Acionei o carro e dei partida sem nem olhar uma última vez para trás.

“Eu poderia matá-lo!” —,pensei. “Como ele ousa me chamar de docinho?!”

Por dentro, eu queria fazer um enorme retorno, e bater “sem querer” na linda BMW conversível amarela que aquele filhinho de papai babaca dirige, mas me controlei e continuei dirigindo para frente, em direção ao shopping mais caro do Los Angeles.

Depois de guardar meu carro no estacionamento do prédio, peguei a bolsa do banco do passageiro, tirei meus óculos escuros para conferir se meus cartões estavam dentro da bolsa e novamente cobri os olhos com o aviador.

Esconder-se até para ir ao shopping, francamente. Mas eu podia prever as manchetes, caso não escondesse meu rosto “Filha de empresário Everdeen gasta como se não houvesse amanhã em shopping de celebridades!”.

Eu só queria uma máscara e um vestido novo para uma festinha de colegial, mas, obviamente, os jornalistas fariam parecer como se eu estivesse torrando toda a fortuna deixada por meu pai em uma tarde de compras.

Tirei esses pensamentos aborrecedores da cabeça e caminhei até o primeiro elevador às minhas vistas. Apertei no botão do quarto andar, e, por sorte, o elevador não demorou a chegar.

O shopping estava parcialmente cheio, parcialmente vazio. Bom.

Fiz o conhecido caminho até a minha loja de fantasias favorita e, ao entrar, me livrei do incômodo que eram os óculos.

— Boa tarde — falei para a vendedora que recepcionava e ela logo me reconheceu.

— Senhorita Everdeen, olá. Sente-se aqui, por favor, vou chamar alguém para atende-la — a moça foi e voltou rapidamente, e no meio tempo, eu recusei uma taça de champagne com uma careta indignada. “Tenho dezessete anos, imbecil, não posso beber legalmente neste país!”, tive vontade de dizer para o garçom.

— Ajude a Senhorita Everdeen com qualquer coisa — disse a vendedora para uma segunda que ela havia trazido. — Ela é uma ótima cliente.

— Quero uma roupa para um baile de máscaras.

A moça entrou até a parte mais dentro da loja, onde ficavam as fantasias mais exclusivas.

— Pensou em alguma coisa? Quero dizer cor, ou tipo de tecido...?

— Na verdade, não. Por isso vim aqui pessoalmente. Quero dar uma olhada eu mesma nas... — então reparei em uma máscara de renda negra que cobria meus olhos e acredito que alguma parte de meu rosto também. Ela estava exposta em uma vitrine ao lado de algumas jóias.

— Quero esta — apontei para a máscara rendada.

— Senhorita, devo adverti-la que essa máscara é uma exclusividade. Só existe ela e mais uma na Europa, localizada em um museu. Pertenceu a Lady Diana.

— Não me importo o preço, pago quanto for. Quero essa máscara. Agora só preciso de algo que combine com ela.

Os olhos da pobre mulher se iluminaram, acho que ao imaginar o tamanho da comissão que ganharia com aquela venda astronômica — Já que é assim, acho que sei o que você precisa.

É, talvez os jornalistas tenham razão ao falar que eu torro minha herança.

Saí do shopping com uma sacola pequenininha, uma maior, uma ainda maior, um sorvete e a certeza da bronca de vinte minutos de mamãe ao ver o rombo cheio de zeros na fatura do cartão.

Coloquei meus óculos de volta, e dirigi até em casa ouvindo música e imaginando o quanto eu ficaria espetacular naquela roupa.

Entrei em casa e subi direto para o meu quarto.

“Oi. Como foi assistir a aulas chatas enquanto eu fazia compras no shopping mais badalado de LA? E sabe? Eu jurei ter cruzado com a Jennifer Aniston na Louboutin”, enviei para Johanna.

“COMO ASSIM VOCÊ ENCONTROU MINHA ATRIZ FAVORITA NO SHOPPING?!”, a resposta não demorou nem meio segundo.

Ri alto com o desespero da garota.

“Acho que era algo sobre procurar calçados para uma premiação, mas eu não dei muita importância...”, retornei.

“Ah, meu Deus! Você acha que ela ainda está por lá?”.

“É brincadeira, Jo! Qual é, é tão fácil enganar você aha”.

“Sua vadia! Como brinca com uma coisa dessas?”

“Ok, ok. Mas agora é sério, quer vir se arrumar aqui? Podemos nos vestir juntas, acho que você vai amar meu look!”

“Você tem sorte por eu ter um bom coração e perdoar facilmente! Caso contrário perderia uma amiga, sua idiota. Chego aí em vinte minutos”.

“Aham, e não tem nada a ver com você amar a mansão Everdeen, certo? Te espero”.

Dentro de poucos minutos, Johanna estava batendo na porta do meu quarto, reclamando aos quatro ventos por não ter uma chave extra para aquela porta.

— Não vou te dar a chave do meu quarto — ri. — Você traria o Gale na primeira oportunidade. Não quero entrar no meu quarto e dar de cara com uma desagradável cena de dois corpos pelados no meio do sexo.

— Não seja tão idiota. Gale gosta de você. Ele já me disse quando estava bêbado.

— Grande coisa — fiz pouco caso. — É com você que ele transa, não é?

Johanna deu de ombros.

— E aí, vai me mostrar a roupa ou não?

Tirei a máscara, o vestido e os peep toe de dentro das sacolas.

— Wow!

— Eu sei — concordei. — Também achei “wow!”. E a sua roupa?

Ela jogou mais duas sacolas em cima da cama e eu abri.

— O que é isso, Johanna?

— Fantasia de bruxa, não tá vendo?

— Tentativa você quer dizer. Cadê o resto do pano?

— Pare com o moralismo. Eu só quero encher a cara, pegar alguns e ir pra faculdade como se isso nunca houvesse acontecido. Okay?

— Quem sou eu pra dizer o contrário?

Nós duas rimos e eu fui tomar banho enquanto Johanna descia e pedia um suco.

Tomei um banho rápido e logo estávamos, eu e Johanna, secando os cabelos enquanto fofocávamos sobre as garotas fúteis da escola.

Depois do cabelo e maquiagem prontos, finalmente vestimos nossas roupas.

A fantasia de bruxinha sexy caiu em Johanna como uma luva e quando ela vestiu a máscara, ficou completamente espetacular.

Pensei que devia ter comprado algo mais sexy. Meu vestido ( http://www.perfeitamulher.com/img/fotos/vestido%20de%20festa%20de%20renda%208.jpg ) só tinha um ponto sexy, que eram as costas cobertas apenas pela renda. Minha máscara de Lady Di ( https://lh5.googleusercontent.com/-Yu6aMIgzC3o/TyNzSc4YwfI/AAAAAAAADf8/xr8tt92c5xI/s800/gatariska-mascara-renda.jpg ) era completamente rebuscada, procurando intricadas formações em renda dando um toque de sensualidade. Meus louboutin não tinham nada de espetacular, pretos e simples, apenas para disfarçar minha baixa estatura.

— Pronta? — Johanna perguntou.

— Quase. Só falta um detalhe — fui até minha penteadeira branca do século XIX, e peguei um batom vermelho forte. — Agora sim. Vamos?

— Meu deus, Kat. Se eu fosse um homem, juro que te pegava agora mesmo! — ri de Johanna e nós descemos as escadas e fomos para o estacionamento particular da mansão.

Resolvemos ir de motorista apenas para o caso da mocinha se animar demasiadamente e acabar enchendo a cara. Cato já tinha nos enviado a mensagem com o endereço exato e fomos para a tão esperada festa do Mellark.