For Blue Skies escrita por Momoi


Capítulo 1
For Blue Skies


Notas iniciais do capítulo

Ok, a ideia na minha cabeça tava bem melhor do que resultado, mas como eu fiz tudo de uma vez, decidi não mudar. Vai que só piorava depois ou eu ficasse com preguiça de terminar, o que é bem provável. Então decidi não arriscar. O título desse capítulo e a história foram baseados na música "For Blue Skies - Strays don't sleep". E os nomes dos personagens eu preferi manter na forma original e não como é falado em japonês, então não estranhem. Por isso botei Levi e não Rivaille (como eu prefiro) hahaha Enfim, é minha primeira fic de SNK então espero que vocês gostem. Na verdade, é minha primeira fic sem ser de Naruto hahaha Chega de falar! Boa leitura!



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O caixão era carregado com cuidado, sendo seguido por um aglomerado de pessoas vestidas de tons escuros e segurando flores. Viu algumas chorando e outras apenas lamentando e haviam aquelas, as últimas do grupo, que conversavam como se nem ao menos estivessem em um cemitério. Provavelmente amigos da família que compareceram apenas por consideração. Mas e ele? O que ele estava fazendo ali se nem ao menos sabia de quem era o enterro? Na verdade, não tinha ideia de como chegara ao local. Tentou ver quem era o infeliz recém-falecido, mas fora sem sucesso já que o corpo estava totalmente trancado naquela grande caixa.

O grupo finalmente parou de andar e alguns homens abaixavam o caixão de madeira escura por suspensórios num buraco já cavado anteriormente. Lentamente rostos conhecidos foram se aproximando e com algumas últimas palavras de carinho, deixaram flores, cartinhas e até alguns presentes na cova e, ao fim, quando tudo já havia sido entregue, a terra aos poucos foi despejada para tapar o vão feito no chão.

Foi surpreendido quando sua mãe passou rápido por todos e se agarrou à lápide bonita enquanto chorava desesperadamente. Todos a olhavam com dó e compreensão. Fora seu pai que com um olhar de pesar, ajudou-a a levantar e tira-la dali. Só então reparou no epitáfio.

“Eren Jaeger

Amado pela família e amigos

‘Aos que choram e sofrem por mim,

Lembrem-se da minha alegria

E confortem seus corações.

Vim de Deus e com Deus fui.

Agora descanso em paz.’

• 1995 - 2013†”

É mesmo... Agora se lembrava. Havia morrido alguns dias depois de completar a maior idade. Não se lembrava como, mas sabia que não estava mais vivo. Seus olhos passaram por todos e começou a reconhecer cada um. Mikasa mal conseguia se conter em um choro desesperado enquanto abraçava-se com Armin. Jean também estava ali com Marco segurando sua mão e a acariciando para dar conforto... Seus olhos agora estavam secos, mas pode reparar que em sua bochecha, haviam alguns rastros de lágrimas. Quem diria que a pessoa que mais brigava estaria ali a lamentar-se por si. Na verdade, todos estavam. Reiner, Bertholdt, Connie, Sasha, Christa, Ymir, Petra, Eld, Oluo, Gunther, Hanji e até Annie, que para sua surpresa, também chorava. Todos... Menos um.

Ainda que procurasse por toda aquela gente, não o achava. Levi não estava ali! Até mesmo Erwin, seu professor de literatura aparecera, então como ele, logo ele, seu namorado não viera? Todos terminaram de prestar suas últimas homenagens e um-a-um foram embora. Mikasa e Armin ainda ficaram ali por mais um tempo, mas não tardaram a ir, deixando-o só.

-x-

Eren começava a se perguntar se toda aquela história de atravessar era pura invenção. Afinal, cinco meses haviam passado e ele continuava ali. Era bom continuar a ver seus amigos, mas era triste também. Não podia tocá-los ou conversar. Não mais podia bater no Jean ou ser tirado de sala por Erwin. Mikasa não lhe ligava mais e Armin não procurava mais histórias de um mundo antigo para lerem juntos. A escola fez uma pequena homenagem à si ao botar uma placa com seu nome no pátio. Alguns escreviam algumas palavras carinhosas nela.

Mas as pessoas começaram a seguir em frente. Mikasa voltou a prestar atenção às aulas e a ser a melhor aluna da turma novamente. Reiner pareceu também sair do luto e voltar a correr atrás de Christa, ainda que Ymir tentasse ao máximo atrapalhar. Jean continuou a implicar com todos e Marco a lhe dar broncas por isso. Bertholdt enfim se declarou para Annie e agora namoravam. Conseguia lembrar com clareza quando descobrira que o amigo era apaixonado pela baixinha e riu ao imaginar o estranho par que ambos formariam por conta das alturas, mas ainda assim, apoiou.

Sua mãe voltou a sorrir com o tempo e o pai agora trabalhava novamente. As portas da sua casa eram sempre abertas para todos aqueles que quisessem visitar seu quarto ou deixar alguma lembrança por ali.

Armin era o que ia com mais frequência, sempre levando algum livro novo. De vez em quando dormia em seu quarto e conversava com o ar como se ainda sentisse a presença de Eren. Contava-lhe as novidades e até mesmo estudava ali e Carla ficava feliz. Afinal, com a presença do loiro, era como se seu filho ainda estivesse vivo.

Aos poucos as visitas viraram cada vez mais escassas. Até mesmo o melhor amigo ia pouco. Não podia reclamar, afinal, todos precisavam seguir com as próprias vidas. Sua mãe era a única que ainda que sorrisse, chorava todos os dias agarrada em alguma roupa sua ou apenas deitada na cama que antes dormira. Ouvia as vezes ela conversando consigo. Dizia que ainda era capaz de senti-lo ou apenas que sentia saudades.

De vez em quando, gostava de apoiar a cabeça em seu colo no sofá quando ela assistia TV, ou até mesmo abraçá-la em sua cama enquanto dormia e ficava encarando seu rosto. Eram nesses momentos que reparava que ainda não estava pronto para ir. Não estava pronto para esquecer tudo aquilo. Ainda queria estar com a mãe. Queria se formar com todo mundo. Queria ter seu próprio carro, viajar o mundo com Armin, ir ao casamento de Annie e Bertholdt, cumprir a promessa de ir à um rodízio com Sasha e comer tudo que aguentar... Ainda tinha tanta coisa que ele queria fazer. Por que afinal precisava morrer?

Eram nesses momentos, apenas nesses, que Eren chorava.

Mas logo passava...

Soube por ouvir a conversa de Hanji com Petra que Levi estava péssimo. Não saía de casa e havia parado de trabalhar, que se sentia culpado. Não entendeu o porquê disso. Queria visitar o menor, porém achava melhor não. Se o namorado não o procurou até agora, talvez ele tivesse alguma razão.

Mais dias se passaram e agora ninguém mais ia à sua casa. Sua mãe sempre se preocupava em manter seu quarto limpo e não tentou nenhuma vez tirar suas coisas dali. Via de longe a vida seguindo bem com a sua ausência, ainda que fosse difícil. Seu nome era comentado vez ou outra, a placa em sua homenagem, fora um pouco tapada por conta da árvore que agora começava a ficar significativamente grande e Eren se sentia cada vez mais... Esquecido.

Num dia qualquer, sua casa tinha uma movimentação estranha. A porta do seu quarto foi aberta e pôde ouvir a voz de sua mãe.

-Fique à vontade, querido. Nada foi mexido. Fico feliz que você tenha vindo e sei que Eren também está.

Seu coração sem vida deu um loop de 360°. Lá estava ele... Levi. Bem mais magro e pálido do que se lembrava. Ele não chorou como a maioria que entrava ali. Com passos lentos andou pelo quarto. Seus dedos finos tocando levemente as coisas que antes pertenciam à Eren e ao seu dia-a-dia. Terminou por sentar na cama macia com um porta-retrato na mão. Seu coração estava apertado e uma dor aguda subiu por seu nariz. Um nó se formou em sua garganta e sua voz saiu um pouco presa quando começou a falar.

-Eu sei que eu devia ter vindo antes, mas eu não consegui... – Eren sentou-se ao seu lado na cama, olhando para o rosto que não via a tanto tempo. – Eu precisei de oito meses para reunir coragem o suficiente para vir. Na verdade, coragem até para sair de casa. Eu sei que você pode me ouvir, pelo menos aqui. Eu sei que pode parecer loucura, mas eu sinto você. De alguma forma, eu também não sei explicar, mas sei que está aqui, me ouvindo e me vendo. E eu vim pra pedir desculpas por ter te deixado naquele carro idiota. Eu realmente sinto muito.

Carro? Do que ele estava falando? Algumas memórias começaram a vir a sua mente.

“Odiava discutir com Levi. Mas o contrário disso era quase uma missão impossível, tendo em vista que o namorado era um sem paciência, estressadinho, maníaco por limpeza e altamente ciumento. E último citado era exatamente o motivo da briga atual, que juntado pela irritação de estarem parados num posto de gasolina dentro do carro a mais de uma hora, o que o menor jurava ser culpa de Eren.

Mas veja, não era como se o mais novo pudesse fazer alguma coisa. Não tinha culpa que começara a chover e de terem parado num posto para esperar a rua esvaziar. Levi fora o único a decidir buscar o namorado na escola para início de conversa.

-Parece que você pede pra eu brigar com você! Ficar se agarrando com o Kirschtein no meio do pátio e me fazendo de otário. – O baixinho retomou a briga e uma irritação cresceu no peito do outro.

-Me agarrando? Tá maluco? Ele me deu um soco, eu só revidei. Aquilo tava longe de agarração!

-E ainda por cima to preso nessa merda de posto porque fui te buscar.

-Foi você mesmo que decidiu me buscar! Ninguém mandou!

-Pirralho ingrato! Se não fosse por mim, você estaria pegando chuva. – Gritou. – Você tá me irritando. Vou comer alguma coisa no ampm antes que eu te mate. Vai querer algo?

-Que eu chegue em casa logo pra ficar longe de você.

-Pirralho mimado.

Saiu batendo porta. Eren abraçou os joelhos, escondendo o rosto choroso ali. Começou a sentir o ar faltar e procurou a bombinha em sua mochila. Era sempre assim. Não podia se irritar nem um pouco que sua asma já vinha. Puxava mais não sentia nada vir. Acabou? Que merda! Precisava de ar. Tentou abrir o botão da janela, mas o carro estava desligado. Buscou a chave por todo o carro, mas Levi havia levado e não havia reservas. O desespero bateu e sentia-se cada vez mais sufocado. Batia na janela e nada mais que um baque surdo era formado. Conseguia ver Levi calmamente sentado tomando café, mas não tinha mais forças pra nada, muito menos pra gritar. Tentou acalmar-se e buscar respirar calmamente. Mas não adiantou. Sua visão foi ficando nublada até que tudo escureceu. Seria assim que teria sua morte afinal?

A porta fora aberta e Levi estendeu-lhe uma caixa de bombom.

-Desculpe, pirralho. Eu só fiquei com ciúmes. Não quero brigar.

Obteve o silêncio como resposta.

-Ei, Eren, seu babaca. Não finja que está dormindo quando estou pedindo desculpas pra você.

Mais uma vez nada e a irritação tomava novamente conta do pequeno corpo. Pegou no rosto do maior, virando-o para si e não houve reação. Sacudiu o corpo do namorado e o desespero bateu quando tentou ouvir seu coração e constatou estar parado. A respiração boca a boca que veio seguido disso também não adiantou muito.

Ligou o carro e saiu ainda que por meio de muita água. Não se importava com a sujeira que iria ter de limpar de depois. Parou no primeiro hospital e com pressa chamou alguém aos berros. Paramédicos chegaram, mas nem ao menos precisaram levar para a sala de emergência. Eren já estava morto a pelo menos dez minutos. Seu corpo já começava esfriar e perder a cor.

Eren Jaeger morreu dia 20 de novembro de 2013, às 14:29 de uma quarta-feira. Ele tinha acabado de completar 18 anos. Não pôde ter o carro que sempre sonhou, não deu tempo de viajar para o mundo com Armin e nem de terminar o ensino médio. Não deu tempo nem ao menos de fazerem as pazes."

Então fora assim que morrera... Levi já estava chorando como nunca vira antes.

-Me desculpa, Eren. Eu sinto tanto. Eu te amo muito e nunca iria querer algo assim pra você mesmo que tivesse dito várias vezes que queria que estivesse morto, era mentira. Eu queria comprar uma casa com você, queria comprar um cachorro e chama-lo de “nosso filho”. Queria ficar velho com você e dizer todo dia que te odeio enquanto te amava cada vez mais. Me desculpa, me desculpa.

Eren o abraçou sabendo que ele poderia sentir. Algo quente envolveu-lhe todo o corpo e sabia que havia chegado a hora. Descobriu que esse tempo todo, estava apenas esperando por Levi. Apenas esperando que ele finalmente aparecesse em seu quarto e pudesse vê-lo pela última vez. Céus, como amava esse homem. Não queria ir, mas sabia que precisava. Precisava para que sua mãe pudesse superar, para que Levi pudesse seguir em frente... Precisava mesmo não tendo feito tudo aquilo que sempre quis.

Mas tinha que ir. Não iria esquecer de ninguém. Veria lá de cima Armin virando um grande historiador, veria Mikasa se formando em primeiro lugar da melhor faculdade. Protegeria a mãe e o mesmo de longe. Olharia por Levi e o amaria todo dia. Veria todos seguindo a vida enquanto ele seria apenas uma memória.

-Eu te perdoo e vou te amar eternamente.– Levi pode ouvir um pouco antes de não ser capaz de sentir mais nada. Então ele havia ido. Havia partido.

Não se despediu da mãe ou do pai de Eren. Apenas saiu correndo para o mais longe que conseguia. A rua estava vazia e o dia estava escuro ainda que fosse 16h. As nuvens carregadas avisavam que viria chuva por aí.

Já sem ar e não aguentando mais correr, caiu de joelhos em uma rua qualquer. As lágrimas escorrendo pesadas por seu rosto. Chorou, chorou até ter dó de si. Não queria que ninguém o visse assim. Então o primeiro pingo de chuva foi sentido. Veio o segundo, depois o terceiro, depois o quarto até que se tornaram milhares. O céu chorava consigo. Milhões de lágrimas substituindo todas aquelas que ele não deixou cair nesses oito meses inteirinhos.

Ele não estava em mais nenhum lugar da Terra e agora se sentia perdido. Sentia seu coração apertar ao pensar que nunca mais veria o rosto do parceiro. Respirou fundo e se levantou. Ele precisava ser forte. Precisaria seguir em frente, ainda que doesse.

Eren não fora algo passageiro em sua vida. Fora uma bomba nuclear de efeitos eternos. Nunca o esqueceria não importa o que acontecesse. Não seria hoje, nem amanhã, nem mês que vem, mas sabia que precisaria prosseguir com sua vida. Não poderia viver nesse jeito decadente de agora. Andou para casa. Não saberia dizer se um dia iria ser capaz de se apaixonar de novo. Talvez sim, talvez não. Só tinha uma certeza em sua vida: O amaria. Ainda que com uma nova paixão, com uma nova vida e até com filhos se viesse a ter. Mas o amaria. Todos os dias.


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Notas finais do capítulo

Não sei se ficou tão ruim assim, mas sei lá. Enfim, como é a minha primeira de SNK, agradeceria se tivesse opiniões e essas coisas. Beijinhos ♥