Máscaras — Peeta e Katniss escrita por Tereza Magda


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Este eu fiz para compensar a saudade que vocês sentiram de mim domingo *-* sqn
Este capítulo está beeem sentimental (mesmo) e é mais explicativo do que qualquer coisa. É, minha gente, o Peeta tem uma história...

Enjoy!



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Já faziam quatro dias que eu e Johanna havíamos deixado Peeta em paz — mandávamos apenas bilhetinhos inofensivos, para que ele soubesse que a “garota misteriosa” não havia desistido dele —, porém, ao contrário do que eu imaginava, ele se tornara irritadiço e mal falava com qualquer um na escola.

Os outros estudantes, que eram apenas espectadores do espetáculo, estavam finalmente mudando seus assuntos. Mas sempre que Glimmer surgia nos corredores, o burburinho recomeçava.

A menina dos bailes, uma ruiva, que ninguém sabe o nome, já havia lançado meu nome e de Peeta como par para Rei e Rainha do baile. A notícia que eu ouvia nos corredores e Johanna trazia para mim, era que nós realmente estávamos entre os favoritos.

Glimmer, é claro, ficava ainda mais rancorosa com esse fato. Todo mundo sabe que ela teria aquela coroa. “Custe o que custar”, ela costumava dizer.

Honestamente, eu não faço a mínima questão de ganhar a coroa, o buquê com as conhecidas orquídeas roxas ou a faixa. Nada daquilo importava. Para falar a verdade, eu até retiraria meu nome das concorrentes se Johanna não tivesse me impedido.

— O que pensa que está fazendo? — ela perguntou quando eu fui até a barraquinha de votação.

Tirar meu nome dessa babaquice, é claro — respondi. — Não quero correr o risco de Glimmer invadir aquele palco e arrancar a coroa da minha cabeça junto com meus preciosos cabelinhos.

Você não vai fazer isso!

Ah, sério? — revirei os olhos. — E por que não?

Você precisa ganhar! — ela sibilou. — Precisa! Entendeu? Se tirar seu nome daquela lista imbecil nem fale mais comigo!

E com isso eu não perguntei mais nada. Apenas caminhamos em silêncio para a aula.

— O que está pensando? — Johanna tirou os olhos da Vogue teen que folheava e me encarou.

— Eu não sei... Na verdade sei. Francamente, eu estava pensando como tudo perdeu a razão. Nós vamos para a faculdade dentro de menos de três semanas e estamos presas a uma vingancinha idiota a qual eu nem tenho certeza se pertenço. Convenhamos, Peeta pode ser um cafajeste, mas o que ele fez a mim? Nada.

— Pensei que fazia isso porque está curiosa com a verdadeira personalidade do Peeta. Estou trabalhando nisso, Katniss. Estou fazendo-o se apaixonar por uma garota sem rosto definido e quando te ver... — ela fez uma pausa dramática. — Vai ser sensacional.

— E para quando você está planejando isso, Johanna? A formatura? Ou na faculdade?

Ela estreitou os olhos castanhos, digitou rapidamente algo em seu celular e me ignorou.

Sim, Johanna estava me levando aos meus extremos!

Quando eu xingava-a mentalmente de todos os nomes possíveis, meu celular tocou.

Quem tá a fim de se formar em Malibu? ;)

— O que significa isso?

Johanna apenas levantou o dedo indicador e disse: — Três, dois, um... — e seu celular começou a tocar sem parar. Mensagens, ligações... — Vai? Maravilha, tchau — desligava, digitava e atendia. — Perfeito! — e isso por alguns minutos.

— Para quantas pessoas exatamente enviou isso?

— Algumas — ela deu de ombros. — Não muitas, só exclusivas. Mas o importante... — ela me estendeu seu celular. “Everdeen está de acordo com isso? Se eu for preso por invasão de domicilio, pego você, Mason. E eu juro, você vai gostar.”.

Fiz uma careta para o celular.

— E daí? Ele não disse sim nem não.

— Claro que disse — Johanna pegou seu celular de volta. — Aqui está “se eu for preso por invasão”. Ou seja, confirmado.

— Tá, tá, tá. Hipoteticamente, considerando que isso queira realmente dizer sim, o que eu faria lá?

— Nada de especial. Conversaria com ele, e tentaria sacar qual a dele. Se ele insinuar qualquer coisa, você cai fora. Isto é, se você não quiser dar uns amassos com o Peeta. Quero dizer, é nosso último ano e vocês nunca mais vão se ver. Que mal tem?

— Argh, Johanna! Não!

— Ah, que seja. O importante é que você teve o que queria e eu me diverti. Fim de papo. Ok? — assenti.

Fazia sentido. Não parecia haver chances de alguém sair machucado dessa história. Além do mais, eu já estou metida nisso até o pescoço. Como dizem, quando se está na chuva, é pra se molhar.

— Quer ir a algum lugar? — perguntei me sentindo subitamente claustrofobia no quarto. — Sei lá, fazer compras, tomar café, visitar Clove. Tanto faz.

— Vamos a um café — ela disse e se levantou pegando sua bolsa do canto do quarto, onde ela havia jogado.

Nós fomos a uma cafeteria e pedimos ambas capuccino de chocolate e cookies. Enquanto comíamos, falei para Johanna qual seria meu próximo passo com Peeta. Não havia humilhação, não teria que se livrar de nada. O terceiro passo seria realmente de amadurecimento. Aquele não se tratava de vingança, eu apenas queria que Peeta tentasse agir como alguém melhor. Nesta semana que ele passou sob o olhar da “garota da máscara”, ele pareceu realmente mudado.

Embora carrancudo em vários momentos por ter feito seus pedidos e não ter recebido nada em troca, ele parecia mais feliz. Eu o via tentando conversar com Clove enquanto ela estava com Cato — mesmo Clove fazendo pouco de suas tentativas todas as vezes —, e o vira pedindo desculpas repetidas vezes a Glimmer. Esse é o garoto que eu quero conhecer, esse é o cara da máscara.

Muito embora tenha se tornado mais violento no futebol americano — eu via isso nos treinos para o último e grande jogo —, eu culpava a tensão pré-jogo e a frustração de meu personagem ser volátil como fumaça para Peeta Mellark, que sempre tivera tudo o que desejava nas mãos, agora precisava suportar uma garota fujona que o pressionava a fazer coisas desagradáveis publicamente.

Mas tudo estava acabando. Peeta estava se tornando alguém melhor, eu podia ver. E aquele era o meu propósito, não era?

Se eu conseguisse o que Johanna deseja... se eu conseguisse faze-lo se apaixonar por mim... se fizesse conhecer o amor... isso já seria de grande importância na vida de Peeta.

Ele fora abandonado — no sentido quase literal da palavra — pela sua mãe aos sete anos. Os boatos ainda rolavam... De como a mulher do treinador o traíra com outro homem e abandonara a família, indo embora para Paris com ele.

Lembro de ter ficado meio confusa na época, era apenas uma criança. Eu perguntava a meu pai “mas, papai, ela deixou o Peeta pra sempre?”. Quando meu pai respondeu que não sabia, eu havia ficado triste e ainda mais confusa. Lembro de ser muito amiga do Peeta naquela época. Eu o via encolhido na biblioteca com o rostinho cheio de sardas escondido atrás de livros empoeirados.

Peeta, o que você está fazendo? Vamos brincar, eu te deixo se esconder!

Saia daqui! — ele gritou comigo com sua voz infantil dura. Eu arregalei os olhos assustada, nunca vira meu amigo daquela forma. — Não quero brincar com você! Não está vendo? Só quero ficar sozinho — e começou a chorar.

Eu não soubera o que fazer, talvez se acontecesse hoje, eu sentaria ao seu lado como a teimosa que sou, e o abraçaria, mas na época fiquei assustada e magoada. Então fiz o que nunca devia ter feito: dei as costas para Peeta e o deixei lá, chorando sozinho.

Eu saí da biblioteca correndo e me escondi no parquinho da escola. E fiquei lá por um longo tempo. Pensei muito, mas não cheguei à conclusão nenhuma. Até que uma professora me encontrou quando já era noite e deu um longo suspiro, aliviada. Ela disse que meus pais estavam muito preocupados e prestes a chamar a polícia.

E então eu fui levada para casa. Deram-me chá, chocolate quente e biscoitos. Minha babá me deu um banho e quando ela me pôs na cama eu chorei. Por muito, muito tempo.

No dia seguinte, na escola, Peeta ainda não sorria. Nem falava comigo. Nunca descobri se por raiva ou vergonha, mas a questão é que ele nunca mais foi o mesmo após aquele dia. E eu também não. Nunca tirei da cabeça e ainda tento entender Peeta. Passei a espioná-lo na biblioteca enquanto lia as “coisas velhas”, como eu costumava chamar e quando saía, eu corria até a prateleira e lia o que ele estava lendo. Alguns poderiam dizer que eu me tornei uma leitora por causa de Peeta, mas eu acho que seria de qualquer maneira. Mas Peeta, é claro, apressou as coisas. Logo eram eu e ele na biblioteca lendo páginas ininterruptamente.

Até que Peeta teve sua primeira namorada. E a próxima. E outra. E não parou mais.

Hoje, depois de tudo que eu vi de Peeta, eu acho que ele só se tornou o que é hoje por culpa de sua mãe. Não por minha culpa, como acreditava quando era criança, mas sim da mulher horrível que teve coragem de abandonar o garotinho lindo que tinha em casa. E ele se transformou no que é hoje: um monstro de amargura.


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Notas finais do capítulo

Ok, agora todas podem sentir peninha do Peeta :((((
Bom, esse capítulo meio que vai revolucionar a história e a partir daqui, nada mais será igual...
Mas, o que foi aquilo no capítulo anterior?! Quase nenhum comentário?! Naaaada disso! Para este capítulo eu quero comentários, viu?
E eu estou pensando em terminar a história mais rápido do que o previsto. "Por quê?", vocês me perguntam. Porque, gente, eu quero terminar antes das férias e tal para não postar, tipo, dois capítulos por semana (é o que vai acontecer se eu prolongar esta história), mas vocês que decidem.
Com este capítulo, eu já encaminhei tudo e posso dar um fim no capítulo vinte (pra ficar certinho, tenho toc). Mas a opinião do povo é a opinião deus! O que eu devo fazer: acabar no capítulo vinte ou aumentar a história (pode ficar encheção de linguiça, sério)? Aguardo comentários.

xoxo