador, 250 Yen. – Um bolo do mais barato, uma vela e um suco.

– Apenas morra. – Diz fria enquanto começa a desembainhar sua espada, mas é interrompida.

– Calma Hilda-chan, não se pode contar com esse imprestável. Eu, você e a mamãe faremos isso! – Era Misaki da porta do quarto, que logo depois de falar saiu. Hilda dá um suspiro olhando com desdém o rosto dele, ele conseguia escutar telepaticamente ela pensando "Pretexto de lixo em forma de homem.", antes de seguir atrás da sua irmã.

– Mas que diabos! Um motim! Desde quando essa casa está contra mim!?

A cabeça da Hilda torna a aparecer na porta, com uma expressão de pena, como as de quem vê um adulto de meia idade desempregado tendo desilusões infantis. – Vagabundo sem utilidade vá avisar os servos do mestre, deixe claro para eles que qualquer um que traga uma oferenda que não agrade ao mestre será condenado a pena capital!

– Merda, mulher desgraçada. – Disse Oga estalando a linga com desgosto.

–Hunpf! – Colocou o Beel no colo dele e se despediu – Até mais jovem mestre!

Como sabia que não serviria de nada reclamar, usou toda a sua sagacidade e fez o que era obvio naquela situação. – Alo, Furuichi.