Máscaras — Peeta e Katniss escrita por Tereza Magda


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Bom, eu poderia me desculpar pela pausa maior do que vocês estão acostumados entre um capítulo e outro mas eu estava de recesso de Natal porque sim.
Quero parabenizar uma das minhas mais fiéis leitoras, que fez aniversário dia 23 e eu não consegui falar com ela devidamente. Enfim, parabéns, Catarina!

Enjoy!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/445496/chapter/13

Era o último. Eu passei o final de semana inteiro com aquele pensamento na cabeça. Não pode ser uma coisa qualquer. Pensei nas coisas que Peeta já havia feito e no quanto parecia estar mudado.

Ele pediu desculpas a Clove e todas as garotas, mesmo correndo o risco de ser humilhado.

Ele terminou com Glimmer para mostrar que era alguém diferente e que não mudaria de garota na primeira oportunidade.

Ele se transformara em outro cara com Cinna e estes agora pareciam verdadeiros amigos, andando juntos e rindo em plenos corredores. E isto estava realmente afastando Peeta dos seus jogadores/amigos.

E Gale estava em seu lugar de direito, no time da escola. E Peeta o tratava muito bem, ao contrário do que eu imaginava ou esperava. O tratava verdadeiramente como um dos seus, e estava se esforçando para Gale obter o melhor resultado possível no jogo decisivo.

E agora, eu estava em cima da viagem onde eu mostraria meu rosto para Peeta e tinha que fazer qualquer coisa que pudesse acontecer valer a pena. Mas o quê?

Naquele momento, a minha verdadeira vontade era largar tudo aquilo e ir para Londres, conhecer o campus da universidade de Oxford, uma das minhas escolhas. É claro que o que eu queria era frequentar a UCLA, que ficava perto de casa e eu não precisaria abandonar tudo que eu conheço — incluindo a pouca família que me sobrou e o punhado de amigos verdadeiros, que não se importavam se eu era filha do falecido Sr. Everdeen ou do mordomo dele. Para aquelas pessoas, eu era apenas Katniss.

Mas é claro, eu ainda tinha algum tempo para pensar nisso. E ficar me lamentando não fará o Peeta desaparecer.

Saí do quarto e fui para o antigo escritório de papai, onde eu sabia que teria a inspiração e a força de que precisava para impulsionar aquilo para o fim.

Olhei ao redor, os livros do século passado encadernados em couro da grande biblioteca que papai mantinha em casa para ele, e mais posteriormente para mim. Mamãe não fazia o tipo “leitora assídua”. Talvez uma revista Vogue, para acompanhar as tendências de recortes de roupas, mas é só.

Sentei na grande cadeira e percebi que meus pés ainda não tocavam o chão. Senti-me a garotinha do papai ao ouvir a risada dele ecoando nas paredes cobertas de livros antigos e dizendo “Veja só, Kat, você vai ser para sempre a minha menininha!”.

Sorri levemente. Esses pensamentos sempre me faziam feliz momentaneamente, até eu perceber que nunca mais ouviria aquela risada de trovão nem aquela voz carinhosa.

Comecei a escrever antes que esses pensamentos estúpidos me deixassem a noite toda chorando e eu acabasse por pegar um avião amanhã mesmo para a Inglaterra.

Peeta, Peeta, o que eu posso fazer com você?

Talvez você nem precise deste último bilhete. Você aprendeu muitas coisas importantes ao longo deste mês, incluindo uma nova amizade mais improvável do que batata frita mergulhada em chocolate.

Ugh. Fiz careta para a minha própria analogia. Mas era uma boa maneira de demonstrar o quanto aquilo era impossível de acontecer, e, no entanto, aconteceu.

Mas espere. Peeta se tornara amigo de Cinna e — algo próximo — de Gale, mas e Finnick?

Eles foram melhores amigos desde sempre e nunca se via um sem o outro. Usando o mesmo tipo de analogia alimentícia, eram como pizza e coca. Pode até ver um sem o outro, mas sempre vão estar melhor juntos.

Era assim até que... até que deixou de ser. Eles não conversavam mais de uma hora para a outra, mas eu não lembrava bem o motivo. Fazia um ano e eu sabia que houvera uma guerra civil naquele colégio. O lado de Peeta para este lado e o lado do Finnick para aquele lado. Lembro de não ter escolhido lado algum e lembro de Johanna ter ficado do lado de Peeta, enquanto Clove tomava o partido de Finnick.

Talvez por ter me incluído tão pouco naquela briga, eu não lembrasse o real motivo.

Peguei o celular e disquei o número de Clove.

— Alô?

— Clove, é a Katniss.

Ah, oi. Tudo bem, Kat?

— Eu preciso saber de uma coisa, Clove — cortei-a. — Você se lembra aquela época, mais ou menos um ano atrás, quando Peeta e Finnick deixaram de se falar por, aparentemente, motivo algum?

Ouvi a risada de Clove do outro lado.

Pra mim, foi um motivo bem relevante.

— Me diga, Clove: o que houve de tão grave, que fez os dois se afastarem tão bruscamente?

Bom, Kat, não é qualquer um que aceita um chifre na maior.

— O quê?! Peeta traiu o seu melhor amigo?

Foi exatamente o oposto. Não lembra? Ele estava traçando Annie há algum tempo já, acho até que gostava dela um pouquinho, e Finnick a tirou dele.

— Isso é horrível. Então Peeta estava apaixonado pela Annie?

Ah, não. Ele comentou com Cato que já planejava chutá-la de qualquer jeito. Mas, bem, foi traição de qualquer forma.

— Mas Finnick gosta dela, não é? Quero dizer, ele gosta de verdade da Annie?

Gosta sim, com toda certeza. Eles ainda estão juntos. Às vezes sentamos, eu e Cato, com eles. Parecem um casal bem apaixonado. Falam da faculdade e planos para depois e eu e Cato ficamos só calados, com cara de idiotas. Quero dizer, quem quer se casar logo depois de terminar a faculdade?

— Obrigado, Clove. Você ajudou muito — falei e desliguei o telefone. Às vezes, a boca grande de Clove é um enorme problema, mas às vezes, ela é bastante útil.

Peeta era capaz de pedir perdão, mas não era capaz de perdoar. Deve ser horrível guardar aquele rancor dentro de si, durante tanto tempo e se afastar do seu melhor amigo por causa dele. Porque não foi capaz de passar por cima dele. Peeta é capaz de cruzar um campo segurando uma bola com um time de jogadores às suas costas, tentando lhe derrubar, mas não é capaz de perdoar alguém importante pra ele.

Este é o último. Você também já está com saudades do nosso pique-esconde? Mas tudo que é bom dura pouco. De qualquer forma, você está prestes a saber quem eu sou, e ainda não sabemos como agiremos em seguida. Enfim, você se lembra, há um ano atrás, de ter uma namoradinha até firme? Annie Cresta. Ela só pode ser doce para você e Finnick brigarem por ela. Francamente, Peeta. Você já tem o dom de pedir perdão e agora vai ter o de perdoar. Sei que este vai ser especialmente difícil de cumprir, mas se decidir afirmativamente, aguarde as instruções do nosso encontro.”.

Ao reler o bilhete, percebi como parecia conter uma crise de ciúmes. Pensei em refazê-lo, mas mudei de idéia.

Que seja. Tanto faz.

Pronto. Agora que o último bilhete já fora escrito, eu só precisava esperar que o domingo acabasse o mais rapidamente possível para que eu enfiasse aquele maldito papel dentro do armário de Peeta e ele cumprisse o que diz ali, como fez com todos os anteriores.

Pensando bem, fora mais fácil do que eu achava ser possível domesticar Peeta Mellark.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Amo todos vocês e obrigado por tornarem minhas férias mais felizes, eu sinto como se fosse realmente próxima dos que estão aqui, comentando.

xoxo